A Polícia Civil do Estado de Goiás, por meio da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra a Administração Pública (DERCAP), anunciou a conclusão de investigação que apurou uma série de crimes cometidos no Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO). A ação começou em 2019, quando a organização constatou o cancelamento irregular de milhares de multas no sistema de tecnologias do órgão estadual. Ao todo, foram canceladas um total de 12.362 multas.

Apesar do lançamento no sistema, gestores do Detran conseguiram recadastrar as multas canceladas, evitando o prejuízo e a impunidade aos envolvidos. A partir daí, então, a polícia tomou conhecimento do caso e deu início à investigação, que identificou outras fraudes, como transferências fraudulentas de pontuação de CNH. Nesse caso, foi possível perceber até mesmo a indicação de condutor já falecido. As fraudes eram realizadas por supostos profissionais para pessoas com excesso de pontos, no intuito de evitar a suspensão ou perda da habilitação.

As investigações das fraudes levaram até a identificação de um indivíduo utilizava contatos dentro do Departamento de Trânsito, que, dentre outros, também conseguia direcionamento de seus clientes para médico específico, com o objetivo de facilitar a aprovação em exames clínicos exigidos para obtenção e renovação de CNH. Os contatos permitiam ainda a realização de fraudes em municípios do interior do Estado.

O fato de residentes em diferences municípios apresentarem renovação de CNH com suposta realização de exames médicos em clínica localizada na Cidade de Goiás chamou a atenção da polícia, principalmente a partir de um grande número de moradores de Jataí com a indicação, uma vez que a cidade fica a 400 km de Goiás.

Para conclusão da investigação, ela foi dividida em duas etapas, nomeadas Culpare Mortuos e Medical Report. Ao todo, foram cumpridos 21 mandados de busca e apreensão, além do afastamento e três servidores da função e suspensão das atividades de uma Clínica Médica e de um Centro de Formação de Condutores. A Operação também determinou que dois médicos deixassem de realizar exames voltados para renovação de CNH até o término das investigações.

Agora, os autos foram encaminhados para o Poder Judiciário e os indivíduos poderão ser responsabilizados pelos crimes de inserção de dados falsos em sistema de informações, corrupção ativa e passiva e por falsidade ideológica.