Candidato do PTB à Prefeitura de uma das maiores cidades de Goiás diz ter superado problemas na Justiça e que está pronto para governar novamente

Foto: Fernando Leite/Jornal Opção
Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

Zé Gomes, como é co­nhe­cido o ex-prefeito de Itumbiara e ex-de­pu­tado José Gomes da Ro­cha, é candidato novamente. O fato surpreendeu a muitos, visto que o petebista era apontado como inelegível, por responder a processos de improbidade administrativa. Porém, ele diz ter conseguido provar sua inocência na Justiça, o que o permite disputar a eleição deste ano.

Nesta entrevista ao Jornal Opção, concedida no dia 18 de agosto, o ex-prefeito faz duras críticas à legislação, sobretudo à Lei da Ficha Limpa, que “atrapalha” o trabalho de muitos prefeitos pelo país. “90% dos prefeitos de Goiás respondem a processos de improbidade administrativa. Isso é muito ruim para nós prefeitos. É preciso esclarecer quem é o bom e quem é o mau político. Não se pode colocar no mesmo plano um prefeito que rouba todo o dinheiro da merenda escolar e um prefeito que autoriza uma Kombi a transportar cidadãos num domingo para ver um jogo de futebol”, relata.

Sobre a campanha, Zé Gomes diz estar animado com a disputa e relata que já traça as prioridades para seu terceiro governo. “Me sinto mais preparado e não vou ter o sofrimento de pagar R$ 70 milhões de dívida, como tive que fazer nos dois primeiros governos, porque Chico Balla vai me entregar uma Prefeitura ‘redonda’. Então, agora chegou a hora de continuar o processo de industrialização em Itumbiara, já que a infraestrutura de saneamento básico está toda completa”, diz.

Apontado como nome forte para vencer a eleição de outubro, Zé Gomes relembra que obteve mais de 60% dos votos em 2004, mais de 80% em 2008 e que deixou a Prefeitura com uma avaliação de 90,9% de ótimo e bom. “Ninguém sai de uma Prefeitura com uma avaliação assim e é considerado o melhor prefeito da história da cidade, um dos melhores de Goiás e com vários títulos no Brasil, sem trabalhar. Agora farei mais.”

Euler de França Belém – A pergunta que todos fazem é: o sr. pode ser candidato?

Na verdade, eu nunca estive inelegível. Para estar inelegível, não basta a pessoa ser condenada em processo de improbidade administrativa; cumulativamente, também deve ter condenação em outros pontos, principalmente o que diz respeito ao enriquecimento ilícito. E eu nunca fui condenado por enriquecimento ilícito. O presidente do STF [Supremo Tribunal Federal], Gilmar Mendes, afirmou que as pessoas deveriam estar bêbadas quando fizeram a Lei da Ficha Limpa. Os parlamentares brasileiros precisam definir o que é improbidade e o que é ficha limpa. Ora, um prefeito que desviou dinheiro da saúde, ou da merenda escolar, é ficha suja; um prefeito que cometeu deslizes, como nota clonada ou não repassar o dinheiro da Câmara Municipal, é logicamente ficha suja. Agora, declarar ficha suja um prefeito que usou uma Kombi para levar uma folia de reis, que é uma festa cultural, e uma congada, é um exagero. Na atualidade se fala muito de moralidade, então é preciso esclarecer quem é o bom e o mau político.

Se eu obtive 66% dos votos para prefeito em uma eleição e, em seguida, tive 85% dos votos na outra eleição, e saí com uma aprovação, segundo o instituto de pesquisa Serpes, de 90,9% de ótimo e bom, eu serei condenado por improbidade só porque autorizei uma Kombi a transportar alguns torcedores do Itumbiara Esporte Clube, num domingo, dando a eles o direito de lazer? É preciso definir. Não se pode colocar no mesmo plano alguém assim com um cidadão que rouba todo o dinheiro da merenda escolar. Então, ultimamente, o STJ [Supremo Tribunal de Justiça] e o STE [Supremo Tribunal Eleitoral] têm olhado isso. Eu pergunto: alguém acha que 90% dos prefeitos de Goiás não respondem a processos de improbidade administrativa? Isso é muito ruim para nós prefeitos.

eu lancei gugu nader a vereador e o apoiei em  sua reeleição. nossa separação foi uma ilha, mas nos reencontramos. somos uma dupla alegre e trabalhadora” | Foto:  Fernando Leite/Jornal Opção
“Eu lancei gugu nader a vereador e o apoiei em sua reeleição. nossa separação foi uma ilha, mas nos reencontramos. somos uma dupla alegre e trabalhadora” | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

Euler de França Belém – O sr. é candidato em dobradinha com Gugu Nader (PSB), que era seu adversário. Como foi feita essa composição?

Na verdade, eu vejo isso como uma ilha. Nós viemos da mesma água e nos separamos diante de uma ilha e agora nos reencontramos. Sou compadre do pai de Gugu; Nadir Nader é padrinho da minha filha e eu sou padrinho dos filhos de Nadir, irmãos do Gugu. Eu o lancei a vereador e o apoiei em sua reeleição. Em um determinado momento, ele foi buscar o próprio espaço; é carismático e vem de três eleições consecutivas com uma média de 18 mil votos. Como nunca houve agressões por nenhuma das duas partes, e como as famílias são muito próximas, agora nos reencontramos e não tivemos nenhuma dificuldade em compor, mesmo porque Itumbiara queria essa união, por entender que nós representamos aquilo que o povo quer. Somos uma dupla alegre, que trabalha e produz.

Euler de França Belém – Por que Chico Balla (PTB) não foi à reeleição? Geralmente, prefeitos bem avaliados são candidatos naturais.

Chico é um engenheiro, formado no Rio de Janeiro; foi diretor da Agetop [Agência Goiana de Trans­portes e Obras] e foi meu vice-prefeito por duas vezes. Me ajudou muito na administração e vem duas famílias muito tradicionais em Itumbiara. Chico Balla é um presente. Ele administrou Itumbiara durante a maior crise financeira já vivida pelo país e, mesmo assim, manteve a folha salarial em dia, deu sequências às obras iniciadas por mim e fez novas obras. Além disso, é muito elegante e ético. Ele sempre disse que, caso eu tivesse o desejo de ser prefeito de Itumbiara mais uma vez, ele teria honra em me apoiar. Então, foi um parto normal.

Euler de França Belém – O sr. não fez pressão?

Nenhuma. Chico é meu amigo e será o coordenador da nossa campanha.

Euler de França Belém – E ele será candidato a deputado estadual na próxima eleição?

Nunca conversamos sobre o futuro, que está tão distante.

Euler de França Belém – E o deputado estadual Zé Antônio (PTB) vai a federal?

Podem escrever: Zé Antônio é um dos moços que dará alegrias a Goiás, pela grandeza, pela humildade e poderá ser deputado federal ou estadual. Sobre essa cadeira de federal eu preciso esperar para saber o que o deputado Jovair Arantes vai decidir. Eu não posso dizer que Zé Antônio será deputado federal, porque todos sabem que eu não teria coragem de abandonar meu irmão Jovair Arantes.

Marcos Nunes Carreiro – Se Chico Balla tem sido um bom prefeito, como diz o sr., porque tirá-lo da disputa para ser candidato novamente?

A política do “eu sozinho” é coisa do passado. Chico é muito criticado pelo grupo do deputado Álvaro Guimarães (PR), que é candidato. Tentaram denegrir a imagem de Chico, mas nunca conseguiram fazer uma crítica de desonestidade. Chico é muito sério e só governo com o que tem em caixa. E está certo, pois se não tivesse feito isso ele não conseguiria atender à Lei de Responsabilidade Fiscal. Nós ganharíamos a eleição com Chico também, mas o grupo se reuniu e foi o próprio Chico quem me chamou no gabinete e disse que eu era o candidato. Então, existe um respeito muito grande entre nós; razão do sucesso desse grupo que está aí há 12 anos, com tendência de ficar mais 12.

Euler de França Belém – O deputado Álvaro Guimarães tem feito críticas com certa aspereza ao sr. e ao prefeito Chico Balla. Ele também não era aliado do sr.?

Álvaro Guimarães critica muito os 12 anos da era zé-gomista, mas esteve conosco em 10 dos 12 anos. Ele nos deixou há menos de dois anos, justamente para disputar eleição de deputado estadual. Agora, vejam a ironia do destino: em reunião na casa de um grande amigo e cercado de lideranças, Álvaro fez um pronunciamento dizendo que aquela seria a última eleição que ele teria disputado. A partir daquele momento, eu fui buscar a renovação e trouxe o Zé Antônio. Na metade do caminho, Álvaro se lança candidato. Ora, o grupo já tinha feito compromisso. Porém, acho que sua candidatura enriquece o pleito do dia 2. Itumbiara terá três bons nomes: Cesinha [Pereira, PDT], que é funcionário do Banco do Brasil e foi vice-prefeito em Centralina [Minas Gerais] e se mudou para Itumbiara. Nunca tive contato com ele, mas creio que seja uma pessoa de bem; Álvaro, do PR, com apoio da deputada Magda Moffato e mais 11 partidos; e Zé Gomes da Rocha, com o apoio do deputado Jovair Arantes, de alguns ministros, do governador Marconi Perillo, do vice-governador José Eliton, da primeira-dama Valéria Perillo e mais 15 partidos.

Cezar Santos – O sr. teve problemas judiciais quando ainda era deputado federal. Como está aquela questão?

Estou liberado para ser candidato, sob liminar. Essa história tem mais ou menos 20 anos. Surgiu uma lenda, montada pelo [radialista Jorge] Kajuru, de que eu contratava os jogadores do Itumbiara Futebol Clube pela Câmara dos Deputados, isto é, os jogadores não recebiam do Itumbiara. O juiz da época me condenou sem me dar o direito de defesa, baseado nas notas de jornais, que bastariam para a condenação. O tempo passou e eu continuei a responder a um processo criminal. Na ação criminal, eu tive o direito de apresentar minhas provas, as testemunhas, e fui inocentado na primeira instância da Justiça Federal porque não houve crime. O Ministério Público, com todo o direito, recorreu ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Ali, por unanimidade, três votos a zero, mantiveram a decisão de primeiro grau, caracterizando que não houve crime. Ali provou-se que ex-jogadores — inicialmente eram 10, e depois esse número caiu para três ou quatro — tinham contrato com o Itumbiara. Mostramos os contratos, o FGTS, a declaração da Confederação Brasileira de Futebol e todos os recibos dos jogadores. Então, não é que a Câmara pagava, mas que essas pessoas tinham dupla funcionalidade. Eles trabalhavam como jogadores no Itumbiara Esporte Clube e também como meus assessores, o que o regimento interno da Câmara permitia, e permite até hoje. Por isso, entramos com uma rescisória e ganhei uma liminar suspendendo os efeitos da condenação da ação civil pública. Ou seja, o Zé Gomes não cometeu crime.

Euler de França Belém – Se o sr. for eleito prefeito pela terceira vez, qual será o diferencial de sua nova gestão?

Quando eu assumi a cidade de Itumbiara, na condição de prefeito, não tínhamos de comprar nada em qualquer lugar. Tínhamos funcionários contratados até com 14 meses de atraso. Os efetivos todos estavam se receber o 13º. Não havia um veículo, os telefones estavam cortados e não havia iluminação ou transporte escolar. As escolas estavam acabadas e a Prefeitura tinha R$ 70 milhões em dívidas, entre precatórios, comércio e tudo o mais. Nós governamos de uma maneira que, dentro de três anos, Itumbiara passou a ser uma cidade tranquila, aonde as pessoas brigavam para vender para a Prefeitura. Em todo o meu governo, nunca paguei a folha no mês subsequente. Sempre paguei dentro do mês trabalhado e o 13º na data do aniversário; em alguns momentos, instituí até o 14º salário para professores e agentes de endemias e de saúde; isso baseado no alcance de metas. Já no segundo mandato, obtivemos 85% dos votos e fizemos tudo o que uma cidade precisa ter. Itumbiara tem, por exemplo, 100% de esgoto coletado e tratado. Quando assumi, não tínhamos um litro de esgoto coletado e tratado.

A nossa captação de água era uma pocilga. Montamos um grande laboratório e reconstruímos a captação de água; hoje, a cidade tem 100% de distribuição de água, com selo de qualidade ISO 9001. Tínhamos 11 mil postes, dos quais 3 mil eram de madeira de aroeira e mais de 350 de trilho de ferro; hoje, a cidade não tem nenhum um poste de trilho ou de aroeira; e a cidade cresceu tanto, que passou de 11 mil para 18 mil postes. Além disso, tiramos todas as lâmpadas de mercúrio e colocamos vapor de sódio. Com isso, deixamos de pagar R$ 240 mil mensais de iluminação pública para pagar R$ 140 mil. Ou seja, em oito anos, buscamos o investimento de volta. Fizemos 2 bilhões de metros quadrados de asfalto CBUQ e montamos uma nova usina de asfalto quente. Compramos R$ 30 milhões em maquinários.

O transporte escolar, que não existia, passou a ser feito. Compramos 120 Kombis e 18 ônibus para atender a toda a demanda. Construímos em Itumbiara, proporcionalmente, o maior número de metros de sala de aula de toda a história. Saímos do Ideb de 3.5 para mais de 6.1, sendo que o Ideb chega a 7 em países desenvolvidos. Climatizamos todas as salas de aula em Itumbiara. Construímos o maior colégio do estado, a Escola Zé Gomes, com coliseu, ginásio de esportes, piscina olímpica, lago, todas as frutas do cerrado, 32 salas de aula, praça de brinquedos, além de laboratórios de informática e de ciência e um teatro para 1.200 pessoas sentadas. É o único teatro de Itumbiara. Mas não foi essa escola; na cidade, hoje, não tem uma criança fora da sala de aula ou de Cmeis. Quer dizer, Itumbiara passou a ser uma cidade diferente.

Investimos muito na saúde. Construímos quatro clínicas populares com dinheiro próprio. Abastecemos os 13 PSFs que existiam. Compramos de ma­mógrafo, que a cidade não tinha, a tomógrafo. UTIs móveis e tudo o mais. Ninguém sai de uma Prefeitura com 90,9% de ótimo e bom e é considerado o melhor prefeito da história da cidade, um dos melhores de Goiás e com vários títulos no Brasil, sem trabalhar. E eu só trabalhei porque eu sabia que tinha que ser diferente; e eu tinha a vontade de fazer.

Euler de França Belém – E de onde saiu o dinheiro para todas essas obras?

Trabalho, dedicação, governo federal e governo estadual. Isso se chama competência. É saber buscar o recurso, apresentar projeto e acompanhar. Fazer o dinheiro render. Prefeito tem que administrar como se fosse mulher; o dinheiro dele tem que render.

“Vou construir o mais moderno hospital municipal do País”

Cezar Santos – Mas o sr. não respondeu: qual será o diferencial da nova gestão, caso seja eleito?

Me sinto mais preparado e não vou ter o sofrimento de pagar R$ 70 mi­lhões de dívida, como tive que fazer nos dois primeiros governos, porque Chico Balla vai me entregar uma Prefeitura “redonda”. Então, agora chegou a hora de continuar o processo de industrialização em Itumbiara, já que a infraestrutura de saneamento básico está toda completa. Cabe a mim edificar a faculdade de medicina na cidade, que já está aprovada pelo governo federal. Será uma faculdade privada, feita através de chamamento.

Também faremos o mais moderno hospital municipal do Brasil. A maquete já está, inclusive, pronta. O projeto faz parte do nosso programa de governo. Quero recapear 1,5 milhão de asfalto e construir mais 50 quilômetros de galerias. Vou construir a Perimetral Norte, de 14 quilômetros, da BR-153 à Ave­ni­da Modesto de Carvalho, que é uma a­ve­nida comercial muito importante. Quero construir 3 mil casas. Na condição de prefeito, construí mais de 4.500 casas na cidade. Propor­cionalmente, sou o prefeito que mais construiu casas em Goiás.

Levei o Instituto Técnico Federal para Itumbiara. Além disso, construímos, 50% Zé Gomes e 50% governo de Goiás, o prédio próprio da Universidade Estadual de Goiás (UEG). Fizemos isso porque eu penso que, se investirmos na educação, poderemos melhorar a qualidade de vida, o padrão das pessoas e o comportamento da sociedade. Uma pessoa educada até adoece menos. Para a saúde, também fizemos algo fundamental: eliminamos todas as fossas sépticas de Itumbiara, que contaminavam as cisternas, das quais as pessoas tiravam água para consumo e para aguar suas plantas. Isso diminuiu também o número de crianças na rede pública de saúde.

Fotos: Fernando Leite/Jornal Opção
Fotos: Fernando Leite/Jornal Opção

Cezar Santos – O fato de Itumbiara ser um polo de atração de pessoas não gera uma pressão pela demanda de serviços na cidade?

Quando eu assumi, Itumbiara tinha três favelas. Nós negociamos com os moradores, construímos conjuntos habitacionais, fizemos um trabalho social muito interessante. Humani­zamos esses conjuntos habitacionais e, hoje, Itumbiara não tem nenhuma favela. Itumbiara não joga um litro de esgoto não tratado em seus mananciais, nem no nosso caudaloso Rio Paranaíba. Em Itum­biara, só não trabalha quem não quer, porque hoje temos as grandes empresas do mundo em Itumbiara.

Nós temos a bandeira britânica, que está representada pela British Pe­troleum, a BP, uma grande empresa que dá quase 2 mil empregos, produzindo açúcar, etanol e energia elétrica através de sua cogeradora. Nós temos a bandeira francesa, temos empresas americanas, como a Pioneer e a Cargill, na produção de manteiga hidrogenada e sementes. Temos uma empresa japonesa que não está em funcionamento, mas já deu baixa na Junta Comercial, que é a montadora da Suzuki. Ela está instalada em Itumbiara — paralisou a sua linha em Catalão por questões da crise automobilística internacional.

As empresas gigantes brasileiras também estão lá. A maior empresa de alimentos do Brasil é a Caramuru e ela está em Itumbiara. A maior fábrica de geradores do Brasil e da América do Sul está em Itumbiara, que é a Stemac. Foi aprovado e já está em andamento a construção da Heineken Cerve­jaria, que vai mudar também o comportamento de Itumbiara.

Na exportação de couro, uma das maiores do Brasil, a antiga Braspel, que é a JBS, está em Itumbiara com mais de 1,2 mil empregos. Na área do agronegócio, nós temos a Usina Panorama, do grande empresário José Mendonça, que dá mais de 1 mil empregos também no município. O nosso comércio é muito forte. As nossas faculdades. Nós temos a Ulbra, a UEG, Ifasc e também temos o ensino à distância com a Anhanguera e com a Unopar.

Nós somos uma cidade grande. Agora nós queremos crescer com qualidade de vida, eu não quero inchar. Que o morador de Itumbiara tenha prazer de morar em Itumbiara. Nós temos um presídio a 15 quilômetros da cidade. Nós temos vários hospitais, nós temos a Unimed, o Santa Maria, vários laboratórios, hospital municipal, um Samu avançado. E agora queremos construir o melhor e mais completo hospital municipal do Brasil. Essa é a minha bandeira.

Cezar Santos – Quem chega à cidade tem emprego, tem condições de ser bem acolhido?

Itumbiara é uma cidade gostosa para se viver, em que o povo vive feliz. Nós temos dois pontos que precisam ser trabalhados: o primeiro é a questão da violência, que não é um privilégio nosso. Com o consumo altíssimo de drogas, e Itumbiara sendo uma cidade fronteira, isso tudo faz com que a violência seja grande. Nós precisamos ter um carinho especial com a segurança da cidade.

O segundo é a saúde, que é outro problema que não é privilégio nosso, mas um problema também nacional. Nós queremos trabalhar com mais dedicação para atender as pessoas com mais atenção. Está aí a razão do meu governo neste mandato, que será muito voltado à saúde pública.

Marcos Nunes Carreiro – O sr. citou a questão do hospital. Explique melhor.

Vai ser um hospital completo. Atenderemos todas as necessidades e demandas ali, desde maternidade a hemodiálise, tratamentos fisioterapêuticos, receberemos ali os acidentados. Esse projeto nosso terá uma UTI neonatal, que vai atender o pavilhão de mães e filhos, que vai ser um pavilhão especial que nós vamos criar com pediatria. Nós vamos ter 19 UTIs para atender a nossa demanda. Além do pavilhão das semi-intensivas.

Marcos Nunes Carreiro – Há uma previsão de gastos para a construção do hospital?

A previsão da obra física é de R$ 80 milhões. Evidentemente que, no decorrer da obra, a medicina e a tecnologia terão avançado. Você faz um projeto hoje. Daqui a 24 meses, que é o tempo que eu estou pedindo para entregar a obra, o material de hoje já será sucata. Talvez eu pense em comprar um aparelho de tomografia que, digamos, custe hoje R$ 1 milhão, e eu posso chegar lá na frente e estar custando R$ 2,5 milhões.

Hoje, está tudo muito moderno, e eu quero chegar lá com tudo que tiver de modernidade, de primeiro mundo. Eu não quero ganhar o aparelho do hospital de São Paulo porque eles substituíram por outro. Eu não quero entrar na fila para pedir um aparelho usado. Pelo contrário. Eu quero comprar o aparelho que o Albert Einstein e o Sírio-Libanês estiverem usando. Porque quem tem Deus no coração e quem quer governar, tem que ter certeza que aquilo que ele quer vai acontecer.

E outra coisa. Eu não posso sair com menos de 92% de aprovação nesse governo, senão eu estarei matando o que fiz no passado. Eu quero que este governo seja melhor do que os dois que fiz. E é o que eu quero fazer. E vai acontecer. Respeito às pessoas, dignidade, respeitar o cargo que ocupo, ser honesto, não meter a mão, não levar vantagem.

Por exemplo, a oposição bate que o transporte coletivo é do ex-prefeito Zé Gomes, que tem uma rede de postos de combustível que é do Zé Gomes, que um loteamento é do Zé Gomes, alguma outra coisa. Você não consegue governar sem oposição. Mas os ônibus que eu tiver, pode levar para eles, nos postos de gasolina, pode abastecer de graça, os loteamentos que forem meus eles podem mudar amanhã e construir as suas casas. Você vive com isso.

Quando Juscelino Kubitschek foi cassado, diziam que ele era corrupto. Esse País já cometeu vários equívocos. Cassar Mauro Borges, cassar Juscelino Kubitschek, cassar Pedro Ludovico Teixeira. Eu acho que esse País já errou muito. Nós temos uma tendência de caça às bruxas, de golpismo. Isso precisa ser melhor estudado no Brasil. Então, eu quero ser o prefeito porque, quando eu saía da prefeitura cansado, eu ia dormir na fazenda com meu pai viúvo que tem mais de 80 anos. Ali estava chegando o prefeito e o filho, não um ladrão.

Eu não tenho tempo para brincar, exceto com a minha neta. Eu já sou avô. Eu não posso dedicar meu tempo para brincadeira. Eu tenho que dedicar a ser feliz e a trabalhar. E é isso que eu vou fazer. E é por isso que sou lembrado pela população. Eu não sou bonito, eu não sou poderoso, eu não sou nada. Eu sou bom de serviço.

E o que eu vou ser? Gerente. Eu vou administrar o patrimônio de uma cidade. Eu tenho que fazer o patrimônio do cidadão valorizar. Eu tenho que levar universidade para lá para cada semestre pular 100 meninos para dentro do curso de Medicina que vão alugar casa, construir apartamento, comprar carro, ir à farmácia, ir ao supermercado. Eu tenho que levar indústria para dar emprego para o rapaz humilde, filho lá do meu vaqueiro que foi para a cidade e fez o curso técnico que eu levei para Itumbiara, como eu levei o Sesi e o Senac.

Eu tenho que completar a rede. Eu tenho que dar o curso técnico, mas eu tenho que dar o emprego. Para dar um emprego, eu tenho que levar uma indústria. E é aí que entra o Zé Gomes. É a pessoa que mais levou emprego para a cidade de Itumbiara.

Marcos Nunes Carreiro – O sr. acha que a proximidade de seu partido com o governo federal vai ajudar?

Muito. Eu fui deputado federal por 14 anos. Eu tenho um grupo de ministros que foram meus colegas. Geddel Vieira Lima [atual ministro da Secretaria de Governo] foi líder do PMDB. O presidente do Senado [Renan Calheiros (PMDB)] foi meu líder no PRN. O ministro [da Saúde] Ricardo Barros foi meu colega deputado. O senador Ciro Nogueira (PP) jogou futebol comigo oito anos na condição de deputado. Aécio Neves (PSDB) jogou no meu time. O ataque era Zé Gomes, Aécio Neves, Sarney Filho. Sarney é ministro, Aécio é senador, Ricardo Barros é deputado federal e ministro da Saúde.

Cezar Santos – Esse ataque conseguia fazer gol?

Conseguia, porque a defesa conseguia ser pior do que a gente. Então, isso que eu tenho o meu concorrente não tem. O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), foi a três convenções apenas. Ele foi à minha. E ao invés de fazer um grande discurso, ele preferiu cantar. Chamou o povo para cantar com ele e cantou “o campeão voltou, o Zé Gomes voltou”.

Itumbiara não pode entrar na contramão da história. Se tem um filho que já provou que é bom de gestão, que respeita a cidade, que constrói, que faz a diferença, que tem as portas do Palácio das Esmeraldas abertas e tem as portas de Brasília abertas, por que não ele?

Eu não quis nem citar que fui membro da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados por quatro anos e o presidente, que era meu colega da diretoria da Câma­ra, é simplesmente Michel Temer (PMDB), hoje presidente da Re­pú­blica, que me chama pelo no­me. É uma diferença grande da mul­tidão, não é? O presidente fala “ô, Zé, como é que tá?” e passar o ou­tro prefeitável de Itumbiara e ser apenas mais um que está passando.

Eu acho que essa é a grande diferença que o próprio candidato deveria reconhecer isso e dizer que, por Itumbiara, teria que me apoiar mais uma vez e esperar a sua chance chegar. E não pode reclamar que é questão de idade, porque já estão aos 70 anos, porque hoje o brasileiro vive até os 100.

Cezar Santos – Como o sr. vê a segurança pública, que muito está em voga? Em Goiânia, por exemplo, a questão virou febre a ponto de buscarem delegados para ser vice e há dois delegados candidatos. O que a Prefeitura faz pela segurança de Itumbiara?

Primeiramente, é preciso mudar a legislação do Brasil. O policial prende e o juiz solta, portanto o que solta é a lei, afinal, o juiz analisa a lei e, sendo assim, tampouco adianta acusar o Judiciário, pois ele tem cumprido, e muito bem, o seu papel. Não tem jeito de o juiz julgar um processo a não ser através do Código Penal. Ele tem de obedecer às leis vigentes no País. Tivemos, por muito tempo, a questão de que criança não pode ser isso ou aquilo. Ora, cidadão com mais 17 anos e que estuprou mais de oito, matou mais de cinco, não é menor mais. Temos que nos preocupar com as crianças; dar a elas amor e atenção, acompanhamento médico, psicológico e dentário, uma alimentação digna, material escolar, sala de aula confortável. Agora, um cidadão de 17 anos com cinco crimes nas costas, não pode ser tratado como criança e não irei tratar — não mudarei meu comportamento.

O governo federal tem que criar presídios a 500 quilômetros dos grandes centros e colocar serviço para essa gente. Eu era prefeito de Itumbiara e nós tínhamos menos de R$ 0,20 para alimentar uma criança e R$ 7 para alimentar um preso. Não posso concordar com isso. Como também não posso concordar com um cidadão que mata um trabalhador na rua, e na família da vítima fica uma viúva com os filhos nos braços, tendo ela de lavar roupas, fazer quitanda e os demais filhos tendo de engraxar sapato, sem o apoio do governo, enquanto quem matou vai preso e os filhos dele recebem do governo federal. Eu não concordo, não admito isso.

Mas, voltando à pergunta: nós iremos colocar câmeras e realizar um rastreamento, fornecendo trabalho a todos, dando prioridade aos portadores de deficiência física, nesse sistema. Uma das minhas propostas é uma central de monitoramento. Eu não irei criar guarda municipal, pois não é papel do município, pois eu tenho que me preocupar com a educação, alimentação e transporte das crianças, com a infraestrutura básica da cidade e com as escolas, iluminação, com o crescimento da cidade e em levar empresas e indústrias para ela. Não posso assumir a obrigação de segurança, pois ela não é do município. E se os municípios entrarem com esta tese, eles irão falir e morrer pagando indenizações. Um dia em que a polícia municipal desacatar, empurrar ou der um tiro em alguém, os srs. verão o tamanho da indenização que o município terá de arcar. Quem tem que tomar conta da segurança é o Estado e a União, mas não o município.

Candidato a prefeito de Itumbiara, José Gomes: “Não vou criar guarda municipal na cidade, pois tenho de me preocupar é com a educação, alimentação e transporte das crianças, com infraestrutura” | Foto: Fernando Leite/ Jornal Opção
Candidato a prefeito de Itumbiara, José Gomes: “Não vou criar guarda municipal na cidade, pois tenho de me preocupar é com a educação, alimentação e transporte das crianças, com infraestrutura” | Foto: Fernando Leite/ Jornal Opção

Marcos Nunes Carreiro – O sr. falou sobre educação. Itumbiara tem quantos alunos?

Quando assumi a Prefeitura de Itumbiara, nós tínhamos 5 mil alunos na rede municipal de ensino. Hoje, nós temos 13 mil. O sistema de ensino do município é modelo para o Brasil. Quando eu assumi, a primeira coisa que o aluno ganhou foi uma mochila de rodinhas, tênis, meia, short, camiseta e todo o material escolar da empresa Positivo, que faz qualificação dos professores e também o acompanhamento dos alunos.

Cezar Santos – Itumbiara deve ter se ressentido um pouco menos com a crise por conta do agronegócio. Ainda assim, como está a situação no município?

Itumbiara deu muita sorte, pois o nosso agronegócio é muito bem distribuído; temos uma agriculta consolidada. O criador de boi é criador de boi, já o criador de bezerro é criador de bezerro. A grande parte dos fazendeiros aluga parte de suas áreas para as usinas, como para o grupo São João ou ainda para o BP Petróleo, de Itumbiara, ou para o grupo Zé Mendonça, da Panorama. E eles pagam religiosamente, portanto, o dinheiro entra.

Em Itumbiara, nós temos quase 10 mil pensionistas, aposentados e que recebem todos os meses. A Prefeitura paga religiosamente 6 mil funcionários e apenas a BP Petróleo tem quase 2 mil funcionários, e a Caramuru, que também tem 2 mil. Então, a crise não chegou à cidade. São poucos os arrendatários de terras em Itumbiara; lá, a maioria é de donos que plantam.

Além disso, nós viemos de uma tradição agrária hereditária, em que o bisavô tinha tantos hectares, bem como o avô, o pai e o filho. Portanto, as pessoas dão muito valor à terra, pois têm sentimento por ela. A cidade não teve nenhum choque com a crise econômica, o povo estava preparado para o que viesse e, evidentemente, a crise serve para meditar, trabalhar e, depois que ela passa, os que ficaram de pé ganham muito dinheiro. A cidade não tem especulador. Nós temos uma sociedade definida, sem aquele oba-oba de “se está dando soja, vamos plantar soja”. Nós não temos envolvimento com esse tipo de coisa. Somos uma cidade conservadora, de um grupo formado por mineiros conservadores. Somos uma cidade muito bem organizada.

Cezar Santos – Além de ser uma pessoa política, o que o sr. é?

Eu trabalho com o agronegócio, pois o meu avô tinha uma pequena fazenda, meu pai era um pequeno sitiante e eu sempre tive vontade de ter terras. Por volta de 1986, comprei uma pequena propriedade em Tocantins, depois uma fazenda em Roraima e tive terra em Rondônia, em Mato Grosso e comprei também no Maranhão. Há 30 anos, eu adquiri uma propriedade de areia, em Balsas, no sul do Maranhão; com o tempo, muita coisa muda, o progresso chegou até mim e as lavouras das chapadas maranhenses chegaram à minha propriedade e me fortaleceram. Lá, eu planto aproximadamente 6,5 mil hectares de soja todos os anos. Tenho uma produção na casa de 300 mil sacas de soja por ano. Minha vida é o agronegócio. Eu planto milho, soja, cana-de-açúcar e crio gado.

Sou pai de cinco filhos, dois deles são médicos, uma é advogada e administradora de empresas. Moro, praticamente, com o meu pai que, aos 85 anos, continua sendo um grande trabalhador e um orgulho, querido por todos em Itumbiara. Ele se chama Saul Gomes. Sou irmão da presidente do Conselho Regional de Farmácia de Goiás, dra. Ernestina Rocha. Somos de uma boa família, muito querida na cidade, o que me deixa a vontade, me faz ser feliz como sou.