PGR pede arquivamento de inquérito de Gilmar Mendes contra Kajuru, que diz: “Eu exagerei”
03 abril 2023 às 22h47
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O Ministério Público Federal (MPF) solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira, 3, o arquivamento do inquérito que investiga o senador Jorge Kajuru (Podemos), por acusações contra o ministro Gilmar Mendes. De acordo com o documento, as críticas constam em uma entrevista concedida por Kajuru à rádio Jovem Pan no dia 10 de agosto de 2020.
À época, o senador disse durante programa divulgado no YouTube: “Patrocinar palestra jurídica… sabe qual o valor que dá de 2014 até 2019, são 25 pagamentos, o total é de R$ 9,7 milhões. Ou seja, quase R$ 10 milhões de Goiás. […] Isso é venda de sentença, isso é para liberar, para não botar na cadeia gente safada, canalha, da qualidade Aécio Neves [ex-candidato derrotado à Presidência, ex-governador de Minas Gerais e hoje deputado federal pelo PSDB)], do ex-governador do Mato Grosso Silval [Barbosa], porque esses dois têm gravação, esses dois é (sic) batom na cueca, têm a gravação deles conversando com o Gilmar Mendes, outros não têm gravação, mas têm essas provas”.
Após as falas, Gilmar Mendes entrou com ação no MPF alegando suposta prática de condutas criminosas, “cuja falsidade poderia caracterizar como caluniosas as acusações”.
O argumento da vice-PGR Lindôra Araújo, ao solicitar o arquivamento, é de que o prazo para “caducar” o inquérito é de seis meses, período já estourado.
Desdobramento
Em entrevista ao Jornal Opção, Kajuru conta que exagerou ao dizer que o ministro venderia sentenças. “Eu fiz críticas duras ao Gilmar Mendes, mas eu tenho que reconhecer que eu exagerei nas críticas a ele”.
Ciente do arrependimento, Mendes decidiu não seguir com o processo, por entender que o senador estava em um momento de “desabafo” ao supostamente acusá-lo. Com isso, o processo foi arquivado.
“Eu já pedi desculpas, eu já reconheci que eu errei ao exagerar, e ele não quis dar sequência, eu seria condenado, obviamente”, reconheceu.
Por fim, o senador lembrou que na época ele falava da liminar que o ministro tinha concedido à favor do ex-governador Marconi Perillo, do PSDB. “Ele entendeu que foi um desabafo meu, por tudo que o Marconi fez na minha vida, com família e patrimônio”.