Ministro anula provas da Laja Jato e afirma que prisão de Lula foi “erro histórico”

06 setembro 2023 às 12h39

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As provas colhidas durante as delações da Odebrecht no caso da Lava Jato foram anuladas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli nesta quarta-feira, 6. Na decisão, que ocorreu após um pedido da defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Dias também afirmou que a prisão do mandatário foi um “erro histórico”.
O ministro determinou ainda que a Polícia Federal (PF) compartilhe as mensagens hackeadas da Operação Spoofing em até 10 dias. Agora, a 13ª Vara Federal de Curitiba e o Ministério Público Federal do Paraná devem ceder todo o conteúdo relacionado ao Acordo de Leniência da Odebrecht com a defesa de Lula. Caso não compartilhem o material, podem responder por desobediência.
O acordo anulado por Toffoli havia feito a empreiteira pagar ao Ministério Público Federal (MPF), o Departamento de Justiça dos Estados Unidos da América (EUA) e à procuradoria-geral da Suíça o valor de R$ 3,8 bilhões.
“Erro histórico”
O ministro disse, na decisão, que a prisão de Lula é considerada um “erro histórico” do Judiciário. Ele também pontuou que “determinados agentes públicos” que visavam “a conquista do Estado” agiram por meio de desvio de função e conluio para atingir instituições, autoridades e empresas específicas do país.
“Pela gravidade das situações estarrecedoras postas nestes autos, somadas a outras tantas decisões exaradas pelo STF e também tornadas públicas e notórias, já seria possível, simplesmente, concluir que a prisão do reclamante, Luiz Inácio Lula da Silva, até poder-se-ia chamar de um dos maiores erros judiciários da história do país. Mas, na verdade, foi muito pior”, afirmou.
Nas palavras de Toffoli, trata-se de uma “armação fruto de um projeto de poder de determinados agentes públicos”, com o objetivo de “conquista do Estado por meios aparentemente legais, mas com métodos e ações contra lei”.
“Digo sem medo de errar, foi o verdadeiro ovo da serpente dos ataques à democracia e às instituições”, disse o ministro.
Atos ilegais
Dias ainda intimou a Advocacia Geral da União (AGU) para que o órgão apure “para fins de responsabilização civil pelos danos causados pela União e por seus agentes em virtude da prática dos atos ilegais já decididos como tais nestes autos, sem prejuízo de outras providências, informando-se, a este juízo, eventuais ações de responsabilidade civil já ajuizadas em face da União ou de seus agentes”.
De acordo com o documento, o ministro também pediu que outros órgãos identifiquem e informem “agentes públicos que atuaram e praticaram os atos relacionados ao referido Acordo de Leniência, sem observância dos procedimentos formais”, assim como adotem medidas necessárias para apuração de responsabilidade.
O pedido vale para Procuradoria-Geral da República (PGR), Ministério das Relações Exteriores (MRE), Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), Controladoria-Geral da União (CGU), Tribunal de Contas da União (TCU), Receita Federal (RF), Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).