O Comando do Exército Brasileiro deve explicar, em até dez dias, a suposta orientação para que o tenente-coronel Mauro Cid comparecesse fardado à audiência da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, no Congresso Nacional. A solicitação foi feita pelo procurador-geral do Ministério Público Militar (MPM), Clauro Roberto de Bortolli, que atendeu pedido feito pela deputada Luciene Cavalcante (PSol-SP). 

Clauro entendeu que a ida de Cid fardado para oitiva que investiga envolvimento em crimes pode vincular a imagem das Forças Armadas a atos ilícitos. O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) é investigado por supostamente participar de um plano golpista para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Presidência da República, além de fraudar cartões de vacina.

“O uso da farda pelo tenente-coronel o coloca como representante das Forças Armadas em depoimento como testemunha por envolvimento em um crime, maculando a imagem da instituição. Conforme o requerimento de convocação aprovado na CPMI, anexo, a justificação para a presença do tenente-coronel não envolve o Exército, mas apenas as suas condutas individuais, não tendo motivo para a orientação do uso da farda, portanto”, diz trecho do ofício.

CPMI do 8 de janeiro

Cid compareceu à última audiência da CPMI do 8 de janeiro antes do recesso parlamentar, em 11 de julho. O objetivo principal do encontro era questionar Mauro Cid sobre sua atuação em um plano golpista após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022.

No entanto, o militar, que chegou fardado ao Congresso, ficou calado. Em decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a ministra Cármen Lúcia havia determinado que o comparecimento de Cid à CPMI era obrigatório, mas que o militar teria o direito de ficar em silêncio e não responder as perguntas que o incriminassem.