Único deputado estadual eleito no município, Carlos Antonio é o nome do PSDB para a disputa à prefeitura e já afirma: “Estou liderando as pesquisas”

Foto: Renan Accioly/Jornal Opção
Foto: Renan Accioly/Jornal Opção

Carlos Antonio é liderança antiga em Anápolis, cidade que tem status de segunda capital do Estado. Único anapolino na Assembleia Legislativa, ele já havia anunciado sua pré-candidatura à prefeitura pelo Solidariedade (SD), partido do qual era o presidente municipal. Porém, enquanto muitos analistas políticos achavam que o anúncio era apenas uma jogada para garantir a vice do prefeito João Gomes (PT), o radialista se filiou ao PSDB, se tornando o candidato do governador Marconi Perillo na cidade.

Carlos Antonio assume, com o aval do governador, o lugar de Fernando Cunha Neto, que desistiu da candidatura há poucas semanas e declarou sua saída da política. O deputado diz: “Como Fernando desistiu dessa pré-candidatura, abriu a possibilidade para o meu nome, que foi abraçado do governador aos membros mais novos do partido”.

Nesta entrevista ao Jornal Opção, Carlos Antonio diz que, além de unir dois grupos — SD e PSDB — ele ainda conta com o apoio do deputado federal Alexandre Baldy (PTN) e informa: trabalha para unir a base do governo estadual na cidade para vencer o pleito deste ano.

Marcos Nunes Carreiro – O sr. estava no SD e já tinha lançado sua pré-candidatura à Prefeitura de Anápolis, quando eis que se filia ao PSDB. Por quê?
Primeiro, devo dizer que essa minha pré-candidatura veio praticamente da população para mim. Eu não tive a iniciativa de lançar minha pré-candidatura pelo SD, mas ela foi crescendo, ganhando corpo. Eu iniciei minha vida política no PSDB, quando fui candidato a vereador em 2004 e fiquei como suplente, tendo sido uma surpresa naquele pleito com 1.277 votos. O que me fez voltar ao PSDB foi o fato de somar dois grupos já fortes que podem se complementar.

O PSDB tem lideranças fortíssimas no município e o SD tinha quatro vereadores e várias lideranças. A soma desses grupos torna essa pré-candidatura muito mais forte; dá muito mais musculatura a ela. O que me atraiu é que nas conversas com as lideranças do PSDB, percebi que eles pensam igual a mim, no sentido de que precisamos apresentar um projeto para a cidade de Anápolis. A união desses dois grupos apresentará o melhor projeto para a cidade.

Marcos Nunes Carreiro – O SD está na base do prefeito João Go­mes, inclusive com uma se­cre­taria. Como fica essa situação?
Eu estava presidente municipal do SD e apoiamos a reeleição do ex-prefeito Antônio Gomide. E, quando eu estava no PSC, apoiamos a primeira eleição de Gomide; era uma composição pelo apoio que tínhamos dado nas duas eleições. Agora, evidentemente, eu indo para o PSDB, que não participa da administração do PT, não existe mais essa nossa composição na administração petista.

Marcos Nunes Careiro – Ilmar Lopes da Luz [secretário de Trabalho, Emprego e Renda] já deixou o cargo?
Ele já foi chamado a entregar o cargo e estará se filiando ao PSDB.

Elder Dias – O sr. ter apoiado os dois mandatos de Gomide e a sequência com João Gomes não é um aval à administração do PT?
Não, porque toda e qualquer administração, por melhor que seja, tem pontos a serem melhorados e pontos que podem avançar na cidade. O fato de eu ter apoiado política e administrativamente a administração não significa que há impedimento para eu lançar uma pré-candidatura, muito pelo contrário. Se eu tenho essa condição, apoio de grupos importantes, agora com o PSDB, é sinal de que eu tenho condições de apresentar evoluções para o município.

Elder Dias – Quais seriam os pontos de evolução na gestão de João Gomes em relação às de Antônio Gomide? Ele avançou em alguma coisa?
Precisamos voltar um pouco no tempo e reconhecer a importância do prefeito Pedro Sahium, que foi o organizador da prefeitura, que deixou a administração em bases de ter uma receita melhorada e em condições de fazer investimentos. O que faz uma administração investir é ela ter receita e o preparo para que isso ocorresse se deu na administração de Pedro Sahium. Quem pega uma administração em condição de fazer investimento, só não faz se for incompetente.

Elder Dias – A administração petista está em condições ideais para a reeleição de João Gomes?
Eu vejo maiores dificuldades, primeiro pela queda da receita que é considerável. Hoje, a arrecadação está na casa de pouco mais de R$ 60 milhões, sendo que já chegamos a quase R$ 100 milhões; é um decréscimo muito grande. É uma dificuldade, daí a importância que o próximo prefeito de Anápolis tenha ligação direta com o governo do Estado, para que o Estado possa dar um auxílio financeiro para investimentos em obras em Anápolis.

Euler de França Belém – Mas o governo do Estado tem dado um apoio forte em Anápolis, embora os petistas digam que ele começa obra e não termine, citando o caso do Centro de Convenções. Como é isso? Quantas obras o governo estadual tem na cidade?
Em fase de conclusão, temos o Aeroporto de Cargas, o Centro de Convenções, o Centro de Inter­na­ção de Adolescentes e o Presídio. São quatro obras fundamentais para o município. No Centro de Con­venções, o governo fez uma negociação com a empresa que está realizando a obra e ela foi retomada, talvez não no pique que muitos gostariam, por questões financeiras, o que diminuiu o ritmo do trabalho. Mas não parou, está na fase de acabamento. Deve faltar uns 25% da obra. O governo tem pretensão de inaugurar ainda este ano.

Já o Centro de Internação está a pleno vapor, com previsão de inauguração no mês de julho. No Aeroporto de Cargas, um investimento muito maior, muito já foi feito, mais de R$ 100 milhões foram investidos. A pista está pronta, falta construir o terminal, que está no início das fundações.

Euler de França Belém – Mas a o­bra está em andamento ou parada?
No momento está parada, mas será retomada em breve. Para esclarecer, a obra está sendo feita em etapas, sendo que a primeira já foi concluída. Agora começam as outras duas etapas, que são o terminal e a sinalização da pista. Está no cronograma.

Euler de França Belém – E tem obra parada do governo federal em Anápolis?
Não tem obra federal parada, nem em andamento, a não ser os investimentos em projetos que a prefeitura apresenta, que são programas.

Euler de França Belém – E o viaduto do Daia?
São financiamentos, não investimentos do governo federal. É um endividamento que a prefeitura está fazendo no montante de R$ 75 milhões, com cinco anos de carência. Ou seja, a próxima administração ainda não paga. Mas a administração seguinte (que assume em 2021) vai ter um problema sério, porque terá de pagar esse financiamento.

Elder Dias – E o Presídio?
Essa obra tem demorado por questões burocráticas que os governos federal e estadual estão ajustando. Já tem 70% da obra. Vão ser mais de 300 vagas.

Euler de França Belém – E o Credeq?
Tem área destinada para isso e, não sei se por falta de convênio entre a prefeitura e o governo estadual, não foi iniciada a obra. O governo apresentou interesse de construir o Credeq, mas a ideia não evoluiu.

Marcos Nunes Carreiro – Vol­tando ao Centro de Con­ven­ções, o ex-prefeito Antônio Go­mide disse que a prefeitura conseguiu fazer uma atração grande para o setor hoteleiro da ci­dade, num plano estabelecido desde que a obra foi anunciada. Como está isso?
Percebemos, sim, a construção de novos hotéis. Serão pelo menos três novas unidades de alto nível. Com a conclusão do Cen­tro de Convenções, Aná­polis entrará de forma muito forte no turismo comercial, atraindo grandes eventos. A nossa rede hoteleira faz parte dessa estruturação.

Elder Dias – O Centro de Con­ven­ções comportará os grandes eventos?
É maior, muito maior do que o de Goiânia. O projeto é de ser o maior Centro de Convenções do Centro-Oeste. São vários auditórios, é fantástico. E ainda tem acesso fácil.

Euler de França Belém – Como está o Porto Seco de Anápolis?
Funciona a pleno vapor. A Hyundai, por exemplo, desembaraça toda a sua importação no Porto Seco. Da mesma forma o polo farmoquímico. E, agora com a Ferrovia Norte-Sul, ele se torna ainda mais efetivo. A direção do Porto Seco vibrou muito com a Norte-Sul.

Marcos Nunes Carreiro – O trecho da Ferrovia Norte-Sul que liga Palmas a Anápolis está funcionando realmente, depois de ter sido inaugurado três vezes, duas pela presidente Dilma e uma pelo ex-presidente Lula?
Não tinha funcionado de fato, mas hoje já tem essa condição. Não tem ainda talvez um plano de transporte que possa funcionar a pleno vapor, mas está em condições para isso acontecer. Já houve um trem saindo de Anápolis.

Elder Dias – Neste momento, há algum trem nesse caminho de Palmas (TO) até Anápolis?
Não sei precisar isso. Não co­­nheço o plano de transporte deles.

Euler de França Belém – A ferrovia que passa em Senador Canedo também passa por Anápolis?
Não. Na verdade, o trevo da Norte-Sul seria em Senador Canedo, mas houve uma mobilização pelo fato de o Porto Seco estar em Anápolis, e esse trevo foi levado para Anápolis.

Euler de França Belém – E o entreposto da Zona Franca de Manaus programado para Aná­polis? Como está a situação?
Aquilo praticamente naufragou. Hou­ve uma tentativa, fez-se gestões, mas não evoluiu a conversação.

Euler de França Belém – A Aeronáutica tem uma base em Anápolis. Essa base está envolvida com a cidade ou está isolada?
Acho que poderia haver muito mais envolvimento. A integração da Base com a comunidade não pode se resumir a um festival de portões abertos. Ela poderia, por exemplo, participar de campanhas de vacinação. Há um distanciamento, na realidade, da Base com a sociedade e eu entendo que é possível fazer essa maior integração.

Euler de França Belém – São quantos homens na Base Aérea?
Acho que 2 mil, se não me engano.

Elder Dias – Então, boa parte do fun­cionamento da cidade de A­nápolis gira em torno da Base Aérea?
A Base pode ser considerada uma referência para a cidade, mas não há uma participação, uma vinculação direta em que se pudesse dizer que Anápolis sobrevive em razão da base. A cidade conseguiu sobreviver sem essa ligação direta.

Euler de França Belém – O Daia realmente representa muitos 20 mil empregos ou é mito?
Não sei se chegaria a esse número, mas o Daia é extremamente importante para Anápolis, para a região toda na geração de empregos diretos e indiretos. Eu defendo muito a ideia de que o Daia não pode ser um Vaticano em Anápolis, não pode ser isolado. Por exemplo, quem sai de Anápolis e passa por ele, que é um Vaticano dentro da cidade, chega depois ao setor industrial Munir Calixto, um bairro da cidade, onde a prefeitura atua sem atuar no Daia, por isso há um isolamento. Não se pode achar que o Daia não pertence à cidade, que o distrito é do Estado. A administração municipal tem de fazer essa aproximação e assumir alguns problemas que o Daia apresenta com o propósito de solucioná-los. Eu quero avançar no sentido de fazer essa integração entre Daia e município.

Euler de França Belém – Que proposta o sr. tem nesse sentido?
Quero trabalhar na aproximação do Daia com a sociedade. Se perguntar, na comunidade, o nome dos grandes executivos que trabalham no Daia, ninguém sabe, porque a maioria é de fora. Não há uma atração da cidade para que esses executivos participem na sociedade anapolina, participem da discussão de soluções para os problemas da cidade. Se um anapolino quiser trabalhar no Daia, ele tem de fazer uma verdadeira peregrinação, bater de porta em porta, pois não existe um órgão que faça essa ligação direta para facilitar a contratação desse cidadão anapolino desempregado. Acho que a prefeitura tinha de fazer essa integração. A sociedade e o Daia têm uma ligação direta sem passar pela administração municipal. A prefeitura poderia facilitar nesse sentido.

Euler de França Belém – O Daia será expandido?
Há o projeto denominado Daia 2. Não é uma expansão, que seria aumentar a área, na verdade será construído outro Daia.

Marcos Nunes Carreiro – Houve um plano de expansão, com uma lista de 80 empresas que queriam se instalar lá. Como ficou isso?
Foi ainda no governo de Alcides Rodrigues (2006-2010), quando chegou-se a fazer um anúncio de expansão e formou-se uma lista de espera de empresas que queriam se instalar no distrito, mas isso não evoluiu. Tanto é fato que hoje está se construindo uma área, que vai ser praticamente privatizada; o empresário que quiser investir vai comprar área. Não haverá diretamente o incentivo do governo como houve no Daia, em que havia “n” facilidades fiscais para se instalar.

Marcos Nunes Carreiro – O Daia ainda sofre problemas de infraestrutura em relação a energia? Como está isso?
Isso até que foi superado. A questão da água foi resolvida, há um abastecimento próprio para o Daia. E há investimento para dar condições às empresas para tenham sua própria energia.

Marcos Nunes Carreiro – O Daia ainda fornece água para uma parte de Anápolis? Por que a Sa­neago não consegue resolver o pro­blema do fornecimento de água para a cidade?
Sim, o Daia fornece água para os bairros próximos. A Saneago está tentando resolver o fornecimento. Nós estamos recebendo investimentos numa nova captação de água, o que resolverá o problema. Tínhamos problemas sérios de tubulações, que provocavam desperdício, e isso a Saneago também está resolvendo. Creio que em dois ou três anos se resolve. Mas em 2016 a população sofrerá menos do que sofreu em 2015, e assim por diante.

Euler de França Belém – A captação de água é feita de qual rio?
Do Rio Piancó. A captação será ampliada, pois o rio permite isso. Tínhamos problemas sérios porque chacareiros desviavam muita água para suas plantações, e, quando ela chegava na estação da Saneago, chegava fraca. Isso está sendo monitorado neste ano e, com a ampliação da captação, 2016 será mais tranquilo.

Euler de França Belém – Mas falta água em Anápolis?
Tivemos problemas seriíssimos no ano passado em razão desses desvios de água do Piancó e da insuficiência na captação.

Marcos Nunes Carreiro – O Daia é abastecido pelo Piancó também?
Não, é sistema próprio.

Euler de França Belém – O que o sr. acha da municipalização da água?
Sou contra. Os investimentos feitos pela Saneago e a capacidade que ela tem de fazer novos investimentos são suficientes. Para uma cidade do tamanho de Anápolis, começar do zero e ter de ressarcir a Saneago pelo que ela já fez, é inviável.

Euler de França Belém – A Pfizer comprou o restante da Teuto [em 2010, a americana Pfizer, maior empresa farmacêutica do mundo, comprou 40% do laboratório goiano]?
A informação que temos é que sim, que a empresa americana agregou todo o grupo Teuto.

Elder Dias – Como está o projeto de expansão urbana na cidade, que a prefeitura está encampando?
Foram feitos estudos para a ampliação do Plano Diretor, que está sendo encaminhado para a Câmara de Vereadores. E imagino que causará grande polêmica, porque há muitos “senões”, discutidos inclusive pelos setores produtivos do município. Há quem seja contra e quem seja a favor da expansão. As novas regras que estão sendo colocadas no Plano Diretor trazem algumas preocupações, principalmente para quem quer investir em loteamentos, que entende que a cidade vai estacionar por um período, por achar que será muito difícil atingir aquilo que o plano propõe. Por isso, acho que haverá muita discussão na Câmara antes da aprovação.

Elder Dias – Qual o seu posicionamento em relação a essa expansão urbana?
Acho importante. Penso que a única preocupação que um gestor tem de ter é não deixar a cidade inchar, mas ele tem de contribuir para que a cidade cresça. Expansão com possibilidade de crescimento populacional, de lançamento de novos loteamentos, cabe em Anápolis.

Marcos Nunes Carreiro – A­ná­polis tem grande capacidade pa­ra adensamento populacional, já que conta com boas a­ve­nidas e as últimas gestões con­tribuíram para a mobilidade com viadutos, por exemplo. Não seria melhor adensar em al­­guns pontos ao invés de expandir?
Anápolis tem problemas de mobilidade urbana, é importante que se diga, e não sei se a construção dos viadutos que estão sendo lançados vai resolver o problema. Precisamos entender que a cidade ainda tem um centro comercial e que as pessoas ainda mantêm a tradição de visitá-lo. Ou seja, é preciso entrar no Centro e esse problema de mobilidade precisa ser resolvido.

Em relação à sua pergunta, eu entendo que Anápolis tem uma situação melhor que a de Aparecida de Goiânia. Então, não é difícil adensar; basta planejar e ter um projeto de mobilidade urbana melhor para integrar a cidade. Não tenho dúvida disso.

Euler de França Belém – Como pré-candidato a prefeito, como o sr. avalia a proposta do também pré-candidato André Almeida (PPS) de tarifa zero para o transporte coletivo?
Acho inviável. Para fazer isso, a prefeitura tem que subsidiar. De onde virá essa receita? A prefeitura está com problemas de queda de receita. Nenhum empresário vai colocar os ônibus para a população andar de graça, sem ser subsidiado.

Marcos Nunes Carreiro – Aná­polis tem quantos usuários de transporte público atualmente?
Não tenho estudos precisos sobre isso, mas a última informação que tive, se não me falha a memória, eram 35 mil por dia.

Marcos Nunes Carreiro – E a frota é suficiente?
Sim. Tivemos problemas na transição de uma empresa para outra, mas agora foi resolvido.

“Segurança não é problema do Estado”

Euler de França Belém – Anápolis, por sua história, tem status de segunda capital do Estado. Há um processo em andamento para levar um condomínio horizontal Alpha­ville para a cidade. Há vários loteamentos fechados? Existe demanda para isso?
Nós temos três condomínios de alto padrão na cidade. A população consegue consumir esse tipo de condomínio. Acho que Aná­polis suportaria uns cinco ou seis condomínios fechados.

Elder Dias – O problema do fechamento da população nesses condomínios diz respeito também à segurança pública. Como o sr. vê a segurança em Anápolis em relação à média do Estado?
Eu defendo que, se o problema está no município, a Prefeitura tem responsabilidade. Se o gestor vai buscar a parceria do governo estadual, é outra história. Eu não comungo com a ideia de que a segurança é problema do Estado. É preciso assumir o problema e tentar resolvê-lo da melhor maneira. Não entendo que não apenas Goiás, mas o Brasil tem problemas sérios nessa área. Esqueceram de investir como deveria e chegou-se à situação que temos hoje. Mas imagino que existem soluções e ferramentas para resolver esse problema.

Volto a citar Aparecida de Goiânia, que tem a Guarda Civil, uma ferramenta que ameniza os problemas de segurança. Anápolis precisa urgentemente implantar uma Guarda Civil bem planejada e treinada para fazer uma atuação que dê suporte às polícias Militar e Civil.

Marcos Nunes Carreiro – A Pre­feitura já deu início ao planejamento para implantar a Guarda Civil.
Existe o plano, mas é preciso colocá-lo em prática imediatamente. E não é pegar os vigilantes municipais e pô-los na rua, pois isso demanda treinamento e planos de ação.

Elder Dias – E existe verba para isso? No momento, isso não é inviável para a atual receita de Anápolis?
Não acredito. É possível cortar despesas desnecessárias para investir onde a população realmente quer.

Euler de França Belém – O sistema de monitoramento de Anápolis, um dos primeiros de Goiás, funciona bem?
Funciona. Dá um bom suporte.

Euler de França Belém – O convite para sua filiação ao PSDB foi feito pelo governador Marconi Perillo?
A possibilidade da minha filiação surgiu durante uma audiência pública, mas o governador, muito ético, deixou claro que tudo passaria pelo Fernando Cunha Neto, então pré-candidato a prefeito de Anápolis pelo PSDB. Ele tomaria a decisão. Se por alguma razão ele dissesse que abria mão e que não queria compor, o governador respeitaria a decisão dele. Como Fernando desistiu dessa pré-candidatura, abriu a possibilidade para o meu nome, que foi abraçado do governador aos membros mais novos do partido.

Marcos Nunes Carreiro – Qual a verdadeira razão para que Fernando Cunha Neto desistisse da pré-candidatura?
Eu prefiro acreditar no que ele anunciou, de que são questões familiares.

Euler de França Belém – Ele deu alguma declaração de que vai apoiar o sr.?
Ele alega que a família o quer afastado da política, pois tem planos para que ele assuma empresas da família. Mas é pensamento nosso, daqueles que estão no PSDB e do governador, trazê-lo de volta. A sua competência precisa retornar à política e esse será um esforço pessoal nosso.

Euler de França Belém – O deputado federal Alexandre Baldy, representante de Anápolis, afirmou que irá apoiá-lo para prefeito. Isso procede?
Conversei com o deputado federal Alexandre Baldy, que tem uma liderança da cidade; foi eleito com base na cidade e o apoio dele é extremamente importante nessa corrida sucessória. Farei de tudo para manter esse apoio dele e para que ele se sinta bem nesse projeto de sucessão por parte do PSDB anapolino.

Elder Dias – O sr. acredita na polarização do processo entre o grupo do sr. e o do prefeito João Gomes?
A tendência natural é essa. Isso não quer dizer que é definitivo, pois não sabemos o que pode acontecer, a política é muito dinâmica. Mas as pesquisas apontam que 70% do eleitorado está concentrado nessas duas pré-candidaturas.

Elder Dias – É possível dizer, então, que as eleições podem ser decididas em primeiro turno, já que deve ocorrer essa polarização?
Acredito. A tendência é que essa polarização cresça. Se as intenções de voto chegarem a 75% da população envolvida com um desses dois projetos, acredito que a eleição seja resolvida no primeiro turno.

Marcos Nunes Carreiro – As alianças partidárias nos municípios nem sempre refletem o que acontecem em nível estadual. Em 2014, o SD e o PMDB formaram aliança para a eleição do governo contra o grupo liderado pelo PSDB. O sr. diz que conta com o apoio do Solidariedade em Anápolis. Existe a possibilidade do PMDB também compor com o sr.?
O diferencial das eleições de 2016 em Goiás é que elas estão ligadas diretamente Às de 2018. O mapa para 2018 será definido agora. Então, as alianças precisam ser muito bem conversadas para que não haja nenhum tipo de problema pós-eleição. Se houver uma conversação sobre a possibilidade de desvincular as duas eleições, nenhum problema existe nessas alianças que podem ser construídas. Agora, se não tiver condições de desvincular, é pouco provável que essas alianças se confirmem.

Marcos Nunes Carreiro – Então, não há atualmente nenhuma conversa sobre um possível apoio do PMDB à candidatura do sr.?
Uma aliança entre PSDB, PMDB e DEM em Anápolis é pouco provável. Até pelo cenário que se desenha para 2018 para o Estado. A não ser que aconteça uma aproximação repentina entre esses partidos em nível de Estado.

Marcos Nunes Carreiro – A priori, PMDB e PT estavam juntos, mas houve um rompimento federal, estadual e municipal, no caso de Goiânia. Então, se o PMDB não vai compor com o sr., nem com o prefeito João Gomes, é possível dizer que o partido deve lançar candidatura própria?
O PMDB ensaia lançar a candidatura do vereador Eli Rosa. Se houver essa aliança estadual entre PMDB e DEM, é possível se construir esse projeto, mas isso vai depender, evidentemente, do candidato ter condições de crescer politicamente para ser competitivo.

Elder Dias – Então, o DEM não deve apoiar a sua candidatura.
Não e eu lamento muito. Gostaria muito de tê-los, mas pelo cenário estadual é pouco provável que aconteça, a não ser que haja um amadurecimento político muito grande.

Marcos Nunes Carreiro – O PMDB deve lançar candidato já que rompeu com o PT?
O PMDB ensaia uma candidatura.

Marcos Nunes Carreiro – De quem?
O vereador Eli Rosa. Se houver esta aliança estadual entre PMDB, DEM é possível se construir uma candidatura nesse sentido. Vai depender de o candidato criar condições de crescer politicamente para ser competitivo.

Marcos Nunes Carreiro – Quais são os partidos que estão apoiando o sr.?
Finalizamos uma etapa que foi minha vinda para o PSDB. Estamos agora na etapa de reunir toda a base do governo em Anápolis e existe esta possibilidade. Hoje temos o PTN, que declaradamente pelo deputado Alexan­dre Baldy, está na chapa majoritária. Temos o PT do B, que também já declarou apoio à nossa candidatura. Temos o PMB que nos apoia também. Agora estamos procuramos apoio com PTB, PHS, PSL, PP. Unir esta base é consenso, inclusive com o governador Marconi Perillo, o vice-governador e secretário José Eliton, outros secretários e deputados. A questão agora é sentar e tentar unir essa base. Antes havia muita resistência, agora não. Por não conseguir unir a base, Anápolis perdia muito.

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Deputado Carlos Antonio: “Uso a força do mandato de deputado para contribuir com a vida das pessoas de baixa renda”

Marcos Nunes Carreiro – Existe um grupo em Anápolis chamado G5, liderado pelo Elismar Veiga, dos PHS. A expectativa é a de que esse grupo se una à candidatura do sr.?
Essa é a nossa tentativa a partir de agora. Inclusive agendamos conversas com vários membros desse grupo, no sentido de trazê-los integralmente para este projeto, com a intenção de fazer com que esses partidos sejam protagonistas na eleição deste ano.

Elder Dias – A vice está em aberto?
Está em aberto. Enquanto não soubermos que partidos estarão conosco e os nomes que eles trarão, a gente não pode discutir.

Elder Dias – Luana Baldy [esposa do deputado federal Alexandre Baldy] seria uma boa vice?
Sem dúvida é um nome muito bem-vindo. Ela traz uma marca importante.

Marcos Nunes Carreiro – E a chapa de vereadores?
Todos os vereadores do SD se filiaram ao PSDB, que agora tem a maior bancada na Câmara de Vereadores. E todos eles, com a exceção de Fernando Cunha Neto, que anunciou a saída da política, serão candidatos à reeleição.

Elder Dias – O PT de Anápolis é muito bem avaliado por causa das boas administrações de Antônio Gomide e João Gomes. Isso fez com que o partido, na cidade, passasse ao largo do desgaste nacional? Como o sr. avalia esse quadro?
Pode até sofrer menos, mas vai sofrer bastante. Temos pesquisas que indicam um número muito alto de anapolinos que, motivados pela crise nacional, não votariam no PT de jeito nenhum. É inevitável que o partido acabe sofrendo com os abalos. Não só em Anápolis, mas em qualquer cidade no Brasil.

Elder Dias – A saída do vereador Wilmar Silvestre do PT de Anápolis para o PSC foi um reflexo dessa crise ou foi uma mudança conjuntural?
É ruim, para qualquer partido, perder um mandato. Indepen­dente das questões religiosas, acredito que tenha relação com essa coisa toda de corrupção.

Euler de França Belém – A vereadora Miriam Garcia queria sair do PSDB. Ela decidiu ficar?
Ela tinha o projeto de nos acompanhar, mas, como eu me filiei ao PSDB, ela resolveu permanecer.

Euler de França Belém – O ex-prefeito Antônio Gomide pode ser candidato a vereador para ajudar a candidatura de João Gomes. Como o sr. avalia isso?
O ex-prefeito chegou a um nível no qual não há necessidade de ele descer. Sendo eleito vereador, talvez para o projeto do partido seja interessante, mas para ele, pessoalmente, que disputou o governo do Estado, seria uma queda desnecessária.

Euler de França Belém – O que as pesquisas de intenção de voto estão dizendo?
Nas que eu tenho conhecimento a gente tem liderado. De abril do ano passado até hoje, eu estive em uma única pesquisa em segundo lugar.

Marcos Nunes Carreiro – Anápolis é uma cidade com um grande número de evangélicos. Qual a influência disso no processo eleitoral?
Anápolis tem essa tradição de que a questão religiosa influi nas eleições. Lá tem essa cultura de que qualquer chapa tem que ter um católico e um evangélico. Anápolis tem, sim, essa influência e todos os candidatos analisam a chapa para ter um católico e um evangélico.

Euler de França Belém – O sr. é católico. Então, o vice pode ser o pastor Elismar Veiga?
Eu acho que o perfil passa por essa questão de termos um líder evangélico na chapa. Existe também a ideia de termos uma mulher. Mas precisamos analisar o perfil do vice, porque não quero alijá-lo. Quero que a população saiba que ela está votando em uma dupla, no prefeito e no vice. O vice assume também um compromisso na cidade. Existe a cultura de que o vice só serve para dar voto e dinheiro. Eu não comungo desse pensamento. O vice tem que trazer competência e poder de gestão para contribuir com a administração.

Euler de França Belém – Fala-se muito que sua liderança advém do voto popular e que o sr. tem uma resistência por parte da classe média. Procede?
Não diria que procede, mas que tenho um apelo junto às camadas menos favorecidas economicamente, isso é fato, porque eu vou ao encontro dessa sociedade. Eu uso a força do mandato de deputado para contribuir com a vida destas pessoas. Mas quem pensa que não temos esta penetração nas classes mais economicamente favorecidas, eu digo justamente o contrário: tenho, sim, esta capacidade de entrada. Fui questionado diversas vezes neste sentido e eu digo que têm pessoas preocupadas que eu tenha uma gestão voltada ao social. A quem tem essa preocupação, eu respondo que não há melhor investimento no social que fomentar o setor produtivo, pois você abre oportunidades de trabalho. Portanto, a minha preocupação em ajudar o social é fomentar o setor produtivo, pois aí sim eu darei uma grande contribuição social, sem fugir da minoria.

Euler de França Belém – Aná­polis é uma cidade universitária. O sr. pensa em trabalhar melhor este conceito de “cidade universitária”?
Penso e, hoje, eu entendo que não só os anapolinos têm acesso a isso, como vários alunos do Estado recorrem a Aná­polis, mas sem a devida assistência. Cada um sobrevive à sua maneira, seja bancado pela família ou correndo atrás de emprego, e não há sustentação para que ele possa fazer seus estudos da maneira adequada. Penso que a prefeitura pode contribuir com isso, tendo um local para abrigá-los como a antiga Casa dos Estudantes. Modernizada, acho que essa estrutura pode ser implementada. Há a necessidade de encaminhá-los para o mercado de trabalho, porque atualmente a prefeitura não tem nenhum órgão que tome conta, por exemplo, do fornecimento de vagas de estágio a esses alunos. Portanto, por Anápolis ser um polo universitário, a prefeitura precisa participar mais e nós apresentaremos projetos no sentido de atrair essas pessoas. É bom lembrar que temos um curso de Medicina em Anápolis e 70% de quem estuda medicina no município é de fora. Um número alto. Se conseguir dar uma sustentação a eles, para que tenham tranquilidade de estudo, com compromisso de permanência na cidade por um tempo, você ganha esta mão de obra. A prefeitura pode contribuir nisso.

Euler de França Belém – Há médicos cubanos atuando em Anápolis?
O Mais Médicos não foi introduzido na cidade.

Euler de França Belém – Como está a Lei de Responsabilidade Fiscal do Estado na Assembleia? Começarão a discuti-la?
O projeto está para ser discutido. É um assunto importante e necessário, mas, evidentemente, tem pontos soltos. Eu costumo dizer que nenhum projeto vai pronto para a Assembleia. Ele precisa sempre ser aprimorado. E, quando ele tem um grande impacto na sociedade, ele precisa ser melhor discutido.

Euler de França Belém – O sr. discorda de algum ponto?
Do projeto que existe hoje, há alguns pontos a serem discutidos. Existem três pontos especificamente, mas prefiro não decliná-los aqui, a fim de não causar polêmica.
Euler de França Belém – Quanto à questão dos incentivos ficais, a Fieg e outros organismos, como a Adial, têm feito uma discussão ampla do assunto. O sr. participou desses debates em defesa dos empresários de Anápolis?

Eu tenho participado. Posso dizer até que fui o escolhido da Fieg para fazer, de perto, o acompanhamento dos projetos que são de interesse do setor produtivo e eu participo de todos, tendo, quase sempre, a relatoria destes projetos na Comissão de Constituição, Justiça e Redação.

Euler de França Belém – E como ficou a situação entre o governo, a Adial e a Fieg?
Parto do princípio de que nenhum governo faz algo que venha a ser contra o interesse da sociedade, a menos que seja necessário. Mas o governo também abre mão e acho que foi importante ele entender que, naquele momento, precisava abrir mão de algumas coisas.

Euler de França Belém – Quais são as três principais demandas de Anápolis para agora e para os próximos anos?
Nós temos um problema sério de infraestrutura, que precisa ser melhorado; temos situações de enchentes em diversos pontos da cidade de Anápolis. Esse é um ponto que precisa ser atacado, pois já tivemos morte de pessoas devido a essas enchentes, pessoas que foram arrastadas pela água. Há também problemas com a segurança. Eu fiz uma pesquisa qualitativa, recentemente, e constatei que a maior preocupação da população é com a segurança. Antigamente, saúde ganhava toda e qualquer pesquisa. Hoje, é segurança. Depois, saúde e, então, mobilidade urbana. A população tem preocupação com isso, pois acredita que, daqui a cinco anos, será inviável transitar em Anápolis. Portanto, são esses três pontos.
Porém, a minha grande defesa, e que quero apresentar, é fazer uma união de atuação junto à sociedade nas áreas da educação, saúde e assistência social. Esses três pilares da administração precisam caminhar juntos. Por exemplo, torna-se obrigatório fazer uma bateria de exames em todos os alunos da rede municipal no início do ano letivo. Hoje, devido à necessidade dos pais trabalharem, a mãe só leva o filho ao hospital em uma situação de emergência; não é feito nenhum exame preventivo, pois não existe tempo para isso. Portanto, a escola fará isso por eles, até mesmo para apontar o que a saúde precisa trabalhar com esta criança. Nós queremos isso.

Já o social é vem com a condição de a prefeitura trazer uma estrutura capaz de oferecer psicólogo, nutricionista, enfim, pessoas que podem contribuir com a vida daquele aluno. Feito isso, não tem como ficar distante. Então, tenho a noção de que tudo passa pela escola e, assim, o nosso grande desafio será unir educação, saúde e assistência social. Quero trazer isso para as escolas.