As pesquisas eleitorais para presidente, governador e até mesmo senador aparecem com grande frequência, sendo atualizadas regularmente, e feitas por várias instituições. Pesquisas envolvendo candidatos a deputado estadual e federal, por outro lado, são mais escassas em comparação com os outros cargos. Em entrevista para o Jornal Opção, o cientista político e professor Guilherme Carvalho explicou as razões para a ausência deste tipo de levantamento.

“Pesquisas para deputado estadual e federal são dificílimas para se fazer porque a fragmentação de votos é muito grande”, disse o cientista político, ainda destacando que viu diversas “aberrações” em levantamentos realizados em Goiás. “A tendência de uma pesquisa é buscar generalidade, ou seja, uma média das opiniões e generalizar através de uma pequena amostra”, completou.

Carvalho destaca, por exemplo, que uma pesquisa do tipo com 6.001 amostras distribuídas por 30 municípios terá inúmeros “vieses” dentro da estatística. Ou seja, não conseguiria se aproximar da realidade porque só mostraria apenas a situação de tais municípios, sem cobrir os outros dentro da generalidade estatística deles.

“Existe uma inviabilidade dessas pesquisas serem aplicadas em mais municípios por conta dos valores financeiros, por isso preferem contratar apenas para isso daqui e para distribuir lá. O que não tem problema, desde que se reduza o tamanho da amostra, abaixando o tamanho e deixando o intervalo de confiança menor. Isso significa que quanto maior é a amostra, maior é a confiança da pesquisa e menor é o desvio padrão. Quanto maior a sua amostra, você tem mais capacidade de generalizar, mas se fizer isso em alguns poucos municípios, não vai conseguir explicar nada”, explicou o especialista.

Uma outra situação que pode virar um viés na pesquisa está na forma na forma de coletar os dados. “Por exemplo, a pesquisa feita por telefone é um problema porque não é todo mundo que pode atendê-lo em horário de trabalho, mesmo que seja celular. Fora que quem tem celular no Brasil? 50 milhões de brasileiros não têm acesso ao celular, embora tenhamos em média um aparelho por pessoa. Então, isso é um viés de classe que não vai ser refletido nas urnas porque pessoas sem celular vão votar e você não vai aprender nada com a pesquisa”, afirmou Guilherme.

Apesar das complicações, o cientista político ressalta que pesquisas com “metodologias robustas” e feitas por institutos sérios são sim confiáveis. Mas, lembrando, que elas refletem a realidade e não o que vai acontecer no dia das eleições.