“Iris é o divisor de águas do processo eleitoral de 2020”

27 outubro 2019 às 00h00

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Definição dos nomes que estarão na campanha para prefeito de Goiânia depende de uma posição do emedebista, afirma secretário municipal de Administração

“Seremos todos o que o povo quiser.” A declaração sem muito dizer do secretário municipal de Administração, Agenor Mariano, deixa em aberto o processo de escolha do pré-candidato a prefeito de Goiânia em 2020 pelo MDB. Mas o integrante da gestão Iris Rezende é claro ao afirmar que toda a corrida eleitoral do ano que vem passa pelo chefe do Executivo da capital. “É um processo que tem Iris como protagonista”, diz.
Para Agenor, não é possível antecipar o processo eleitoral um ano antes de sua realização. Mas o secretário de Administração admite que se Iris Rezende chegar em julho de 2020 com uma aprovação muito grande de sua gestão, pressionado pelo MDB e solicitado pela população, mesmo que não queira, o prefeito será candidato a reeleição. Se isso não ocorrer, o titular da pasta afirma que nomes não faltam no partido.
Euler de França Belém – O sr. será candidato a prefeito, vice-prefeito ou Iris Rezende tentará a reeleição?
Seremos todos o que o povo quiser. Não me furto a dizer a verdade. O problema é que vocês têm de acreditar na nossa resposta. Quando falo que não sei se serei candidato, que Iris não sabe se será candidato, é porque verdadeiramente não sabe. Só quem disputa eleição sabe como é a dificuldade de tomar uma decisão eleitoral.
Quem está de fora, como espectador, sempre acha que há uma estratégia por trás, que aquilo é um pensamento maquiavélico da parte do político. Não. O quadro muda o tempo todo. Como se pode fazer uma afirmação um ano antes que você é candidato?
Euler de França Belém – No caso do Iris, a situação não muda tanto.
Muda sim.
Euler de França Belém – Vilmar Rocha (PSD) diz que Iris só é candidato quando diz que não é. Essa afirmação é verdadeira?
Iris sempre falou quando queria ser candidato e foi candidato. Querer ser candidato está sempre ligado à circunstância. Muitas vezes disse que não queria ser candidato, mas foi obrigado a ser candidato.
Um exemplo é a endoscopia que fiz recentemente. Brinquei com a anestesista que colocou o soro na minha veia. Ela disse que era anestesista e aplicaria a anestesia em mim. Eu disse “você podia me fazer um favor, quando for aplicar a anestesia me avise”. Ela perguntou “por que você queria que eu lhe avisasse?”.
Afirmei que me concentraria para tentar resistir à anestesia. Ela começou a aplicar a anestesia e eu fiquei firme. Quando a anestesista apoiou em mim, perguntei se consegui. Ela respondeu “o exame já acabou”. Existe alguma dúvida de que eu tentei resistir à anestesia? Eu tentei.
Iris chega e diz que não quer ser candidato. Em julho do ano que vem, imaginemos que o prefeito esteja com 90% de aprovação, o povo e o partido o pressionando para se candidato. Servidor. A sociedade quer que Iris seja candidato. Quando vai à igreja é pressionado. “O sr. tem de ser candidato?” Quando Iris acordar, estará reeleito.
Quer dizer que Iris estava mentindo? Não. As coisas não são matemática exata como instem em dizer que são.
Euler de França Belém – Se Iris não for o candidato, quem o MDB poderia lançar?
Digo aqui os que já manifestaram que gostariam de ser candidatos. [Vereador] Andrey Azeredo toparia ser candidato. Ouvi que o [deputado estadual] Bruno Peixoto aceitaria ser candidato. [Vereador] Clécio Alves toparia. Outros disseram, não o próprio Maguito [Vilela], mas afirmam que aceitaria ser candidato.
O partido não precisa se preocupar com isso. Nome para ser candidato certamente o MDB terá. É um processo que tem Iris como protagonista. O interessante é que muitas das pré-candidaturas, do MDB e de outros partidos, esperam uma decisão do prefeito. Iris é o divisor de águas do processo eleitoral de 2020. A eleição, sob qualquer circunstância, passa pelo prefeito.
Os candidatos de outros partidos que estão colocando seus nomes na disputa são balões de ensaio. Na hora que o MDB definir quem é o seu candidato, vão todos reavaliar suas candidaturas. Temos a turma candidata a prefeito que na verdade é candidata a vice. “Me faça desistir que de repente eu abro mão da minha candidatura.”
Temos os candidatos a vice-prefeitos desde que o candidato a prefeito seja o Iris. Muitos que colocam o nome e aceitam ser vice, de partidos diferentes, topam se for para estar na chapa com Iris. Não aceitam ser vice de outro candidato. Estamos com nomes que estão como candidatos a prefeito que estão na verdade na disputa para senador, deputado federal e estadual em 2022. São candidatos a um monte de coisa, menos a prefeito de Goiânia.
A pessoa sai candidata e ganha visibilidade. E percebemos que o eleitor tem gostado de votar em nomes conhecidos, independente da situação. Uma avalanche de eleição de ator de novela e jogador de futebol. Será que o eleitor se encantou com a proposta legislativa ou administrativa dessas pessoas? O eleitor diz que votou em nomes assim porque já conhece o candidato.
É uma candidatura lançada para alavancar a próxima candidatura.
Rodrigo Hirose – Mas o prefeito é conhecido, tem recall, a gestão tem obras em andamento. Isso tende a melhorar a avaliação de Iris. O que falta para Iris definir a disputa da reeleição?
Por mais que sejamos homens públicos, também somos seres individuais. Temos nossas carências e necessidades. Qualquer decisão tomada tem de levar em consideração a vida pessoal. E o prefeito tem os motivos dele. Não necessariamente Iris será refém de algo. O prefeito não pode ser refém de nada. O que disse é que acredito ser difícil para Iris, com todo o cenário colocado, deixar de ser candidato. Mesmo que não queira ser candidato. Tudo vai bem.
Estamos cansados enquanto eleitores. As pessoas têm mania de conversar com os políticos como se nós não votássemos, como se não fôssemos eleitores e não quiséssemos uma cidade com ruas boas. Eu moro na cidade, ando aqui. Preciso ter uma cidade boa para mim, minha mulher, meu filho. Como eleitor, não queremos correr riscos. Se está dando certo, a tendência é a reeleição.
Augusto Diniz – O eleitor já conhece a administração de primeiro mandato do Iris, como é o caso agora. O emedebista trabalha dois anos para melhorar o caixa da prefeitura e nos dois anos finais faz obras de olho na reeleição. Isso já não coloca Iris como candidato a reeleição?
Como faríamos obras no primeiro ano ao receber uma prefeitura com déficit de R$ 32 milhões todo mês, com a folha de janeiro da saúde sem pagar? Isso não é uma decisão pessoal cronológica. Não tinha condição de fazer obra nos dois primeiros anos. Não tinha nem salário pago de servidor. Como exigir do prefeito, que assumiu a prefeitura em frangalhos, que fossem feitas obras nos dois primeiros anos?
Primeira coisa que qualquer pessoa normal faria é tentar resolver o problema que foi encontrado. Não adianta pensar “sou conhecido por fazer muita obra”. Iris recebeu a prefeitura em 2005 do ex-prefeito Pedro Wilson (PT). De que forma o prefeito recebeu a gestão? Com o salário de dezembro em atraso. Como Iris começaria a fazer obra em 2005?
Se você recebe uma prefeitura excelente, sem problema de caixa, não é preciso segurar nada. As demandas urgem na cidade. E a expertise do Iris é consertar prefeitura quebrada. O eleitor o elege sabendo que só quem consegue resolver é o Iris. É por isso que o prefeito fica muito forte. Se a prefeitura estivesse toda organizada, o eleitor não enxergasse no Iris a salvação.
“Na hora que o MDB definir quem é candidato, vão todos reavaliar suas candidaturas”

Euler de França Belém – Mas o ex-prefeito Paulo Garcia (PT) reclamava que Iris teria deixado uma dívida de R$ 600 milhões ao sair do cargo. Procede?
É só pegar os balancetes no Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). A imprensa é muito ativa e investigativa. Muito mais do que falamos em entrevistas, o jornalismo tem condição de verificar o que é e o que não é fato. É só desmentir. Ainda não vi nenhuma matéria jornalística que tenha sido capaz de desmentir com números a afirmação de que Iris deixou a prefeitura com dinheiro em caixa.
Os números estão todos lá. As contas e os balancetes estão todos no TCM. Por que ninguém nunca trouxe as contas e balancetes para desmentir nossa afirmação? Porque ela é verdadeira. Fica só na suposição de “deixou”, “me entregou”. Mas como? Não é isso que diz o Tribunal.
Euler de França Belém – Iris não deixou a prefeitura com dívida para Paulo Garcia?
Iris deixou R$ 162 milhões no caixa ao sair da prefeitura. Iris não fez um financiamento para asfaltar 134 bairros na primeira gestão. Foi com dinheiro do caixa. Não pegou financiamento. O único financiamento foi o do programa Reluz, do governo federal, para a troca de toda a iluminação da cidade por lâmpadas que iluminavam mais. Trocou o braço dos postes para melhorar a iluminação. Era um empréstimo em 36 vezes e foi pago dentro do governo de Iris.
Nem esse foi entregue com parcelas abertas. Não deixou financiamento, dívida por pagar. Todas as empreiteiras estavam pagas. E deixou R$ 162 milhões em caixa. Sei que todo mundo sempre quer dar uma justificativa, mas contra fatos não há argumentos.
Euler de França Belém – A relação política com o DEM na capital indica que o partido pode indicar o vice do MDB na eleição?
Tudo pode. DEM e tantos outros partidos.
Euler de França Belém – O PSDB também pode?
Tudo pode. Precisamos saber na época da eleição. Enquanto não terminar a entrega da chapa à Justiça Eleitoral, tudo pode ocorrer. Mas a probabilidade de uma aliança eleitoral do MDB com o PSDB é quase zero. Ainda mais se Iris for candidato. Neste momento, qualquer conjectura é muito precoce. Se Iris for candidato, o vice será DEM, MDB ou PSDB? Ninguém sabe.
Euler de França Belém – Iris é um homem saudável?
Muito saudável. Toda a evolução humana provém da inveja do seu próximo. Isso é bíblico. A inveja é a mola propulsora do mundo, diz Salomão. O homem evolui muito às custas da inveja. Alguém faz uma coisa maravilhosa. Dez outros estudam para fazer algo melhor do que aquilo.
Tem hora que Iris causa uma inveja em nós. O homem corre cinco quilômetros e eu não consigo correr. O prefeito é uma pessoa dedicada. E isso reflete muito no que Iris é: comprometido. Gente comprometida é comprometida com o que faz. Com o cargo de prefeito, com a gestão. Comprometido com a própria saúde. Vontade de viver, em ser útil e estar preparado para assumir funções. É um homem disciplinado.
Euler de França Belém – Iris vai à prefeitura pela manhã e na parte da tarde?
Todos os dias.
Euler de França Belém – Que horas o prefeito chega?
Chega por volta de 8 horas.
Euler de França Belém – E que horas Iris vai almoçar?
Sai por volta de 12h30, 13 horas e volta 14h30.
Euler de França Belém – E sai que horas?
Iris deixa a prefeitura às 18h30.
Augusto Diniz – Iris é uma pessoa movida pela política partidária eleitoral. Se for candidato a reeleição, o prefeito disputará o cargo aos 86 anos e assumiria, caso eleito, aos 87. Isso não causa preocupação?
Tem gente com 80 que já está na cama. O ator Orlando Drummond, que deu vida ao personagem Seu Peru, na Escolinha do Professor Raimundo, completou 100 anos. É um ator com uma vitalidade mental que foi coroado aos 100 anos.
Iris terminará o mandato, se reeleito, com 91 anos. Mas como está hoje, aos 85 anos, não vejo uma possibilidade de grande queda de vitalidade. Tem uma vivência e uma experiência fantástica. Acabou de demonstrar que tem condições de colocar uma prefeitura destruída nos eixos. Está dando vida para a cidade. Na verdade, tem tudo para complementar o trabalho que vem sendo feito.
Rodrigo Hirose – Iris dá atenção às novas tecnologias, à informatização da gestão ou é um prefeito analógico?
Melhor do que dizer é mostrar o que a pessoa tem feito. A revolução que Iris, através de seus representantes na Seplanh [Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Habitação], fez na área de tecnologia, principalmente na modernização da máquina administrativa, nunca foi feita antes. A família Alvará Fácil trouxe uma revolução para a cidade. Todas as pessoas que lidam com essa área estão em êxtase.
Outras gestões, inclusive as passadas do Iris, tentaram e não conseguiram. Me lembro como se fosse hoje quando o secretário Francisco Jr. lançou a Prova Inet em 2006. Foi só um lançamento bonito. Ficou só no discurso, na conversa. Nunca existiu a prova. Nasceu morta. Natimorta. A intenção do secretário era boa, mas não avançou.
Na candidatura do Iris em 2016, o problema foi trazido ao prefeito. A Seplanh cuida de uma área importante da cidade, que autoriza construções. A geração de emprego, taxas e impostos dependem da pasta. Era uma área que estava parada. Para aprovar a construção de uma casa, a pessoa gastava oito meses quando assumi como titular da Seplanh. Em oito meses a casa já estaria pronta.
A pasta tinha 800 processos amontoados em uma sala para aprovar. Iris tomou posse no dia 3 de janeiro de 2017. Em 1º de maio, o prefeito lançou o primeiro item da família Alvará Fácil. Três meses depois, a autorização de uma casa, que demorava oito meses, passou a ser aprovada em 24 horas. Isso mostra que o prefeito está comprometido com novas ferramentas.
A eficiência da gestão está implicitamente ligada à sua capacidade e disposição de investimentos tecnológicos. A população cresceu. Sem o aparato tecnológico fica muito difícil ter celeridade, que é algo que todos nós cobramos. O secretário Henrique Alves (Seplanh) continuou muito bem o processo de modernização da pasta. A Prefeitura de Goiânia está se tornando um modelo para o Brasil.
Todos os processos de aprovação estão sendo revolucionados. Recentemente um novo pacote foi lançado. O construtor do prédio no qual está instalado o Jornal Opção esteve comigo nos primeiros meses de 2016 e disse “não suportamos mais pagar uma taxa alta, mas o mais difícil é não poder exercer a nossa atividade”. Para aprovar um prédio que será construído na cidade, com investimento em média de R$ 100 milhões, com geração de empregos e recolhimento de impostos para a prefeitura, gastava-se um ano e quatro meses para aprovar.
Um prédio como este no qual estamos, tivemos aprovada a construção recentemente em 26 dias na prefeitura. Isso tudo graças à evolução tecnológica. Hoje o indivíduo nem vai à prefeitura para aprovar uma construção com a de um prédio. Tudo pelo sistema, depositado e analisado na nuvem, devolvido para fazer correção por e-mail, recebido com a correção por e-mail e entregue o alvará de construção certificado por e-mail.
O responsável imprime o alvará no escritório, não precisa mais ir à prefeitura. Antigamente a pessoa ia à prefeitura e dava entrada no processo. Gastava cinco dias para sair do protocolo até chegar na pessoa que faria a primeira análise. Constatava uma necessidade e devolvia por protocolo. Comunicava o responsável, o que demorava 15 dias. Até chegar ao prazo citado de uma no e quatro meses até a aprovação da construção.
A aprovação hoje em 26 dias segue todos os critérios necessários para que uma obra seja autorizada. Isso é modernidade, tecnologia. Isso é o jeito Iris de administrar. Com 85 anos de idade. Foi a gestão do Iris. O prefeito escolheu o secretário. Iris aprovou, lançou e inaugurou. Não tem como dizer o que os adversários falam, que a idade o incapacitaria de ter uma visão moderna. Estão muito equivocados. Isso está comprovado com exemplos.
“Muito cuidado, porque pode ser que o Iris vá ao seu velório”

Augusto Diniz – Iris tem se irritado com quem pretende ser candidato a vice-prefeito ao lado do prefeito pensando que, se eleito, o prefeito não concluiria o mandato? Essa conversa de fato existe?
Se tiver alguém que pensa dessa forma, ninguém declara abertamente. Mas se eu tivesse a oportunidade de encontrar alguém que tivesse essa motivação, não teria dificuldade em dizer “amigo, muito cuidado, porque pode ser que o Iris vá ao seu velório”.
Se alguém pensa desta forma – acredito que não –, todo mundo quer ser vice porque é um cargo existente e alguém será. E se alguém quer ser candidato a vice, quer ganhar. Se analisarmos que Iris é a pessoa que tem mais chance de ganhar, para que alguém vai querer ser vice de um candidato que não vai ganhar. Quero ser vice do candidato que vai ganhar.
Se pessoa quer uma oportunidade de alavancar a carreira política, ela vai querer disputar ao lado de alguém com chance de vencer as eleições. Só disputar? Vice não aparece. Ganharia o que em disputar o cargo de vice-prefeito se o candidato a prefeito não tem chance de ser eleito?
Iris não se incomoda com nada disso porque vice é escolhido. Se Iris for candidato à reeleição, ninguém vai escolher o vice para o prefeito. Iris vai escolher seu vice. Se alguém tiver de ser vice, não será porque se candidatou a ser. Será por ter sido escolhido.
Rodrigo Hirose – Políticos da oposição avaliam que Iris, como candidato, parte como favorito e teria praticamente lugar garantido no segundo turno. Mas dizem acreditar que Iris seria o adversário eleitoral ideal a enfrentar nas urnas pelo desgaste, a idade avançada e um desejo de renovação da população. Apostar nisso é um erro ou acerto?
Em 2005, Iris foi para o segundo turno e ganhou. Em 2016, Iris foi para o segundo turno e foi eleito. Onde está essa vantagem? Todos que acharam que ganhariam no segundo turno perderam a eleição. Não consigo ver essa teoria ser confirmada na prática. Fica fácil de fazer comparação com a história. Quem apostar nisso, pode alimentar a fé de que o segundo turno seria a salvação. Iris ganhou, até aqui, de todo mundo no segundo turno em Goiânia.
Para prefeito, Iris não derrotado por ninguém. Então quer dizer que agora se for para o segundo turno com Iris muda a eleição? Não muda. Não acredito nisso. E dizer que o desgaste pode influenciar. Que desgaste? Iris acabou de pegar uma prefeitura sucateada e colocou a gestão nas alturas. Vai haver desgaste por fazer tudo quanto é obra na cidade? O eleitor não é tão preconceituoso assim mais. Eleitor sabe quem zela pelo dinheiro público. Se tem algo que faz o Iris um político reconhecido é o fato de ser um bom gestor.
O que atrapalha é que as pessoas tentam encontrar circunstâncias que poderia pormenorizar o prefeito Iris. Mas esquecem de verificar que existem n circunstâncias que o colocam por cima. Uma das maiores, que hoje o eleitor avalia, é a capacidade de ser gestor. Muita gente que tem votações expressivas nas candidaturas proporcionais, quando chegam na disputa majoritária não repetem as votações, mesmo com toda popularidade que têm, porque a forma como o eleitor os enxerga é de ser bom moço, boa pessoa. Mas tem capacidade para ser gestor? Nesse quesito, Iris é imbatível.
Se você colocar Iris com qualquer um dos nomes que se declara pré-candidato a prefeito e perguntar ao eleitor quem o eleitor avalia como melhor gestor? Até quem não vota no Iris dirá que o prefeito é o melhor. Não tem o que discutir. A amostra está aí. É a mesma coisa de querer questionar um aluno que só tem nota 9 no boletim. Você pode querer questionar o que quiser a respeito daquele estudante, dizer que é um aluno indisciplinado, mata aula, trata mal os colegas, mas não pode questionar as notas. Ainda mais se o resto da sala está na média 6.
A questão do Iris é de que seu nome está consolidado junto ao eleitorado como um gestor. E como a população tem sofrido com altos e baixos – boa administração, gestão ruim –, quando a administração está boa, a pessoa vai querer arriscar? “Meu deu vontade de trocar.”
Rodrigo Hirose – Isso torna Iris praticamente imbatível para 2020?
Sabemos que eleição é sempre uma caixinha de surpresa. Do ponto de vista de probabilidade, coloca Iris em uma situação muito superior a qualquer outro adversário.
Augusto Diniz – O deputado estadual Major Araújo (PSL) foi candidato a vice-prefeito na chapa do Iris em 2016, se afastou do prefeito, não assumiu o cargo e hoje é pré-candidato de oposição ao emedebista. Como o Major Araújo é visto por Iris?
Quer que eu seja sincero? Em três anos de gestão, nunca vi Iris tocar no nome do Major Araújo. Acho que já respondi sua pergunta.
Rodrigo Hirose – Major Araújo foi chamado para ser vice em 2016 mais como um político com potencial de agregar votos do que um parceiro administrativo ou devido ao rompimento durante as eleições o prefeito optou por nem voltar a falar sobre o Major Araújo depois de eleito? Há algum tipo de mágoa?
Foi uma decisão pessoal do Major Araújo. Para tocar no assunto ou ter mágoa precisava existir alguma situação. Pelo o que sei, não existiu. Major Araújo optou por ficar na Assembleia Legislativa. Talvez entendesse que seria melhor. Não sei quais os motivos o levaram a achar que era melhor ser deputado do que ser vice-prefeito. Mas foi uma decisão racional do deputado que precisa ser respeitada.
Quando digo que nunca ouvi Iris tocar no nome do Major Araújo – e de fato nunca vi –, é porque entendo que essa foi uma situação resolvida no passado. Não tem de ficar remoendo. Foi uma decisão tomada pelo deputado de permanecer na Assembleia. Pronto. Vamos tocar a vida.
Augusto Diniz – A aliança do Iris com o governador Ronaldo Caiado (DEM), que vem desde as eleições de 2014…
Que vem desde a eleição de 2014, mas que deixou de existir em 2018. O último ato foi em 2018. Não existiu aliança com o DEM em 2018.
Augusto Diniz – Aliança eleitoral não, mas Iris e Caiado continuaram próximos.
Na verdade, Iris e Caiado estão próximos porque existe uma relação administrativa. Um é governador e o outro é prefeito da cidade. Quando Marconi [Perillo (PSDB)] era governador, como era a relação? Extremamente respeitosa. Visitou o Palácio [Pedro Ludovico Teixeira] vária vezes. Recebeu Marconi várias vezes no Paço.
Iris é um estadista. É um diplomata. Sabe que independentemente de gostar ou não – entendo que particularmente Iris gosta do governador Ronaldo Caiado -, não é uma questão de gosto. É a liturgia do cargo. Iris é o prefeito de Goiânia e Caiado o governador do Estado. No que depender do prefeito, sempre terá uma boa relação.
Augusto Diniz – Se Iris for candidato, a tendência é que tenhamos no mesmo palanque Caiado, Daniel e Maguito Vilela. Isso gera alguma estranheza no MDB?
Não posso dizer isso porque é um exercício de futurologia. Já decidimos que Caiado não vai ter candidato? Que o DEM não vai lançar candidato? Não existe essa discussão. Mas, por exemplo, a direção do DEM resolve não lançar candidato, mas opta pela vice. E se não quisermos dar a vaga de vice-prefeito ao DEM? O Democratas pode rever a posição e querer lançar candidato.
Não tem como dizer o que vai acontecer. Isso sequer está sendo conversado. Ninguém está conversando sobre isso. Ninguém sentou para dialogar no DEM e MDB para lançar candidato. Estamos a uma eternidade do processo eleitoral.
Rodrigo Hirose – Existe no MDB, principalmente dos que pretendem ser candidatos a vereador, um pedido para que Iris seja candidato a reeleição para carregar a chapa proporcional, que não pode mais fazer coligação?
Sim. Isso é líquido e certo. Os pretensos candidatos a vereador e a reeleição entendem que a onda positiva pela qual passa a gestão favorece a eleição na campanha proporcional daqueles que estão aliançados conosco. Se Iris for candidato, não resta dúvida que a chance de se eleger é muito maior.
Não quer dizer que não conseguirão se eleger, porque a gestão vai bem. Até por questões estratégicas e de chapa, com o fim das coligações proporcionais, o candidato vai fazer conta e a possibilidade de eleição pode se tornar maior nos partidos maiores. Evidentemente, o maior partido e que goza do prestígio da gestão municipal e com a sociedade é o MDB.
Isso pode fazer com que haja uma migração de pretensos candidatos querendo concorrer pelo MDB por enxergar maior chance de eleição, aprovação a sociedade. E faz com que os postulantes queiram que Iris seja candidato a reeleição.
“De 2005 em diante, Iris asfaltou 134 bairros. Esse asfalto vai muito bem, obrigado”

Augusto Diniz – A Câmara aprovou na semana passada a autorização para que a prefeitura contraia um empréstimo de R$ 815 milhões. Chegou a haver algum momento de preocupação? Como a prefeitura vê a sensibilidade de parte dos vereadores da oposição que apoiaram o empréstimo?
Isso demostrou responsabilidade da Câmara. Mesmo havendo insatisfações pontuais com o governo municipal, há de se ter um nível mínimo de responsabilidade. Isso foi demonstrado através das duas votações. A aprovação veio praticamente com unanimidade.
Mostra uma Câmara que entendeu e compreende que não temos um aventureiro à frente da prefeitura. Temos um gestor sério. Alguém que sabe o que está fazendo. E sabemos que a cidade carece de infraestrutura. A Câmara, de forma muito responsável, entendeu isso, ultrapassou as barreiras das questões pontuais de oposição e votou com a consciência de que estavam fazendo o melhor para a cidade de Goiânia. Isso foi pacífico e tranquilo.
Augusto Diniz – Quais obras seriam afetadas caso o empréstimo não tivesse sido aprovado pela Câmara? O que poderá ser continuado com a liberação do recurso?
Se a Câmara não tivesse aprovado o empréstimo, uma obra que é de grande valia e trará muito benefício para a cidade é o recapeamento. Há uma licitação em curso, na sua fase final, com o recapeamento de 630 quilômetros da cidade. Não foi dada a ordem de serviço, a licitação ainda está em andamento.
Se, porventura, não fosse aprovado o empréstimo, essa era uma das obras que iríamos ter de rever e possivelmente não conseguiríamos fazê-la, tendo em vista que já assumimos com recursos do Tesouro as obras que estão em andamento. A prioridade, caso não fosse aprovado, seria concluir as obras que já foram dadas ordens de serviço.
Seria uma coisa muito ruim para a cidade, que tem uma malha viária mais antiga na região mais central de Goiânia. De 2005 em diante, Iris asfaltou 134 bairros na periferia. Esse asfalto vai muito bem, obrigado. Um asfalto quente. Foi feito meio-fio, sarjeta, de altíssima qualidade.
O asfalto ruim que temos na cidade hoje são os que foram feitos há mais de 50 anos. Inclusive na primeira gestão do Iris, em 1966. Iris foi quem asfaltou praticamente toda Vila Nova, todo o Setor Coimbra. Asfaltou todo o Setor Oeste, todo o Setor Sul. Todos os bairros conhecidos de nossa cidade foram asfaltados em 1966, 1967 e 1968. E nunca foram substituídos.
Por mais que se remende e o asfalto seja de altíssima qualidade, o tempo requer uma nova capa asfáltica. Isso vai ocorrer com o novo recapeamento.
Rodrigo Hirose – A prefeitura aposta muito na conclusão das obras, tanto nos impactos políticos quanto na administração. Para entregar bem a gestão, o prefeito precisa concluir essas obras. Como a prefeitura tem acompanhado as construções para que os cronogramas sejam seguidos e as obras sejam entregues dentro do prazo previsto?
Se fizermos uma análise de todas as obras que estão paradas nos municípios brasileiros, quais são os motivos levam uma construção a ser paralisada? O primeiro é o não pagamento. Se não pagar, a obra vai parar. A possibilidade é quase zero. Houve um planejamento financeiro para que pudessem ser contratadas as obras que estão em andamento. Foi feito um planejamento para garantir o pagamento em dia.
A segunda coisa que pode levar uma obra a paralisar é a irresponsabilidade da empresa que assume a obra, que, de forma irresponsável, mergulha nas licitações com preços que depois não terá condição de cumprir. O empresário quer fazer pressão no gestor para abandonar a obras ou fazer aditivo.
Sabendo que isso pode ocorrer, o prefeito assinou um decreto [Decreto número 2.271, de 17 de setembro de 2019] onde fica estabelecido o parâmetro do que será feito se uma obra parar quando a causa for dada pelo empresário que alegar não conseguir tocar a obra. Hoje a Lei de Licitações já permite que se declare a empresa inidônea, suspenda até cinco anos o direito da empresa de participar de licitações. Isso não é novidade. O decreto apenas reforçou esses pontos.
A novidade estabelecida pelo decreto é que se uma empresa parar uma das obras por irresponsabilidade, o município não só vai aplicar as sanções previstas na Lei de Licitações, como vai além. O município passa, de ofício, a ter a obrigação de processar a empresa, seu proprietário, e buscar reparação de danos morais, os chamados danos morais coletivos, reparação e danos sociais.
Porque a partir do momento que se deixa de fazer uma obra pública, aquela atividade que seria desenvolvida por haver uma necessidade na sociedade deixa de acontecer. Então é preciso uma reparação do dano social. O dano moral coletivo é porque a obra, muitas vezes, traz mudança na sua vida pessoal. Desvia você do seu trajeto, traz congestionamento. Muda a sua vida. Se há uma irresponsabilidade, o cidadão comum precisa ser reparado, que é o dano moral coletivo.
Isso está no decreto do prefeito. A Procuradoria, que tem 70 procuradores, agora terá de processar os proprietários para buscar a reparação. A vida não ficará fácil para os irresponsáveis. Antes a empresa paralisava a obra, ia até a prefeitura, chorava e dependia do gestor aceitar fazer um acordo amigável. Não existe mais acordo amigável depois do decreto do Iris. Se a obra parar, o servidor responsável da pasta tem de tomar as providências. Não tem negociação.
Não adianta o empresário ir até a prefeitura. Vai ter de cumprir o rito, responder a processo. Se tiver má fé e danos que comprovem maquiagem na obra, material de qualidade abaixo da licitada, haverá queixa-crime. Denúncia criminal que poderá levar à prisão dos empresários que agirem dessa forma. Sabendo que estávamos lançando tantas obras, acendeu a luz amarela com essa preocupação.
Iris, que é muito experiente, se antecipou e mandou um recado para o mercado: “Muita responsabilidade na hora de vir ganhar uma licitação da prefeitura. Porque se você for irresponsável, nós vamos cobrar de você essa irresponsabilidade”.
Quando uma empresa entra em uma licitação da prefeitura, o responsável pela proposta tem de pensar duas ou três vezes se de fato é aquilo mesmo que ele propõe.
Rodrigo Hirose – Uma das críticas que ouvimos muito é o fato de a prefeitura ter iniciado uma quantidade muito grande de obras ao mesmo tempo. Não seria possível concluir a trincheira da Rua 90 antes de começar a obra do viaduto da Avenida Jamel Cecílio?
Se fizermos isso, cada prefeito teria direito a fazer só duas obras por mandato. Porque uma obra dessa dura dois anos. Isso limitaria a ação do prefeito. As pessoas que falam isso partem de uma simplicidade excessiva. Vivemos em uma sociedade que tem pressa. As necessidades são tamanhas que quando alguém resolver fazer alguma coisa não tem de ser motivo de crítica. Tem de ser motivo de louvor. Porque ninguém faz nada.
Tanto é que existem carências. Pelo fato de fazer o viaduto da Jamel Cecílio, será que não precisaria ser feita uma intervenção na 115? Não precisaria de uma intervenção na Avenida E com a Jamel Cecílio? Não precisaria de uma intervenção na Emílio Póvoa com a Avenida E e a 2ª Radial no Setor Pedro Ludovico? São inúmeras obras que precisam ser feitas na cidade. São muitas obras ou poucas? Depende.
Se compararmos com o que é feito geralmente nas administrações, é muita obra. Se compararmos com a demanda da cidade, é quase nada. De qual ponto de vista seria muito ou pouco? As demandas que temos na cidade demandariam 50 vezes o número de obras que estamos fazendo hoje. A demanda é muita, mas não tem dinheiro nem condição para que sejam todas feitas.
Quando tempo vamos andar em ruas esburacadas esperando acabar o viaduto para poder recapear a cidade? Se não tem recurso, não tem como mesmo fazer. Mas se tem, vamos ficar esperando? A obra pode demorar muito tempo, mas fica anos e anos beneficiando a população. Temos demandas para ontem de transformar essa cidade. É um processo.
Augusto Diniz – O transtorno da obra é inevitável. A percepção que muitos têm é de que a maior parte das obras tem como prioridade o transporte individual. Além do BRT Norte-Sul, quais são as intervenções que a prefeitura faz que beneficiam o transporte público e os outros modais?
Não aceito isso como sendo uma verdade absoluta. As pessoas que dizem isso sabem quanto será gasto no BRT? Mais de R$ 200 milhões. Quanto é a obra da Avenida Leste-Oeste? Mais de R$ 30 milhões. Também vai passar ônibus. Será que vai melhorar a vida do transporte coletivo? Mas vamos supor que não passe. Quanto é o viaduto da Jamel Cecílio? R$ 26 milhões. Quanto é a trincheira da 90? É um trincheira feita para ônibus, não é voltada para os carros. É uma sequência do BRT.
Qual outra obra da prefeitura em andamento está demonstrada que existe uma prioridade para o veículo individual e não ao coletivo? Faltam ainda mais de R$ 150 milhões em investimento para empatar com o veículo coletivo em detrimento do veículo individual. Veja que as pessoas falam, e já escutei isso, mas sem pensar. Falam sem conhecimento de causa. Falam pela necessidade que têm de criticar, de diminuir os outros para que possam crescer.
São coisas de adversários que não têm qualidade nenhuma, que não têm o que mostrar. Precisam diminuir o outro para poder se colocar em posição de igualdade. Mas caem no ridículo. Ao fazer uma afirmação como essa, caem no ridículo. Temos aqui um BRT, que é todo investido no modal de transporte coletivo, na melhoria do transporte de massa. De mais de R$ 200 milhões. Não conseguiram chegar nem em R$ 100 milhões no que dizem ser investimento para o carro individual.
Não tem muito nexo. Quem prega isso está tentando arrumar um discurso para ser candidato a prefeito ou qualquer outra coisa. E não conseguem comprovar o que dizem.
“Saúde de Goiânia em 2005 tinha 3,5 mil funcionários e uma folha de pagamento de R$ 5,5 milhões. 14 anos depois, a saúde tem 12 mil funcionários e uma folha de R$ 40 milhões por mês”

Augusto Diniz – A prefeitura começa a retomar a política de implantação dos corredores de ônibus. O primeiro é o da Avenida T-7.
Que está sendo concluído.
Augusto Diniz – Quais são os outros corredores que estão previstos?
Estão previstos o corredor 85, o corredor T-63, o corredor Independência e o corredor 24 de Outubro, todos com licitações abertas para projetos. Neste momento, há a previsão desses quatro novos corredores que beneficiam o transporte coletivo. Vamos somar os mais de R$ 200 milhões do BRT Norte-Sul a mais R$ 75 milhões previstos para os quatro corredores em investimentos no transporte coletivo.
Dessa forma, os motoristas de carro individual vão fazer protesto na prefeitura para que seja dada uma atençãozinha para eles. Proporcionalmente, há um investimento em transporte de massa e não sobra quase nada para o transporte individual. E quem usa o transporte particular também tem o direito de reivindicar o investimento. “Eu não ando de coletivo, eu uso o transporte individual, quero o individual.”
Quem disse que o coletivo tem primazia em requerer investimento? Todos nós que pagamos impostos temos direito de reivindicar investimentos naquilo que entendemos que nos beneficia. Afinal de contas, todos somos iguais perante a lei. Neste momento, a gestão trouxe obras que verdadeiramente beneficiam muito mais o transporte coletivo do que propriamente o transporte individual.
Rodrigo Hirose – E o projeto das ciclovias, que foi iniciado pelo ex-prefeito Paulo Garcia, a gestão Iris pretende investir algo nessa área?
Pretender nós pretendemos. Só que para fazer mais obras na cidade, precisamos de recurso. Já foi feito um grande investimento nos últimos quatro anos. Proporcionalmente ao que tinha, foi feito muito. Tem muita obra para ser feita? Inúmeras. Mas agora precisamos também dar atenção às outras áreas. Neste momento, não temos condição de avançar nas ciclovias.
Pode ser que em um próximo mandato essa política pública avance. Mas, neste momento, precisamos concluir as obras que foram iniciadas e as que foram elencadas como prioridade. As ciclovias fazem parte do Plano Diretor, mas os corredores de ônibus também fazem parte. São R$ 75 milhões previstos em investimentos nos corredores.
Rodrigo Hirose – São corredores preferenciais ou exclusivos?
Corredores preferenciais. Mas que já mudam muito a vida do ônibus porque melhoram todas as calçadas. Todo o trecho dos dois lados da avenida as calçadas são niveladas. Não há mais problema de desnível. Outro problema é o de drenagem. As calçadas refeitas dos dois lados de uma via vêm com piso acessível, obras de drenagem para evitar alagamento quando chove.
Resolve o problema do transporte coletivo ao dar certa prioridade com o corredor preferencial. A requalificação do corredor traz outros benefícios que não só direcionados ao ônibus.
Não tivemos como começar na gestão que se encerra no final do ano que vem, mas vamos deixar os projetos licitados para que possamos assinar as ordens de serviços a partir do meio de 2020, desde que tenhamos dinheiro no caixa.
De acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal, o segundo quadriênio, que antecede o final do mandato, a gestão pública só pode estabelecer contratos de obras com o dinheiro disponível em caixa para a próxima administração. Temos senso de responsabilidade e vamos seguir isso à risca.
Augusto Diniz – Há a informação de que um comércio no traçado do corredor preferencial da T-7 judicializou a padronização da calçada. Prefeitura tem negociado para tentar agilizar o problema e se chegue a uma solução que não no Poder Judiciário?
Não tenho conhecimento sobre isso. A obrigação de fazer a calçada é do dono do imóvel em frente àquela calçada. Isso não quer dizer que a calçada é uma área privada. É uma área pública. E quem decide sobre as questões de áreas públicas é o município.
Judicializar é de todo mundo que se sente prejudicado em algo ou entenda que tenha um direito, mesmo que a maioria das pessoas entenda que essa pessoa não tem. Não questionamos quem judicializa. Cabe à prefeitura fazer sua defesa na Justiça.
Augusto Diniz – A Saúde é uma secretaria que vem desde o primeiro ano da gestão como o grande problema da prefeitura. Membros da CEI da Saúde pediram a mudança da secretária, Mas o prefeito disse que confia no trabalho de Fátima Mrué. O que a prefeitura vê que ainda precisa ser resolvido na saúde?
Houve grande evolução. Nos quase três anos de gestão, quase todos os Cais foram reformados. Aquela questão das cadeiras quebradas, do aspecto ruim, vi de perto na inauguração da reforma do Cais do Jardim Novo Mundo que tem mudado. A reforma que ainda falta é a do Cais Nova Era, onde o prefeito esteve assinou a ordem de serviço da obra. É o último Cais.
Muitas gestões passam dois a três anos sem passar uma lata de tinta nas unidades. Praticamente todos os postos de saúde do município de Goiânia já passaram por processo de reforma. As necessidades existentes, e são crescentes, mostram que melhoramos algo e aparece uma nova demanda que exige investimento. Isso é comum na área da saúde.
No começo a saúde estava muito ruim. Se era no começo, significa que a gestão recebeu a saúde ruim. Ou você vai dizer que até o dia 31 de dezembro de 2016 a saúde estava linda, ótima, maravilhosa, de repente a nova gestão assumiu e a saúde ficou ruim? Não. Já vinha ruim. A gestão que assumiu veio para tentar resolver o que a outra administração não deu conta e entregou com serviço péssimo.
A situação encontrada era de folha de pagamento atrasada, funcionário sem receber. Foi assim que a gestão recebeu a saúde. O que as pessoas às vezes não entendem – e não têm de entender, compreendemos isso – é que a situação vem ruim há muito tempo. Foi por isso que a cidade trocou o grupo político, elegeu outras pessoas. A população estava insatisfeita com quem estava antes no cargo.
Também é normal que uma gestão que vem dando certo, as pesquisas mostram que a administração hoje tem um respaldo da cidade e aprovação dos moradores, é natural que todas as áreas que estavam ruins melhorem. E a saúde vem melhorando nesse processo. É uma situação que vem em um processo de melhoria, como todos estão vendo.
“Requalificação do corredor traz outros benefícios que não só direcionados ao ônibus”

Euler de França Belém – A saúde é o calcanhar de Aquiles do Iris em Goiânia?
Cada vez que você melhora uma coisa, há uma migração do sistema particular para o sistema público. Quando melhora o serviço e alguém é bem atendido, a pessoa propaga isso. Aquele que neste mês não conseguiu pagar o plano de saúde vai procurar a saúde pública porque ouviu dizer que está bom o atendimento. É sempre uma demanda crescente.
A gestão melhora, mas sempre tem de resolver o problema para poder conseguir atender a demanda, que o sistema não suporta. Na saúde houve uma melhora significativa a ponto de quase todas as unidades de saúde no município de Goiânia em quase três anos terem passado por reforma. Reformamos o Cais Novo Mundo, abrimos o Cais Urias Magalhães, que estava há quatro anos fechado.
A administração anterior começou uma reforma no Cais Urias Magalhães, fechou a unidade e deixou a obra abandonada. Com sete meses de mandato, abrimos novamente a unidade, entregamos novamente o equipamento para a sociedade.
Euler de França Belém – Não é estranho que parte dos goianos estejam procurando atendimento em Aparecida de Goiânia?
Entendo essa situação e vejo que há uma migração dos dois lados por questões de comodidade para Aparecida e para Goiânia. Quando falamos que parte dos pacientes estão migrando para Aparecida, é só pegarmos as estatísticas de quantos pacientes de Aparecida atendemos aqui quantos Aparecida atende de Goiânia. Isso não se consolida como verdade.
Em uma cidade como Goiânia, que são três Aparecidas em tamanho, quantas pessoas vão se deslocar da Região Noroeste para receber atendimento no Cais Nova Era, em Aparecida. A não ser que tenha uma pessoa que mora no Parque Amazônia e, por questão de comodidade, resolve procurar o Cais achando que tudo é serviço público. Numericamente, se fizermos os encontros que são feitos na saúde de quem foi atendido em cada cidade, isso não vai se comprovar.
Euler de França Belém – Por que a maioria das capitais tem hospital municipal e Goiânia não tem?
Primeiro porque a maioria das capitais tem hospital municipal, mas garanto que você não quer ficar internado em uma dessas unidades. Se os que existem são reprovados no atendimento, não é vantagem nenhuma. Pra que ter algo que na sua essência é reprovado pela população? O que precisamos ter são bons hospitais conveniados e que o Estado cumpra com sua parte.
Muitos dos hospitais existentes são unidades construídas pelo Estado. Não é só o município que tem responsabilidade com saúde. O município de Goiânia tem uma obrigação constitucional de investir 15% do orçamento em saúde, mas chega a investir 22%.
Euler de França Belém – Mas a imagem da saúde em Goiânia é boa por causa do Hugo, Hugol, Crer, HGG, HDT. Não é pelos postos de saúde da prefeitura.
Vamos comparar quantos atendimentos são feitos por dia? Cada um no seu quadrado. Vá ao Hugol com um machucado no dedo, uma dor de garganta, e veja se vão lhe atender? Não vão. Não é unidade de porta aberta. Não digo que isso está errado. São unidades que fazem o papel delas. Nós temos de fazer o que é nosso. O Programa Saúde da Família e suas equipes, os postos de saúde.
Se você juntas todos os hospitais citados, não atendem nem 30% do que recebemos de pacientes todos os dias. Quantas pessoas você acha que estão na porta de um posto de saúde de Goiânia todo dia? Nem se compara!
A saúde de Goiânia em 2005 tinha 3,5 mil funcionários e uma folha de pagamento de R$ 5,5 milhões. 14 anos depois, a saúde tem 12 mil funcionários e uma folha de R$ 40 milhões por mês. A saúde tem 22% do orçamento municipal. Do ponto de vista de obrigação, o prefeito deveria aplicar 15% do orçamento.
Euler de França Belém – Mas recebe verba federal para isso.
15% é da verba municipal. 22% é recurso da prefeitura. Quando disse que é constitucional, a prefeitura é obrigada a investir 15% do que o município arrecada. Não tem nada a ver com verba federal. Tem a ver com o que é gasto do dinheiro da prefeitura. Por que se gasta 22% se a obrigação era 15%? Porque tem necessidade e porque é prioridade no nosso governo, para o prefeito Iris.
Se todo mundo for utilizar o sistema, qual prefeitura consegue bancar? Existem responsabilidades constitucionais. O Estado investiu nos últimos anos os 12% de sua obrigação? Não. Busque os balancetes no Tribunal de Contas do Estado (TCE). Não investiu os 12% que tinha de investir no Estado de Goiás nos últimos 20 anos.
“Para aqueles que não gostam ou não entendem de construção, o modular é o mundo”

Euler de França Belém – Qual é o questionamento a respeito das escolas de contêiner?
As escolas modulares? Não são salas de contêiner. Quando falamos de contêiner, lembramos do contêiner marítimo, que não é o que a prefeitura utiliza. Os que são utilizados são salas de aula modulares.
Para aqueles que não gostam ou não entendem de construção, o modular é o mundo. Quem não está no modular está fora do mundo. Não existirá mais construção em modelo convencional no mundo. Se quiser ver, só viajar aos países de primeiro mundo para verificar o que é modular. Ter escola modular é se adequar à realidade do primeiro mundo.
Ser modular significa economia de recurso, agilidade, resolver o problema. Qual é o problema? Necessidade de vagas em salas para nossos alunos. A sala modular, quando instalada em uma escola, tem briga. Pode escolher a escola. Qualquer uma que receber uma sala modular amanhã, a preferência geral dos alunos é por estudar na sala modular.
já vem com ar condicionado, clara, com uma parede que não pega fogo. Você pode usar um maçarico e tentar colocar fogo na sala que não vai conseguir.
Euler de França Belém – Mas como pegou fogo no Centro de Treinamento do Flamengo, no Rio?
Eu não sei qual o material foi utilizado lá. Conheço a sala modular usada em Goiânia. O da nossa cidade eu entrego a você um maçarico e lhe desafio a pôr fogo. Reúna a imprensa e peça para colocar fogo. A sala modular é o que existe de mais moderno. Se dependesse de mim, não utilizaríamos mais uma sala de tijolo em Goiânia. 100% seria modular.
Euler de França Belém – O que Ana Paula Rezende, filha do Iris, faz na prefeitura? Dizem que Ana Paula e Dona Íris estão todo dia no Paço. Isso é verdade?
Ana Paula é filha do prefeito. Não é funcionária da prefeitura, não ganha um centavo da prefeitura. Se você é filho de uma figura pública, as pessoas vão lhe procurar. Não tem acesso à pessoa pública? A pessoa pública tem todo um staff, toda uma agenda e um monte de compromissos. Acaba sendo mais difícil ter acesso à pessoa pública.
Quando a pessoa pública tem um parente que é acessível, educado e trata bem, todo mundo o procura. Imagino que Ana Paula recebe mil ligações por ser filha do prefeito. É uma pessoa próxima do prefeito, mas quem decide é o Iris. Ana Paula pode ser, de forma informal, uma conselheira. É natural que o filho e o parente escutem na rua e comentem “estou ouvindo isso”, mas dizer que tem vínculo com a prefeitura não é possível.
Euler de França Belém – Iris de fato é quem manda na prefeitura?
Iris foi eleito para ser o gestor. O prefeito não passa procuração. Ele assume as responsabilidades.
Euler de França Belém – Dizem que Iris é um gestor que tem autoridade por saber chamar atenção. Puxa a orelha com elegância e firmeza. Procede?
Sim. O prefeito é um homem muito educado. Na maioria das vezes, Iris, ao chamar a atenção de um secretário, o prefeito o faz de forma reservada, em particular. Não quer dizer que Iris não chama a atenção. Chama muito. O homem que é centralizador, que sabe que o nome, a imagem e a reputação dele estão ali, não deixa um secretário estragar o governo.
Não vai permitir. Quando vê que alguém está fora do prumo, chama na sala do prefeito, fecha a porta, não deixa ninguém participar e devagarzinho organiza a coisa. Também é um homem muito carinhoso com os secretários. Não é isso de só porque ele manda não. Iris é brincalhão.
Toda vez que chego, Iris brinca comigo por causa do crachá. O crachá tem uma cordinha que puxa. Iris fala “e esse crachá aqui?”. O prefeito brinca com a história do crachá e eu respondo que na secretaria todo mundo usa crachá. E o exemplo vem de cima. Também uso o meu. Onde estou trabalhando fico com a minha identificação, o meu crachá.
Você chega na prefeitura, tanta gente entrando e saindo, você não sabe quem trabalha no Paço. E às vezes o prefeito puxa a cordinha do meu crachá. O que faz o Iris ser especial é que o prefeito é gente igualzinho a gente. Mesmo ocupando um cargo de tamanha importância, Iris consegue ser tão carismático. Consegue ser o ímã que todos queiram a atenção dele. Iris não é um homem que tem vaidade pelo cargo. Iris é o que ele é.
“O que faz o Iris ser especial é que o prefeito é gente igualzinho a gente”

Euler de França Belém – Iris conhece as pessoas pelo nome?
Conhece pelo nome, sabe a história da família. “Você é filho de quem? Seu pai, nós tivemos um episódio juntos.” As pessoas saem de lá emocionadas. Porque às vezes o pai até já faleceu e Iris conta para a pessoa uma história que viveu com o pai daquela pessoa. A pessoa sai chorando do gabinete. As pessoas vão ao gabinete do prefeito e saem impressionadas.
O tratamento é o mesmo da pessoa que o prefeito encontra no mutirão e diz “Iris, preciso falar com você”. A pessoa está de sandália Havaianas e o prefeito diz para a pessoa ir ao gabinete. Iris recebe igual a um ministro que vem a Goiânia. Digo isso porque sou testemunha das duas situações. Todo mundo sai encantado de uma conversa com o prefeito.
Euler de França Belém – A relação com o governador Ronaldo Caiado é política ou só administrativa?
É uma relação administrativa, o que não quer dizer que o prefeito Iris Rezende não tenha um respeito e uma consideração pela pessoa do governador Ronaldo Caiado. Tem um gesto de carinho com o governador. Mas, acima de tudo, o respeito administrativo. O carinho e o respeito não vão mudar nada. Não farão com que o que precise ser feito administrativamente deixe de ser feito.
Amigos amigos, administração é administração. Tudo que for direito de Goiânia e necessidade da cidade, continua sendo cobrado.
Rodrigo Hirose – Qual é o tamanho da folha de pagamento hoje e qual é o comprometimento da receita corrente líquida?
A folha de pagamento bruta de setembro ficou em R$ 232 milhões. Isso dá entre 47% e 48% da receita. Depende da arrecadação do mês.
Rodrigo Hirose – O governo Caiado envia nos próximos dias à Assembleia Legislativa a proposta de Reforma da Previdência do Estado. Uma das solicitações dos prefeitos foi a inclusão de parte dos municípios no texto. A Prefeitura de Goiânia tem interesse em ser incluída no pacote de mudanças previdenciárias? Existe déficit no Instituto de Previdência da capital?
Euler de França Belém – O trabalho do Silvio Fernandes na Previdência foi eficiente?
Foi muito bom o trabalho do Silvio. Trabalhou com uma equipe que veio de Brasília e ajudou a assessorar no processo de requalificação da Previdência municipal. Goiânia já fez a sua reforma previdenciária e foi elogiada no Fórum Nacional das Secretarias de Administração das Capitais.
No Fórum estava um representante da Secretaria de Previdência do Ministério da Economia. Quando entrou no assunto da Previdência, o secretário, na oportunidade, na presença de todos os secretários de Administração das capitais, disse para procurarem Goiânia, que teria feito o melhor plano de reforma previdenciária do Brasil entre as capitais brasileiras.
Todos os colegas secretários queriam cópia do plano de Goiânia. Hoje a Secretaria de Previdência do Ministério recomenda o modelo mais apropriado de reforma previdenciária municipal é o que foi feito em Goiânia.
Foi um trabalho liderado pelo presidente do Ipasgo [Instituto de Assistência dos Servidores Públicos do Estado de Goiás], Silvio Fernandes, junto com a consultoria contratada, o que trouxe uma sensação de alívio para amanhã pagar a Previdência dos servidores, para que os servidores amanhã não sejam penalizados por não ter, que é o que pode ocorrer com muitas capitais.
Se os municípios não aprovarem suas reformas previdenciárias, vão entrar em dissolvência. Isso é claro. Haverá choro e ranger de dentes. É melhor fazer agora de forma planejada do que tentar salvar a pátria de forma desorganizada.
Rodrigo Hirose – Por que a prefeitura resolveu tirar alguns atendimentos que eram feitos nas unidades do Vapt Vupt e concentrar no Atende Fácil? Isso não diminui os pontos de atendimento e dificulta o acesso às pessoas que precisam dos serviços da gestão?
A prefeitura começou a investir nas unidades do Atende Fácil. E tudo tem custo. Precisa contratar pessoal. Há uma logística envolvida. Foi uma decisão da Secretaria de Finanças a oferta dos atendimentos e serviços nos postos do Atende Fácil. E muitos serviços migraram para a internet. Melhor do que a pessoa ir a um Vapt Vupt é poder nem sair de casa.
Nosso foco é trazer praticamente todos os serviços que a sociedade carece da Prefeitura de Goiânia para a via digital. Quando a pessoa não precisa se deslocar, ajuda no problema do trânsito, no tempo que a pessoa gasta com deslocamento, no custo que a pessoa tem. Não justifica criar tanto atendimento físico quando é possível trazer para o sistema digital.
É muito mais cômodo, rápido e ágil para as pessoas. A prefeitura também enveredou pelo caminho do atendimento digital iniciado na família Fácil, na Seplanh, de todos os serviços que eram requisitados e que hoje você nem sai da sua casa. Se paga até a taxa sem sair de casa. Pouco mais de uma hora depois do pagamento é feita a compensação e o documento pode ser emitido.
É uma tendência que os atendimentos físicos diminuam. E a prefeitura já entendeu isso.