Um dos brasileiros presos por planejar ataques terroristas à comunidade judaica do Distrito Federal e até de Goiás virou réu por terrorismo e organização criminosa, após a Justiça acatar denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF). O brasiliense Lucas Passos Lima, de 35 anos, é apontado como participante do planejamento terrorista.

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Lucas se tornou réu em fevereiro deste ano quando houve a abertura de ação penal no Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6), realizada pela juíza Raquel Vasconcelos Alves de Lima. 

O brasiliense faz parte do grupo de brasileiros recrutados pelo grupo terrorista libanês Hezbollah, a fim de promover ataques contra a comunidade judaica. O caso veio à tona no final do ano passado, após a Polícia Federal (PF) prender dois homens. 

A magistrada marcou para 21 de março, às 14h, a audiência de instrução e julgamento do brasiliense. A juíza ainda acatou o pedido da PF pelo desmembramento das investigações para a instauração de um novo inquérito policial contra outros suspeitos. 

“Não se pode olvidar [esquecer] que, além de Lucas, outros brasileiros foram identificados como alvos dos recrutamentos. O perfil dos recrutados levantou suspeitas pela ausência de vínculos com o país ou condições financeiras para empreender tais viagens ao exterior (alguns por mais de uma vez ou três vezes em menos de 12 meses) e por possuírem antecedentes criminais”, declarou a magistrada.

De acordo com a PF, os ataques foram evitados pela corporação após alertas enviados pelos Estados Unidos. Lucas acabou preso pela PF, em novembro do ano passado, quando voltou de uma viagem ao Líbano. Estavam no celular dele acessos e vídeos dos possíveis prédios judeus no Brasil.

Suspeito recrutado

Lucas seria um dos brasileiros recrutados pelo Hezbollah. Apoiado pelo Irã, o grupo é considerado terrorista por países como Estados Unidos, França e Alemanha. O contato de Lucas é um sírio naturalizado brasileiro.

Ele está preso desde novembro do ano passado, quando foi detido na Operação Trapiche, cujo objetivo era “interromper atos preparatórios de terrorismo” e recolher provas de possível recrutamento de brasileiros para praticá-los.

Segundo a PF, sinagogas e um cemitério israelita localizados na capital federal foram monitorados pelos terroristas como possíveis alvos. Os endereços fazem parte de uma lista encontrada com Lucas.

A lista tem oito locais representativos da comunidade judaica em Brasília e em Goiás, além de um levantamento sobre um rabino. Quem também está sendo investigado é Mohamad Khir Abdulmajid, procurado pela Interpol por ser o principal alvo da operação que apura o recrutamento de brasileiros pelo grupo extremista Hezbollah.

Lucas e Mohamad são réus pelos crimes de terrorismo e organização criminosa, mas a apuração continua. Uma parte do inquérito foi desmembrada para que a PF siga investigando outros brasileiros que também foram procurados pelo Hezbollah.