Empresário goiano é alvo de operação da PF contra galimpo ilegal

20 setembro 2023 às 10h27

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A Polícia Federal cumpre, nesta quarta-feira, 20, mandado de busca e apreensão contra um empresário goiano, em Anápolis. Foram deflagradas três operações simultâneas para desarticulação esquemas criminosos envolvendo mineração ilegal de ouro. No total, foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva e 40 de busca e apreensão.
Os mandados foram cumpridos em Anápolis (GO), Manaus (AM), Uberlândia (MG), Areia Branca (RN), Ourilândia do Norte, Tucumã e Santa Maria das Barreiras (PA). Segundo a PF, também foi autorizada ordem de sequestro de bens de mais de R$ 5,7 bilhões durante a Operação Emboabas.
Como a identidade do empresário não foi revelada, o Jornal Opção não conseguiu contato ele ou com a defesa.
Operação Emboabas
Foram cumpridos 2 mandados de prisão preventiva e 16 mandados de busca, além de outras medidas cautelares, nas cidades de Manaus (AM), Anápolis (GO), Ilha Solteira (SP), Uberlândia/MG, Areia Branca (RN), Ourilândia do Norte (PA), Tucumã (PA) e Santa Maria das Barreiras (PA). Também foi deferida ordem de sequestro de bens no montante total de mais de R$ 5,7 bilhões.
A Operação Emboabas, realizada no Amazonas, identificou indícios de contrabando de ouro para Europa após a prisão em flagrante de pessoa que transportava 35 kg de ouro, e pretendia entregar a dois norte-americanos, sócios de uma empresa em Nova Iorque. A investigação revelou que a organização criminosa adquire ouro de terras indígenas e leitos de rios com uso de dragas e, por meio de fraude, declara que o ouro foi extraído em permissões de lavra garimpeira (PLG) regularmente constituídas.
Também foi identificado que o alvo principal realiza o esquentamento do ouro através de um austríaco que se naturalizou brasileiro e afirma ter mais de mais R$ 20 bilhões em barras de ouro em um suposto país independente criado pelo próprio investigado. Os investigados responderão pelos crimes de usurpação de bens da União, organização criminosa, lavagem de dinheiro, extração ilegal do ouro, contrabando, falsidade ideológica, receptação qualificada e outros tipos penais.
Operação Eldorado
São cumpridos 2 mandados de prisão preventiva e 40 de busca e apreensão nos estados de Roraima, Amazonas, Goiás e Distrito Federal, expedidos pela 4ª Vara Federal da Seção Judiciária de Boa Vista (RR). O esquema envolveria o contrabando de ouro venezuelano, o qual entraria clandestinamente no Brasil como pagamento pela exportação de alimentos por mercados de Roraima e do Amazonas.
Transportadoras contratadas esconderiam no interior de caminhões o ouro contrabandeado, que entrariam em Roraima sem os procedimentos necessários e pagamento de tributos. Posteriormente, o minério seria comprado por outros integrantes do esquema e enviado para empresas atuantes no ramo de exploração de minério aurífero, responsáveis por concretizar o pagamento aos supermercados e às distribuidoras de alimentos.
Segundo o inquérito, os principais investigados desse esquema também teriam envolvimento com a exploração clandestina do minério em Terras Indígenas Yanomami, e em garimpos espalhados em outros estados. Além dos mandados de prisão e buscas, a Justiça também determinou a indisponibilidade de ativos financeiros, veículos e aeronaves dos investigados.
Operação Lupi
A Operação Lupi é decorrente das investigações realizadas na Operação Kukuanaland e na Operação Bullion, deflagradas em fevereiro e maio deste ano pela Polícia Federal. Nesta etapa, cinco mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão preventiva expedidos pela Vara Única Justiça Federal – Subseção Judiciária de Gurupi (TO) são cumpridos por policiais federais em Anápolis (GO) e Manaus (AM).
Durante o inquérito policial, a Polícia Federal identificou a possível existência de grupo criminoso, cujo modo de agir passa pelas seguintes atividades ilegais: extração do minério em áreas proibidas, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e subsequentes transporte, comercialização e exportação do ouro ilegal.
A polícia investiga a hipótese de que o ouro extraído ilegalmente de reservas indígenas e unidades de conservação federal vinha sendo “esquentado”, mediante documentos ideologicamente falsos, nos quais o grupo declarava origem diversa da real, como se o metal tivesse sido extraído de área autorizada. A partir das medidas judiciais executadas na data de hoje, a Polícia Federal pretende identificar os principais envolvidos na exportação do ouro ilegal, demais integrantes da organização criminosa, recuperar ativos financeiros e estancar atuação do grupo.
Os indiciados poderão responder, na medida de suas responsabilidades, por crimes contra a ordem econômica – usurpação; pesquisa/lavra/extração de recursos minerais sem autorização/permissão/concessão ou licença; lavagem de bens, dinheiro e ativos; falsidade ideológica, receptação e organização criminosa, cujas penas somadas, podem chegar a vinte e nove anos de reclusão.
O nome Lupi vem do latim e significa “lobos”, tendo em vista que os suspeitos se comunicavam por aplicativo de mensagem em um grupo denominado “Wolf”, que é lobo em inglês.