Foragido da Justiça, Carlos César Savastano de Toledo, conhecido como Cacai Toledo, é acusado de ser o mandante do assassinato do empresário Fábio Alves Escobar Cavalcante. Escobar foi assassinado a tiros por policiais militares na noite do dia 23 de junho de 2021. Valério Luiz Filho, nomeado assistente de acusação no caso relata a dificuldade em processar “alguém com poderio econômico e com uma rede de relacionamento e influência”.

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Valério questiona a capacidade das forças policiais em identificar o paradeiro do acusado de ser o mandante do crime, tendo em vista que a defesa mobiliza a Justiça na tentativa de conseguir o julgamento favorável de um habeas corpus. “A gente vê uma capacidade tanto de ocultação e mobilização para conseguir um salvo conduto. Algo que seria impossível para um criminoso comum, por assim dizer”, lamenta.

Sobre a atuação, Valério diz que deve auxiliar a promotoria no fornecimento de provas, pedidos de prisão preventiva e recorrer de decisões dos Tribunais de Justiça. “A autorização da Justiça em transferir um dos presos para um regime disciplinar diferenciado (RDD) mostra a periculosidade do caso Escobar. Foram assassinadas outras sete pessoas para encobrir a morte dele”, lembra.

“Exatamente por ter forças policiais a sua disposição, mas é um crime de motivação política. Denúncias foram feitas que atingiram Carlos Toledo, isso desencadeou movimento de vingança e de vontade de colar as denúncias do Fábio”, revela.

Valério Luiz Filho, assistente de acusação no caso de Fábio Escobar

Ele aponta a similaridade e diferenças com o caso do assassinato do pai, o radialista Valério Luiz. Entre as semelhanças está o uso de policiais militares na execução dos assassinatos e a influência financeira dos acusados de ser os indutores do crime. “No caso do meu pai tinha um elemento a mais que é a questão de um crime contra liberdade de expressão em virtude de denúncias veiculadas em programas de jornalismo”, compara.

O ex-presidente do DEM (hoje UB) de Anápolis foi preso em 2020 durante investigação da Polícia Civil de Goiás (PCGO) pela prática de crimes contra a administração pública, corrupção, fraude em licitações e lavagem de capitais.

Relembre o caso

Dois anos antes de ser executado, Fábio Escobar fez uma série de vídeos e publicações dizendo que estava assustado com as ameaças recebidas depois de fazer denúncias. As juras de morte, inclusive, vieram supostamente de pessoas ligadas à Polícia Militar (PM) goiana.

Tempos depois, em 23 de junho de 2021, o homem foi assassinado por disparos de arma de fogo. Segundo documentos, a vítima foi atraída para uma emboscada por indivíduos que, se passando por compradores de um imóvel, marcaram encontro utilizando um celular.

Após o homicídio de Fábio Escobar em 23 de junho de 2021, uma série de mortes se sucedeu: Bruna Vitória Rabelo Tavares em 23 de agosto de 2021; Gabriel dos Santos Vital, Gustavo Lage Santana e Mikael Garcia de Faria horas depois do falecimento de Bruna; e Bruno Chendes, Daniel Douglas de Oliveira Alves e Edivaldo Alves da Luis Junio em 19 de janeiro de 2022.

Foi esse celular que, segundo os policiais, acabou gerando, indiretamente, a morte das outras pessoas. Os investigadores apuraram que, meses antes da morte de Fábio, o objeto estava em posse de Bruna Vitória Rabelo Tavares. A mulher é esposa de um suposto traficante, que teria conseguido o telefone como pagamento por uma venda de crack.

Os sete assassinatos em Anápolis e Terezópolis, supostamente planejados e executados por 10 policiais militares goianos, foram desencadeados após uma emboscada que custou a vida do empresário Fábio Alves Escobar Cavalcante (foto em destaque), morto na cidade anapolina em 2021. O objetivo dos militares presos na última terça-feira, 19, conforme documento do Ministério Público (MP), era exterminar provas que pudessem incriminá-los.

Bruna e Fábio estavam em um motel quando foram abordados e agredidos por policiais militares, que levaram o telefone. Posteriormente, o dono do aparelho reconheceu os PMs envolvidos.

Eles registraram um boletim de ocorrência na central de flagrantes de Anápolis após o roubo. Meses depois, Bruna, que estava grávida de 7 meses, foi vítima de homicídio, com tiros disparados por dois homens em uma motocicleta.

No mesmo dia do assassinato da jovem, procurando justificar a execução, um grupo de policiais militares se envolveu em suposto confronto com disparos de arma de fogo, ocasionando a morte de Gabriel Santos Vital, Gustavo Lage Santana e Mikael Garcia de Faria. O trio, que era amigo de Bruna e Fábio, foi apontado como suspeito de ter matado a mulher.

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