A edição 2851 da revista Veja traz uma reportagem com denúncias contra o atual coordenador do Ministério do Desenvolvimento Agrário em Goiás, José Valdir Misnerovicz. Conhecido como Valdir do MST, ele tem contra si acusações de agressões, ameaças e até de sequestro, inclusive por parte de ex-integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Em 2016, Misnerovicz ficou preso durante cinco meses, acusado de agredir e torturar funcionários de uma fazenda na cidade de Santa Helena, a 208 quilômetros de Goiânia, no Sudoeste do Estado. De acordo com depoimentos prestados à época, ele teria liderado um grupo do MST que invadiu a propriedade, ordenou que os donos a abandonassem, recolheu máquinas e ameaçou atear fogo na sede. Um dos funcionários teria sido derrubado de um trator e ameaçado com um facão.

A matéria tem também um depoimento de um caso ocorrido há 22 anos, em que o líder do MST em Goiás foi acusado pelos próprios companheiros de movimento de agir com “extrema violência”. O então coordenador financeiro do MST Joviniano José Rodrigues, que procurou a Polícia Federal e o Incra para denunciá-lo, relatou que ele se recusou a cumprir ordem de Misnerovicz para invadir uma fazenda e confiscar novilhas, alegando que conhecia um dos funcionários da propriedade.

Por conta disso, sua família e sua casa sofreram retaliações sérias à época: “Mais de 200 pessoas cercaram e destruíram meu barraco, quebraram tudo que tinha lá dentro”, contou Joviniano à Veja. Ele acrescentou que sua mulher foi agredida e que a filha de 1 ano foi sequestrada e depois devolvida com parte de um dedo decepada. A ação também recolheu 200 galinhas e 80 sacas de milho que Joviniano havia colhido.

Acionado pela revista, Valdir do MST rebateu as acusações, afirmando que elas foram usadas como instrumento contra o movimento, como “estratégia da direita para criar um ambiente para poder criminalizar a luta social” e que havia sido uma das vítimas. Sobre as acusações de Joviniano, ele disse à Veja que recordava delas “vagamente” e que havia sido chamado ao local “para evitar que o pior acontecesse”. “O pessoal estava indignado, porque tinha um problema de desvio de dinheiro e isso revoltou as famílias”, afirmou à publicação.