Começou neste fim de semana a Romaria do Muquém, em Niquelândia, na região Norte de Goiás. Em 2023, a peregrinação mais antiga do estado completa 275 anos. Ela é marcada pela presença de romeiros que saem da cidade de Niquelândia conduzindo a imagem de Nossa Senhora D’Abadia pela Rodovia da Fé.

A tradição religiosa atrai milhares de pessoas de vários lugares do estado. Nesta edição, a expectativa é que mais de 400 mil fiéis passem pela romaria, que segue até 15 de agosto. De acordo com o reitor do Santuário de Nossa Senhora D’Abadia de Muquém, Padre Aldemir Franzin, a programação é marcada por diversas atividades religiosas durante 10 dias.

“Este ano nós vamos rezar os 275 anos de devoção a Nossa Senhora da Abadia no coração do Brasil. Com o início oficial da romaria, seguimos toda uma programação de missas, novenas, procissões, cerco de Jericó, vigília. Uma programação que começa às 6h da manhã e termina às 21h”, explica Franzin.

O reitor explica ainda que na Rodovia dos Romeiros há pontos de apoio da prefeitura de Niquelândia e do governo de Goiás com alimentação, banheiros e paramédicos para auxiliar os participantes.Todos os anos, os romeiros iniciam a trajetória na Igreja Matriz da Paróquia São José, em Niquelândia e passam pela Paróquia Nossa Senhora D’Abadia. A procissão ocorre durante toda a noite e termina com a chegada dos romeiros ao Santuário de Muquém.

História

São mais de 250 anos de tradição de uma festa religiosa cheia de simbolismo e, como não poderia ser diferente, com muita história para contar. A Romaria de Nossa Senhora da Abadia do Muquém leva, anualmente, milhares de pessoas ao povoado simples, distrito da cidade de Niquelândia, no Norte goiano.

É uma festa cheia de peculiaridades. A começar pelo santuário dedicado à Nossa Senhora, um dos maiores do Brasil, que comporta 28 mil pessoas sentadas, apesar de estar num pequeno distrito de poucos moradores, cravado no interior do Brasil. Desnecessário dizer que nos dias da festa, não comporta nem a décima parte dos romeiros que desembarcam em Muquém.

A missa, celebrada no Morro Cruzeiro, que fica a mais de 100 metros de altitude, é outro marco da festa. Além de participar da celebração, os romeiros sobem o morro para cumprirem promessas e, de quebra, quem sobe até lá, tem uma vista privilegiada da paisagem da região. Durante a romaria é realizada uma procissão que percorre os 45 quilômetros entre Niquelândia e Muquém, com certeza uma das maiores do País, em distância.

Não há um consenso sobre a origem da festa, mas o livro “Ermitão de Muquém”, traz uma versão. O romance conta a história de um rapaz muito devoto de Nossa Senhora da Abadia. Ao matar, quase acidentalmente um amigo, ele se refugiou para não ser alcançado pela justiça. Um milagre da santa o levou a Muquém, onde se tornou um ermitão místico.

Já o site do santuário registra que, no livro “Senhora da Abadia”, o padre Arlindo Ribeiro da Cunha, da Diocese de Braga, Portugal, escreve que a devoção à Nossa Senhora d’Abadia de Muquém começou devido ao cumprimento de uma promessa que um português, ocupado em explorar ouro em uma mina de Muquém, mandara trazer uma imagem com o título “Nossa Senhora da Abadia de Portugal”. O português colocou, então, a imagem em uma pequena capela, inicialmente dedicada a São Tomé. Com a chegada da imagem, fiéis começaram a fazer orações à Nossa Senhora e, aos poucos, a devoção se espalhou até se tornar a segunda maior romaria de Goiás.

A festa reúne missas, batizados, casamentos e procissões, além da parte onde os visitantes encontram comidas típicas, artesanatos e diversos outros artigos nas barraquinhas improvisadas no pequeno povoado.