Os franceses voltam às urnas neste domingo, 7, para definir a nova configuração do Legislativo do país. Após a vitória da considerada extrema-direita no primeiro turno, realizado no final junho, o centro e a esquerda se uniram na “frente republicana” para tentar impedir a ascensão do grupo. A união inclui diversos partidos, como o Renascimento, legenda do presidente Emmanuel Macron, que pertence ao centro.

No primeiro turno, o Reagrupamento Nacional (RN), de Marine Le Pen, obteve 33,2% dos votos, enquanto a Nova Frente Popular (NFP), de Jean-Luc Mélenchon, chegou a 28%. A coalizão Juntos, da qual Macron faz parte, conquistou 20% dos votos. Ao todo, o sistema eleitoral possui em 577 círculos eleitorais no país, no qual apenas 76 candidatos atingiram a maioria absoluta no primeiro turno, já o restante é definido hoje.

O sistema francês permite que qualquer candidato com pelo meno 12,5% dos votos no primeiro turno possa concorrer no segundo, o que pode resultar em disputas com até quatro candidatos. Por isso, a “frente republicana” orientou candidatos com poucas chances de vitória a desistirem de concorrer, concentrando votos em um único nome contra os extremistas.

O prazo para retiradas de candidaturas terminou nesta semana e teve 224 desistências. Um dos desistentes foi a secretária de Cidade e Desenvolvimento Urbano, Sabrina Agresti-Roubache, foi a primeira a desistir do pleito. “Uma derrota acontece; desonra, nunca. Nem um voto para o candidato de extrema-direita”, afirmou a política.

Já Le Pen criticou a frente republicana como uma tentativa de Macron de frustrar o processo democrático, afirmando que o presidente planeja impedir o RN de governar mesmo que obtenha a maioria dos deputados. A “frente republicana” não é algo novo na França, sendo utilizado em 2002 para derrotar Jean-Marie Le Pen, pai de Marine.

A França adota um sistema semipresidencialista, no qual o presidente é eleito diretamente, mas compartilha responsabilidades com o primeiro-ministro, escolhido pelo Legislativo. Atualmente, Gabriel Attal, do partido de Macron, ocupa o cargo, mas o cargo está ameaçado com o avanço da extrema-direita nas eleições deste ano.

Se a direita vencer, Macron poderá ter de nomear um primeiro-ministro de direita, possivelmente Jordan Bardella, resultando em um cenário de coabitação política desafiador. O presidente teria funções reduzidas, concentrando-se em políticas externas e de defesa, enquanto perderia controle sobre políticas domésticas e migratórias.

Caso Macron decida não nomear o indicado pela maioria parlamentar, ele poderá enfrentar uma moção de censura e até ser removido do cargo.

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