De janeiro a julho deste ano, as equipes da Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) realizaram 128 ações para controlar os morcegos hematófagos da espécie Desmodus Rotundus em Goiás. As atividades incluíram a captura dos animais e o monitoramento de seus abrigos, como parte integrante do Programa Estadual de Controle da Raiva dos Herbívoros (PNCRH). Raiva em herbívoros é fatal e pode ser prevenida com vacinação de rebanhos e controle da população de morcegos.    

Ao contrário de animais de pequeno porte, como cães, a raiva em herbívoros se manifesta com sintomas de paralisia, queda, tremores, movimentos de pedalagem e dilatação da pupila. Foto: EBC

A doença não tem tratamento, sendo invariavelmente fatal uma vez iniciados os sinais clínicos. Ao contrário de animais de pequeno porte, como cães, a raiva em herbívoros se manifesta com sintomas de paralisia, queda, tremores, movimentos de pedalagem e dilatação da pupila. Dentre os maiores riscos para a pecuária nacional incluem-se a perda direta de animais por se tratar de uma doença fatal, redução do ganho de peso dos animais devido às espoliações constantes por parte dos morcegos hematófagos, contato ou exposição dos trabalhadores com animais doentes, o que gera a busca por tratamento, acarretando afastamento do trabalho, assim como fatores psicossociais devido ao tratamento e aos óbitos de humanos. 

Segundo o coordenador do programa na Agrodefesa, Fernando Bosso, as ações são realizadas em todo o estado, com foco especial nos municípios com maior risco de ocorrência da doença. Ele explica que os locais de captura são selecionados com base em notificações de espoliação e através de fiscalizações e vigilâncias conduzidas pelos fiscais estaduais agropecuários. “Esses profissionais identificam locais propícios para a instalação de colônias de morcegos hematófagos, e esses abrigos são registrados para que possam ser monitorados regularmente. Além disso, acompanhamos a evolução da população desses animais nos abrigos para detectar a circulação da raiva”, informa Bosso. 

O presidente da Agrodefesa, José Ricardo Caixeta Ramos, acrescenta que a agência tem implementado diversas estratégias para prevenir e controlar a raiva dos herbívoros em Goiás. “Nossas ações abrangem desde a captura e monitoramento dos abrigos dos morcegos até a vacinação nos municípios com alto risco da doença no estado. Nossos fiscais agropecuários também estão constantemente em campo, fornecendo educação sanitária, orientando os produtores sobre medidas preventivas e fornecendo informações técnicas. Tudo isso é realizado para garantir ao máximo a segurança dos produtores e da população”, enfatiza Ramos.

De acordo com informações do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), por se tratar de uma zoonose que afeta diretamente homens e animais, o contato entre os animais infectados e a população humana propicia a transmissão da doença, o que faz da raiva um grave problema de saúde pública. Os casos de animais positivos para raiva devem ser informados para as áreas competentes – em Goiás, pode ser por meio do Disque Defesa (0800-646-1122). As atividades de comunicação de risco devem ser realizadas de forma a ampliar a notificação de casos suspeitos e evitar o contato da população com os animais expostos ao vírus. Os profissionais que atuam na vigilância da raiva devem ser submetidos à profilaxia pré-exposição e à titulação de anticorpos periodicamente, conforme recomendações do Ministério da Saúde.