Mendanha precisa fazer autocrítica se quiser retornar ao centro da política

07 outubro 2022 às 13h11

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Com uma semana decorrida após a realização das eleições, o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia Gustavo Mendanha (Patriota) deve sair de férias com a família. O momento de descanso é certamente merecido. Depois de intensos 45 dias de campanha, e meses de pré-campanha que antecederam a fase decisiva para definição do chefe do Palácio das Esmeraldas a partir de 2023, qualquer candidato pode — e deve — pausar para se recuperar.
No caso de Mendanha, o momento também deve servir para autocrítica. Um dos maiores derrotados do pleito deste ano, ao lado do ex-governador Marconi Perillo (PSDB), o ex-prefeito sai esvaziado da campanha e precisará rever posicionamentos e alianças se quiser sustentar sua relevância na política estadual.
Após a confirmação da vitória do governador Ronaldo Caiado (UB), no domingo, 2, Mendanha se limitou a dizer que cometeu “erros políticos”, especialmente ao buscar apoio de algumas lideranças. No mesmo viés, chegou a declarar que foi “traído” por pessoas que estiveram ao seu lado pelos últimos anos. À imprensa, no entanto, não citou nomes em nenhum dos casos. Porque talvez tema que a pecha de “traidor” seja devolvida.
Traído ou não, o discurso mostra que o ex-prefeito reconhece falta de força na articulação de suas bases. Esvaziado mesmo antes do início oficial da campanha, tendo que recorrer praticamente a único partido, por falta de opções na reta final do prazo de filiações, o ex-prefeito acabou abandonado pelas escolhas que fez.
Mendanha rompeu com Daniel Vilela, presidente do MDB, ignorou articulação com o PSDB de Marconi Perillo, tentou se associar ao presidente Jair Bolsonaro (PL) — e não conseguiu — e não pode nem mesmo se lançar candidato a prefeito novamente em 2024. Por conta da legislação eleitoral, inclusive, não tem nem direito a disputar o comando de Goiânia — cidade conurbada com Aparecida.
Caso queira apresentar relevância no pleito municipal, daqui a dois anos, Gustavo Mendanha deve focar em humildade para reconhecer que adotou a pior das estratégias e fazer exercício de autocrítica para rever postura e alianças.
O esvaziamento foi tamanho que contaminou até aliados. João Campos (Republicanos), por exemplo, teve a campanha para o Senado praticamente anulada pelo apoio a Mendanha. Acabou por ficar isolado. Magda Mofatto (PL), que tentou sustentar o nome do ex-prefeito até o fim dentro do partido, deve perder espaço para o grupo do agora senador Wilder Morais. O prefeito de Aparecida, Vilmar Mariano (Patriota), sofreu menos baques, mas precisará conter o avanço dos adversários nos próximos dois anos, se quiser garantir o poder. O presidente da Câmara, André Fortaleza, já começa a colocar seu nome para a disputa.
Em 2022, o plano de Mendanha converteu-se em abandono. Agora, para se reinventar, é bom que as férias incluam também tempo para se enxergar como é: um político jovem, com muito ego, mas pouca humildade e capacidade de articulação. Um “Mito” que se desfez…