Apoiadores do candidato à reeleição a presidente Jair Bolsonaro (PL) manipularam uma reportagem do Jornal Nacional com dados falsos de uma pesquisa presidencial. O vídeo, que se espalhou nas redes sociais e ganhou alcance nesta quarta-feira, 17, é a primeira deepfake do período oficial de campanha eleitoral.

A montagem mistura a voz da apresentadora Renata Vasconcellos com os resultados de uma falsa pesquisa de intenção de votos. O vídeo é, na verdade, uma alteração da edição do dia 15 de agosto do principal telejornal da Globo. A pesquisa apresenta duas alterações.

Primeiro a gravação apresenta Renata diante da bancada, anunciando que há uma nova pesquisa de intenção de votos referente ao primeiro turno da eleição deste ano. Depois, mostra uma tela com um gráfico de barras visualmente idêntico ao usado pela emissora no mesmo programa.

A foto do rosto do presidente Jair Bolsonaro aparece em primeiro lugar, com 44%, e a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em segundo, com 32%. A última pesquisa divulgada pelo Ipec mostrou, no entanto, exatamente o oposto: Lula em primeiro, com 44% das intenções de voto, e Bolsonaro em segundo, com 32%.

Deep fakes são montagens difíceis de serem identificadas a olho vivo e que buscam enganar o espectador, amplificando uma narrativa. É uma prática que surgiu no universo da pornografia (misturando rostos de famosos com corpos de atores e atrizes pornô) mas, em pouco tempo, foi parar na política.

Em 2020, milhares de usuários de redes sociais assistiram nos Estados Unidos a um vídeo em que a deputada Nancy Pelosi, presidente da Câmara, supostamente aparecia bêbada em uma entrevista de TV. Os responsáveis pela montagem – jamais identificados – haviam desacelerado a rotação da gravação e reduzido o ritmo da voz da congressista, conseguindo que ela realmente soasse bêbada. Um material semelhante foi elaborado contra Lula no Brasil há alguns meses.

O caso do deep fake de Renata serve de alerta para o número de mentiras que circularão em formato de áudio e vídeo ao longo das próximas semanas.