Saiba quais são os 4 adversários que podem derrotar Lula da Silva em 2026

10 maio 2025 às 21h00

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Quais são os principais adversários do presidente Lula da Silva, do PT, para a disputa eleitoral de 2026 — que ocorrerá daqui a um ano, quatro meses e 20 dias?
Você certamente dirá: Eduardo Bolsonaro (PL), deputado federal licenciado; Ratinho Júnior (PSD), governador do Paraná; Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais; Ronaldo Caiado (União Brasil), governador de Goiás; e Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo.
De fato, são cinco nomes consistentes eleitoralmente, uns menos, outros mais. A tendência é que aquele que for apoiado pelo bolsonarismo se torne o principal adversário de Lula da Silva.
Mas há quatro rivais que podem ser igualmente perigosos para Lula da Silva. Podem ser, eleitoralmente, letais — combinados ou, mesmo, isoladamente.
A fraude que prejudicou os aposentados, a retomada da corrupção, a crise econômica (o custo de vida elevado) e a segurança pública deficiente são os problemas que Lula da Silva terá de enfrentar com mais rigor daqui para frente se não quiser “sangrar” até 4 de outubro de 2026.
1
A fraude que prejudica os aposentados
A fraude no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), é fato, não começou no governo de Lula da Silva. Em vários governos — de Dilma Rousseff, de Michel Temer e de Jair Bolsonaro —, os aposentados já estavam sendo furtados. Ainda que não se possa falar em participação direta dos ex-presidentes e do presidente, a responsabilidade deve ser coletiva. Não é, portanto, exclusiva do governo de Lula da Silva. O problema, antigo, explodiu agora, em termos de denúncia pública.
Empresários e funcionários do INSS — não todos, frise-se — se irmanaram para fazer descontos ilegais nos benefícios pagos a aposentados e pensionistas da Previdência.
O dinheiro dos descontos, feitos sem a devida autorização dos segurados, eram repassados parda sindicatos e entidades de classe que garantem representá-los.
Ao todo, foram surrupiados dos aposentados 6,3 bilhões de reais (o valor tende a ser bem superior; o dado revelado é o apurado pela Polícia Federal). Os descontos verificados até agora ocorreram entre 2019 e 2024, ou seja, nos quatro anos do governo de Jair Bolsonaro e em dois anos e quatro meses do governo de Lula da Silva.
Roubaram dos 37 milhões de aposentados? Ainda não se tem dados suficientes. Porém, de 1300 casos avaliados — até agora —, foram constatadas irregularidades em 97% deles, como assinaturas fraudadas. Dados os valores furtados, é provável que a maioria dos aposentados tenha sido lesada.
Como se sabe, Lula da Silva ganhou de Bolsonaro, em 2022, por pouco mais de 2 milhões de votos. O exército de aposentados é gigante — 37 milhões. Não se sabe se todos foram furtados, mas, possivelmente, estão chateados com o governo federal, até por não terem informações precisas sobre o que ocorreu.
Política é conjuntura, circunstância. Então, se resolver o problema da fraude em 2025, Lula da Silva poderá chegar sem desgaste, ou com menos desgaste, em 2026.
Lula da Silva terá como devolver o dinheiro dos aposentados ainda em 2025, em sete meses? Governantes sempre alegam que não têm dinheiro para determinados problemas, os emergenciais, e postulam que os recursos estão contingenciados.
A enchente do Rio Grande do Sul, ocorrida em 2024, obviamente não estava prevista, mas o governo de Lula da Silva fez das tripas coração e investiu 100,4 bilhões de reais na reconstrução do Estado. No caso dos aposentados, o governo certamente encontrará uma saída.
O governo de Lula da Silva terá condições de devolver todo o dinheiro expropriado dos aposentados de uma vez? Com certa boa vontade, sim. Mas, se não der, pelo menos tem começar a devolvê-lo de imediato, em prestações mais curtas.
Se permitir que a burocracia, sempre kafkiana, retarde a devolução do dinheiro, criando uma novela, que fará o governo petista sangrar por muito tempo, criando uma hemorragia incontrolável, Lula da Silva terá dificuldade na disputa eleitoral de 2026. Poderá até não ser reeleito.
2
A persistência da corrupção
Juscelino Filho caiu do cargo de ministro das Comunicações, sob acusação de corrupção, mas Lula da Silva permitiu que ficasse no governo durante mais de dois anos. A presunção de inocência, alegada pelo presidente, no caso resulta mais de cinismo e do jogo político (apoio do União Brasil no Congresso).
A tolerância com Juscelino Filho sugere que Lula da Silva, como presidente, não se preocupa tanto com o fenômeno da corrupção. O que pode desgastá-lo na campanha de 2026.
No caso do INSS, desde 2023, havia indícios da fraude que prejudicou os aposentados. Mas Lula da Silva não agiu rapidamente. Pelo contrário, procrastinou e só agora exonerou o omisso ministro da Previdência, Carlos Lupi.
Como Lula da Silva vai enfrentar a denúncia de que há corrupção em seu governo e de que não toma providências de imediato, quando são apontadas? O histórico — ocorreu corrupção em governos passados do PT — vai acentuar o problema no presente. Pode ser um desgaste incontornável.
3
O PIB, a economia, o custo de vida
O Brasil está crescendo, há segurança jurídica para os produtores e investidores e a pobreza está caindo. São fatos positivos para o governo de Lula da Silva.
O petista-chefe nada tem de comunista; no máximo, é socialdemocrata. Lula da Silva governa “o” capitalismo para “os” capitalistas. Não há nenhum questionamento ao modo de produção. Os produtores rurais — e a maioria deles é, possivelmente, bolsonarista — podem ter reclamações pontuais, mas, no geral, o governo do PT faz tudo para beneficiá-los. Assim como os industriais — tanto que o presidente fala em expansão da indústria (similar, por sinal, ao presidente Donald Trump, que acredita em reindustrialização dos Estados dos Estados) e os banqueiros não têm do que reclamar.
Entretanto, o crescimento da economia não está se traduzindo em redução do custo de vida. Mesmo a inflação não sendo alta, os produtos, sobretudo alimentos, estão com preços elevados. Uma visita aos supermercados mostra, de imediato, que os carrinhos estão mais vazios. Os consumidores estão pesquisando preços e reduzindo as compras. Quando o consumo cai, a popularidade do presidente segue pelo mesmo caminho.
Noutras palavras, o dia a dia do brasileiro, dada a inflação dos alimentos, não é dos melhores. O governo de Lula da Silva busca saídas, mas até agora os resultados não apareceram.
A economia tem peso nas eleições brasileiras. Lula da Silva poderá melhorá-la até o início de 2026? Será muito difícil. Porque resultados, sobretudo os positivos, demoram a aparecer. No momento, é o que tem puxado a popularidade do governo e do presidente para baixo.
4
Segurança pública e o Estado criminoso
Há uma tendência a se conectar criminalidade com pobreza. O que, a rigor, é um preconceito contra os pobres, que, por não terem recursos suficientes, “seriam” mais propensos ao crime. Criar políticas para reduzir a pobreza é absolutamente necessário. Porque gerações de brasileiros, os retardatários, foram deixados para trás e, por isso, não foram incorporados como cidadãos à sociedade. Eles precisam do apoio do Estado, até mesmo para se alimentarem.
Entretanto, a criminalidade no Brasil atual tem pouco a ver com a miserabilidade de tantos brasileiros. O crime, o que mais incomoda a sociedade, se tornou organizado. As facções — e este termo não consegue explicá-las mais — se profissionalizaram e, de tão poderosas e articuladas, se tornaram máfias, funcionando, por vezes, como um Estado paralelo ou substituto. Parte da Polícia Militar de São Paulo parece obedecer mais as ordens do PCC — inclusive, atuando no sistema de pistolagem — do que as do governador Tarcísio de Freitas.
Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), com outros grupos menos poderosos, se espalharam por todo o país, constituindo-se em máfias tropicais, movimentando bilhões de reais anualmente, e em contato com as máfias italianas, notadamente com a calabresa ‘Ndrangheta.
Lula da Silva e o ministro da Justiça, o bem-intencionado Ricardo Lewandowski, são burocráticos no enfrentamento do crime organizado. Talvez porque, como muitos intelectuais de esquerda, ainda acreditam que o crime deriva da pobreza e, por isso, talvez não deva ser combatido com extremo rigor.
Em Goiás, o governador Ronaldo Caiado está combatendo o crime organizado e outros crimes, como de roubo de carros, com vigor e alta eficiência. Os resultados são altamente positivos. Por isso, o gestor estadual tem a aprovação de 86% dos goianos. Há o combate direto e há o uso de Inteligência para conter ou reduzir a criminalidade. Tem funcionado.
Já o governo federal parece inerte, esperando-se não se sabe o quê. Em termos de segurança, a gestão de Lula da Silva e Lewandowski lembra um animal supersimpático e “rápido” — a tartaruga. Mas 2026 está batendo à porta. Então, se a tartaruga não virar coelho, o petista-chefe pode começar 2027 como ex-presidente.