Honoráveis Forasteiros: origem grega, coração goiano. Conheça a história do escultor Ângelus Ktenas

07 maio 2024 às 11h41

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Esta é a primeira reportagem de uma série especial intitulada “Honoráveis Forasteiros” sobre personalidades estrangeiras que fizeram história e contribuíram com Goiás.
“Dá pra se viver de arte sim. E bem. Se levar a sério.”, afirmou o escultor grego Ângelus Ktenas, radicado no Brasil, durante entrevista ao Diário da Manhã, em 2015. Nascido em 1937, na cidade de Karyá, que fica na ilha de Lévkas, na Grécia, o então jovem de quase 17 anos chega ao Brasil em 1954.

“A minha ideia nunca era de permanecer no Brasil”, compartilhava em suas entrevistas. Ângelus veio ao Brasil no objetivo de evitar o serviço militar no exército grego, durante a Guerra da Coreia. Seu plano envolvia ficar no país até passar o período do alistamento obrigatório e os conflitos que envolviam a Grécia. Entretanto, mesmo após esse período, Ângelus fez do Brasil sua nova casa.
Ktenas veio sem saber o português e deixou sua família para trás. Passou pelo Rio de Janeiro, São Paulo, Pará e Minas Gerais, até finalmente chegar a Goiânia, em 1957. Trabalhou como garçom, mascate, cozinheiro, vendedor de roupa e motorista de caminhão, até se encontrar no trabalho como artista, especificamente na escultura.
Foi aprovado no vestibular da 1ª Escola de Belas Artes e diplomado em Escultura pelo Instituto de Artes da UFG. Ao iniciar sua trajetória nas artes plásticas, percebeu talento e gosto pela prática, tanto que, em 1968, já lecionava. Ao longo dos anos e após experimentos com diversos materiais, trouxe a técnica grega do uso do bronze para suas obras, o que consagrou seu nome no Brasil.
A era do bronze
“Depois que comecei com o bronze, nunca mais parei. O bronze é eterno e qualquer outro material não tem a mesma durabilidade”, compartilhava.
Ângelus se manteve lecionando até 1995, ano em que se aposentou. Nesse período, acumulou cerca de 100 exposições, conseguiu o título de notório saber da UFG e produziu mais de 400 obras espalhadas por todo o país.
Falecido aos 83 anos, Ktenas participou da criação da Associação Helênica de Goiás, foi vice-presidente da Associação dos Escultores do Estado de Goiás, membro da Associação Internacional dos Artistas Plásticos e curador do Museu de Arte Contemporânea, além de conquistar o título de cidadão goianiense.
Após mais de 35 anos de carreira e vários prêmios nacionais e internacionais, o escultor afirmava que, se levada a sério, a arte possibilita, sim, forma de sustento. “A arte, principalmente a escultura é 20% inspiração e 80% transpiração”, concluiu.
Ângelus Ktenas faleceu em 2019.