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A única vereadora mulher de Aparecida de Goiânia, Camila Rosa (União Brasil), tem uma atuação expressiva sobre o setor produtivo rural da agricultura familiar de Aparecida de Goiânia. Nascida em dezembro de 1985, em Goiânia, Camila fundou e foi a primeira presidente da Cooperativa dos Agricultores Familiares de Aparecida de Goiânia (Coomag) e também assumiu a diretoria da Associação dos Feirantes de Aparecida de Goiânia (AFAG). 

Ela conta em entrevista ao Jornal Opção como foi o diálogo político junto ao prefeito Leandro Vilela (MDB) para a promulgação da alteração do Código Tributário aparecidense que equipara as taxas de execução dos feirantes do Município. 

Da mesma forma, denota as tratativas com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Goiás (Senar Goiás) para a ampliação das horas urbanas e o fomento da agricultura familiar com a compra de alimentos pelo poder público. Além disso, destaca ação com a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Goiás (Codego) para a participação da classe no Distrito Agroindustrial Norberto Teixeira (Dianote).  

Além disso, falou sobre a relevância da agricultura urbana, que sustenta direta ou indiretamente cerca de 60 mil moradores de Aparecida. Com orçamento inicial de R$ 2,8 milhões — metade municipal, metade do Senar —, o programa nasce para servir de modelo aos demais municípios.

Por fim, analisa o primeiro semestre do gestor frente às crises financeiras e as ameaças constantes de uma greve pelos educadores das escolas públicas municipais. Por outro lado, detalha uma nova proposta que deve ser apresentada na Câmara Municipal de Aparecida para o cumprimento da compra de alimentos da agricultura familiar pelo Poder Público. 

Giovanna Campos: “Como vai ser esse processo? Haverá desapropriação dos imóveis para a criação das hortas urbanas?”

Não, não existe desapropriação, existe um contrato de cooperação, justamente para não dar prejuízos ao dono do imóvel e também à pessoa que está ali naquele momento trabalhando.Eu não posso dizer para você que ele vai ser um arrendatário, porque se a prefeitura é a propositura deste projeto junto com o Senar, junto com a Faeg, com o sindicato rural, ela é a total responsável pela área. Então assim, o que eu posso te dizer é que não tem risco de prejuízo para o dono do imóvel. Não existe isso

Vamos começar primeiro pelas áreas públicas e lotes baldios que já existem e são muitos na cidade. Esses lotes, eles causam muitos transtornos para as vizinhanças. Eles causam prejuízo a essa questão da saúde da população.

Em outra época, quando eu estava na presidência da cooperativa, a gente até iniciou esse projeto da agricultura urbana lá e promovido pela própria cooperativa, nós conhecemos o dono [de um lote] e ele nos deixou até pela de fazer esse plantio lá. E eu trouxe um outro vizinho que estava no momento sem trabalho fixo para fazer esse plantio. A cooperativa ensinou, fez todo o planejamento de plantio, de colheita e do cultivo. 

O segundo ponto é a é a geração e fomento de renda mesmo local é que muitas famílias podem passar a ter. Como a educação municipal, por exemplo, 30% da sua compra de merenda escolar deve ser realizada através da agricultura familiar. Isso é uma lei federal. … A lei já existia, porém, eles não eram comprados dos agricultores. E eu fui procurar saber porque a prefeitura não comprava, eu não era parlamentar nessa época. E a resposta era: que a gente quer comprar, só que a gente não sabe onde eles estão.

Agora, esse esse projeto da agricultura urbana foi abraçado pelo prefeito Leandro Vilela, já também em parceria com o Senar, através do presidente José Mário Schreiner, eu vejo que vai trazer um grande benefício para o município, porque nós nós vamos conseguir controlar bastantes áreas e lotes baldios com essa questão do lixo, do mato, da dengue. 

Giovanna Campos: “Você acha que esse projeto pode ser repercutido em outros municípios?”

Sim, com certeza. É um desafio, até porque o agronegócio realmente é predominante dominante do estado de Goiás, nós somos o celeiro do mundo. Mas nesse mesmo sentido, nós temos muitos agricultores familiares também. Os investimentos têm acontecido. Eles têm melhorado, inclusive, tanto por parte do governo federal quanto por parte do governo estadual. Eu posso afirmar isso como agricultora e conferente. Estamos otimistas quanto ao futuro dos agricultores familiares.

João Reynol: “Você acha que o Distrito Agroindustrial também vai conseguir ajudar nessa questão da compra de alimentos da agricultura familiar?” 

É, acredito que diferente dos outros, até porque a gente vem conversando isso já com a com a CODEGO da gente fazer esse incentivo. Toda oportunidade que eu tenho em ir numa empresa, seja, do Polo de Aparecida que compram comida, eu sempre falo sobre o quão grande é o investimento quando se opta em comprar da agricultura familiar. Você indiretamente é beneficiado. 

Tem esses pequenos espaços e a gente fala pequenos agricultores, mas na agricultura familiar ela não separa a questão se é um pequeno ou um grande agricultor. A agricultura familiar diz que você tem que trabalhar com sua família do negócio. E você pode ter ali até um, dois ou mais colaboradores.

Giovanna Campos: “Você teve um projeto aprovado recentemente sobre as taxas dos feirantes, queria que comentasse mais sobre ele.”

Na verdade são dois projetos. No mandato passado, a gente tentou readequar o código tributário da cidade conforme o de Goiânia. Porque as cidades são irmãs e a pessoa faz feira hoje em Aparecida, se atravessa a avenida Rio Verde, já está em Goiânia. Então é muito injusto pagar um valor bem diferente nas duas cidades. 

E o outro é o perdão fiscal para feirantes que não puderam trabalhar na pandemia, porque nós, feirantes, fomos afetados demais com a história de não poder trabalhar. O comércio foi voltando e as feiras não e as pessoas insistiam em quê? Em trabalhar. Ela precisava de sobreviver.

No mandato passado conversei várias vezes com a Secretaria de Fazenda, com ex-prefeitos e a gente não conseguiu avançar. Quando foi com Leandro Vilela, ainda em campanha, mostramos isso para ele. Depois, coloquei os projetos e procurei o prefeito. Ele imediatamente pediu que o secretário de fazenda sentasse comigo e ajustou. 

Na mesma hora que protocolei o projeto, o prefeito chamou o Carlos Eduardo, que é o secretário de Fazenda, e pediu para que ele sentasse comigo. O Carlos pegou os dois projetos, falou que iria olhar e que ia fazer da melhor forma. E a minha surpresa foi que ficou melhor do que eu pedi.

Giovanna Campos: “E vai até que dia esse recadastramento?”

Vai do dia 16 de junho até 30 de julho. Passado esse período, abre-se um cadastramento para quem não tem cadastro ativo, ou seja, que entraram no ano ou pós-pandemia. Desde 2019 não estavam sendo cobradas taxas em Aparecida, e isso virou uma bola de neve, até por isso pedimos a remissão desses valores.

Giovanna Campos: “Você comentou sobre os banheiros nas feiras também. Pode contar mais?”

Sim. Eu era líder de feira desde os 14 anos e nessa época conseguimos os primeiros banheiros químicos. Só que o serviço era ruim, as empresas jogavam o preço muito abaixo e não limpavam. Depois de conhecer os banheiros trailers, numa feira em Trindade, fiquei encantada. Tinha ar-condicionado, pia, descarga, papel higiênico, tudo. Descobri que a fábrica era em Aparecida mesmo. 

Consegui intermediar para que fossem para a feira. Conseguimos seis equipamentos, depois sete, depois nove. Hoje a expectativa é aumentar para pelo menos 12 para cobrir 100% das feiras. E nesse ponto nós somos melhores que a capital.

João Reynol: “Queria só mais uma dúvida: uma avaliação sua de como está a gestão do prefeito até agora.”

O prefeito Leandro Vilela tem feito, a gente enxerga nele um gestor. Ele trabalha com gestão por resultados. Disse que controlaria a situação da cidade, enxugaria a máquina, investiria onde precisa e trouxe empresas de consultoria para avaliar toda a máquina pública. Tem priorizado pagar dívidas, pagou o piso da educação, colocou salários atrasados em dia, investiu em iluminação com troca de lâmpadas para LED até outubro e zeladoria urbana. A parte de medicamentos e insumos está sendo colocada em dia. Algumas reformas vão ser retomadas, como a do Cais Nova Era. Acredito que no próximo semestre, a cidade já vai apresentar resultados melhores.