Cacai Toledo e mais dez PMs são indiciados pela morte de Fábio Escobar

27 novembro 2023 às 08h17

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A Polícia Civil de Goiás concluiu a investigação sobre a morte do empresário Fábio Escobar e de outras sete pessoas, apontando o ex-presidente do DEM (atualmente UB) de Anápolis, Carlos César Savastano de Toledo, conhecido como Cacai Toledo, como mandante dos crimes, juntamente com dez policiais militares, sendo oito deles acusados de participar dos homicídios.
Welton da Silva Vieiga, policial militar falecido em janeiro deste ano, é apontado como executor do assassinato de Escobar, enquanto as outras sete mortes foram, segundo a PC-GO, planejadas para encobrir o crime.
O relatório final da investigação, conduzida pela Delegacia Estadual de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), foi encaminhado à 1ª Vara Criminal da Comarca de Anápolis na última sexta-feira, 24. Apesar do mandado de prisão preventiva contra Cacai ter sido emitido há 11 dias, a polícia ainda não conseguiu efetuar a prisão. Contrariando a alegação da defesa de que o ex-presidente está no Canadá em viagem de negócios, a Polícia Federal informou à Draco que não há registro recente de sua saída do país.
Os indícios que sustentam o indiciamento de Cacai incluem mensagens do seu celular com cobranças de ações do aparato de segurança do Estado contra Escobar, bem como uma reunião que ocorreu na sede da Rondas Ostensivas Táticas Metropolitana (Rotam) em 2019. Em seu depoimento à Draco, o coronel Benito Franco, comandante da Rotam na época, afirmou que Cacai solicitou a morte de Escobar.
A defesa nega as acusações e contesta o indiciamento. Em depoimento na quarta-feira (22), Jorge, ligado a Cacai, afirmou que o levou à Rotam para “pedir orientações” sobre as ameaças que Cacai vinha recebendo do empresário.
Investigação
A investigação conduzida pela Draco uniu quatro inquéritos devido à aparente conexão entre os assassinatos. Após o homicídio de Fábio Escobar em 23 de junho de 2021, uma série de mortes se sucedeu: Bruna Vitória Rabelo Tavares em 23 de agosto de 2021; Gabriel dos Santos Vital, Gustavo Lage Santana e Mikael Garcia de Faria horas depois do falecimento de Bruna; e Bruno Chendes, Daniel Douglas de Oliveira Alves e Edivaldo Alves da Luis Junio em 19 de janeiro de 2022.
O celular utilizado para trocar mensagens com Escobar, atraindo-o ao local do assassinato, pertencia a Bruna, identificada como traficante e namorada de traficante, e foi roubado por policiais militares, conforme registrado por ela mesma na ocasião. Dois dias antes da morte de Escobar, um chip foi habilitado para uso no aparelho que anteriormente pertencia a Bruna, em nome do próprio empresário.
Esse acontecimento foi crucial para a polícia identificar os policiais militares envolvidos nas mortes. Welton da Silva Vieiga é apontado como executor devido ao monitoramento da cobertura das torres de telefonia enquanto o chip estava habilitado. O inquérito destaca que o telefone permaneceu vinculado a seis torres de telefonia, sendo que quatro cobriam a residência de Vieiga e duas estavam localizadas precisamente no local onde Fábio Escobar foi morto.
Defesa
Em nota, a defesa de Cacai, disse neste domingo (26) que ele “teme por sua integridade e sua vida caso seja inserido no sistema prisional, sendo que seu temor se deve aos acontecimentos ocorridos após o falecimento de Fábio Escobar”. A nota, divulgada pelo advogado Pedro Paulo de Medeiros, reafirma que Cacai não tem envolvimento com a morte do empresário.
“Após longo período de discussões e pedido de medidas protetivas judiciais propostas contra Fábio Escobar, já haviam inclusive se reconciliado, conforme comprovado no inquérito por mensagens trocadas entre eles, não havendo motivo para Carlos querer qualquer mal a Fábio”, diz.
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