Jeovah Júnior diz que há uma total falta de sincronismo da atual gestão com a seccional

Jeovah Júnior e Lúcio Flávio | Foto: Divulgação

O advogado Jeovah Júnior presidiu a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – Subseção Anápolis durante o triênio 2004/2006. À época, foi a única chapa de oposição ao grupo da OAB Forte que venceu em uma subseção.

Em 2018, Jeovah concorre novamente ao cargo. Mas, desta vez, a situação é inversa. A subseção de Anápolis é comandada por um grupo de oposição à gestão de Lúcio Flávio na seccional.

Em entrevista ao Jornal Opção, o advogado anapolino diz que, mesmo assim, o presidente da OAB Goiás ajudou Anápolis. Contudo, poderia ter feito mais, caso tivesse a parceria da subseção.

O sr. foi presidente da subseção de Anápolis no triênio 2004/2006 e não disputou a reeleição. Desde então, a subseção passou a ser comandada por um mesmo grupo político até os dias de hoje. Qual é a avaliação que o sr. faz da gestão em Anápolis nestes últimos 12 anos?
Costumo dizer que as forças da advocacia sempre estiveram presentes e foram responsáveis por algumas das mais belas páginas de cultura, política e tradições do Brasil. Sinto-me honrado em ter presidido a subseção de Anápolis no triênio 2004/2006 e feito parte da história desta entidade, tendo sido a única chapa de oposição em todo o Estado de Goiás que sagrou-se vencedora à época. A minha avaliação, e acredito que da maioria esmagadora dos advogados anapolinos, em relação ao grupo que assumiu desde então é de extrema preocupação. Há uma total falta de sincronismo da atual gestão local com a seccional. Baseado nisso, tomamos a decisão de encabeçar uma chapa para disputa da presidência, porque acreditamos que a OAB chegou a um impasse e, em razão disso, se mostra impotente para atender às novas necessidades criadas pelo explosivo crescimento da profissão.

O sr. bate na tecla de que o continuísmo é prejudicial. Por que essa é a hora de mudar a gestão da subseção de Anápolis?
Aceitei com muita honra o apelo de vários grupos de advogados e lideranças porque entendo que é preciso que haja oxigenação. Entendo que, para o exercício pleno da democracia, os fatores basilares são a mudança e oxigenação do poder. Daí a necessidade de renovação. Com todo respeito, entendemos que a OAB precisa mudar, e essa é a razão de nossa candidatura. É preciso uma Ordem que seja realmente de todos e para todos os advogados e advogadas. Há muita coisa importante passando sem o devido aproveitamento. Muitos serviços e providências de utilidade foram omitidos em todos esses anos de administração, com poucas prerrogativas profissionais. A nossa luta não será apenas a de manter o que já foi feito. É fazer ainda mais, administrando com eficiência e garantindo o bom atendimento aos advogados quando estão em busca da prestação jurisdicional. Esta é a cruzada que estamos a iniciar, a bandeira que estamos a desfraldar.

Durante o período em que foi presidente, o sr. precisou, na condição de oposição, dialogar com a seccional, que era comandada por um grupo diferente do seu. Como se deu este trabalho?
Sempre fui aberto ao diálogo. Como disse, fomos a única chapa de oposição em todo o Estado de Goiás que sagrou-se vencedora na época da nossa gestão.  Nos primeiros meses, tivemos embates duros, mas em uma linha produtiva e, sempre carregando sobre os meus ombros, o peso da maior subseção do Estado. Baseado nisso, exigia que a seccional nos desse total respaldo sobre os problemas enfrentados em nossa subseção. Assim, por meio do diálogo com a seccional, que na época era comandada por um grupo diferente do nosso, conseguimos, modéstias à parte, fazer uma grande gestão. Não podemos ficar com picuinhas. Terminada a campanha e o pleito eleitoral, o mais importante a ser buscado é o bem de toda a classe.

Durante esses últimos três anos, tivemos a oportunidade de acompanhar e colher os frutos obtidos com a gestão inovadora do presidente Lucio Flávio, que reorganizou os cofres, finalizou a sede da nossa subseção, regionalizou a ESA [Escola Superior de Advocacia] e a CASAG [Caixa de Assistência dos Advogados de Goiás], além de reformas estruturais e, em breve, estará entregando o escritório compartilhado, que está sendo construído em frente ao Fórum de Anápolis. Contudo, poderia ter feito muito mais pelos advogados anapolinos, se não fossem as picuinhas políticas que não levam ninguém a nada.

Hoje, os papeis estão invertidos. A seccional é presidida por Lúcio Flávio, que é do seu grupo, e a subseção de Anápolis está sob o controle da oposição, com Ronivan Peixoto na presidência. Como está a relação entre a seccional e a subseção?
Como o próprio Lúcio Flávio disse quando veio a Anápolis no evento de lançamento da nossa chapa, ele tentou trazer a mudança para Anápolis, estendeu a mão para a subseção e procurou fazer com que a direção da subseção andasse em sinergia com a seccional, uma vez que a eleição já tinha passado, mas, em troca, recebeu dos dirigentes da subseção apenas e tão somente agressões e ataques. Jamais uma palavra de parceria.

De que forma Lúcio Flávio, mesmo estando do lado oposto ao presidente da subseção, ajudou a advocacia Anapolina ao longo de seu mandato?
Os números falam por si só. Lúcio Flávio trouxe para Anápolis R$ 400 mil reais em investimentos, terminou a obra da sede, que estava inacabada, e reformou sete salas da Ordem na cidade. Inegável que poderia ter feito muito mais se tivesse a parceria da subseção. Volto a reafirmar que a advocacia precisa caminhar de mãos dadas e não adianta ficar brigando depois de eleição. Anápolis deixou de receber vários benefícios da seccional por falta de sincronia. O que quero é que nossa subseção caminhe ao lado da seccional. Tenho certeza que assim faremos muito mais por Anápolis.

Ronivan Peixoto é candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por Pedro Paulo, mas é possível dizer que toda a subseção de Anápolis está com Pedro Paulo ou há algum grupo que apoia Lúcio Flávio?
De forma alguma. Por mais que o meu colega e amigo Ronivan Peixoto se esforce para transferir votos para a chapa encabeçada por Pedro Paulo, os advogados anapolinos não entrarão nessa e têm inteligência suficiente para entender que de essa chapa não tem nada de novo. Com todo respeito que tenho pelo meu amigo Pedro Paulo, que está adotando um discurso de renovação e criou o movimento “Nova Ordem”, o grande problema, no entanto, é que esse discurso de novo não combina com a realidade, tendo em vista que está atrelado a um grupo majoritariamente composto por figuras desgastadas que carregam consigo o velho desgaste do grupo OAB Forte, que já estiveram à frente da OAB Goiás durante 33 anos.

Inclusive, como bem colocado pelo presidente da Casag, Rodolfo Otávio Mota, estão tentando vestir de novo o velho na campanha da OAB Goiás. Tentaram esconder a história de Felicíssimo Sena e Miguel Cançado, que foram gestões que tiveram seus problemas, mas também fizeram muito à advocacia. Contudo, nesse grupo da Nova Ordem, existem figuras da antiga OAB Forte que estão tentando assumir uma nova roupagem para se mostrarem à advocacia jovem como um novo modelo de gestão, o que definitivamente não são.

A Casag demonstra interesse em assumir o CEL [Centro de Cultura, Esporte e Lazer] de Anápolis. O sr. considera esta uma boa ideia?
A nossa proposta para o CEL de Anápolis é a criação de uma diretoria específica para o nosso clube, que faria a gestão juntamente com a Caixa de Assistência, como já acontece em Goiânia. Todas as despesas e custos seriam transferidos para a Casag, desafogando o caixa da subseção com maior autonomia para a diretoria do clube na promoção de eventos esportivos, bailes, serestas e outras atividades, além de uma total revitalização de todos os espaços, campos, quadras e bar.

No CEL de Goiânia, tínhamos um clube todo sucateado em razão da ausência de investimento.  Existia mais de R$ 200 mil de déficit financeiro por mês que não era detectado porque as contas eram misturadas. No plano de contas da OAB, não havia um centro de custo específico para o CEL. Quando o Rodolfo assumiu, ele implantou uma gestão moderna e diferenciada. Hoje, temos um clube lindo e esse é o compromisso assumido para que o CEL de Anápolis também seja totalmente revitalizado.

O projeto Meu Escritório, já consolidado em Goiânia, também será levado para Anápolis?
Esse é um compromisso nosso com o presidente Lúcio Flávio e com o Rodolfo. Queremos a consolidação de termo de parceria, integração e ampliação dos benefícios para os advogados junto à Casag, trazendo o escritório compartilhado nos moldes de Goiânia, localizado em frente ao Fórum de Anápolis, com área de mais de 600 metros quadrados, bem como Boomerang, projeto em que o advogado adquire um serviço da subseção e abate no valor da anuidade para xerox, esmalteria, estacionamento e cursos, efetivando, definitivamente, na nossa subseção.

O Meu Escritório de Anápolis terá toda infraestrutura para peticionamento eletrônico, fibra ótica, máquinas de impressão, digitalização, técnicos de [Tecnologia da Informação] à disposição do advogado para auxiliar na certificação digital, secretárias para agendamentos, e copeiras. Uma estrutura verdadeiramente voltada para o exercício profissional.