A desembargadora Maria das Graças Carneiro Requi, do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), indeferiu, nesta sexta-feira, 10, um recurso do ex-prefeito de Lagoa Santa Adivair Gonçalves (MDB) por rejeição de prestação de contas tanto pelo Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TC-GO) quanto pela Câmara Municipal.

“Nós rejeitamos o balancete de 2016, que foi rejeitado pelo TCM. Eu, como presidente em 2022, coloquei o balancete em votação, e foi rejeitado por maioria, 5 a 4”, relembra o presidente da Câmara, Ericsson Paulo. “Agora, ele entrou contra o parecer da Câmara, aqui na instância de Itajá, o juiz negou e ele entrou com recurso em Goiânia, que novamente foi negado”, acrescenta.

O julgamento de primeira instância foi sentenciado pelo juiz de Direito da Vara das Fazendas Públicas da comarca de Itajá, Luciano Borges da Silva. O Jornal Opção não localizou o ex-prefeito e tampouco sua defesa. O espaço segue aberto para manifestações.  

Segundo Ericsson, com isso, Adivair Gonçalves está inelegível. “Sem falar os outros processos, que tem da Operação Andarilhos, que o afastou do cargo em 2020, já no final do mandato”, recorda.

Desvios milionários

Em dezembro de 2020, Adivair Gonçalves e outros ete servidores foram afastados de seus cargos durante a operação Andarilhos, realizada pela Polícia Civil de Goiás (PC-GO). Eles foram acusados de envolvimento em fraudes milionárias em licitações e em pagamentos indevidos de diárias de viagens que não foram comprovadas. Segundo as investigações, o grupo atuava na prefeitura há cinco anos.

A suspeita é que tenham sido desviados R$ 3 milhões em licitações, o que envolveu três empresas, todas com supostos vínculos com o prefeito da cidade. Entre essas empresas está uma padaria, que teria recebido R$ 105 mil, além de um supermercado e uma loja de materiais de construção, que teriam vencido licitações no valor de R$ 3 milhões. No entanto, a Prefeitura não conseguiu comprovar a prestação dos produtos e serviços contratados.

Além disso, foram identificadas irregularidades nos pagamentos de diárias de viagens, que totalizaram R$ 2,5 milhões. Na época, o delegado responsável pela operação, Cleybio Januário Ferreira, destacou que apenas o prefeito teria recebido R$ 700 mil ao longo de cinco anos. Em registros no sistema da Prefeitura, a PC-GO identificou três viagens semanais a Goiânia, com valores de R$ 2,9 mil a cada semana. O valor de cada diária era de R$ 960 para o município.

A decisão de afastamento foi determinada pelo Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, que também bloqueou mais de R$ 5 milhões das contas dos investigados. Eles são suspeitos de crimes como fraude à licitação, associação criminosa e peculato. A reportagem tentou contato com o prefeito, mas não obteve resposta. O advogado da prefeitura afirmou que o político não irá se pronunciar, e os nomes dos demais envolvidos não foram divulgados.

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