Saiba quem é a mulher que morreu afogada após ser arrastada por enxurrada em Goiânia
14 novembro 2024 às 09h32
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Daniella Magalhães Vila Nova, empresária de 41 anos, morreu após ser arrastada pela enxurrada na rua 20, divisa com Setor Santos Dumont e Recreio São Joaquim. O acidente aconteceu na última terça-feira, 12, e a vítima estava na garupa da moto com seu esposo. A força da enxurrada derrubou os dois, e apenas o homem conseguiu escapar da força das águas. Daniella ficou presa em arames de um lote próximo a uma obra de drenagem da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra) e perdeu a consciência. Apesar de ter sido socorrida, a empresária não resistiu e veio a óbito.
De acordo com informações do boletim de ocorrência sobre o caso, o acidente aconteceu por volta das 16h30, quando Daniella e o esposo voltavam para casa. O documento conta que os dois estavam em uma Honda CG vermelha quando, ao passar por uma área mais baixa da rua 20, a força da água surpreendeu o casal. Um carro que passava na região ajudou a levar Daniella para o Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), onde recebeu atendimento emergencial, mas Daniella não resistiu.
O documento oficial registrando o óbito, emitido pelo Hugol, mostra o horário oficial da morte às 18h25 do mesmo dia. A causa apontada pela equipe médica foi afogamento. Nos relatos oficiais, o esposo da vítima disse que “devido a força da água, [ele] só pôde socorrer sua esposa quando a água baixou e perdeu força”. O inquérito oficial sobre o caso será dado pelo 11° Distrito Policial de Goiânia. O velório de Daniella aconteceu em Paraíso do Tocantins.
O Corpo de Bombeiros não foi acionado para atender a ocorrência.
Obras de drenagem
O acidente que tirou a vida de Daniella aconteceu próximo a uma obra de drenagem urbana e pavimentação asfáltica da Seinfra. Relatos dos moradores apontam que a obra está parada já há algum tempo. Vale lembrar que o Plano Diretor de Drenagem Urbana de Goiânia está em planejamento, a fim de amenizar os impactos do período chuvoso no perímetro urbano, que já chegou a tirar vidas nos últimos anos.
Em nota, a pasta responsável lamenta o ocorrido na tarde da terça-feira, 12, e se solidariza com a família da vítima. Sobre a obra, a pasta afirma que “a construção da rede de drenagem e pavimentação do Jardim Novo Petrópolis propõe melhoria da drenagem pluvial na continuidade da Rua 20, no Setor Santos Dumont, até a Estrada 111, nas Chácaras de Recreio São Joaquim”. Apesar de parte da obra já estar concluída, o trecho no qual ocorreu o acidente ainda não sofreu as intervenções necessárias.
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Região onde menina foi arrastada por enxurrada passa por obras em Aparecida de Goiânia
“A obra está parada devido a especificidade dos serviços, incompatíveis com o período chuvoso”, afirma a pasta. Além disso, a Seinfra coloca que o contrato com a empresa responsável pela obra será rescindido devido a atrasos recorrentes. “A previsão é que, após a revisão do projeto e atualização dos documentos técnicos para a realização de nova licitação, a obra seja retomada após o período chuvoso, em abril de 2025”, afirma.
Por fim, a pasta reforça a orientação geral da Prefeitura de Goiânia. Durante o período de chuva intensa no perímetro urbano, a recomendação é esperar o fluxo de água diminuir antes de transitar em trechos mais baixos da cidade, principalmente para os motociclistas. “Não enfrentem a força da enxurrada. O recomendado é se abrigar até que a chuva passe”, alertam.
Plano de drenagem
A Prefeitura de Goiânia, através da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra), deu início aos debates sobre o Plano Diretor de Drenagem Urbana (PDDU), em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG). O projeto tem por intuito pensar as questões ligadas ao escoamento, drenagem, permeabilidade e às áreas de risco de inundação em todo o município.
O diagnóstico inicial destaca as bacias dos córregos Cascavel, Botafogo, Macambira e Taquaral como pontos de maior urgência no município.
Em entrevista coletiva, o secretário de infraestrutura de Goiânia, Alexandre Garcês, prevê ações educativas para a população, alterações pontuais em algumas legislações ligadas à estrutura da cidade, pontos onde serão necessárias obras, e, em alguns pontos, talvez seja preciso pensar na desocupação de determinadas áreas. “Se continuar sem planejamento o crescimento da cidade, a gente vai ter cada vez mais lugares que não vão ter soluções em termos de obra. A gente vai ter que conviver com aquele problema ali”, resumiu.
Na mesma ocasião, o professor Klebber Formiga, coordenador do projeto do Plano Diretor de Drenagem Urbana de Goiânia na UFG, afirma que este “é o primeiro levantamento completo que a gente tem da drenagem de Goiânia em toda sua história”, pensando desde a micro até a macrodrenagem.
“Cada vez que você fizer uma obra, você só vai jogar um ponto de alagamento e jogar para frente”, explicou. O foco do Plano se torna “tentar reduzir a quantidade de água que chega” que chega no centro urbano. Educação ambiental, educação política, reformulação de leis ligadas à área de permeabilidade do solo são algumas possibilidades dadas pelo especialista.