A candidatura de Marconi Perillo (PSDB) ao governo de Goiás foi anunciada oficialmente durante evento que reuniu apoiadores do ex-governador, num momento em que ainda dizia ter dúvidas se lançaria projeto de eleição para a Câmara, para o Senado ou para o Palácio das Esmeraldas. Apesar da opção pelo retorno à disputa do governo, no entanto, Marconi pode ter que recuar da escolha, sob ordens do diretório nacional do PSDB, que prefere vê-lo concorrendo à Câmara Federal.

O Jornal Opção já havia anunciado que a candidatura de Marconi corria riscos, por conta da dificuldade na formação de alianças locais. Com o pedido da Nacional, então, o ex-governador teria um argumento para justificar a mudança de planos, sem demonstrar a fragilidade do projeto político isolado. Atualmente, a esperança de candidatura parece se sustentar apenas no diálogo com o PT, que também ocorre a nível nacional.

Não é surpresa que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem o interesse em ampliar apoios nos Estados, especialmente no primeiro turno das eleições. Nesse sentido, o diálogo com Marconi faria parte da intenção de Lula fortalecer a presença em Goiás, tornando Marconi o candidato da esquerda goiana.

Fontes próximas ao governador, revelaram à reportagem que Marconi “tem o PT na mão” neste momento, mas a aliança não seria suficiente para o projeto político local, por conta do histórico das alianças estabelecidas no Estado. Para uma candidatura de maior força, Marconi precisaria garantir a aliança com ao menos mais um partido tradicionalmente alinhado à direita, para não precisar ser o nome da esquerda nas urnas.

A própria aproximação com o PT chegou a ser criticada por lideranças do partido. “Marconi é nosso inimigo. Ele é um desastre. Destruiu o estado. É uma pessoa que não tem confiança”, declarou o vereador Mauro Rubem ao Jornal Opção.

A articulação, no entanto, não passa pelo diretório estadual e acontece diretamente com as lideranças nacionais, que também discutem a ampliação do palanque com outras legendas. “Tem uma movimentação do Diretório Nacional do PT com lideranças do PSDB, PSD, PP, PROS, UB. Não é um movimento em Goiás, é uma movimentação nacional com lideranças de vários partidos em vários estados”, explicou a presidente regional do PT em Goiás, Kátia Maria.

No diálogo com o PT, inclusive, Marconi teria conseguido um adiamento de posicionamento sobre alianças em Goiás, para aguardar avanços da conversa com o PSDB goiano, antes de bater o martelo sobre o seu rumo. Por ora, ele pode seguir tentando voltar a ser governador, numa campanha fragilizada, mas atraente para Lula, ou assumir o recuo e disputar um mandato legislativo, com o apoio da chefia do próprio partido. A quatro dias do prazo para definição, o caminho ainda é uma incógnita e parece oferecer perdas importantes para o ex-governador, independente da escolha.