Deputado federal Elias Vaz (PSB) reafirma interesse em estar na base de Ronaldo Caiado, mas diz que a condição seria o distanciamento do governador com o presidente Bolsonaro

O deputado federal e presidente do PSB goiano, Elias Vaz, reconhece a possibilidade do partido compor uma aliança no projeto de reeleição do governador Ronaldo Caiado (DEM), desde que o democrata rompa com o presidente Jair Bolsonaro (Sem partido). A composição é de interesse do presidente da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), Lissauer Vieira, que frequentemente é citado entre os nomes que podem estar na chapa majoritária.

Elias Vaz começou sua carreira política aos 16 anos na militância do movimento estudantil. Participou do movimento para a implantação do transporte alternativo na capital goiana. Foi vereador por quatro mandatos e foi eleito para Câmara Federal em 2018. No Congresso ele tem feito oposição ferrenha a Jair Bolsonaro, principalmente pela condução das políticas de enfrentamento a Covid. “São mais de 300 mil mortos, enquanto no mundo inteiro o número de óbitos está caindo, no Brasil está subindo. Porque? Temos um presidente negacionista”, diz.

Pensando em 2022, Elias Vaz diz que o PSB, em nível nacional, vai buscar uma aliança ampla, mas vai barrar qualquer sigla ou nomes que tenham alinhamento com o presidente. “Vamos discutir com todo mundo. Vamos discutir com a esquerda e com o centro.”

O senhor, que se colocou em algumas situações como oposição ao governador Caiado, pode mudar de posição para colaborar com a pretensão do presidente da Alego, Lissauer Vieira, em compor com o DEM em 2022?
A gente tem pleno respeito pelo deputado Lissauer Vieira (PSB), que claro tem muita influência no partido e que a gente sempre vai levar em conta a posição dele. É de conhecimento público que ele tem uma posição de alinhamento e apoio à reeleição do governador Ronaldo Caiado (DEM). Hoje a compreensão que nós estamos tendo na política brasileira é a seguinte: é preciso fazer uma discussão mais ampla do que está em curso no País, que é uma agressão à democracia, uma agressão a conquistas democráticas de forma geral que estão sob ameaça. Eu digo isso porque em uma análise que se faça hoje no cenário nacional, o que o PSB está dizendo é que as nossas alianças vão ser amplas, mas vai ter um limite. Esse limite é o que? São as forças políticas que estão nesta em favor ao Bolsonaro. Essa é uma política que é uma concepção totalmente oposta ao que nós acreditamos. Não há nenhuma possibilidade de qualquer tipo de alinhamento conosco. Agora mesmo tivemos uma experiência numa disputa pela Mesa Diretora da Câmara Federal, onde a oposição se aliou com partidos que tinham divergência no plano econômico, mas no plano político democrático a gente entende de importância de alinhamento.

O que estou dizendo é que em Goiás vai depender muito de como o governador Ronaldo Caiado vai caminhar. Se o governador entender que seria importante para o País a continuidade e o Bolsonaro continuar como presidente, que é uma coisa absurda, nós não podemos caminhar juntos de forma nenhuma. Agora não sendo assim, é possível ser construída uma aliança.

A gente tem uma posição definida, e não estamos discutindo isso a nível nacional, e sim a nível local, mas tenho dito isso ao deputado Lissauer. Claro que a nossa decisão será tomada em conjunto, conversando. Ele é uma pessoa que tem uma influência muito grande no partido e vamos tomar essa decisão juntos. 

O ambiente propício e as condições para que essa aliança ocorra no Estado passa prioritariamente pela relação entre Caiado e Bolsonaro?
Exato. Até porque na questão do enfrentamento da Covid a gente vê isso. Enquanto o governador tem claramente um apego e uma concepção de adotar medidas baseadas na ciência, o presidente é criminoso. Diante disso, até há representação no STF (Supremo Tribunal Federal) para que seja condenado por omissão. Exatamente porque nós entendemos que o que é feito em relação a pandemia. Ele só não combate a aglomeração, como estimula aglomeração. É um negócio absurdo. Estimula as pessoas a não usar máscaras. Faz tudo o oposto do que deve ser feito. Ele é uma pessoa que não tem apego a vida, não tem apego aos interesses da sociedade, não tem apego com o combate a desigualdade social, e é um tipo de governo que fica o tempo inteiro ameaçando as estruturas democráticas. O tempo todo ele está flertando com a possibilidade de uma ditadura no País. Não tem jeito. Como se apoia um governo desses? Se Ronaldo Caiado, que tem uma postura em relação à pandemia apoiado na ciência, não compreender que é preciso a retirar esse governo, ficará difícil caminhar juntos.

“A minha posição hoje é de buscar a reeleição”

Se ele está pensando diferente, tendo uma postura diferente, é possível construir dentro daquilo que o PSB está pensando em nível nacional hoje. Estamos tentando isolar (Bolsonaro), e estar com muitos outros partidos, mesmo que tenhamos divergência no plano econômico e ideológico, mas nunca no plano de garantia democrática e garantia que a Constituição de 88 nos trouxe. Podemos sim ter uma aliança exatamente respaldada dentro de uma realidade como essa que o PSB busca nacionalmente. Fora disso, não há possibilidade de apoiar nenhuma força política que esteja caminhando com o Jair Bolsonaro.

Que avaliação você faz sobre as medidas que o governador Caiado tem tomado em Goiás em relação ao enfrentamento a Covid?
Está difícil tomar medida no País com o presidente da República estimulando a desobediência, estimulando a balbúrdia e estimulando a negação da ciência. Eu sempre fui uma pessoa que lutei e participei de manifestações. Agora mesmo seria minha vontade fazer manifestações com milhões de brasileiros indo para as ruas contra esse genocida. Agora a gente não faz isso porque compreende que no momento, por uma questão sanitária, não se pode promover aglomeração e a gente não faz isso.

Quando o Governo do Estado e os governadores de uma forma geral tentam agir minimamente para combater a pandemia, eles são atacados. O presidente Bolsonaro foi cortando as medidas, jogando a sociedade contra governadores e prefeitos. Isso é uma coisa absurda. Não é atoa que o mundo inteiro está estarrecido com essa posição do presidente. Essa administração está sendo qualificada como a pior condução no mundo em relação ao combate à pandemia. O resultado é esse aí. São mais de 300 mil mortos, enquanto no mundo inteiro o número de óbitos está caindo, no Brasil está subindo. Porque? Temos um presidente negacionista. Temos um presidente que não tem responsabilidade com a vida. Um presidente que não tem compromisso com a ciência e com a saúde.

Os governadores estão tendo muitas dificuldades. Eu acho que os governadores têm que ter mais recursos na busca por vacinas. Porque a gente viu claramente, desde o início, que o governo Bolsonaro não optou por salvar vidas –  não sou só eu que estou dizendo, agora saiu uma carta de banqueiros e economistas. O governo ficou fazendo piadinha, recusou a vacina da Pfizer, quando na verdade ofereceram 70 milhões de doses em agosto e setembro do ano passado e ele (Bolsonaro) falando em transformar gente em jacaré. Naquela época era uma proposta de 70 milhões de vacinas até junho, agora serão 13,5 milhões.

A verdade é que desde a demissão do (ex-ministro da saúde) Luiz Henrique Mandetta já indicava que não haveria uma condução que fosse minimamente com responsabilidade. Até hoje ele reúne com parte de governadores para discutir a vacina, e depois vem falar em tratamento precoce, que não tem nenhuma comprovação que trouxeram qualquer tipo de benefício para o combate à pandemia.

Ao meu ver os governos e prefeitos tem um grande problema, tem que ir contra uma pessoa que não é uma qualquer, é presidente da República. É duro tomar medidas impopulares com um presidente que fica o tempo inteiro boicotando essas medidas.

Qual seria a alternativa do PSB para uma chapa majoritária em 2022 que não seja na aliança com Caiado?
Dentro do PSB vamos discutir com todas as forças políticas que não estejam no campo político do Bolsonaro. Então estamos abertos a discutir. Vamos discutir com todo mundo. Vamos discutir com a esquerda e com o centro. Não vamos aceitar discutir com forças que estejam alinhadas com Bolsonaro. Então tem muito tempo ainda para discutir. Vamos falar com PT, PDT, MDB… com todos os partidos. Se o governador Ronaldo Caiado, tomar uma posição junto ao Bolsonaro, ele não estará ao alcance do nosso diálogo. Agora eu espero que o governador compreenda o mal que esse governo Bolsonaro tem feito ao nosso País. 

O senhor acredita que com a troca do ministro da Saúde essa política nacional de enfrentamento a Covid pode mudar os rumos?
A primeira coisa que tem que fazer é o Bolsonaro deixar de ser ministro da Saúde, né? Na verdade ele colocou o general (Eduardo) Pazuello, que é um soldado, literalmente um soldado, porque é um militar, e obedece às ordens dele (presidente). 

A primeira coisa que se tem que fazer é o Bolsonaro deixar de interferir na ciência, deixar de interferir naquilo que é correto, deixar de interferir naquilo que são procedimentos da saúde que são protocolos adotados no mundo inteiro, não é só no Brasil. Esse negócio, por exemplo, de lockdown não é para resolver o problema, mas é usado no momento de evitar o colapso do sistema de saúde, de retardar o processo de contaminação. Chega um momento em que não se tem leitos suficientes, e as pessoas morrem sem chegar aos hospitais, como aconteceu em outros países, como a Itália. Em todo o mundo adota-se lockdown, a exemplo dos Estados Unidos, Nova Zelândia… e não é porque acham bom ou porque é um caminho desejável. É para evitar o colapso no sistema de saúde, para retardar a contaminação e se contenha um pouco o processo para permitir que o sistema não entre em colapso. 

O presidente da república em nenhum momento faz essa reflexão. Estamos agora com colapso por falta de UTIs, estamos com colapso para remédios de intubação, têm colapso nas funerárias, ou seja, está tudo colapsado, e o presidente da República não entende isso. Ele fica o tempo inteiro falando besteira. Eu entendo que não é fácil para o conjunto de executivos de vários partidos, inclusive de que já estiveram no mesmo partido que ele e que estão alinhados com ele, tenham dificuldades, porque o Bolsonaro joga contra o tempo todo. Ele não contribui.

Bolsonaro não tenta ouvir a população, como  Mandetta tentou fazer no início. Eu espero que esse novo ministro faça isso. Agora, para fazer isso, o Bolsonaro vai ter que dar um giro de 180 graus. Se ele continuar falando e fazendo o que tem feito, como essas declarações que foram dadas após a reunião dos governadores, sobre tratamento precoce, realmente fica muito difícil.

O senhor buscará a reeleição a deputado federal ou pode ousar uma candidatura ao Senado?
Eu vou pela reeleição. Essa é minha posição. É claro que tem muita coisa ainda para acontecer. A eleição será daqui a mais de um ano e pra política um ano é eternidade. A minha posição hoje é de buscar a reeleição. 

Os 17 deputados federais estão preocupados com uma questão: o fim das coligações partidárias dificultam a vida de vários deles. Um deputado pode ter 100 mil votos e acabar sendo derrotado, se não tiver quociente eleitoral. Alguns partidos tendem a desaparecer em nível nacional. Pensando nisso, o PSB já está se preparando, desde já, para lançar uma chapa para deputado federal que seja consistente eleitoralmente? O sr. acha que o partido pode eleger um ou mais deputados federais?
Estamos nos preparando para essa regra eleitoral. Pode ter alteração, mas não podemos contar com isso. Para essa regra eleitoral temos que formar uma chapa. E estamos trabalhando por isso. A nossa estratégia, é claro, se o Lissauer for federal, será de eleger dois. Então é mais difícil trabalhar para eleger dois, mas caso o Lissauer queira galgar também algum espaço maior terá condições. Ele tem também o espaço para vice-governador. Ele tem cacife para isso hoje, pois se destacou no cenário estadual e seria perfeitamente natural ele participar de uma chapa majoritária. Esse pode ser também um caminho que a gente estabeleça. Mas o PSB está se preparando para a atual regra eleitoral. Estamos conversando, tem vários candidatos, e vamos trabalhar até o ano que vem. Não vamos deixar para a última hora. Já estamos pensando nessa chapa agora. 

Além do seu nome e do Lissauer, o senhor pode citar outros candidatos a deputado federal pelo PSB?
Tem outras pessoas que estamos conversando. Tem vereador do interior. Tem várias pessoas do partido e de outro que podem se filiar. São pessoas que como estamos conversando ainda eu prefiro não revelar o nome. 

O senhor vê possibilidade do Congresso mudar as regras e o distritão voltar para 2022?
Tem uma discussão que é feita. A gente fala que essas regras são para fortalecer os partidos, mas na verdade a grande parte dos partidos não vão conseguir se alinhar. É um problema muito sério, precisa-se fazer uma discussão profunda sobre qual o melhor caminho que fortaleça realmente o processo político brasileiro. Da forma  como é hoje está ruim. Não dá para dizer que essa forma está boa. A gente precisa fazer uma reflexão. Talvez o voto distrital misto seja uma alternativa, o mecanismo já é adotado na Alemanha. Tem gente que fala que poderia haver uma transição e o distritão ser adotado. O fato é que a gente precisa fazer uma reflexão.

Tem muita gente achando que o distritão pode ser uma solução. O argumento mais utilizado é que iria baratear muito o processo eleitoral por uma razão simples: os partidos iriam reduzir drasticamente o número de candidatos. Eu calculo que, por exemplo, para vereador em Goiânia – que são mais de mil candidatos – teria 150 ou 200 no máximo. Assim também seria para deputado estadual e federal. Quando tem menos candidatos, se reduz o gasto com campanhas. Se o partido vê que ele tem condições de eleger um, ele vai apostar só em um. Hoje não, ele tem que lançar uma chapa completa, e isso tem um custo alto. Essa é uma alegação. 

A alegação contrária é de que isso poderia enfraquecer os partidos. Como a pessoa não é eleita na proporcionalidade, ele na verdade seria eleito sem muito vínculo com a questão partidária. Eu penso que talvez se corrigisse isso poderia ser uma solução. Mas veja o que  acontece hoje com os prefeitos: ele recebe ajuda do partido e é financiado pela legenda, mas aí quando se elege ele pode romper com a sigla. É preciso criar um tipo de legislação para que o candidato tenha vínculo, mesmo nos cargos majoritários, e também no caso de deputado federal, estadual e vereador. Um  vínculo mais rigoroso para a questão partidária. Acho que essa será a discussão que será feita agora. Acho que temos tempo para isso, não é tão longo, porque tem que ser até outubro, mas podemos ver como ficaria uma proposta. Acho que não se pode alterar para piorar. Tem que haver mudanças que possam melhorar a posição política eleitoral do País. 

O senhor acredita em fusão de partidos para escapar ao fim da coligação partidária?
A questão da cláusula de barreira ela meio que está obrigando a fazer isso também. Hoje é uma tendência natural que os partidos, com o passar dos anos, vão se obrigando a fazer isso. Eu penso que é o caminho. Observa-se a quantidade de partido que tem hoje no Brasil. É sem cabimento. Nada justifica isso. Quando um político se diverge por pouca coisa já vai e funda um novo partido. Eu não sou adepto de ter bipartidarismo, mas não acho correto ter a quantidade de partidos que tem no Brasil. Isso precisa de regras para fazer com que os partidos se unifiquem, principalmente aqueles que têm certa intimidade. É importante a gente reduzir essa quantidade de partidos porque isso também atrapalha o processo democrático. 

Existe essa possibilidade do PSB e o PCdoB? O senhor vê com bons olhos?
Não há uma discussão ainda formal. Tem muita gente que está defendendo isso. Talvez a figura pública que mais tem defendido essa posição tenha sido o governador (do Maranhão) Flávio Dino. Eu particularmente tenho um grande respeito pelo PCdoB e vejo com bons olhos a fusão. Eu gosto de muitas pessoas que conheço e que estão no PCdoB. São pessoas históricas e lutadoras. 

300 mil óbitos por Covid parece ter provocado uma escalada de pressão sobre o Planalto, a surpresa veio do Congresso Nacional, que parece começar a se inquietar com a insatisfação majoritária da opinião pública. Esse ambiente favorece impeachment?
O que acontece é que mesmo os defensores do presidente Bolsonaro, quando conversamos com eles, a gente verifica que há uma posição muito crítica a vários comportamentos do presidente. A verdade é que o presidente da República está levando o País para o abismo. Primeiro a questão ambiental: hoje a imagem do país está abalada e do ponto de vista de comprometer os investimentos no Brasil. Hoje tem fundos importantíssimos de investimentos que não querem mais investir no Brasil por conta dessa imagem. Esse é um prejuízo econômico. Não é só um prejuízo social e ambiental, é um que reflete na economia. 

O outro aspecto é essa questão da pandemia. Isso também não tem explicação. Enquanto todo o mundo está se recuperando o Brasil está ladeira abaixo. Sem falar no flerte interno com a ditadura. Isso vem abalando a condição dele. A gente verifica as pesquisas de opinião e vê que ele está despencando. A população não quer eleger uma pessoa incompetente, que não tem compromisso com a sociedade. Não adianta achar ruim, mas na questão da pandemia ele é um genocida. Eu digo isso com coerência, pois há uma representação criminal contra ele no STF. Eu não só digo isso, eu tenho convicção de que ele é responsável pelas mortes e acho que ele tem que ser preso. Eu penso que um dia a justiça será feita e ele terá que pagar por tudo que tem feito.

O senhor foi vereador por quatro mandatos e tem um conhecimento amplo sobre Goiânia. Como avalia esse começo da administração de Rogério Cruz?
Do ponto de vista político eu acho que está errando o caminho. Eu acho que na política essa relação não é só com o MDB, ele quebra uma relação de confiança. Quando se está num projeto político, se enxerga nele uma consistência. Ele estava no projeto político como candidato e com uma posição política. Eu penso que o Rogério Cruz, com esse comportamento que ele está tendo em relação a excluir o MDB, pode comprometer o projeto.

Eu gosto muito do Rogério. Ele é uma pessoa íntegra, mas eu acho que do ponto de vista político ele está cometendo erros que pode ter que pagar caro por isso.

O PSB é realmente socialista, ou o senhor classifica como um partido de centro?
O PSB é sempre socialista. Essa é uma posição que colocamos de forma clara. O que traz uma discussão hoje é como a gente chega numa sociedade melhor. O que o PSB acredita é que não vamos chegar numa sociedade mais justa através de uma revolução armada. Nós defendemos uma política permanente para a construção de uma sociedade mais justa. O PSB defende uma sociedade fraterna, e essa é nossa busca de forma sistemática, trazendo alguns aspectos importantes, como a economia criativa, a sustentabilidade, a questão ambiental, e a defesa das minorias.