Pré-candidata ao governo de Goiás, a presidente estadual do PSOL Cíntia Dias criticou o isolamento que o partido tem sofrido por parte de legendas de esquerda. Para ela, que cita um “machismo estrutural que isola a candidatura de mulheres”, integrantes de partidos como PT, PCB e UP demonstraram disposição para o diálogo na formação de alianças, mas não agem em acordo com essa boa vontade.

Em nota, a pessolista ressaltou que o partido trabalhou para contribuir com a formação de uma Frente de Esquerda para o pleito que se aproxima, mas pontou desencontros com os aliados que chegaram para o debate. “A própria esquerda demonstra sua inquietação em ver uma camarada voando. As amizades e o bom trato às mulheres partidárias ficam somente para a execução de secretariado. Mas, nos rebelamos, ousamos e fugimos da caixinha máscula, opressora e misógina. Sou uma das transgressoras deste modo machista de operar a política tanto no espectro da direita, quanto, infelizmente, na esquerda. Por todas não vou recuar”, escreveu Cíntia.

Ao Jornal Opção, ela declarou que alas do partido defendiam aproximação maior com o PT – que chegou a ser articulada em reuniões com lideranças das duas legendas –, mas não houve boa vontade por parte dos petistas que, segundo ela, nem mesmo se posicionam com a esquerda. Cíntia reforçou que o PSOL defendeu a manutenção do nome indicado pelo PT para o governo de Goiás, professor Wolmir Amado, e ainda ressaltou a atuação de lideranças partidárias, como o vereador Mauro Rubem, mas não houve respostas conclusivas para dar prosseguimento aos diálogos. “Assim sendo, minha candidatura foi aprovada na última reunião da Executiva do PSOL por ampla maioria. Apenas uma abstenção”, explicou.

A pré-candidata também comentou a virada do Professor Pantaleão (UP), que abriu mão da candidatura ao Senado para disputar o governo de Goiás. Segundo ela, “não é verdade” que o PSOL teria saído na frente lançando candidatura própria, argumento utilizado Pantaleão para justificar a corrida pelo Palácio das Esmeraldas.

Apesar das pontuações em tom de crítica, Cíntia garantiu que o PSOL ainda busca unidade de esquerda, para que os partidos alinhados ao espectro político caminhem juntos. “Aprovamos um documento chamando a Esquerda de Goiás para caminharmos juntos e, em nenhum momento, dissemos que faríamos isso lançando nosso nome à frente. Chamamos para o debate. Não vieram”, declarou. “Mas ainda há tempo, seguimos com total abertura para a construção honesta, ética e coerente”.