A visita do presidente chinês, Xi Jinping, ao mandatário russo Vladimir Putin, nessa quarta-feira, 22, acendeu sinal de alerta no Ocidente para uma possível formação de um bloco Rússia e China. Se houver união, a dupla de superpotências pode provocar uma nova tensão geopolítica no mundo, contra o Ocidente. Isto é, medindo forças com os Estados Unidos. O país americano é conhecido como a polícia do mundo, ao ser o único a contrapor contra outras forças que até então surgem em todo o planeta.

Para o especialista em China, Edival Lourenço Júnior, que morou no país por oito anos, o terceiro mandato concedido pelo Partido Comunista ao Xi Jinping pode ter sinalizado para uma nova postura chinesa sobre disputa de poder com os norte-americanos para dominar o mundo. “Nos anos que vivi na China, até 2019, quando as pessoas falavam em eventual guerra envolvendo a China, eu tinha uma opinião totalmente oposta. Era impensável isso”, lembra.

Edival Lourenço Júnior | Foto: Jornal Opção/Fernando Leite
Edival Lourenço Júnior | Foto: Jornal Opção/Fernando Leite

No entanto, nos últimos anos as coisas parecem ter mudado. “Agora, com o terceiro mandato de Xi Jinping há uma mudança de postura muito grande da China. E é muito nítido para quem acompanha isso. Então, eu não descarto um conflito hoje. Mas acho que a guerra desta Era, ela vai muito além de uma guerra militar. É uma guerra cibernética. É uma guerra por outros meios. E ela já está ocorrendo, ainda que de uma forma mais velada”, pontua. Caso a união entre as duas potências se concretize, ele faz um alerta apocalíptico: “Bloco Rússia e China contra Ocidente seria catastrófico”.

Para o advogado, historiador, professor de história e analista de geopolítica, Norberto Salomão, nem os chineses e nem os russos teriam interesses em um conflito mundial. “A China não tem o menor interesse em um conflito mundial de grandes proporções, com bomba atômica, e nem mesmo a Rússia tem. Simplesmente porque isso complicaria a questão econômica para todos eles”, analisa. Ele destaca que na viagem de Xi Jinping ao Kremlin foi até apresentado por ele um projeto de paz para o Leste Europeu. “Então a ideia é tentar apaziguar a região, porque esta guerra desequilibra todo o quadro do comércio internacional”, aponta.

Norberto Salomão | Foto: reprodução/vídeo
Norberto Salomão | Foto: reprodução/vídeo

No contexto atual, uma nova guerra seria híbrida, envolvendo ataques cibernéticos e digitais, além de armas convencionais e nucleares. Assim, uma guerra atômica é vista como complexa e arriscada, já que se uma arma nuclear não destruir completamente o inimigo, quem a utilizou também seria destruído. Além disso, se acredita que um conflito de longa duração seria difícil para a Rússia, já que suas reservas acabariam.