Escritor, funcionário público do Distrito Federal e, teoricamente, acima de qualquer suspeita. Esse é Daniel Moraes Bittar, de 42 anos, que foi preso na quarta-feira, 28, após sequestrar, dopar e estuprar uma adolescente de 12 anos, que é sobrinha de um policial militar de Goiás. O homem, que confessou o crime e chegou a fazer posts nas redes sociais contra a pedofilia e a cultura de estupro, ficou em “posse” da vítima por 11 horas.

Tudo começou às 4h30 da manhã da última quarta. Neste horário, o criminoso deixou o apartamento onde mora, na Asa Norte, após sair com o veículo, uma Ford Ecosport preta. Depois de oito horas e 12 minutos, o mesmo carro é visto próximo a escola onde a adolescente foi raptada, às 12h42, em Luziânia (GO). Neste horário, testemunhas afirmaram que viram um casal pegar uma crianças e a jogar dentro do carro, enquanto taparam a boca dela para não gritar.

Pouco mais de duas horas depois, às 14h11, Daniel é filmado chegando no condomínio carregando uma mala com dificuldade. A vítima estava dentro do objeto. O criminoso levou 10 minutos para realizar o percurso do estacionamento até o apartamento. 

As aulas na instituição de ensino onde a vítima estuda acabaram às 15, sendo que às 17h a mãe da adolescente foi até a escola procurar por ela devido a ausência da filha. Neste momento é informada por colegas da menina que ela havia sido sequestrada a caminho da escola. Menos de uma hora depois, às 17h40, a PM do DF é informada pela corporação goiana do crime. As buscas pela estudante, então, começam.

Quatro horas depois, às 22h, o serviço de inteligência da polícia, por meio de câmeras de segurança, identificou a placa do veículo e chegou até o endereço de Daniel registrado no Departamento Estadual de Trânsito do DF (Detran). Às 23h, a PM chega até o condomínio de Daniel e identifica o carro dele, que estava com a mochila da garota no banco de trás.

No mesmo horário, a polícia chega até o apartamento do servidor público, onde encontra a vítima seminua e algemada em uma cama. Em um vídeo gravado pela polícia, Daniel afirma que estava apenas “conversando” com a vítima e que até aquele momento “ainda não tinha feito nada com ela” e até pede calma aos policiais.  

Uma mulher suspeita de ter participado do crime também está detida. Segundo PM, a menina estava bastante machucada, com sinais de violência sexual, e precisou ser levada a um hospital para receber atendimento.

Armas de choque e brinquedos sexuais 

No apartamento do pedófilo, a polícia encontrou uma garrafa de clorofórmio, duas máquinas de choque e uma fita, além de medicamentos, objetos sexuais, como vibradores, uma câmera fotográfica, cartões de memória, uma mala e até DVDs e revistas de conteúdo pornográfico. 

No tempo que passou com a vítima, Daniel chegou a dizer que faria dela uma “escrava sexual”. Ele também teria filmado a adolescente enquanto acariciava os órgãos genitais dele e enviado o vídeo para a mulher suspeita de ter participado do sequestro.

Rede de pedofilia

Segundo a corporação goiana, Daniel pode ter feito outras vítimas, além de fazer parte de organização criminosa que divulga vídeos pornográficos e incentiva a pedofilia. No local em que a menina foi resgatada, na casa do criminoso, na 411 Norte, os policiais encontraram uma estrutura completa para gravações de vídeos, além de diversos objetos sexuais.

Nas mídias sociais, Daniel fingia combater a pedofilia para não ser descoberto, segundo as investigações. Ele, inclusive, teve o cuidado de sair do Distrito Federal, onde poderia ser conhecido, para cometer o crime em Goiás.

Chefe da 5ª Delegacia Regional de Polícia (DRP), em Luziânia (GO), Rafael Abrão afirma que Daniel premeditou o crime e monitorava, havia alguns dias, a escola em que a criança estuda, à procura de possíveis alvos para o sequestro. Para isso, ele usava, inclusive, objetos como binóculos.

Na data do crime, ele teria escolhido a menina de 12 anos entre as vítimas que ele considerava “vulneráveis”. Ou seja, as que não estavam acompanhadas por pais ou responsáveis.

No momento em que abordou a criança, Daniel estava com Gesiely de Sousa Vieira, de 23 anos. Ela disse à polícia que teria sido coagida a participar do sequestro. No entanto, os investigadores não acreditam na versão, porque o criminoso deixou a comparsa na Cidade Ocidental (GO) após raptar a criança, e a suspeita não procurou a polícia para denunciar o caso.

Daniel confessou o sequestro, mas disse que “ainda não havia feito nada”. (Foto: Reprodução/Redes sociais)