Para lidar com a crise em Goiânia é preciso saber até onde ceder
14 abril 2023 às 12h22
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Estamos em 2023 e, claro, esta não é a primeira crise por que Goiânia passa. Como qualquer cidade grande, a capital vive tempos bons e períodos conturbados, como o atual.
Assim como agora, no meio da década de 80, os goianienses sofriam com a gestão, então comandada por Daniel Antônio (PMDB), eleito em 1985 num processo no qual houve fortíssimas suspeitas de fraude em desfavor do petista Darci Accorsi. Acabou sendo alvo de denúncias – a mais famosa ficou conhecida como “ponte de carpete” – e deposto pela Câmara, assumindo como interventor o então vice-governador Joaquim Roriz, do mesmo partido.
Em meados da década passada, outra vez a cidade sofreu com ares de abandono, afetando especialmente o período do segundo mandato de Paulo Garcia (PT). Agora, com Rogério Cruz (Republicanos), nova crise.
Em comum, durante todos esses períodos, um problema: a limpeza urbana, no sentido amplo do termo, já que iluminação também faz parte.
São vários exemplos, mas cito um em especial por causa da proximidade e convivência: desde que foi inaugurada em 2019, pelo então prefeito Iris Rezende (MDB), a praça principal do Residencial Alice Barbosa, na zona norte, próxima ao Campus Samambaia da Universidade Federal de Goiás (UFG), nunca passou por um período de mato tão alto, que compromete até mesmo as áreas de instalação dos brinquedos para as crianças menores. Os poucos bancos de madeira que restam da dúzia dos que haviam estão podres e com fungos.
É um entre vários casos que ocorrem pela cidade inteira. Não dá para acudir tudo ao mesmo tempo, mas é emblemático que a situação esteja assim. A crise é apenas por conta de má gestão do atual Executivo? Seria muito simplista dizer, mas é preciso que a Prefeitura saiba lidar com a situação.
O que não está certo é, estando sob pressão, ceder a imposições de nomeações anódinas ou até nocivas para cargos estratégicos e imprescindíveis como – novamente para citar exemplos – o da Gerência de Gestão Ambiental da Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma), do qual foi exonerado um técnico de carreira com doutorado, o competente Pedro Baima.
Se quer reagir à crise, o prefeito Rogério Cruz não pode abrir mão de seus melhores quadros. Nesse caso, a troca de favores para se “salvar” no cargo parece ser uma escolha muito mal pensada.
Em tempo: é possível, sim, fazer arranjos políticos e manter a qualidade da gestão. Mas é preciso ter jogo de cintura e sagacidade – aliás, atributos dos melhores homens públicos.