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A deputada federal Iris Araújo (PMDB) arranjou tantos culpados para sua derrota na eleição deste ano que, ao final, nem sabe mesmo quem é o culpado, ou culpada, verdadeiro. É provável que, se consultasse um analista, freudiano ou outro, concluísse que só há um ou dois culpados pela derrota: a própria Iris Araújo e, quem sabe, Iris Rezende.
Um grupo de peemedebistas, um deles com mandato, organizou um concorrido churrasco para comemorar a derrota de Iris Araújo para deputada federal. Pintou até um ex-deputado federal — o mais animado da festança. Sobre o churrasco, um peemedebista de proa disse: “Uma pena que não me convidaram. O PMDB comemorou muito mais a derrota de Iris Araújo do que o marconismo”. Iris Araújo estaria anotando, num caderninho pautado, os nomes de alguns rebeldes que compareceram à churrascada. Ela costuma dizer que a vingança é um prato que se come, não frio, mas gelado.
Não procede que o presidente do PMDB, Samuel Belchior, irritado com as críticas da especialista em culinária, tenha comparecido ao churrasco que comemorou a derrota da deputada federal Iris Araújo. Samuel Belchior, mesmo maltratado pelo grupo de Iris Araújo, permanece leal ao casal. Mas o jovem político está contando os minutos para entregar o cargo de presidente e cair fora do PMDB.
Um filho do ex-senador Lázaro Barbosa, Ivan Barbosa, decidiu filiar-se ao PSDB e apoiar o governador Marconi Perillo. “Fico com o moderno e contra o arcaico”, sustenta o filho do líder histórico do PMDB. Lázaro Barbosa tem respeito e admiração pelo governador Marconi Perillo, que percebe como um “realizador”. O ex-senador não critica publicamente Iris Rezende, por ser leal, mas, como é estudioso da história, sabe que o peemedebista se tornou um homem com os pés pesados e enterrado no passado.
Como vingança por Vanderlan Cardoso (PSB) não tê-lo apoiado no segundo turno e ter liberado seus aliados para apoiarem Marconi Perillo, Iris Rezende deve lançar sua filha Ana Paula Rezende para prefeita de Senador Canedo. Dica: como não entende nada de Senador Canedo, portanto não sabe que Vanderlan Cardoso é praticamente um Deus na cidade, Ana Paula vai sair de lá com uma derrota retumbante. Seu marido, o atilado empresário Frederico Peixoto, dono da construtora FGR, certamente não vai deixá-la entrar nesta fria.
O irismo continua insistindo que Ronaldo Caiado joga para a mídia quando diz que está empenhado na campanha de Iris Rezende para governador. Pergunta de um irista: “Retirando os salamaleques e frases de efeito, típicos de Caiado, quais são os líderes importantes do DEM que estão na campanha de Iris Rezende? Cadê os prefeitos do DEM na campanha do nosso candidato?” O irista afirma que respeita Caiado, mas que o senador eleito está jogando para a plateia. “O fato verdadeiro é que Iris ajudou Caiado, por exemplo em Goiânia, e o deputado não ajuda o nosso candidato no Estado.”

[caption id="attachment_17718" align="alignleft" width="620"] Vassili Grosman (à esquerda): o escritor russo que foi perseguido pelo stalinismo. Lezama Lima é, disparado, o maior escritor de Cuba. E era bom poeta. Já Donna Tartt, discípula de Dickens, é autora de uma prosa refinada | Fotos: Divulgação[/caption]
Os ombudsmen Carlos Wilson e Arthur de Lucca perguntam: “Qual o melhor romance do ano?” Difícil responder, porque não li a maioria dos romances publicados no Brasil em 2014. Mas como os dois insistem e garantem que, se eu não responder, não vão mais me ajudar a escrever a coluna Imprensa, vou arriscar a apresentar um breve comentário.
O melhor romance do ano? Talvez não seja apenas um, e sim dois — “Paradiso”, de Lezama Lima, e “Vida e Destino”, de Vassili Grossman — ou talvez três.
“Paradiso” é uma espécie de “Grande Sertão: Veredas” de Cuba. É “o” romance cubano. Nenhum outro, seja de Alejo Carpentier e Cabrera Infante, chega aos seus pés de diamante. O livro chega ao Brasil em duas traduções, o que é muito bom. As responsáveis pelas versões patropis são as poetas Josely Vianna Baptista e Olga Savary. Só mesmo poetas, seres que dançam pelas palavras e dialogam com o inescrutável, têm condições de traduzir à perfeição a prosa intrincada e, às vezes, amarrada de Lezama Lima. Acima de tudo, uma prosa iluminada. Li a tradução anterior, feita por Josely Vianna Baptista, que é um primor. Ela não revisou a tradução que sai pela Editora Estação Liberdade. Fez uma tradução nova. A tradução de Olga Savary saiu pela Editora Martins.
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"Vida e Destino" talvez seja o melhor romance sobre a Segunda Guerra Mundial. “Paradiso” é o “Grande Sertão: Veredas” da literatura de Cuba. "O Pintassilgo" romance mistura de maneira brilhante “estilos” e “tempos”[/caption]
“Vida e Destino” é simplesmente o maior romance russo do século 20. Uma obra-prima incontornável. Liev Tolstói e Turguêniev, por certo, a aprovariam. “Doutor Jivago” (de Boris Pasternak), que não é ruim, apesar das críticas negativas, que às vezes não querem perceber que se trata de um romance do século 19 escrito e publicado no século 20, não chega à canela do livro de Grossman, que, perseguido pelo stalinismo, não conseguiu publicá-lo. O livro foi editado, depois de sua morte, em tempos políticos mais amenos na União Soviética.
Em segundo (ou terceiro?) lugar, embora Carlos Wilson e Arthur de Lucca não tenham perguntado, citaria o romance “O Pintassilgo”, da americana Donna Tartt. É um belo romance que mistura, prazerosamente, ideias e personagens dos séculos 19, 20 e 21. É uma catedral do século 19 com personagens do século 21. Aqui e ali, o livro pode aparecer lento e enviesado, menos leve e luminoso do que a prosa de Charles Dickens, o herói de la Tartt, mas leitores que leem por prazer, sem se preocupar com firulas acadêmicas, com invencionismos de linguagem, vão se apaixonar. Livro bom é o que nos põe de quatro, servos eternos, e nos agarra e nos força a ir até a última página, sem saltar capítulos. É o caso de “O Pintassilgo”.
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[caption id="attachment_17709" align="alignleft" width="620"] Ali Kamel, jornalista, tem sido atacado possivelmente porque defende, em seus artigos e livros,
ideias liberais, não esquerdistas | Foto: Reprodução[/caption]
Nas redes sociais e em blogs, os indivíduos se comportam como se estivessem participando de um linchamento. Como integrantes de uma massa imaginária, parecem ter a individualidade dissolvida e, portanto, não são (mais) indivíduos, e sim partes da massa. Neste processo de desintegração do indivíduo, a ideia de responsabilidade, portanto de punibilidade, vai para o espaço. Daí que as pessoas xingam as outras, famosos ou não, com os piores palavrões e, muitas vezes, dizem que políticos, empresários, advogados, médicos, jornalistas são corruptos, mas não apresentam nenhuma evidência para corroborar as opiniões exacerbadas.
A Justiça tem sido cada vez mais acionada devido às críticas infundadas — mais ataques — de usuários das redes sociais e autores de blogs. O diretor-geral de Jornalismo e Esportes da TV Globo, Ali Kamel, está ganhando todos os processos que moveu contra blogueiros. O motivo é o mais prosaico: blogueiros, assim como usuários de Twitter e Facebook, não apresentam provas do que dizem e isto facilita o trabalho dos advogados da parte agredida. Curiosamente, quando acionados judicialmente, comportam-se como se estivessem acima da lei — invocando a salvaguarda da “liberdade de expressão”.
Marco Aurélio Mello, do extinto site Doladodela, chamou Ali Kamel de “maconheiro” e, processado, foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e terá de indenizar o jornalista. Mello pode recorrer, mas, como não tem prova do que “denunciou”, a condenação possivelmente seria mantida.
Mello já havia sido condenado pela Justiça por ter dito que Ali Kamel assediava “moralmente” os funcionários do jornalismo da Globo.
Há pouco tempo, Luiz Carlos Azenha (jornalista qualificado) e Willians de Barros, do site Cloaca News, foram condenados pela Justiça porque disseram que Ali Kamel havia sido ator pornô. A acusação é falsa e, até, estapafúrdia.
Por que Ali Kamel é tão atacado na internet? Possivelmente porque defende, em seus artigos e livros, ideias liberais, não esquerdistas.
Vários líderes do DEM afiançam que, eleito Ronaldo Caiado para Senador, não têm mais qualquer compromisso com o parlamentar. Agora, vão se concentrar, em tempo integral, na campanha do governador Marconi Perillo. Eles não querem saber nem mesmo de ouvir o nome de Iris Rezende. Eles dizem que ajudaram a eleger Caiado, mesmo a contragosto, e agora só pensam em derrotar aquele que chamam de “pré-coronel” Iris Rezende.
Ao permanecer neutro no segundo turno, Vanderlan Cardoso provou que não recebe ordens nem de Jorcelino Braga, um de seus principais conselheiros, nem do deputado Ronaldo Caiado. É mesmo independente. É o recado que quer passar para o eleitorado. Não aceita cabresto dos líderes regionais. Vanderlan Cardoso provou que não é um político teleguiado e, ao mesmo tempo, é democrata, pois liberou seus aliados para apoiarem quem eles quiserem. 99,9% dos aliados do ex-prefeito de Senador Canedo já estão na campanha de Marconi Perillo. Um vanderlanista avalia que, quanto mais fraco Iris Rezende sair desta eleição, melhor para Vanderlan Cardoso, que planeja disputar a Prefeitura de Goiânia.

[caption id="attachment_17877" align="alignleft" width="300"] Sandes Júnior, suplente a deputado federal | Foto: Divulgação[/caption]
O governador Marconi Perillo disse, com todas as letras, que o deputado federal Sandes Júnior (PP), que ficou como primeiro suplente na eleição deste ano, não vai ficar um minuto fora da Câmara dos Deputados. Claro que se ele for reeleito para o governo.
O tucano-chefe tem afirmado que, além de leal, Sandes Júnior é um dos políticos mais municipalistas de Goiás.
Na semana passada, Iris Rezende confidenciou um aliado, amigo do peito, que, se for derrotado para o governo de Goiás, deverá ser candidato a prefeito de Goiânia. Por dois motivos. Primeiro, avalia que, se não tiver mandato em 2016, vai perder o controle do PMDB para Júnior Friboi. Segundo, acredita que, se não disputar, o PSDB do governador ganha a Prefeitura de Goiânia e as oposições vão chegar mais enfraquecidas no pleito de 2018. O argumento de Iris está prontinho para 2016: “As bases me convocaram e eu não tenho como não disputar”.
Dois deputados federais devem ser convocados para secretarias importantes do governo de Marconi Perillo, se este for reeleito. Um deles pode ser Marcos Abrão, cotado, ao lado de José Paulo Loureiro, o golden boy do marconismo, para a Secretaria da Fazenda ou para a Secretaria de Planejamento. A ressalva é que o PPS nacional conta com o deputado goiano para se fortalecer em Brasília. Alexandre Baldy (PSDB), embora queira passar pela experiência do Parlamento, pode ser convocado para uma secretaria com o objetivo de alavancar sua candidatura a prefeito de Anápolis. Há, porém, uma vantagem: os recursos do Orçamento da União podem ser liberados pelos titulares do cargo. No período de votar as emendas eles assumem e, depois, saem de novo.
Ao ser eleito com mais de 30 mil votos, Adib Elias provou que não está morto politicamente e que será um adversário temerário para o prefeito de Catalão, Jardel Sebba, na eleição de 2016. O problema-chave de Adib Elias é que é previsível e, assim, fácil de combater. Ele não é uma toupeira, mas às vezes age como se fosse. Seu estilo “trator” está superado.
José Taveira é cada vez mais citado como o nome forte para a Secretaria de Saúde. O nome de Leonardo Vilela, também mencionado para uma vaga de conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios, figura na lista dos cotados para a complicada secretaria. Acreditava-se que sem Simão Cirineu, o Cirinão, o Estado não conseguiria manter as contas ajustadas. José Taveira assumiu a Secretaria da Fazenda e não apenas manteve as contas em dia, como conseguiu organizá-las ainda mais. Não é à toa que ele é chamado, no governo, de “o Midas que deu certo”. O único que nunca esqueceu Cirinão é o próprio Cirinão. Taveira, por final, aprecia sua competência e descortino.