“Reação [ao Porta dos Fundos] foi pequena, mas o ataque físico é absurdo”
05 janeiro 2020 às 00h00
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Bispo fala sobre política, religião e polêmicas como o especial de fim de ano do grupo humorístico, união civil homoafetiva e Teologia da Prosperidade
Líder de uma das maiores congregações evangélicas de Goiás, a Assembleia de Deus, Campo Campinas, o bispo Oídes do Carmo é também um homem com influência política. E, apesar de defender o Estado laico, faz uma ressalva: “O Estado é laico, mas a nação não é”. Com isso, ele quer dizer que é natural o aumento das bancadas evangélicas no País, de forma que a representação do segmento seja proporcional ao tamanho dele na população brasileira.
Nessa entrevista ao Jornal Opção, o bispo fala sobre política, religião e não se furta a comentar assuntos polêmicos como a união civil de pessoas do mesmo sexo, Teologia da Prosperidade e, claro, o especial de fim de ano do grupo Porta dos Fundos, exibido na Netflix. Leia abaixo:
Augusto Diniz – Aproveitando esse momento de virada de ano: as pessoas se esqueceram do verdadeiro significado Natal ou a troca de presentes e festas são importantes?
O Natal tem perdido um pouco do brilho. Quando era mais jovem, parecia que as famílias tinham mais amor por esse momento. Não podemos deixar morrer a tradição, mas desde que não se perca o sentido correto. Não há nada de errado reunir amigos, fazer jantares e trocar presentes. É uma forma de fortalecer os relacionamentos.
Mas, se é aniversário de alguém, ele é o mais importante. Fazer uma festa e deixar o aniversariante de fora não é correto. Jesus tem de ser realçado no Natal. Todo esforço nosso é para que as famílias não percam de vista a importância da pessoa de Cristo, que mudou a história desse mundo.
Muita gente critica o Natal por ter tido, supostamente, origem em uma festa pagã, pois na Roma Antiga o dia 25 de dezembro era dedicado ao deus Sol e que o cristianismo teria se apropriado da data. Melhor que seja assim: deixar de celebrar um deus pagão para celebrar a Cristo foi uma vitória sobre o tradicionalismo da época.
É certo que 25 de dezembro não foi o dia que Cristo nasceu, mas que se conserve ao menos a certeza da importância dele, especialmente na nossa sociedade ocidental.
Rodrigo Hirose – O biólogo evolucionista Richard Dawkins (autor de “Deus, um delírio”, entre outras obras) diz que não é possível a Bíblia, um livro que começou a ser escrito há cerca de 3,5 mil anos, ainda tenha relevância diante das descobertas científicas. Como é possível essa influência, especialmente no mundo ocidental, perdurar mesmo na atual era da informação, com todos os avanços tecnológicos, redes sócias, etc?
Por aí é possível ver a importância da Bíblia, com tanta gente inteligente escrevendo contra ela. Séculos se passaram e até hoje é o livro mais lido do mundo. Não é possível que a maioria do povo esteja errada. Billy Grahan (pregador batista norte-americano) disse que a Bíblia é mais atual que o jornal que vai circular amanhã. É um livro antigo, mas não é velho. Ela própria diz que se renova a cada manhã. Nada tem sido mais combatido que os escritos sagrados, mas eles prevalecem como algo vivo que muda as pessoas.
Estava há pouco em uma reunião, com a participação de um ateísta, que disse ser contra a religião, porque ela mata. Alguém perguntou por que ele considera que matar é errado. Foi com a Bíblia que aprendemos que matar é errado. A ética vem de lá. A moral bíblica e a ética cristã é que dizem que o ser humano deve ser respeitado.
Querer combater a palavra de Deus, a Bíblia sagrada, é uma visão equivocada. É um livro muito atual e a maior prova é a transformação que ela provoca. Creio que foi Santo Agostinho que lembrou que foi Jesus quem disse “vinde a mim os cansados e oprimidos que vos aliviarei”. Nem Sócrates, nem Platão, nem ninguém teve essa ousadia de convidar pessoas a ir a ele.
Inimigos da Bíblia existem muitos, mas ela prevalece sobre todos os argumentos.
Ton Paulo – Como o cristianismo concilia a mensagem do Velho e do Novo Testamento? Não há uma contradição entre o Novo Testamento, que prega a tolerância e o amor, e o Velho Testamento, que tem algo mais de justiçamento?
O Antigo Testamento pode ser resumido em uma frase: o messias virá, Jesus virá. O Novo é resumido na frase: Jesus já veio. Ele mesmo falou que não veio abolir nada, mas cumprir. Jesus cumpriu todo o cerimonialismo do Antigo Testamento. Ele se sacrificou. Todo aquele ritual de sacrifício de animais se cumpriu em Jesus Cristo, o cordeiro de Deus, que deu a vida em favor da humanidade.
Não há qualquer dificuldade em lidar com o Antigo Testamento, que seria conflitante com o Novo. Até porque existem as dispensações, que são o período de tempo que Deus trata a humanidade de certa maneira. Não há mudança na pessoa de Deus, mas há na maneira dele agir com as pessoas. A dispensação era uma no Antigo Testamento e é outra no Novo.
No Antigo Testamento prevalecia a lei, olho por olho, dente por dente. Jesus vem e fala: “Se alguém bater em uma face, ofereça a outra”. Ele mudou totalmente o conceito. Para a sociedade da época [do AT] era assim que funcionava. Não era só a Bíblia, existia, por exemplo, a Lei de Talião.
Essas transformações existem e são naturais, mas não há qualquer conflito em relação a isso. Pregamos tanto o Antigo quanto o Novo Testamento. Existem mais de 600 mandamentos e normas no AT, que são mais ritualísticos. Jesus resumiu tudo em dois [mandamentos]: “Amarás a Deus sobre tudo e ao próximo como a ti mesmo”. Aboliu todo o cerimonialismo.
Rodrigo Hirose – Uma das críticas que os não crentes fazem é que as traduções, desde o hebraico, o grego e o latim perderam o conteúdo original. O que o sr. acha das traduções mais contemporâneas, como a Mensagem, do pastor Eugene Peterson, e a do escritor Frederico Lourenço, feita diretamente do grego?
Na Assembleia de Deus adotamos a [tradução] Almeida Revista e Corrigida, que é um texto mais fiel ao original, não é uma dessas versões modernas, e a liberdade de as pessoas fazerem consultas em outras versões. Esse é um: descaracterizar a palavra de Deus e as pessoas, no afã de trazer uma linguagem mais moderna, às vezes até [podem] adulterar o sentido original da Bíblia.
Em visita ao local onde será construído o Memorial da Bíblia, em Brasília, citei o versículo que diz: “Para sempre a tua palavra permanece no Céu”. Lá está a o peso e a medida padrão da palavra. Agora haverá uma palavra no Eixo Monumental também, que não pode diferir daquilo que está no Céu, que são os originais.
Existem até hoje manuscritos hoje que não são os originais de Moisés, Pedro ou João, mas são cópias fidedignas. A versão Almeida Corrigida e a King James são muitos fiéis a esses originais.
Temos enfrentado essa vulgarização da palavra de Deus. A Bíblia é a sagrada escritura, aprendi desde menino a pegá-la com respeito, isso nos era ensinado pelas nossas mães. Hoje, há muita banalização de seu sentido.
Recentemente concluímos em nossa igreja uma matéria chamada Apologética Cristã, para poder dar condições de o povo defender a verdadeira fé.
Augusto Diniz – Como o sr. tem visto essa dificuldade de as famílias lidarem com as divergências políticas? Muitas, inclusive, se dividiram durante as festas de fim de ano.
No passado, não havia muita consciência política. Havia aqueles elementos que dominavam o pensamento e impunham às pessoas de uma forma muito tirada. Hoje o cidadão está mais consciente, cada um tem uma visão de mundo. Aí surgem os conflitos, porque a pessoa se alfabetizou politicamente.
Sento em uma mesa com meus genros e netos e vejo que não há uma uniformidade de pensamento. Mas temos de lidar com isso, buscar a unidade na diversidade. Como Santo Agostinho disse muitas vezes: “No essencial, unidade. No não essencial, liberdade. Em todas as coisas, caridade”.
A pessoa não pode ser tão radical, a vida é muito mais que um debate passageiro e transitório, que nem sempre traz benefício. Mas temos lidado muito bem com isso. Não vejo no seio do nosso segmento muita guerra ideológica. Há uma uniformidade maior de pensamento e as famílias têm lidado bem com as situações. A sociedade precisa respeitar mais a questão a diferença de pensamento.
Rodrigo Hirose – Como conciliar uma cosmovisão cristã sem ferir o princípio do Estado laico?
O Estado é laico, mas a nação não é. Nossa nação é muito religiosa. Ela é cristã. E o povo é quem tem de ter vez. Essa questão é muito relativa. Em todos os governos houve um tipo de culto, às vezes nem tão cristão, mas sempre acompanhado de alguma religião.
O Supremo [Tribunal Federal] tem a cruz e a imagem de Jesus. Isso não quer dizer que a religião está influenciando o Estado, assim como o Estado não pode influenciar a religião. Essa separação deve existir.
O Estado se tornou laico porque a religião mandava, impunha normas, feriados e governos. Mas que influência as religiões podem ter hoje sobre a política do governo? Somente por meio dos parlamentares, que são legitimamente eleitos pelo povo, que tem direito de voz e voto. Mas não é a religião, é um cidadão eleito como os demais.
Ítalo Wolff – É importante que Estado e igreja sejam separados institucionalmente?
Corretamente. Nunca almejamos algo diferente. As pessoas pensam que há um fundamentalismo religioso que almeja até a presidência da República. Isso não é verdade. Não há isso no seio da liderança evangélica.
Porém, se, por consequência, algum dos nossos chegar lá, por força e influência própria, é outra situação. Não é por uma coisa direcionada. Essa separação deve existir sempre, não é bom nem para nós. No passado, a igreja começou a se desvirtuar por causa disso. O casamento entre igreja e Estado não foi bom para a igreja.
Rodrigo Hirose – Líderes religiosos devem indicar candidatos políticos ou perfis de candidatos em quem os seus fiéis devem votar?
Buscando o perfil, encontra-se alguém mais afinado com a gente. É um direito das lideranças apoiar alguém. O prefeito e o governador apoiam um candidato, por que um segmento religioso não pode? Evidente que não se vai colocar recursos financeiros da religião nisso.
Hoje não posso, como pastor, mencionar nomes [de candidatos] em púlpitos das igrejas, fazer reuniões no ambiente. Mas como cidadão, ninguém pode tirar meu direito de apoiar uma pessoa. Nós vivemos em uma democracia.
Todo segmento da sociedade procura ter uma representação. Estima-se que há 40% ou 30% de evangélicos no Brasil. Então, o parlamento tem de refletir isso.
Rodrigo Hirose – Goiânia é uma das capitais com maior porcentual de evangélicos no Brasil. Somados aos católicos, por que uma cidade com tantos cristãos está entre as mais violentas e mais desiguais do País? A igreja local não tem feito seu papel?
Talvez não, porque o Evangelho transforma todo homem e o homem todo. É lamentável isso. Na medida em que o Evangelho cresce na nação, esses índices deveriam mudar. Está havendo alguma falha. Talvez a igreja tenha ficado muito dentro de suas quatro paredes e não tenha saído para ser o sal da terra e a luz do mundo.
Mas, por outro lado, as pessoas questionam a participação [da igreja na política], o apoio a alguma pessoa. Por isso não se pode ficar recalcado, senão que influência ela [a igreja] terá na sociedade. Ela deve ser é mais ousada, porque tem a proposta certa.
Ton Paulo – A igreja não conseguiria fazer essa obra alheia ao Estado? Ela tem de ter uma aproximação com o Estado?
Não é aproximação, mas a influência dela. A moral, a ética, o amor ao próximo e o respeito. Você muda a sociedade mudando o cidadão.
Ítalo Wolff – A Suécia, que é o país com mais ateus, tem um IDH [Índice de Desenvolvimento Humano] altíssimo.
Não é verdade. A Suécia foi que trouxe a Assembleia de Deus ao Brasil. Grandes igrejas estão na Suécia. Há lá uma formação cristã. Daniel [Berger] e Gunnar Vingren eram suecos e fundaram a Assembleia de Deus no Brasil e até hoje temos 20 na Suécia, que é um país cristão evangélico.
Ton Paulo – Mas o número de ateus é muito alto.
Não são ateus, são desigrejados, pessoas que se decepcionaram com a religião e com a tradição, mas a formação ética e moral dela é cristã.
Ítalo Wolff – Em uma pesquisa realizada lá, foi perguntado qual a importância da religião na administração pública e 82% disseram que nenhuma.
Isso não quer dizer que são ateus. Se me fizessem a mesma pergunta, também não iria perguntar. Não é a religião em si, mas o cidadão que tem a formação cristã é que tem de dar conta, não a instituição.
Conheço bem a Suécia, já estive lá, tenho amigos pastores. Pode não existir o avivamento que já houve, mas a moral e a ética deles são cristãs e por isso é um país desenvolvido.
Augusto Diniz – O que é preciso fazer para que a prática do fiel no momento de culto e congregação com os irmãos da igreja se tornem realidade fora dela?
É nosso esforço permanente. O apóstolo Paulo diz que o ministério é dado para aperfeiçoar os santos. O ministério e as lideranças existem para treinar o povo para que ele transforme o cristianismo de uma teoria para uma prática. Isso tem acontecido. Essa convicção, por exemplo, tem mudado a realidade de algumas regiões, como no Nordeste. Há 40% anos, havia na região 3% de evangélicos. Hoje a realidade mudou.
Nós, aqui de Goiás, mantemos uma missão no Maranhão, no Piauí e no interior do Ceará. São mais de 200 missionários goianos fundando igreja e isso vai mudando a realidade dos municípios. É isso que eles estão testemunhando lá.
É um esforço grande para que o cidadão não tenha uma religião apenas de aparência, dentro de quatro paredes. Um muçulmano disse que a diferença entre o cristianismo e a religião dele era que o cristianismo é uma coisa paralela, não é a vida do cristão; mas para o muçulmano, a religião é a vida.
O dia que o cristão viver o cristianismo, a sociedade muda, os índices mudam.
Rodrigo Hirose – Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) apontou que o crescimento das igrejas evangélicas no Brasil coincide com os momentos de crise econômica. Como o sr. avalia esse fenômeno? Há relação com a Teologia da Prosperidade?
O Evangelho não é nem pode ser um amuleto. Jesus não veio trazer o imediatismo, mas o futuro e a eternidade. Não acredito que a questão financeira ruim tenha contribuído com isso, é uma coincidência. O Evangelho já vinha crescendo, mesmo em tempos de bonança.
Talvez aconteça uma procura maior de pessoas na época de crise, mas é uma coisa muito volátil. Ontem, batizamos 608 novas pessoas em nossa igreja. São pessoas que se converteram mesmo e mudaram de vida, que passaram por um discipulado muito grande. Não é alguém que chegou desesperado com a situação. São seis meses de discipulado, até que a pessoa entenda o que é o cristianismo, a fé e os fundamentos. Ela própria decide pelo batismo para se tornar membro de uma igreja local.
O crescimento do número de evangélicos nos períodos de crise pode ser apenas uma coincidência. As maiores nações do mundo, as mais ricas e poderosas, têm origem evangélica.
Rodrigo Hirose – Existem milhares de denominações evangélicas no Brasil e no mundo. Como convencer uma pessoa que está fora da igreja se a própria igreja é tão fragmentada? Não está havendo uma explosão de igrejas sob encomenda para cada tipo de pessoa?
Sempre houve pensamentos diferentes, mas estamos unidos no essencial, o fundamento da fé é um só. Mas essa pulverização de igrejas não contribui com o bom nome do Evangelho e com a fé. Vivemos em uma época de muita independência, as pessoas não querem estar debaixo de uma moral, de uma orientação. Elas criam sua própria ética.
Qualquer pessoa que acha que tem certo talento não quer mais ser liderada, ela quer liderar. Isso não vira nada, a não ser o mau testemunho que dá. No final, não prospera.
A Assembleia de Deus é o maior movimento evangélico na Terra. No Brasil, ela é uma só, com dois governos: o de Madureira e o do Missão. Temos, inclusive, a patente, o poderíamos demandar com muitas [que usam o nome Assembleia de Deus]. Mas não faremos isso. Jesus mesmo dizia: “Quem não vai contra nós, é por nós”.
Mas seria muito melhor se não houvesse essa pulverização de tantas igrejas.
Ton Paulo – Como a cúpula da Assembleia de Deus enxerga as lideranças de outras denominações? Como a Assembleia de Deus vê a figura do papa Francisco, por exemplo?
Temos construído uma relação de respeito. Pode haver discordâncias, mas com respeito às pessoas. Não vejo lideranças em conflito. Celebro muitas reuniões ecumênicas com o D. Washington [arcebispo de Goiânia].
Ton Paulo – Há pontos de concordância?
Existem muitos pontos de concordância, evidentemente. O que nos une é muito maior que o que nos divide. Isso em relação ao cristianismo. Não falo sobre outras religiões.
Ton Paulo – O papa Francisco disse que prefere um ateu a um cristão hipócrita. O sr. concorda com essa afirmação? O sr. prefere um ateu a um evangélico hipócrita?
Prefiro um evangélico e um católico autênticos. Preferir um ateu, nunca. A negação de Deus é o maior pecado que existe. Só o louco diz que Deus não existe. Você vai regredindo a questão da ciência, mas chega uma hora que não há explicação. Existe uma mão que criou tudo.
Como se nega Deus? O papa disse que prefere um ateu a um católico hipócrita. Nenhum dos dois presta, não dá para escolher.
Rodrigo Hirose – Como o sr. avalia a decisão do Vaticano, que recomendou a ordenação de sacerdotes casados em regiões remotas da Amazônia, que tem uma carência muito grande de padres?
É um avanço. O papa Francisco disse, há 15 dias, que a Igreja Católica está atrasada 200 anos. Acho que ele só errou em falar de 200 anos. O atraso da Igreja Católica é de 500 anos. Ele [o papa] começa a prestigiar também o ministério das mulheres, pois está vendo as igrejas evangélicas usarem essa força.
Impedir o casamento de líderes é restritivo e inibe muitas vocações. Se ele conseguir emplacar isso [a ordenação de homens casados], será um avanço.
Rodrigo Hirose – Ao citar os 500 anos desse suposto atraso da Igreja Católica, o sr. remete à Reforma Protestante. Ocorre, contudo, que muitos críticos dizem que o protestantismo hoje comete os mesmos erros da Igreja Católica da época da reforma. É preciso fazer a reforma da reforma, portanto?
Os reformadores criaram uma frase: “A igreja reformada sempre reformando”. Esses desvios teológicos, como a Teologia da Prosperidade e muita coisa que é cópia do próprio catolicismo, não falam por nós. A centralidade do mundo evangélico conserva a sã doutrina e os valores.
Somando a Assembleia de Deus, que é uma igreja histórica conservadora, a Presbiteriana, a Batista, a Cristã Evangélica e outras desse porte, percebe-se que elas mantêm a centralidade do Evangelho, sem desvio nenhum. Naquela época [1517, ano da Reforma Protestante], a igreja toda desviou.
Hoje, quem quer ouvir uma voz balizada, ouve. Nós não perdemos o rumo, nem a noção nem a visão do Evangelho verdadeiro. Não quero citar nomes, mas os movimentos neopentecostais realmente destoam muito.
Augusto Diniz – O Evangelho de João relata a passagem em que Jesus expulsa os vendilhões do templo. Estamos vivendo um tempo em que muitas denominações religiosas estão se tornando vendilhões do templo e esquecendo os princípios básicos da religião?
Infelizmente, isso existe em nosso meio. O Evangelho de Jesus não é apenas o Evangelho dos pobres, a vocação não é essa. O Evangelho é pregado para todo mundo: ricos e pobres, sábios e ignorantes, pretos e brancos. Ele é para todos. Deus fez os ricos e os pobres.
O que prega prosperidade [diz] que o pobre está errado, está em pecado, é doente. Alguma coisa está errada com ele. Isso está completamente equivocado. Jesus disse que o reino dele não é desse mundo.
É certo que as pessoas que vêm a Cristo prosperam, mas porque ganham um eixo na vida. A pessoa não tinha um histórico de formação. Ela vem a Cristo e muda completamente a sua visão. E ele é incentivado a isso. Paulo falou: “Aquele que não quer trabalhar, que não coma”. O cidadão é chamado ao serviço, ao trabalho e à honestidade, e acaba prosperando. Mas a prosperidade é uma consequência da fé da pessoa. Não é dizer que quem dá algo ganha mais.
Lamentavelmente sempre existiram desvios ao longo da histórica. Coisa que entristece muito.
Augusto Diniz – O grupo Porta dos Fundos fez um especial de Natal chamado “A Primeira Tentação de Cristo”, que retrata Cristo como um homossexual que começou um relacionamento com um anjo caído no deserto. Muitos líderes religiosos usaram a internet para pedir que seus fiéis boicotassem a Netflix [plataforma que transmite o especial] e a fazer protestos. Chegou-se ao ponto de um ataque à produtora por parte de um grupo que se diz integralista. Como o sr. vê essa reação ao conteúdo de humor? Esse conteúdo o incomoda?
A única parte errada foi a violência nesse ataque físico, com essa bomba que se jogou. Isso é um fundamentalismo, que não sei de onde partiu, que é totalmente equivocado. Mas a reação tem de ter. Todo mundo tem de ter respeito e houve um desrespeito ao símbolo maior do cristianismo que é a pessoa de Jesus.
Se a pessoa é homossexual, tem de ser respeitada. Mas, se não é, não é. Jesus não foi. Ninguém pode desconstruir a figura de Jesus. Inclusive poderia ser outra voga, algo que Jesus não foi. Isso fere os cristãos. Tanto que a reação não foi só dos evangélicos. Muitos católicos reagiram. A própria Justiça sabe disso. Não se pode vilipendiar símbolos religiosos. Isso está na lei e foi o que fizeram. Lembre-se do caso do jornal francês [Charlie Hebdo], que sofreu uma reação terrível [em 2015, o jornal foi palco de um ataque terrorista após publicar sátiras ao profeta Maomé], o escritor Salman Rushdie [autor de Versos Satânicos] teve de ficar escondido por anos. No Brasil não existe isso.
Mas uma reação natural de cancelar uma assinatura, mostrar meu protesto e minha contrariedade é normal. Não acompanhei de perto nem assisti. Desconsiderar, não levar isso à frente e não valorizar muito esse tipo de coisa é a melhor atitude, porque esse pessoal não muda.
Ton Paulo – Houve uma super-reação?
A reação foi pequena.
Ton Paulo – Mas, e os ataques?
Os ataques são um absurdo.
Augusto Diniz – Alguns líderes religiosos chegaram a falar, nas tribunas da Câmara dos Deputados e do Senado e em vídeos na internet, que esse tipo de conteúdo pode levar a uma reação violenta. Ficou a impressão de que eles poderiam estar incentivando reações violentas.
Não vi nenhum incentivo por parte de políticos nossos. Houve uma reação firme, manifestos. Até porque se não houver uma reação, essas pessoas vão avançando, pois não têm limite. O jornalismo não tem um limite? Tem, mesmo com toda a liberdade. Um parlamentar tem direito à voz, mas não é sempre. O filho do [Jair] Bolsonaro falou de AI-5 e está na comissão de ética para ser julgado. Então tem limite também.
As pessoas não podem ficar sem limites. Desconstrói-se a imagem de Jesus. Se ele tivesse tido um caso homossexual, não haveria nada de errado no sentido de alguém abordar isso. Mas não foi [homossexual].
Ton Paulo – Quais são esses limites?
É o bom senso, a ética e o respeito.
Rodrigo Hirose – Há quem diga que os cristãos são perseguidos. Outras pessoas acham que afirmar isso é absurdo, pois os cristãos formam uma maioria de mais de 80% dos brasileiros. O sr. acha que os cristãos são perseguidos?
O cristão é muito atacado e não é respeitado. A perseguição mudou. No passado, os cristãos iam para as fogueiras e para as cruzes. Eram lançados nas arenas dos leões. Hoje é diferente. O levante contra o cristianismo é o que Jesus alertou: “Por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará”. A palavra iníqua quer dizer “por se multiplicar o levante contra Deus”.
Há um levante contra Deus. É uma coisa mais ideológica, não é física. Mas graças a Deus hoje temos apologetas e defensores. Se existem livros querendo desconstruir a Bíblia, há cientistas a defendendo. Esse embate existe, talvez até em alto nível. O cristianismo não tem descanso, está sempre sob bombardeio.
Rodrigo Hirose – O profeta Jeremias, em determinado ponto, questiona o porquê de os iníquos prosperarem. Há um ano, ocorreu a tragédia de Brumadinho. Por que o mal, muitas vezes, prospera?
Esse é uma pergunta antiga: por que o bom sofre e o mau prospera? Muitas vezes não temos explicação nessa Terra. Há muitas coisas que só a eternidade vai revelar. O salmista fala: “Eu quase me desviei ao ver a prosperidade dos ímpios e os justos sendo renegados. Até que entrei no santuário de Deus e vi o fim dos ímpios. Senhor, eu estava doente, o Senhor é justo”.
Mas há coisas que são próprias da vida, como tragédias e doenças. É natural. Um câncer é uma roleta-russa, vai alcançar alguém, não é que Deus direcionou. Esse é o mundo mal, corrompido, atmosfera contaminada. O homem tornou-se o tornou inabitável. Destruiu um ambiente sadio e as doenças e os problemas chegaram.
A questão de Brumadinho não é [culpa de] Deus, é o homem. A irresponsabilidade. Não foi feita a manutenção mesmo sabendo-se que havia problemas. Aí vem a consequência.
Augusto Diniz – Há alguma contradição entre o mandamento “não matarás” e o fato de um cristão defender a posse e o porte de armas?
Sou pessoalmente contra a liberação de armas, mas não por questão de Bíblia ou religião. É uma convicção minha. A mesma Bíblia que manda “não matarás” fala em legítima defesa. Está no Antigo Testamento, como está na lei hoje. Quando o Estado não consegue suprir [a segurança], o cidadão tem de buscar meios. É como na saúde e na educação.
Aqueles que defendem [a posse e porte de armas], o fazem pela legítima defesa, não é para atacar e matar. Não há contradição quando o cristão defenda o uso de arma para legítima defesa. Está dentro da Bíblia e da lei.
Rodrigo Hirose – Como o ser. avalia o trabalho da ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), que é uma representante do segmento evangélico?
A Damares peca mais pela fala do que pelo efetivo trabalho como ministra. Ela tem trabalhado e se desdobrado e está bem avaliada. Mas peca nas expressões. Todo governo tem de ter equilíbrio com o que fala, inclusive o presidente Bolsonaro. Quem preside tem de ter moderação, cuidado e equilíbrio.
A Damares é uma pessoa qualificada, faz um bom trabalho. Mas o pessoal pega [as declarações] e detona a mulher.
Ton Paulo – O presidente Jair Bolsonaro tem fotos em que é batizado em uma igreja evangélica, outras em que tem imagem de Nossa Senhora em casa e em eventos da maçonaria. Ele usa a religião evangélica para angariar eleitores ou é uma relação diplomática?
Ele naturalmente tem o apoio dos evangélicos, devido à postura e os discursos dele. A maioria dos religiosos é conservador e por isso ele a atraiu. O presidente tem de se dar bem com todo mundo. Mas ele não se batizou na igreja evangélica. Ele se batizou no Rio Jordão quando esteve lá, coisa que todo mundo faz, mas nunca foi evangélico. É uma tradição, porque Jesus foi batizado lá.
Ele disse que aceitou Jesus. No sentido estrito da fé e da crença de aceitar que Jesus Cristo é o salvador, ele nunca disse. Ele aceitou fazer o culto no Palácio [do Alvorada]. Ele não se converteu à fé evangélica, ele é católico e a mulher [Michele] é evangélica.
Mas é normal. Se for convidado a uma reunião espírita, ele vai. Se for convidado pela maçonaria, vai. O presidente da República não pode ter isso.
Augusto Diniz – Durante a campanha, o presidente Bolsonaro disse que defenderia uma pauta conservadora de costumes, um tema caro a parte dos cristãos. No primeiro ano de governo, essa pauta avançou?
Não teve pauta de costumes. A bancada evangélica tratou de reformas, economia. Porque essa [a pauta de costumes] é uma pauta secundária. Nem os defensores de uma pauta que para nós é muito avançada, pois contraria os valores da família, levantaram essa bandeira esse ano.
Augusto Diniz – Em um evento da igreja que o sr. coordena, o presidente disse que nomearia um ministro “terrivelmente evangélico” para o Supremo Tribunal Federal. Como o sr. avalia essa declaração?
Para colocar um ministro evangélico, tem de ser alguém que tenha conhecimento jurídico à altura para a posição. E certamente há alguém. É claro que vejo com simpatia, como um pastor ou um bispo dirá que não? Será bom, pois tem de ter equilíbrio na corte. As pessoas vêm de um universo diferente.
Vai-se criando uma uniformidade, uma combinação entre eles, em que não há um embate jurídico. Há pautas no Supremo que são absurdas. Há um alinhamento dentro de uma pauta muito liberal. A corte americana mudou, o [Donald] Trump colocou dois ministros que deram equilíbrio. Vai no voto, quem ganhar, ganhou.
Ter uma voz um pouco diferenciada, não só na questão jurídica, mas também moral e ética e até religiosa é importante.
Rodrigo Hirose – A descriminalização do aborto de anencéfalos, as pesquisas com células-tronco embrionárias e a união civil entre pessoas do mesmo sexo são pautas consideradas muito avançadas para o segmento evangélico?
No caso da união civil de pessoas do mesmo sexo, o que questionamos é o fato de o STF legislar. Essa pauta está no Congresso há anos e não passou. A Constituição diz que o casamento é entre o homem e a mulher. O Supremo analisou e fez como bem entendeu. Está lá para zelar da Constituição e age contra ela?
Se os deputados votarem algo e nós não tivermos força no parlamento para impedir, como lá é a casa de lei, se obedece. Mas o Supremo legislar sobre essa pauta e outras é errado.
As propostas de mudanças na legislação do aborto e do casamento estão no Congresso e foram derrotadas. Os partidos que perderam acionaram o Supremo, que violou a Constituição com o argumento de que o Congresso não agiu. Não agiu porque a população não deixou.
Augusto Diniz – Por que para o cristão incomoda tanto um direito civil? Não é um pedido para que a pessoa case dentro da igreja.
Você que pensa. Teve um juiz aqui que obrigou um pastor da Igreja Batista a fazer um casamento que não podia fazer. Amanhã, estarão querendo que o pastor celebre a bênção de casamento de pessoas do mesmo sexo. Se virar lei, é claro que poderei alegar exceção por causa da minha consciência, mas um juiz pode me obrigar a fazer isso.
A questão não incomoda. Mas é direito espernear. Eu que defendo que o casamento é entre um homem e uma mulher, vou usar toda minha forma para isso. Mas se passou [uma lei], mesmo não concordando nunca, terei de respeitar.
Ton Paulo – E quanto à criminalização da homofobia?
Quer algo mais errado que equiparar a homofobia ao racismo? O Supremo forçou a barra. Já existem leis para combater a homofobia. Uma pessoa maltrata, bate e violenta outra, vai para cadeia. Já tem norma para isso.
Ton Paulo – Mas em razão de preconceito homofóbico não.
Não é por homofobia, mas porque matou e violentou um ser humano. Por que essa regalia? Por que essa ditadura de uma minoria sobre a maioria?
Ton Paulo – O sr. considera isso uma ditadura?
É uma ditadura da minoria. Tem muitos privilégios, muitas regalias. O discurso deles é muito forte. Tenho sobrinho homossexual, tenho sobrinha. Almoçamos e jantamos juntos, mas falo para eles que eles estão errados, que a opção sexual deles não está certa. Mas eu vou meter a mão na orelha do meu sobrinho? Vou fazer alguma coisa contra? Não vou.
Pastor nenhum é homofóbico. Mas tenho de dizer a verdade, pregar a Bíblia e falar que Deus condena a união de pessoas do mesmo sexo. Isso não é incentivar a violência. Nós pregamos é o amor. Vejo muitos homossexuais que chegam à igreja em Campinas, sentam-se e assistem o culto. Não toco nisso na igreja. Mas se eles se aproximarem e quiserem uma orientação, vou dar minha orientação.
Augusto Diniz – Seu irmão [Luiz Carlos do Carmo], por ser suplemente do então senador Ronaldo Caiado, assumiu o cargo após a eleição para governador. Como o sr. avalia esse o trabalho parlamentar dele?
Sou suspeito para falar, pois sou irmão. Mas me surpreendeu positivamente. Ele teve um excelente mandato, foi muito bem avaliado por alguns institutos. O senador Luiz Carlos não é um homem de palanque, mas trabalha muito nos bastidores, nos ministérios, conseguindo recursos para os municípios, votando pautas importantes. Ele tem trabalhado noite e dia. Ele levantou uma pauta em defesa da maior participação das mulheres na política. Foi até convidado para uma reunião em Boston, nos Estados Unidos, para uma reunião sobre o tema.
Ele não é de falar o tempo todo, apesar de que está usando mais a palavra. Mas tem senador que fala, fala, pede aparte o tempo todo, e não faz nada. É melhor trabalhar do que ficar falando.
Augusto Diniz – No começo do mandato ele era mais calado, mas nos últimos tempos tem ocupado mais espaço. O que mudou?
Ele teve a oportunidade que não havia tido ainda. Ali é uma vitrine, há um espaço grande. Ele está mostrando o que sempre foi. O Luiz teve mandado de deputado, foi secretário municipal de infraestrutura, é um empresário bem sucedido. Ele é uma pessoa qualificada e preparada.
Rodrigo Hirose – O atual Congresso tem a maior bancada da história. Mas isso, de alguma forma, fez um Congresso melhor? As últimas pesquisas mostram o contrário, a opinião pública tem uma avaliação muito ruim do Parlamento.
Acho que é uma injustiça, o Congresso trabalhou muito. É porque há um rescaldo do passado, de que político é corrupto, que não presta. Essas coisas continuam e custam a ser apagadas. A atual legislatura votou as reformas, não houve notícias de corrupção. O povo continua avaliando o passado.
O que foi avaliado é uma instituição que faliu. Recuperar essa imagem demora.
Ton Alves – O sr. acha que diminuiu a corrupção?
Muito. A própria filosofia do governo mudou. E não é só o governo, a Justiça agiu, meteu medo nessa turma. Hoje sabem que roubar não está fácil. O povo está sentido isso.
Rodrigo Hirose – O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, que é pastor evangélico, age corretamente quando tira dinheiro público do carnaval em um município que fatura muito com essa festa?
Entrou nesse caso um lado pessoal da religião que não deveria, porque o carnaval é uma festa popular que atrai muito turismo e renda para o município. Tem de ser uma política de governo, já definir para onde vão as verbas. Não é por ele, porque é muito ruim também para ele, um ex-bispo, bancar certas festas que aos olhos do segmento dele é uma coisa terrível. Mas ele foi infeliz em jogar para a plateia dele, pois é algo que já existia, era só dar continuidade.
Rodrigo Hirose – O seu ministério vai apoiar quem nas eleições para prefeito ano que vem, especialmente em Goiânia?
Tenho uma leitura pessoal que não escondo de ninguém, não é do segmento, pois ainda não há uma definição. Se o prefeito Iris Rezende vier a assumir uma candidatura, penso que o nosso segmento caminha com ele. Mas se ele mantiver o discurso de que não é candidato, aí zera todo o processo. Ele sendo candidato, é certo que nós não vamos ter outro nome.
Augusto Diniz – Como o sr. avalia o trabalho de seu genro Henrique César e dos demais deputados evangélicos, como o Rafael Gouveia e o Glaustin da Fokus?
O Glaustin tem se sobressaído. É um empresário que entrou na política agora e está se destacando muito em Brasília. Até pela natureza da atividade empresarial, ele não concorda com aquele marasmo. O Rafael e o Henrique fazem parte da base do governador, têm votado as pautas do governo e sofrido os desgastes naturais. Porém, a pessoa tem de ter lado. Fosse só bonança, era bom, mas temo ônus também.
Rodrigo Hirose – Qual avaliação o sr. faz do primeiro ano do governador Caiado?
O governador Caiado conseguiu superar [as expectativas]. Muita ficou na expectativa de que ele era um bom parlamentar, mas não conseguiria ir bem no Executivo. Mas ele tem equilibrado as contas do Estado. Assim como o prefeito de Goiânia, que ficou dois anos superando os erros do passado e agora está deslanchando a administração, esse primeiro ano também foi de ajuste e aprendizado para o governador Caiado.
Chegar ao primeiro ano e pagar o funcionalismo em dia, depois de receber atrasado o mês de dezembro [de 2018], e agora pagar antes do Natal, mostra que ele é um bom administrador.
Ton Paulo – Recentemente, o Jornal Opção noticiou que o ex-governador Marconi Perillo pode ser candidato a deputado este ano. Como o sr. vê essa possibilidade?
É um direito dele, é um bom nome. Para [deputado] federal ele já teria ganhado no ano passado. Não posso negar minhas amizades do passado.