Com palavras fortes, uma mulher derrubou a equipe de comunicação do Professor Alcides

12 outubro 2024 às 15h38

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O candidato a prefeito de Aparecida de Goiânia, Professor Alcides (PL), realizou mudanças em sua equipe de comunicação após um incidente envolvendo seu assessor, Cleber Ferreira. Durante uma entrevista, Cleber chamou a jornalista Ravena Carvalho de “louca” após ela fazer uma pergunta que desestabilizou o assessor. Ravena relatou com exclusividade ao Jornal Opção que a situação ocorreu quando ela questionou o candidato sobre o motivo de sua saída do cargo de professor estadual.
O incidente ocorreu durante uma entrevista ao vivo no programa jornalístico da Rádio Sucesso, na manhã de sexta-feira, 11. A repercussão foi negativa para a campanha de Alcides, e a troca de equipe de comunicação aconteceu logo após o ocorrido.
“Foi o Cleber que me chamou de doida e malucona”, revelou Ravena. A jornalista explicou que perguntou ao candidato: “Professor, o senhor disse que abandonou o cargo no estado porque estava cansado e que, por perseguição, a secretária de Educação, Raquel Teixeira, não concedeu sua aposentadoria. Por isso, o senhor desistiu de comparecer ao trabalho. O povo de Aparecida de Goiânia pode pensar que, se eleito, o senhor também poderá abandonar a prefeitura quando sentir cansaço”. Segundo Ravena, essa pergunta foi o estopim da confusão.
Ravena destacou que esta não foi a primeira vez que foi desrespeitada por homens no exercício de sua profissão. “Já fui desrespeitada por um deputado e por um advogado”, afirmou. Ela também relatou que, durante o incidente, Cleber Ferreira fez gestos provocativos, como rodar os dedos nos ouvidos, e que nenhum de seus colegas a defendeu. “Foi uma situação muito triste, pois ninguém me apoiou”, lamentou.
A jornalista explicou que agiu por impulso ao se defender dos ataques, que considerou misóginos. “Senti raiva e nervosismo, porque nós, mulheres, sempre somos chamadas de loucas quando nos posicionamos”, desabafou. Quando perguntada se recebeu apoio de outras mulheres, Ravena foi enfática: “Infelizmente não. Vi muitas mulheres me atacando com comentários maldosos nas redes sociais, o que me abalou ainda mais.”
Ravena anunciou que tomará medidas legais contra blogs que têm divulgado notícias falsas a seu respeito, como a acusação de que seria “funcionária fantasma” da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (ALEGO). Ela esclareceu que trabalha na TV Assembleia e que cumpre suas obrigações diariamente. Além disso, refutou a alegação de que estaria associada ao governador Ronaldo Caiado. “Nunca trabalhei com o Caiado, não faço parte de campanha alguma, e essas acusações são falsas”, garantiu.
Outro lado
Ronaldo José Coelho, ex-integrante da equipe de comunicação de Alcides, considerou a troca “normal”, alegando que a equipe já esperava mudanças após a campanha não ter alcançado a vitória no primeiro turno. Ele afirmou que o afastamento já estava previsto e não foi motivado pela discussão com a jornalista. No entanto, Ronaldo revelou que o comunicado de afastamento foi feito sem uma justificativa clara. “Deixei claro que, se iam mudar, deveriam mudar todos, inclusive o jurídico e a coordenação geral, porque todos erraram”, confidenciou.
Embora afastado, Ronaldo Coelho continua atuando como conselheiro político de Alcides, cargo que exerce há anos, e acredita na vitória do candidato no segundo turno. “Eu e minha família continuamos apoiando o Professor Alcides, e acreditamos na vitória no dia 27”, afirmou.
Cleber Ferreira conversou com a reportagem e enfatizou que não tem nada a explicar. Segundo ele, basta assistir ao vídeo para perceber o quanto a jornalista foi “antiética”. “Ela não deixava o entrevistado falar, fazendo uma pergunta após a outra, colando uma narrativa. A entrevista teve um lado. Ela agiu como adversária, e não como entrevistadora, como é esperado do bom jornalismo. O que aconteceu durante a entrevista mostrará quem foi agressiva o tempo todo. Eu apenas pedi um apelo à ética, em nome do bom jornalismo”, argumenta o jornalista.
Cleber Ferreira ressalta que a jornalista alegou estar em seu local de trabalho, mas ele também estava, uma vez que acompanhava seu assessorado, o Professor Alcides, conforme assegura a lei.
O jornalista destaca que trabalha com o Professor Alcides há 30 anos. “Respondo pela Assessoria de Comunicação da UNIFAN e não será uma pessoa sem ética que vai tirar meu apoio a ele. Nada mudou na minha vida profissional, e nenhum mimimi me atingirá”, afirma.
Cleber Ferreira enviou documentos denunciando que a jornalista ocupa um cargo comissionado na Alego e, por isso, teria agido em favor de seus apadrinhados.
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