Justiça goiana condena pai de santo a sete anos de prisão por violação sexual

28 agosto 2023 às 08h37

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Um homem de 66 anos, que exercia a função de pai de santo, foi sentenciado a uma pena de sete anos de reclusão devido à prática de violação sexual mediante fraude contra uma mulher que frequentava um terreiro em Goiânia. Na decisão, o sistema judiciário goiano também acolheu o pedido de compensação mínima por danos morais à vítima, estabelecendo o montante equivalente a 20 salários mínimos.
A vítima e o acusado se conheceram na universidade, onde ele atuava como docente universitário. Posteriormente, ela começou a frequentar o terreiro sob sua liderança como pai de santo. Nesse contexto, o homem a convidou para uma consulta com uma entidade no local. Desde a primeira consulta, foram fornecidas orientações, como a maneira de se vestir, por exemplo. Foi nesse encontro inicial que ocorreram os primeiros abusos, durante o ano de 2017. Ao longo desse período até 2019, a vítima relatou ter sido submetida a seis incidentes distintos de abuso.
Para obter maior respaldo durante o processo legal, a mulher procurou o auxílio da Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE-GO), que atuou como parte assistente na acusação do caso.
“Jamais esquecerei de uma frase presente na manifestação do defensor (durante a audiência), que me deu esperança de que as coisas se encaminhariam para o melhor: ‘A vítima toma consciência do abuso quando percebe a falsidade em que foi envolvida’. Durante a audiência e ao longo do processo, senti um verdadeiro apoio. Dado o fato de esse crime ter ocorrido em situações raras e dentro de um contexto religioso que já enfrenta muita discriminação, na época da denúncia, fui duramente julgada por ter demorado a fazer a denúncia”, relembra a vítima.
“Quando o defensor me mandou a sentença foi tirado um ciclo de dor e sofrimento da minha vida que finalmente terminou. É um sentimento de que minha voz foi escutada, de que agora tudo acabou e a justiça foi feita. Sei que ele pode recorrer e até mudar esta sentença. Mas, quando li essa condenação já tive minha resposta que precisava pra julgar e finalizar tudo que vivi”, desabafa.
De acordo com o defensor público Luiz Henrique Silva Almeida, titular da 4ª Defensoria Pública Especializada Criminal da Capital, a importância deste tipo de atuação está no contato direto com a vítima durante toda a persecução penal.
“Compete ao assistente de acusação auxiliar na instrução probatória, fazer perguntas às testemunhas, requerer diligências, participar dos debates orais ou escritos, e até mesmo recorrer quando necessário, tudo isso considerando que a vítima e seus familiares possuem mais conhecimentos sobre os fatos e, deste modo, poderão levar ao defensor informações mais precisas e objetivas sobre o caso”, esclarece.