Em discurso na convenção nacional do PL, realizada neste domingo, 24, no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, para homologar sua candidatura à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro fez ataques aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e conclamou apoiadores a irem às ruas no próximo dia 7 de setembro, mesma data em que, no ano passado, participou de manifestações antidemocráticas que pediam o fechamento a Corte. Ele ainda citou ações de seu governo, enalteceu lideranças do Centrão e criticou o ex-presidente Lula (PT), seu principal adversário nas pesquisas. O general Walter Braga Netto será o vice, em uma chapa pura do PL.

A convenção contou com a presença de diversos políticos do Centrão, como o próprio presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), além do pré-candidato ao Governo de Goiás Major Vitor Hugo (PL). Também participaram do evento políticos de siglas que devem compor a coligação e auxiliares e ex-assessores presidenciais.

Durante o discurso, que durou uma hora e dez minutos, Bolsonaro sugeriu que participará dos debates na campanha. Além de momentos de pregação religiosa com citações a Deus, o presidente fez falas direcionadas a jovens e mulheres — segmentos onde ele tem a maior rejeição — destacando realizações de seu governo para estes públicos.

No início de sua fala, evitando citar textualmente o STF, Bolsonaro inflamou o público ao dizer que “hoje sabemos o que é” a Corte. Após a frase, o presidente ficou em silêncio enquanto o público vaiava e gritava “Supremo é o povo”. Ao fim do discurso, o presidente citou a Corte de forma mais direta, ao se referir a “surdos de capa preta”.

“Nós não vamos sair do Brasil. Nós somos a maioria, nós temos disposição para luta. Convoco todos vocês agora para que todo mundo, no 7 de setembro, vá as ruas para a última vez. Vamos às ruas pela última vez. Estes poucos surdos de capa preta têm que entender o que é a voz do povo. Tem que entender que quem faz as leis são o Poder Executivo e o Legislativo. Tem que jogar dentro das quatro linhas das constituição”, disse Bolsonaro.

Dentro do script da campanha, Bolsonaro destacou criação do teto do ICMS para combustível e para energia elétrica, a construção de ferrovias comandada pelo então ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, pré-candidato ao governo de São Paulo, e a atuação do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), na aprovação de pautas do governo. Ele disse ainda que o governo pretende manter R$600 para o Auxílio Brasil no próximo ano.

“Lira tem colaborado muito com o nosso governo. Graças ao Lira conseguimos aprovar leis que abaixaram os combustíveis. Se não fosse o Arthur Lira, esse cabra da peste de Alagoas, não teríamos chegado a esse palco”, afirmou Bolsonaro.

Nos momentos finais de sua fala, Bolsonaro fez referências ao Exército e ao “exército do povo”. Após pedir que o público repetisse uma de suas frases, e de ouvir a produção do evento colocar uma vinheta com o som de um tambor ao ritmo de marcha militar, Bolsonaro citou indiretamente as acusações de fraudes no processo eleitoral, veiculadas por ele mesmo e por seus apoiadores sem apresentar quaisquer evidências que as sustentem.

“Nós, militares, juramos dar a vida pela pátria. Todos vocês aqui juraram dar a vida pela sua liberdade. Eu juro dar a vida pela minha liberdade, repitam. Esse é o nosso Exército. O exército do povo. É o Exército que não admite corrupção, não admite fraude. Que quer transparência, que merece respeito. E que vai ter. Esse é o exército que nos orgulha. O exército de 210 milhões de pessoas”, disse o presidente.