Vereadores da Câmara Municipal de Goiânia derrubaram nesta quinta-feira, 9, o veto parcial no projeto que prevê a criação de Núcleos de Aprendizado da Língua Portuguesa para imigrantes. Segundo a autora da proposta, Aava Santiago (PSDB), a atitude do Paço reforça a situação de marasmo diante de uma crise de relação com os vereadores.

“Não podemos esperar o Paço ter boa vontade para realizar o nosso trabalho”, afirmou a vereadora, após o veto parcial ser derrubado por 18 votos a favor e nenhum contra. “A Câmara tentou na medida do possível auxiliar dentro dos dilemas e desafios da capital. Mas, na ausência de uma tratativa recíproca, entendemos que a cidade não pode parar esperando que os ânimos amadureçam na administração”, completou.  

Segundo a vereadora do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), apesar do veto ser parcial, a medida ainda destruiria o projeto. “Vetaram o trecho que diz que a Secretária de Educação cuidaria do programa. Só que apenas a pasta poderia assinar os certificados de hora-aula, parece inofensivo mas esvazia capilaridade do programa”, explicou.

Conforme apontou a autora, o objetivo da lei é que os imigrantes aprendam a língua portuguesa com estudantes de cursos de letras. Com o conhecimento do português, os indivíduos que vieram de outros países poderiam ter mais condições de lutar por direitos sociais básicos, incluindo segurança alimentar, saúde, educação e moradia. Fora que os universitários ainda somariam horas complementares obrigatórias para a graduação.

“Goiânia é a cidade do centro-oeste que mais recebe imigrantes e refugiados”, apontou a parlamentar. “Andando pelas ruas, infelizmente vemos famílias inteiras, com crianças, vivendo como pedintes em sinaleiros. Precisamos entender que a língua é um direito humano e uma porta de entrada para o restante dos direitos. Sendo que boa parte desse empobrecimento é corroborado pela ausência de acesso à língua portuguesa” alertou.

Parceria com a UFG

Como parte da proposta, Aava levantou que a Prefeitura faça parcerias com as instituições de ensino superior, incluindo a Universidade Federal de Goiás (UFG). “Não teria custo algum para o munícipio e é uma mão de obra que sempre está à procura de estudantes para realizar estágios. Então, atendemos a demanda das faculdades e demanda humanitária”, apontou a vereadora.

A parlamentar também destacou destinou R$ 200 mil rem emendas impositivas para a Faculdade de Letras (FL) da UFG. Fora que anteriormente, junto a outros vereadores, também destinaram recursos para a reforma do auditório da Faculdade de Direito (FD).

Vetos e mais vetos

Na última semana, o prefeito Rogério Cruz (Republicanos) vetou diversos projetos, incluindo a iniciativa da vereadora Luciula do Recanto (PSD) sobre proibição de técnicas de adestramento com agressões físicas e psicológicas aos animais. Segundo a parlamentar, a decisão foi considerada “inadmissível”.

“Não dá para entender a razão pelo veto porque a Prefeitura não terá gastos, ele não gera custos, apenas proíbe maus tratos aos animais. O Paço e a Câmara não falam a mesma língua para beneficiar o cidadão goiano”, contou ao Jornal Opção.