Edson Leite Junior, Italo Wolff e Euler Belém

Adriana Accorsi é deputada federal pelo PT, vice-líder do bloco do governo na Câmara Federal e uma das principais articuladoras do estado com o governo de Lula da Silva (PT). Hábil negociadora, está sempre presente nas visitas dos ministros, mediando entre as demandas do governo de Goiás e a execução das políticas nacionais em nível estadual. 

Já foi delegada titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) e secretária de Estado da Segurança Pública. Com sua formação voltada para a Gestão de Segurança Pública, a petista tem uma visão crítica sobre o problema da criminalidade e propõe medidas concretas para solucionar a questão crônica. 

Adriana Accorsi é ainda a pré-candidata de seu partido para a Prefeitura de Goiânia. Nesta entrevsita ao Jornal Opção, ela expõe sua visão sobre as carências da cidade, traça as linhas que sua campanha deve seguir e enumera propostas para resgatar a auto-estima da capital goiana. 

Italo Wolff — A senhora já é oficialmente a pré-candidata do PT à Prefeitura de Goiânia?

A resolução do diretório nacional do partido definiu o prazo de 30 de novembro para que as instâncias municipais decidam sobre as pré-candidaturas das capitais. Em Goiânia, adiantamos o processo. Neste sábado, 28 de outubro, se realiza a plenária interna em que apresentamos a manifestação de apoio que eu recebi do deputado Mauro Rubem e do professor Edward Madureira. Ambos também haviam colocado seus nomes à disposição do partido para a disputa, mas decidiram apoiar minha pré-candidatura após articulações. 

Italo Wolff — Já há um vice para esta chapa?

Tenho muitos sonhos. Mas, para articular propriamente, precisamos da decisão do partido para negociar oficialmente o posto de vice na chapa. Já estamos conversando. A minha intenção é seguir a inspiração do presidente Lula, construindo em Goiânia uma frente ampla democrática, progressista, fundada no objetivo comum de cuidar da cidade. Nesse sentido, queremos um vice que agregue esse sentimento de diálogo amplo com a sociedade, de representação das forças políticas diferentes em uma aliança.

Veja que o presidente Lula fez isso para vencer as eleições, mas sobretudo para governar. Meu propósito e também o do partido é o de formar parcerias que vão dialogar melhor com o governo federal. Em outras capitais, o PT está apoiando candidatos de outros partidos em vez de lançar candidaturas próprias, porque isso faz parte desse objetivo maior: a consolidação do projeto de união reconstrução, desde o  governo federal até os municípios.

A maioria das políticas públicas são executadas no município. Essa parceria não significa alinhamento com um prefeito do PT, não é isso. O que nós queremos é ter diálogo com prefeituras que queiram ser parceiros nesse projeto. É assim que poderemos, de fato, efetivar políticas prioritárias para o governo federal. São as cidades que executam a educação infantil, o cuidado à primeira infância, a saúde básica e programas de habitação como o Minha Casa, Minha Vida. 

Adriana Accorsi: “PT e MDB têm uma história em Goiás: quando Maguito Vilela foi governador, Darci Accorsi foi prefeito” | Foto: Leoiran / Jornal Opção

Euler de França Belém — Há possibilidade de compor com o MDB do vice-governador Daniel Vilela em Goiânia?

O MDB hoje é um grande parceiro do governo Lula. O partido tem colaborado efetivamente; temos muita gratidão e uma relação muito próxima em nível federal. Sou vice-líder da Federação Brasil da Esperança, a federação do PT na Câmara dos Deputados, e trabalho em parceria profunda com o MDB. Hoje, Simone Tebet tem um papel fundamental, incumbida pelo presidente da República para produzir o plano plurianual do governo. 

Em Goiás, nós temos uma história. Já estivemos juntos, por exemplo, na parceria entre Maguito Vilela e Darci Accorsi. Quando Maguito Vilela foi governador, meu pai foi prefeito. Quantas obras sociais, políticas públicas e bem feitorias ao povo decorreram dessa Aliança? Temos boa relação com o nosso vice-governador. Temos nos tratado de forma muito republicana no governo federal, onde o governo de Goiás é sempre muito bem recebido. 

Já estive com ele em várias ocasiões, quando ministros do governo o receberam e trouxeram benefícios para o Estado. Então, da nossa parte, nós estamos abertos a este diálogo.

Euler de França Belém — O PSD, partido de Gilberto Kassab, é outro grande aliado do governo Lula. O PSD tem um pré-candidato em Goiânia, Vanderlan Cardoso, que está mais alinhado à direita do espectro político. Também há diálogo aberto com o PSD?

Também temos boa relação com Vanderlan Cardoso, equanto Senador, no nível federal; ele não faz parte do governo, mas seu partido faz. Enxergo sua pré-candidatura com naturalidade. Não tivemos conversas no sentido de compormos ou de retirar nossas candidaturas; o que temos é respeito pelo desejo do outro se candidatar. É legítimo na democracia em que há vários candidatos, que aconteça certo conflito entre esferas, até porque quase todos os partidos hoje estão na base do governo Lula. 

Temos apoio inclusive deputados e senadores do PL. Nas cidades, é inevitável que os membros desses partidos se afastem. Por isso, acho que temos de dialogar, com respeito à prática democrática. O que precisamos é superar essa divisão polarizada no país. 

Edson Leite Junior —  Quais temas vão pautar a próxima campanha?

Precisamos dialogar o povo de Goiânia. Para mim, isso é basilar. Em Goiânia, temos de dialogar com os servidores e servidoras. Quando conversamos com as pessoas sobre a cidade, percebemos a cobrança: “a cidade tem que voltar a funcionar”. Isso significa que precisamos dar atenção aos trabalhadores que estão em greve porque não tem suas exigências atendidas. 

Conheço o esforço e conhecimento que os servidores têm, porque eu, como servidora de carreira, sei o quanto essa categoria pode colaborar com a gestão da cidade. Conversar com eles é o mínimo. Como eles podem não ser ouvidos? Eles têm direito de lutar por um plano de carreira; isso é o mínimo e não tem sido feito. O pessoal da saúde, que está lá na ponta atendendo as pessoas, relatam problemas como a falta de pediatras, e a Prefeitura precisa atender. O pessoal que está na limpeza urbana, que passou uma crise, precisa de investimentos. 

Outro princípio que pretendo trabalhar é o olhar humanista e social que o nosso povo precisa e merece. Eu moro aqui desde a minha primeira infância. Nasci em Itapuranga, mas vim para cá com três anos de idade e foi a cidade que escolhi para criar minha família. Quem vive em Goiânia percebe quantos desafios enfrentamos nesta marca dos 90 anos da cidade. É uma cidade linda, acolhedora, mas com muitos desafios.

Alguns grandes problemas precisam ser abordados, como a mobilidade, a saúde. A minha área, que é a segurança pública, hoje pode receber grande contribuição do município. Na Câmara Federal, sou relatora da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) das Guardas Municipais, que debate justamente a participação das cidades na segurança pública. 

Edson Leite Junior — Qual futuro a senhora vê para a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg)?

A Comurg é um patrimônio do povo de Goiânia. Tem uma estrutura e expertise dos profissionais que foi construída ao longo dos anos. Quero dialogar muito com os servidores, com os trabalhadores, com os diretores para encontrar uma solução que não seja a venda desse capital. Acredito que a companhia tem problemas, mas sou totalmente contra a privatização de áreas estratégicas para o povo como é a limpeza urbana. 

A prova de que privatizar setores estratégicos é uma má ideia está aí, com a área energética em Goiás. E eu fui contra a privatização da Companhia Energética de Goiás (Celg). Na época, eu avisei que existem áreas que não se pode privatizar porque são áreas que não combinam com lucro. Não pode combinar com lucro. Tem que ser estatal porque é investimento estratégico.

Acredito que a limpeza urbana, o cuidado com nossos parques, com as praças e muitos outros trabalhos que a Comurg executam não podem visar o lucro. O que é necessário é investimento, tanto nos servidores, via salário e condições de trabalho, tanto quanto na estrutura, que foi justamente a razão da crise que aconteceu há poucos dias. Com investimentos, o problema com os caminhões teria sido evitado. 

Adriana Accorsi: “As pessoas cobram: ‘a cidade tem que voltar a funcionar’. Isso significa dar atenção aos trabalhadores que estão em greve” | Foto: Leoiran / Jornal Opção

Italo Wolff — O que essa PEC das guardas propõe?

O principal motivo da proposta de emenda constitucional é demarcar claramente a função das cidades na segurança púbica. Essa participação dos municípios na segurança é irreversível. A maioria dos municípios têm ações, seja através das guardas e outras ações indiretas de segurança. Mesmo os municípios que não têm guardas possuem ações relacionadas à segurança pública. E nesse contexto surge essa PEC, que pretende dar segurança jurídica a essas atuações das guardas. Elas seriam requalificadas como polícias municipais.

O armamento continuará da mesma forma. Precisa haver a possibilidade de armamento condicionado à capacitação e exames, como já acontece. Faremos uma grande audiência pública – o presidente da Câmara Municipal de Goiânia, Romário Policarpo (Patriota), que é um líder das guardas no Brasil — foi convidado e já aceitou o chamado para conversar sobre isso. 

A municipalização da segurança já é uma discussão que vem ocorrendo há muitos anos no Brasil. Houve um passo significativo com a Lei 13.022/2014. Na época, eu era secretária de Defesa Social de Goiânia e participei da elaboração dessa lei. Ficou consignado que cidades com mais de 50 mil habitantes podem armar as guardas caso obedecidos vários critérios.

Um desses critérios é a ampla capacitação, que em Goiânia foi feita com a Polícia Federal e Polícia Civil. São necessários exames psicológicos e outros. Como a nossa guarda em Goiânia é muito numerosa e capacitada — praticamente todos e todas têm formação superior — os critérios estão atendidos. Em Goiânia, as guardas já fazem trabalho de segurança comunitária nos bairros, nas unidades de saúde, nas escolas e também na nas vias públicas. 

Nós também fizemos um grande programa de segurança comunitária chamado Goiânia Mais Segura. A experiência conseguiu em três meses reduzir em 77% a criminalidade no Jardim Novo Mundo, que na época era o bairro onde mais tinham acontecido homicídios na capital. Eu estou apresentando a ideia ao ministro Flávio Dino para que a gente possa reproduzir em todo o Brasil. 

Euler de França Belém — De que forma o município pode colaborar mais com a segurança?

No mundo hoje existe a concepção de que os municípios conseguem atuar de forma mais eficaz no combate e prevenção à criminalidade. Essa ideia também tem avançado no Brasil. Entendo que as cidades possuem várias ferramentas para proteger a vida das pessoas;  seja atuando diretamente na segurança através das guardas municipais e civil metropolitanas, seja promovendo a segurança comunitária em proximidade com o cidadão. 

Há bons exemplos de diversos países dos trabalhos de segurança comunitária executados pelas cidades, que têm dado resultados. Esse foi, por exemplo, o caminho que a Colômbia encontrou para reduzir drasticamente a violência. As cidades têm essa aptidão porque as guardas conhecem a realidade local onde as pessoas moram. Municípios têm também a capacidade prevenir crimes ao atacar problemas a iluminação em locais chave. 

Locais que têm um prédio abandonado ou matagal são importantes para a segurança, e atuar na prevenção de crimes em nível local é mais fácil se a execução for da prefeitura. A prefeitura pode ainda trabalhar na prevenção ao uso de drogas, com escolas em tempo integral para que as crianças nunca fiquem sozinhas em casa. 

Esse é um desafio de Goiânia. Investir na criação de mais vagas nos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) significa que a mãe poderá trabalhar tranquila de que seu filho ficar seguro. Temos várias evidências de que o cuidado na primeira infância é fundamental para o desenvolvimento da criança. Cuidar da primeira infância é investir em saúde, alimentação, educação, proteção contra todas as formas de violência. Só assim teremos uma sociedade mais desenvolvida e com qualidade de vida.

Euler de França Belém — As prefeituras estão quebradas no Brasil todo, segundo a reclamação geral dos prefeitos. Como sair dessa situação?

Tenho acompanhado esse debate. A preocupação das prefeituras este ano chegou até o presidente Lula, que apresentou ajuda financeira, inclusive por meio do novo PAC. Para Goiás, virão R$ 62 bilhões que serão investidos no BRT, na conclusão de obras paradas, em ações de saneamento e saúde. Essa é uma das duas formas que o governo federal tem auxiliado os municípios, que sofrem com a queda nas receitas. O PAC aumenta recursos para infraestrutura, que é muito importante porque obras paradas, como a do BRT está há mais de dez anos, trazem transtornos e desperdiçam recursos. 

A outra forma é o socorro financeiro às prefeituras. Acredito que com a recomposição do orçamento que do ano que vem, vamos contemplar a situação. Serão dedicados recursos para outras áreas que as prefeituras necessitam. Ampliaremos o repasse para educação, inclusive garantindo o pagamento do piso do magistério; bem como para a saúde, garantindo o pagamento do piso da enfermagem.

Euler de França Belém — Quais são as principais obras para onde vão os recursos do PAC em Goiás?

As principais obras são aquelas que o governador Ronaldo Caiado (UB) pediu ao ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais). Eu estava com ambos na ocasião em que o governo federal recebeu as solicitações, e acreditamos que essas prioridades elencadas são muitos justas. 

Uma delas é o Complexo Oncológico de Referência de Goiás (Cora). Será um grande hospital oncológico, muito importante para toda a região, que vai salvar muitas vidas. Queremos, inclusive, que o presidente venha participar da inauguração. O Cora vai atender milhares de pessoas e reforçar o caráter de Goiânia já ser um polo nacional para a saúde. 

Outra prioridade é o BRT no Entorno de Brasília. É extremamente necessário. Estive lá acompanhando o drama que o trabalhador do Entorno enfrenta para ir trabalhar e estudar. O caso é grave: a locomoção é muito cara, é de péssima qualidade, é desumana. A intervenção ali é urgente para garantir o direito da mobilidade aos cidadãos que vivem na região.

A última prioridade para destinação dos recursos do PAC são milhares de casas do programa Minha Casa, Minha Vida. Este é um compromisso que o governo federal fez com o governador Ronaldo Caiado. O presidente Lula convidou todos governadores a pensar suas prioridades e prometeu a destinação dos recursos pelo programa, que está sendo cumprido agora. 

Além dos R$ 62 bilhões para Goiás, serão publicados editais. Se uma região necessita de investimento menor, para construir um viaduto, por exemplo, o prefeito desse lugar que não está contemplado pode conseguir recursos via edital, basta apresentar o projeto, sua viabilidade e justificar a necessidade da obra. Ao todo, esperamos que Goiás consiga mais de R$ 100 bilhões em investimentos. 

Hoje, já estão destinados R$ 17 bilhões para a educação — escolas em tempo integral, CMEIs, quadras esportivas. O ministro da Educação Camilo Santana esteve em Goiás, lançando a Parceria pela Alfabetização e defendendo as escolas integrais. Nós teremos também o investimento na Saúde, com construção e conclusão de obras paradas de Unidades Básicas de Saúde, reformas e ampliações de hospitais e investimento em obras de saneamento básico. 

Italo Wolff — A maior parte dos parlamentares em Goiás, alinhados ao governador Ronaldo Caiado, são contrários à reforma tributária. Qual sua opinião sobre a reforma? 

Precisamos ressaltar que essa reforma é necessária. É uma modernização que já aconteceu em praticamente todo o mundo. Estamos há décadas com esses projetos no Congresso Nacional sem conseguir chegar a um consenso. Precisamos que ela seja aprovada; já passou pela Câmara e está em discussão no Senado. 

É natural e faz parte da democracia que existam pontos de discordância. Ronaldo Caiado não é contra a reforma, nenhum governador é. O governador de Goiás tem colocado alguns questionamentos específicos e nós recebemos essas com naturalidade. Estive com ele e com o ministro Alexandre Padilha para ouvi-lo e levamos suas ponderações para o Congresso — elas estão sendo discutidas no Senado neste momento. O governo está disposto a conversar. 

O ministro da Fazenda Fernando Haddad, a grande maioria dos governadores, dos representantes do mercado e do setor produtivo entendem que a reforma é positiva, que trará desenvolvimento e modernização. O entendimento é que haverá mais recursos para os estados e para os municípios. O governador tem todo o direito de pensar diferente e ambos temos desejo de avançar em direção a um consenso, sanando essas questões específicas.

Edson Leite Junior — Goiânia é vista por especialistas como um reduto bolsonarista. Existe diálogo com esse grupo?

Novamente, precisamos superar essa polarização das eleições. Precisamos deixar para trás o ódio, a intolerância ao diferente, a agressividade e o desrespeito às pessoas que pertencem a outro grupo político ideológico. O presidente Lula tem dado o exemplo nesse sentido — o lema de nosso governo é União e Reconstrução. Então, estou igualmente disposta a dialogar com todas as forças políticas. Todas.

Acredito ainda que o termo “bolsonarista não é ideal para caracterizar um grupo de pessoas porque essa pessoa está inelegível. Nós temos no Brasil forças políticas de todas as matizes, desde a esquerda até a direita, e todas são respeitadas. Temos espaço para todas. Não temos espaço para o extremismo, para a agressão, para o desrespeito. O povo brasileiro fez uma escolha em 2022, e essa escolha foi pela união e reconstrução, e nós vamos atuar nesse sentido também em Goiânia. 

Adriana Accorsi em entrevista ao Jornal Opção | Foto: Leoiran / Jornal Opção

Italo Wolff — Em julho a Câmara entrou em um recesso branco quando o presidente Arthur Lira (PP) e deputados foram à Portugal. Até o dia 19, Lira esteve na Ásia e o presidente do Senado Rodrigo Pacheco, na Europa. As pautas estiveram travadas?

Não. Estamos trabalhando muito. Na última semana, como vice-líder do governo, fiz a defesa da política nacional das pessoas em situação de rua e da política nacional para redução da fila do INSS. Tive dois projetos aprovados em comissões na última semana: um na comissão de educação e outro na comissão da mulher.

O projeto aprovado na comissão da mulher aumenta o número de delegacias especializadas no atendimento à mulher em todo o país e dá condições para que elas atuem e também salas humanizadas em cidades onde não existem delegacias da mulher. Temos mais de 5.500 municípios no país e apenas 473 delegacias especializadas na defesa da mulher, então precisamos que mulheres e meninas possam contar com mais salas humanizadas e que sejam atendidas por policiais mulheres também. Ainda na semana passada, tivemos a conclusão da CPMI dos atos golpistas, que foi um trabalho bastante extenso de que fiz parte. 

Edson Leite Junior — Goiânia está preparada para ter a primeira prefeita mulher?

Eu acho que merece, que precisa. É claro que não podemos nos pautar apenas pelo critério do gênero; o critério para escolher um candidato deve ser a melhor proposta para a cidade, mas acredito muito em nossa proposta para a cidade. 

Goiânia é uma cidade audaciosa. É a capital que escolheu Darci Accorsi, um candidato que não era de família tradicional política. Era um candidato que conhecia a cidade; ele já estava aqui há muitos anos, foi vereador e participou da lei orgânica do município, foi deputado estadual. Mas tinha principalmente boas propostas, era professor de um partido que estava começando, o PT. 

Então, Goiânia é uma cidade que precisa ser cuidada e ela vai escolher por esses critérios: quem tem capacidade, competência, articulação, dedicação e principalmente identidade com a cidade. A identificação com a identidade da cidade é crucial. Alguém que conheça seus problemas e saiba o que fazer. Eu acredito que esse critério vai ser mais importante do que a questão do gênero e a questão ideológica. 

Conversando com as pessoas, ouço muito a reclamação de que Goiânia está abandonada. De que as coisas cotidianas precisam voltar a funcionar. De que, apesar do esforço ods servidores, não há condições de trabalho. Eu acredito que esses serão os fatores determinante para a escolha dos goianienses.