Procuradora acusa vereador de assédio e anuncia que vai mover ação judicial
28 novembro 2024 às 17h58
COMPARTILHAR
A procuradora geral do Legislativo, Maria Amélia Borges Batista relatou episódios de assédio moral por parte de um vereador de Uruaçu, que, segundo ela, vem ocorrendo ao longo de quatro anos, desde o início do mandato do parlamentar. A denúncia inclui agressões verbais e acusações infundadas, feitas durante reuniões e no plenário, sem apresentação de provas. “Ele acha que, por ter imunidade parlamentar, pode fazer o que bem entender, mas isso não pode estar acima da Constituição e dos direitos à dignidade e à honra”, afirmou a Maria Amélia ao Jornal Opção.
Em vídeo, o vereador Jullison de Sousa Lopes, conhecido como Gordinho Eventos, afirmou que haveria um esquema de “rachadinha” envolvendo o salário de servidores efetivos da Câmara Municipal e o presidente da Casa, Fábio Vasconcelos. Sem provas, o parlamentar afirma na tribuna que a procuradora ganha “quase R$ 60 mil reais por mês. O diretor da Câmara há indícios dele devolver pix na própria conta”, acusou Jullison.
Veja o vídeo abaixo. O caso aconteceu na sessão plenária da Câmara Municipal de Uruaçu da última segunda-feira, 25.
Após a fala do vereador, a presidência se manifestou. “Vou pedir o contrache da procuradora, acho que você tá meio equivocado, porque não é esse valor não “, afirmou o vereador Fábio Vasconcelos, presidente da Câmara.
O questionamento central levantado por um dos parlamentares, o vereador Jullison, refere-se aos salários de ambos os servidores, que foram reajustados com base na progressão do Plano de Cargos e Salários da Câmara Municipal. A medida seguiu as normas institucionais e beneficiou diversos trabalhadores do quadro efetivo, afastando qualquer alegação de favorecimento individual.
Segundo o relato, Jullison imputou à servidora atos criminosos sem buscar informações junto aos setores responsáveis da administração. “Ele poderia ter consultado o RH ou acessado os dados disponíveis no portal da transparência, mas preferiu lançar acusações públicas sem qualquer embasamento”, disse Amélia.
A procuradora também mencionou um histórico de denúncias envolvendo o parlamentar, incluindo um caso anterior de assédio sexual que foi arquivado devido à imunidade parlamentar. “O inquérito foi iniciado, mas o processo enfrentou interrupções devido à imunidade parlamentar do acusado. Posteriormente, a vítima desistiu da acusação”, denunciou a procuradora.
Os episódios de assédio, segundo a denunciante, incluíram gritos, insultos e desrespeito em reuniões internas, além de perseguição constante. Apesar de inicialmente tentar relevar as ações do vereador para evitar desgaste, a servidora afirmou que os ataques recentes ultrapassaram os limites, forçando-a a tomar medidas legais. “Ele fala pelas costas e nunca teve coragem de discutir diretamente com o controlador, mas comigo foi diferente, com embates graves e constantes”, declarou.
A declaração do parlamentar registrada em vídeo é o ponto alto de um longo histórico de atos envolvendo ataques, humilhações, ofensas e condutas que se enquadram em assédio moral por parte do vereador contra a procuradora geral, Maria Amélia Borges Batista, e outros servidores.
“Infelizmente, isso acontece não só com ela, comigo, mas com todos os servidores da Casa, que já passaram por situações de humilhação e assédio moral”, disse o Controlador Interno, Luciano Bordiga.
Segundo relatos de servidores do Legislativo de Uruaçu, três vereadores de oposição frequentemente direcionavam ações consideradas persecutórias contra a procuradora jurídica da Câmara e o Controlador Interno. “Chegou no limite, foi tanta perseguição, tanto assédio que ela sofreu que ela não tava suportando mais. Já era tempo dela ter tomado essa atitude”, afirmou Bordiga sobre a ação judicial que será movida por Maria Amélia.
Procurado, o vereador não se manifestou. O espaço segue aberto.