Referência mundial em educação, Finlândia enfrenta queda no desempenho escolar e tenta identificar erros
04 janeiro 2025 às 15h04
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A Finlândia, que era considerada modelo mundial de educação, tem enfrentado uma queda consistente em seus índices nas avaliações internacionais, como o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) e o Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências (Timss). Os resultados das últimas edições desses exames, mostram uma queda de mais de 20 pontos em diversas áreas.
Por exemplo, em 2022, a Finlândia ficou fora do top 10 de matemática no Pisa pela primeira vez, e até mesmo os Estados Unidos, com reconhecidos desafios no setor educacional, superaram o país em leitura. No Timss 2023, a Finlândia obteve a 15ª colocação em matemática entre estudantes do 8º ano.
Para Anders Adlercreutz, ministro da Educação da Finlândia, em entrevista para o portal G1, ele apontou que o modelo educacional finlandês passou por mudanças ao longo dos anos, com uma maior flexibilidade curricular. A introdução de projetos interdisciplinares, que combinam disciplinas como matemática, geografia e biologia, visa preparar os jovens para a vida e o mercado de trabalho. No entanto, isso pode estar impactando negativamente os resultados em avaliações tradicionais.
“A educação da Finlândia sempre foi um mais rígida, e agora talvez esteja um pouco flexível”, disse Adlercreutz para o G1. “Estamos trabalhando com conjuntos mais amplos de disciplinas; por exemplo, a matemática trabalhada com a geografia ou a biologia em projetos integrados”, acrescentou.
O ministro também mencionou outros fatores que poderiam estar contribuindo para a queda nos índices, como a crescente digitalização nas escolas, mudanças demográficas e econômicas, com aumento de imigração em situações vulneráveis, e a sobrecarga burocrática dos docentes, que se veem cada vez mais afastados das atividades pedagógicas diretas com os alunos.
No entanto, o ministro acredita que a nova abordagem é positiva apesar dos impactos nos testes. “Vejo essa abordagem como positiva porque prepara os jovens para a vida e para o mercado de trabalho, mas é possível que impacte os resultados nos testes tradicionais, como o Pisa, que utilizam uma abordagem mais rígida e direta”, explicou.
Apesar da situação, a Finlândia teve destaque em outras áreas. No Pisa de criatividade, por exemplo, o país obteve a 6ª posição mundial, demonstrando que seus estudantes continuam a se destacar em tarefas que exigem soluções originais, como a criação de histórias e o uso da arte para representar ideias inovadoras.
Diante desse cenário, o governo finlandês tomou algumas medidas para reverter a tendência de queda. Entre elas, a proibição do uso de celulares nas escolas e a ampliação da carga horária de disciplinas como matemática e literatura, com o objetivo de reforçar os fundamentos educacionais e melhorar os resultados nos exames internacionais.
A queda no desempenho dos alunos finlandeses gerou inquietação também entre países que se inspiraram no modelo educacional da Finlândia, como o Brasil, que adotou algumas das práticas de ensino finlandesas nos últimos anos. A busca por respostas sobre o que pode ter dado errado e as medidas que estão sendo tomadas em resposta a esse cenário continuam a ser um tema de debate e reflexão no campo da educação.
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