Resultado de quase cinco anos de trabalhos voltados à conservação, a pesquisa Intitulada “The value of private properties for the conservation of biodiversity in the Brazilian Cerrado”, (O valor das propriedades privadas para a conservação da biodiversidade no Cerrado brasileiro), mostrou que de 15 a 25% da distribuição de espécies de vertebrados ameaçados de extinção poderiam estar sendo assegurados em áreas protegidas dentro de terras privadas no Cerrado brasileiro.

O estudo publicado pela revista Science em abril deste ano e contou com a participação de pesquisadores experientes e de jovens pesquisadores formados pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Esses números são altos e os resultados evidenciam a relevância de haver fiscalização e proteção em terras privadas que estão integradas à Lei de Proteção da Vegetação Nativa do Brasil, Nº 12.651, (novo Código Florestal).

Os pesquisadores apresentaram um debate sobre como a proteção ambiental em terras privadas pode ser a chave para o fortalecimento da conservação ambiental, principalmente em regiões com alto risco de degradação ou que estejam ameaçadas e mal protegidas pelo sistema público que gere as unidades de conservação.

Grande parte do bioma Cerrado se encontra em Goiás, um estado onde o agronegócio é uma das principais atividades desenvolvidas. Por conta disso, o artigo coloca pra sociedade a necessidade de recuperar áreas degradadas nessas terras, a fim de que isso atinja não só a conservação da biodiversidade, não só as metas brasileiras contra o aquecimento global, mas numa escala maior, a própria produtividade do agricultor.

Dados

Para a realização do estudo foram analisadas informações obtidas no Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (Sicar) sobre as áreas que são apontadas pelos produtores rurais do Cerrado, visto que o novo Código Florestal Brasileiro exige que esses proprietários selecionem áreas para se tornarem reservas legais dentro de suas propriedades.

Para análise foram acessados, por meio do Cadastro Ambiental Rural (CAR), cerca de 700 mil produtores, que localizaram e indicaram onde estavam as áreas de proteção permanente e reserva legal dentro de suas terras. 

Além de avaliar a importância dessas áreas, os pesquisadores envolvidos identificaram prioridades onde as Áreas de Preservação Permanente (APP) e reservas legais devem ser recuperadas como uma estratégia complementar à proteção ambiental geral.

A restauração ecológica dessas áreas não afetaria somente a conservação da biodiversidade, ela afetaria fortemente também os efeitos das mudanças climáticas e do aquecimento global. Segundo a pesquisa quase 12 milhões de toneladas de carbono da atmosfera poderiam ser fixados, o que teria um impacto muito grande nas metas voluntárias brasileiras para reduzir a emissão dos gases do efeito estufa, instituídas pela Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), Lei 12.187/09.