Militares e governo Lula: batalhão do Exército de Goiânia está na crise

24 janeiro 2023 às 20h21

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Considerado a principal força de elite, por conduzir operações sigilosas e de alto risco, o primeiro Batalhão de Ações e Comandos ou Comando de Operações Especiais, o temido 1º BAC, com sede em Goiânia, entrou na crise entre militares e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
No entanto, a ‘caça às bruxas’ ou melhor a ‘caça aos bruxos’, no intuito de apontar e encontrar culpados pelos atos antidemocráticos, do último dia 8, que resultou em vandalismo nos prédios dos três Poderes, em Brasília, o 1º BAC entrou na mira do governo federal e tem criado um clima ruim.
Previsto para assumir a chefia do Batalhão, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, o ‘coronel Cid’, pode ser ‘rifado’, pela onda de perseguição que tomou conta do Palácio do Planalto, por temor de um golpe, que não ocorreu.
Desacreditado por parte do PT, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, garantiu na TV que o tenente-coronel, nomeado por Bolsonaro, no apagar das luzes do governo, não irá assumir a chefia do comando militar goiano. Com isso, o ‘coronel Cid’ deve ser ‘trucidado’ ao ter sido ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – ex-Comandante Supremo das Forças Armadas.
Durante uma entrevista, nesta terça-feira, 24, na GloboNews, Múcio comentou sobre investigações em curso contra o coronel. Ele esquiva que há perseguição. “Nós também não estamos condenando ninguém por especulação, não cometer uma injustiça. Mas tenho absoluta certeza que, se tiver algum fato comprovado, isso deverá ser adiado, postergado, alguma coisa vai acontecer”, frisou.
Na mira de investigação do Supremo Tribunal Federal (STF), por suposto “Caixa 2” no ex-governo, Cid apresentou, formalmente, nesta terça, um requerimento em que recusa o posto em Goiânia. O documento teria sido uma negociação com o novo comandante do Exército, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva. O ‘coronel Cid’ chegou a viajar com o ex-presidente para a Flórida, nos EUA, no final do ano passado. Bolsonaro continua por lá.
Comandante do Exército responde a processo
No desespero da invasão na capital federal e desacreditado com os militares, o governo decidiu trocar o comando do Exército, substituindo o general Júlio César de Arruda, pelo general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, comandante militar do Sudeste. Ele ascendeu ao posto no sábado, 21.
Entretanto, Miné é alvo de Ação Civil Pública movida por militares do próprio Exército. Na denúncia, a Ação Civil Pública 1006392-84.2022.4.01.3400, o novo comandante é acusado de responsabilidade por irregularidades na condução de processos seletivos para cursos de promoções e adicionais nas remunerações de militares do Exército.
De acordo com os processos administrativos, quando o comandante era o chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército, ele não atendeu aos princípios constitucionais e fundamentais na condução da administração pública. Dentre as quais, deixando de aplicar a publicidade e a transparência dos seus atos.
Leia trecho da acusão:

Acampamento bolsonarista
Assim, como a maioria dos quartéis do Exército pelo Brasil, na frente do 1º BAC foi montado acampamentos de bolsonaristas, que se manifestaram contra o resultado das eleições de 2022. Eles cobravam das Forças Armadas uma intervenção, isto é, uma golpe de Estado para evitar que Lula tomasse posse, subindo a rampa do Palácio do Planalto. O alojamento foi desmontado um dia depois dos ataques à Praça dos Três Poderes, no dia 9, em cumprimento a uma ordem do ministro do STF, Alexandre de Moraes.