Às vésperas da eleição, dólar chega a 1000 pesos na Argentina

11 outubro 2023 às 08h56

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A apenas 12 dias das eleições presidenciais na Argentina, o dólar paralelo, também conhecido como “dólar blue,” atingiu um novo recorde nesta terça-feira (10), alcançando a marca de 1.035 pesos (equivalente a R$ 15,00), conforme relatado pelo jornal argentino Clarin. Esse valor representa um aumento de 90 pesos em relação ao fechamento do mercado na segunda-feira (9).
Diante das preocupações com a desvalorização da moeda nacional, os argentinos têm buscado trocar seus pesos por dólares em uma corrida cambial que se intensificou na segunda-feira. O dólar “blue” subiu 65 pesos, quase igualando a variação de 70 pesos que ocorreu durante todo o mês de setembro.
Uma declaração do candidato de ultradireita, Javier Milei, que é favorito nas eleições presidenciais de 22 de outubro, levou o Banco Central argentino a emitir um comunicado para acalmar a população. Milei aconselhou os argentinos a não manterem suas economias em moeda nacional.
O comunicado do Banco Central argentino enfatizou que “o sistema financeiro argentino mantém uma sólida solvência, capitalização, liquidez e provisionamento.”
“A política monetária implementada pelo Banco Central visa preservar o poder de compra das economias por meio da remuneração de rendimentos fixos, cuja taxa é definida mensalmente ou ajustada com base na inflação, com uma remuneração adicional de 1%,” acrescenta o comunicado.
Além disso, o Banco Central destacou que “os ativos financeiros dos argentinos mantidos no sistema bancário estão protegidos por um seguro de depósito e pelo papel do Banco Central, que atua como último recurso em caso de necessidade.”
Dólar fortalecido
A corrida cambial acontece em um contexto de fortalecimento do dólar no mercado internacional nos últimos meses, de excesso de pesos argentinos na economia e de grande nível de incerteza sobre a política econômica do próximo governo.
Traumatizados com uma sequência de crises, a população da Argentina costuma recorrer ao dólar como refúgio para proteger suas economias da desvalorização do peso.
Muitos ainda guardam o dinheiro em casa, ou alugam cofres externos para guardar as notas.
A estimativa é que os argentinos tenham entre US$ 200 bilhões (cerca de R$ 1 bilhão) e US$ 400 bilhões (cerca de R$ 2 bilhões) fora do sistema financeiro do país, seja em divisas estrangeiras no país ou no exterior.