Quadro político em 15 cidades com maior eleitorado sugere força do governismo em Goiás

14 maio 2023 às 00h00

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Os exércitos político-eleitorais do Estado de Goiás serão remontados a partir das eleições de 2024 — quando novos prefeitos e vereadores chegarão ao poder. Na verdade, muitos deles, os que vão disputar a reeleição, no caso de prefeitos, poderão continuar no poder.
A vida, como se sabe, não começa nos palácios — do Planalto, em Brasília, e das Esmeraldas, em Goiânia. A vida começa nos municípios. Por isso, quando um candidato a governador é forte na maioria das cidades, como Marconi Perillo (PSDB), em tempos idos, e Ronaldo Caiado, do União Brasil, entre 2018 e 2022, dificilmente perde eleição. O primeiro foi eleito quatro vezes. O segundo foi eleito duas vezes. As conexões de ambos com o interior sempre foram muito fortes. A do primeiro se perdeu. A do segundo continua, e se mantém sólida.
Os 246 municípios de Goiás têm 4.904.911 eleitores. E 2.706.141 estão concentrados em apenas 15 cidades (uma das cidades listadas pelo Jornal Opção, Porangatu, não tem um eleitorado grande, 31.096, mas foi escolhida por ser uma cidade emblemática — é a maior do Norte do Estado). Ou seja, cerca de 55% dos eleitores goianos estão nos municípios que serão arrolados e examinados a seguir.
As facções políticas que elegerem prefeitos em tais municípios terão uma força imensa para a disputa eleitoral do governo do Estado, do Senado, da Câmara dos Deputados e da Assembleia Legislativa de Goiás em 2026. Pelo quadro atual, examinando os grupos políticos em cada um deles, percebe-se que as forças governistas — isto é, ligadas ao governador Ronaldo Caiado e ao vice-governador Daniel Vilela, do MDB — são as mais sólidas. Aqui e ali, notadamente em duas das maiores cidades, as oposições não estão fragilizadas. A seguir serão examinados os quadros político-eleitorais das 15 cidades.
1
Goiânia — 1.036.515 eleitores
A capital de Goiás concentra o maior número de eleitores e, por isso, é a mais emblemática do Estado. Aquele que for eleito prefeito em 2024 será um “general” eleitoral para a disputa de 2026. E não se trata tão-somente do número de eleitores. A cidade representa uma grande força econômica, com uma arrecadação mensal superior às das outras cidades, perdendo apenas para o governo do Estado. A rigor, se trata de um micro-Estado.


No momento, não há um favorito extremo para a disputa, até porque os candidatos ainda não estão definidos. Porém, pelos nomes que já estão se expondo, é possível avaliar o quadro.
Os grupos governistas têm ao menos cinco nomes na ribalta: Ana Paula Rezende, do MDB, Bruno Peixoto, do União Brasil, Rogério Cruz, do Republicanos, Romário Policarpo, do Patriota (a caminho, possivelmente, do MDB), e Silvye Alves, do União Brasil.


Dos cinco nomes, a única que se destaca, nas pesquisas, é a deputada federal Silvye Alves — que, tudo indica, não será candidata, optando por ganhar mais experiência na Câmara, em Brasília.
Ana Paula Rezende será o grande nome do MDB de Daniel Vilela e conta com a simpatia de Ronaldo Caiado. Se for candidata, de cara, sai com o apoio dos dois principais líderes da política de Goiás. E pode contar com ao apoio de Bruno Peixoto, presidente da Assembleia Legislativa, e de Romário Policarpo, presidente da Câmara Municipal. Como disse um deputado, brincando: “Só falta o apoio do padre e do pastor”. Na verdade, não falta.

A filha de Iris Rezende é uma espécie de candidata hors-concours — aquela que poucos políticos não querem apoiar. Falta à jovem empresária vontade de disputar? A impressão que passa é que quer ser prefeita, mas não quer estabelecer compromissos para ser candidata — o que, em política, é impossível.
Bruno Peixoto está de “butuca”, como se diz no interior. Está remontando suas bases para a disputa eleitoral de 2026 — quando planeja ser candidato a deputado federal. Porém, se o cavalo estiver arreado, e se Ana Paula Rezende não estiver na sela, o deputado — um dos políticos mais atilados do momento — colocará seu nome nas ruas e será candidato.


Vereador e vice-prefeito de Goiânia, Romário Policarpo é uma força da natureza. Assim como Bruno Peixoto, está à espera da decisão de Ana Paula Rezende.
No campo das oposições, os dois postulantes mais fortes, no momento, são o senador Vanderlan Cardoso, do PSD, e Gustavo Gayer, do PL. Pesquisas indicam que são nomes fortes. O primeiro é visto como “gestor”. O segundo está enraizado no eleitorado conservador — o que pode retirar a direita da campanha do senador.

Adriana Accorsi, do PT, aparece bem, não à frente, mas colada nos que são apontados como favoritos, como Silvye Alves, Vanderlan Cardoso e Gustavo Gayer. O que surpreende, ao menos numa pesquisa, é a força de Gustavo Mendanha em Goiânia.
O prefeito Rogério Cruz controla uma máquina poderosa. Se melhorar a cidade, cristalizando a imagem de que é eficiente como administrador, tende a crescer no conceito do eleitorado. Frise-se que uma pesquisa qualitativa aponta que os goianienses não estão em busca do “novo”, da “renovação”, e sim da figura do gestor, do supergerente. Não é uma volta ao passado, e sim uma exigência do presente.
2
Aparecida — 339.123 eleitores
Aparecida de Goiânia tem o segundo maior eleitorado de Goiás, superando Anápolis em 50.511 eleitores. E é um município cada vez mais rico, com um comércio ativo, serviços fortes e uma indústria cada vez mais poderosa.


O prefeito Vilmar Mariano (Patriota, possivelmente a caminho do MDB) será candidato à reeleição. Enfrenta desgastes, porque, na opinião dos eleitores, não substitui Mendanha à altura. Porém, com o controle da máquina, está no jogo.
Se conseguir o apoio de Mendanha, de Ronaldo Caiado e de Daniel Vilela, o prefeito Vilmar Mariano entra no jogo, como titular absoluto, quer dizer, como favorito.
Especula-se que Leandro Vilela, sobrinho de Maguito Vilela e primo de Daniel Vilela, pode ser candidato a prefeito. Se for, com o apoio de Mendanha (que ainda é o maior “general” eleitoral do município), de Ronaldo Caiado, de Daniel Vilela, o ex-deputado entra para o grupo dos superfavoritos.

O deputado federal Professor Alcides Ribeiro pode ser a aposta do PL na cidade, de acordo com o que disse ao Jornal Opção o senador Wilder Morais, presidente do partido em Goiás. Ele pode ir para a disputa com o vereador André Fortaleza na vice. Seria o nome do bolsonarismo na cidade.
Há outros nomes cotados: Ademir Menezes, Max Menezes (PSD), João Campos (Republicanos) e Delegado Waldir Soares (União Brasil).
A tendência é que o candidato bancado pelo governador do Estado, se contar com o apoio de Mendanha, seja eleito. Assim, se isto acontecer, a oposição sairá fragilizada em Aparecida. E o governismo pode ganhar uma cidade em que não era forte (na disputa para o governo, em 2022, Mendanha obteve 59,56% dos votos e Ronaldo Caiado conquistou 26,09%).
3
Anápolis — 288.612
O prefeito Roberto Naves (pP), principal cabo eleitoral do município, não pode disputar a reeleição, em 2024. Porém, como principal “general” do município, terá peso em sua sucessão. Até o momento, não tem um candidato definido. Há dois nomes cotados: Alexandre Baldy, presidente do pP em Goiás, e Leandro Ribeiro, do pP.

Com o apoio de Roberto Naves, tanto Alexandre Baldy quanto Leandro Ribeiro, qualquer um deles, estarão no jogo.
No momento, a expectativa maior de poder concentra-se nos pré-candidatos do PT, Antônio Gomide, e do MDB, Márcio Corrêa.
Gomide representa a tradição, porque já foi prefeito duas vezes. Márcio Corrêa representa a renovação. Ambos têm experiência administrativa. O primeiro, no setor público; o segundo, na área privada, como empresário. São os mais populares e pesquisas sugerem que tendem a polarizar, ao menos num primeiro momento.


Há uma questão controversa: se Roberto Naves bancar Alexandre Baldy (ou Leandro Ribeiro) e Daniel Vilela lançar Márcio Corrêa, dividindo os votos do governismo na cidade, há uma grande possibilidade de Gomide, o postulante do presidente Lula da Silva, ser eleito prefeito.
Políticos experimentados sugerem que Ronaldo Caiado e Daniel Vilela entrem em campo e apaziguem Roberto Naves e Márcio Corrêa — que estão em guerra aberta — e banquem um único candidato. Por exemplo, Márcio Corrêa para prefeito e Leandro Vieira para vice. O governismo continuará forte em Anápolis, possivelmente, se o racionalismo prevalecer.
Se as emoções ficarem em primeiro plano, a esquerda petista certamente conquistará a prefeitura. A “birra” de Roberto Naves e Márcio Corrêa — dois “meninos grandões” — pode se tornar o maior “general” eleitoral de Gomide.
O senador Wilder Morais e o ex-deputado federal Major Vitor Hugo estão tentando conquistar o passe de Márcio Corrêa para o PL. Porque o bolsonarismo é forte em Anápolis. O empresário e suplente de deputado federal tem conversado com os dois.
O PL, no momento, sugere dois nomes para a disputa: Major Vitor Hugo e Hélio Araújo.
4
Rio Verde — 144.575
A cidade mais próspera e emblemática do Sudoeste goiano é Rio Verde, com quase 150 mil eleitores.
Muito bem avaliado pela população, o prefeito Paulo do Vale, do União Brasil, não pode disputar a reeleição. Mas será o principal “general” eleitoral no município.

Paulo do Vale ainda não definiu quem será seu candidato a prefeito, em 2024. O mais cotado é o médico Wellington Carrijo, ligado ao deputado Lucas do Vale, filho do prefeito. Há um segundo nome, o vice-prefeito Dannillo Pereira, do PSD, também fortemente vinculado ao gestor municipal.


Qualquer que seja o candidato bancado por Paulo do Vale, a tendência é que seja, de cara, o favorito. Porque o prefeito é bem avaliado como gestor e como político.
As oposições estão se articulando. O ex-deputado Lissauer Vieira sugere que pode compor com Paulo do Vale, mas, nos bastidores, articula com os principais nomes das oposições, como o médico Osvaldo Fonseca Júnior, do Patriota (cotado para se filiar ao PL), e o deputado estadual Karlos Cabral, do PSB.
Na verdade, o que se diz, nos bastidores, é que o próprio Lissauer Vieira pode disputar a prefeitura, com Osvaldo Júnior na vice.

Osvaldo Júnior é, dos candidatos, o que se movimenta mais. Na semana passada, conversou demoradamente com Vanderlan Cardoso e esteve em Brasília, onde conseguiu falar com o deputado federal Eduardo Bolsonaro. O médico quer ser candidato a prefeito de Rio Verde bancado pelo agronegócio e pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Se se vincular ao bolsonarismo, Osvaldo Júnior não terá o apoio de Karlos Cabral, cujo partido é ligado ao PT de Lula da Silva. Pode ser a primeira grande divisão nas oposições.
A deputada federal Marussa Boldrin (MDB) pode ser candidata a prefeita? Até pode. Mas tudo indica que não quer. O que ela planeja é tentar eleger um candidato de oposição que, em 2026, possa apoiar sua reeleição. A parlamentar tem articulado com Osvaldo Júnior, Karlos Cabral e Lissauer Vieira. Ela costuma reclamar, de maneira pertinente, que o prefeito Paulo do Vale, embora os dois sejam da base governista, não a convida para conversar sobre política e gestão.
O PT tende a bancar o Professor Vavá. Ele não foi bem na disputa de 2020.
5
Luziânia — 127.429 eleitores
Luziânia é a cidade do Entorno de Brasília com mais eleitores e é, historicamente, a mais emblemática (Juscelino Kubitschek, Golbery do Couto e Silva e José Sarney tiveram imóveis no município).

O prefeito Diego Sorgatto, do União Brasil, é o favorito para a disputa de 2024.
Diego Sorgatto e a vice-prefeita Ana Lúcia de Souza Silva, do PSC, estão rompidos e devem ser os grandes adversários da disputa de 2024.
Em 2022, na disputa para deputada estadual, Ana Lúcia obteve 18.306 votos e o candidato apoiado por Diego Sorgatto, Eliel Júnior (PRTB), conquistou 18.437 votos. A diferença entre os dois foi de 131 votos — como se diz em Luziânia, um beicinho de pulga.

Claro que eleições proporcionais são diferentes de eleições majoritárias. Mas a votação de Ana Lúcia mostra força eleitoral, que ela extrai, de acordo com aliados, do distrito Ingá, que, com seus cerca de 100 mil moradores, é uma verdadeira cidade.
Pesa a favor de Diego Sorgatto o fato de que, mesmo não conseguindo eleger seu aliado, conquistou o apoio do deputado estadual Wilde Cambão (PSD), que foi reeleito.
A tendência é que, dadas a força da máquina e às suas alianças políticas — conta também com o apoio do deputado federal Célio Silveira, do MDB —, Diego Sorgatto seja reeleito. Ana Lúcia é forte? É. Mas falta-lhe uma aliança encorpada para uma disputada majoritária. Ela faz o gênero candidata outsider. E há um problema: tende a não ganhar, mas trava a entrada em cena de um postulante talvez mais consistente ante o olhar dos eleitores.
Para o governismo, resta saber se, pertencendo ao PSC, Ana Lúcia não vai caminhar com a oposição.
6
Águas Lindas — 109.565 eleitores
Há dois contextos possíveis (e talvez mais) para a disputa eleitoral de Águas Lindas, uma das maiores cidades do Entorno de Brasília. Primeiro, se o ex-prefeito Hildo do Candango (Republicanos) for candidato. Segundo, se ele não for candidato.

Se Hildo do Candango disputar a prefeitura, a configuração político-eleitoral pode mudar. O ex-prefeito pode não ganhar, mas é um postulante forte, por ter gerido a cidade por dois mandatos e ter saído bem avaliado.
Há quem postule que Hildo do Candango não será candidato, porque pertence à base de Ronaldo Caiado e Daniel Vilela.
O candidato bancado por Daniel Vilela será o prefeito Lucas Antonietti, do Podemos (a caminho do MDB).

Lucas Antonietti está bem avaliado — porque sua gestão é apontada como modernizadora — e sua reeleição é tida como certa. Porém, como se disse, há Hildo do Candango, hoje, quem sabe, uma incógnita política. Pelo histórico, é forte.
Sem Hildo do Candango na parada, Lucas Antonietti não terá outro adversário de igual grandeza. “Será um passeio”, diz o deputado federal José Nelto, do pP.
7
Valparaíso de Goiás — 90.567 eleitores
O principal “general” eleitoral de Valparaíso de Goiás, no Entorno de Brasília, é o prefeito Pábio Mossoró, do MDB. Aquele que for indicado pelo gestor municipal tende a sair na frente.
Há três nomes fortes na base de Pábio Mossoró: Marcos Vinicius Mendes Ferreira, Rudilene Alves de Faria e Zeli Fritsche.
Marcus Vinicius, secretário de Infraestrutura, Habitação e Serviços Urbanos, é um dos políticos mais ligados a Pábio Mossoró. Ele é apontado como carismático e competente. Sua secretaria é vista como uma micro prefeitura. No momento, é tido como o postulante preferencial do prefeito.
Avalia-se que Zeli Fritsche deve permanecer na Assembleia Legislativa de Goiás, com o objetivo de ajudar a cidade, tanto com emendas quanto com interlocução no governo do Estado. Porém, se disputar, dado o fato de ser uma mulher de personalidade forte, será uma candidata competitiva.


O nome de Rudilene Alves de Faria também tem sido citado. Mas estaria atrás de Marcos Vinicius e de Zeli Fritsche.
As oposições estão um tanto desarticuladas na cidade, sobretudo depois que a deputada Lêda Borges, do PSDB (do qual tende a sair), aderiu ao governo do Estado.
Comenta-se que Lêda Borges poderia bancar o vereador Plácido Cunha, com seu filho, Marco Túlio de Moura Borges, na vice. Porém, com sua adesão à gestão de Ronaldo Caiado, as coisas se complicaram. O mais provável é que, por incrível que pareça, Marco Túlio seja o vice de Marcus Vinicius.
Plácido Cunha, por mais que esteja agastado com Pábio Mossoró, pertencia (ou pertence) à sua base política.
O fato é que, no momento, o governismo — leia-se Ronaldo Caiado e Daniel Vilela — está forte em Valparaíso, praticamente sem oposição consolidada.
8
Trindade — 90.142 eleitores
A oposição “morre”? Parece que, ao menos em Trindade, a oposição “morreu” ou está anestesiada.
O prefeito Marden Júnior, do União Brasil, foi eleito, em larga medida, dado o apoio do ex-prefeito Jânio Darrot. Porém, no poder, se tornou um hábil articulador político.

Em 2022, seu candidato a deputado estadual, Cristiano Galinho, do Solidariedade, foi o mais votado em Trindade, com 13.130 votos. Foi eleito. George Morais, do PDT, foi o segundo colocado, com 6.809 votos. O postulante do gestor municipal teve 6.321 votos a mais do que o marido da deputada federal Flávia Morais, do PDT.

Para a disputa de 2024, Marden Júnior é o favorito. As pesquisas já registram isto.
Os dois possíveis adversários são da base governista: George Morais e o deputado estadual Amauri Ribeiro, do União Brasil. Quer dizer, as oposições não têm nomes consistentes para a disputa.

Amauri Ribeiro nasceu em Trindade, mas sua principal base eleitoral fica em Piracanjuba (a impressão que se tem é que está buscando uma cidade maior para disputar mandato de deputado federal em 2026). A tendência é que seja visto, se for candidato, como “paraquedista”. George Morais, se disputar, tende a ser o principal rival de Marden Júnior.
9
Senador Canedo — 84.877 eleitores
O prefeito Fernando Peloso, do PSD, é o favorito. Ele conta com o apoio de setores do governo estadual e, sobretudo, do senador Vanderlan Cardoso, espécie de principal “general” eleitoral de Senador Canedo.

Fernando Peloso e Vanderlan Cardoso estão afinados e, juntos, são fortíssimos na cidade. Por isso, até o momento, não apareceu nenhum político consistente para enfrentar o gestor municipal.
O jornalista Alexandre Borges, do MDB, é apontado como o principal adversário de Fernando Peloso ou pelo menos aquele que faz uma oposição mais contundente e articulada. Ele e o prefeito estão na base do governo do Estado. Quer dizer, o governismo é forte na cidade.
10
Formosa — 75.782 eleitores
O prefeito Gustavo Marques, reeleito, não pode ser candidato em 2024. O gestor municipal enfrenta problemas com a Justiça e corre o risco de ser cassado e de ficar inelegível, se condenado.
No momento, o principal nome na disputa pela prefeitura é o ex-deputado estadual Tião Caroço (União Brasil), ligado ao governador Ronaldo Caiado.

Há a possibilidade de o prefeito bancar o deputado federal José Nelto, do pP, para a disputa. Porém, como não é da cidade, o parlamentar pode ser visto como paraquedista. Como deputado, tem contribuído para o desenvolvimento do município.
Candidata a deputada estadual em 2022, a vereadora Delegada Fernanda, do Solidariedade, obteve 12.099 votos, ficando atrás apenas de Carol Marques, do pP. Ela é cotada para disputar a prefeitura.
Em 2022, Sargento Hernany, do Agir, foi o terceiro mais votado para deputado, com 5811 votos. Em 2020, perdeu para Gustavo Marques (37,47%), mas recebeu boa votação (27,62% dos votos válidos). Eleitoralmente, portanto, é um político que tem consistência.
11
Itumbiara — 74.806 eleitores
O prefeito Dione Araújo é um político e administrador tão consistente quando sério. É o que se diz na cidade. Filiado ao União Brasil, é o candidato de Ronaldo Caiado.

O principal opositor de Dione Araújo — conhecido como Dione da Famóveis — é o deputado estadual Gugu Nader, do Agir (a caminho do PL).
Gugu Nader diz que pesquisas de intenção de voto o apontam em primeiro lugar, “disparado”. O parlamentar, porém, costuma sair na frente e chegar em segundo. Ele acredita que, em 2024, será diferente e que tem chance de derrotar Dione Araújo, a quem acusa de persegui-lo, em termos políticos.


De qualquer maneira, tanto Dione Araújo quanto Gugu Nader — a eleição será polarizada — integram a base governista. Ronaldo Caiado e Daniel Vilela ganham com a vitória de qualquer um deles. Isto prova a vitalidade da base governista no Estado.
12
Catalão 74.531 eleitores
Cidade mais próspera do Sudeste goiano, Catalão é emblemática, dada sua história forte. Aquele candidato que for apoiado pelo prefeito Adib Elias — Velomar Rios, Jamil Calife, deputado estadual do pP, ou outro, mesmo de menor expressão — tende a sair na frente. Pode até ser derrotado, mas será muito difícil. O gestor municipal tem desgastes, dado o longo tempo no poder, mas desenvolveu uma profunda conexão com os eleitores, sobretudo por ser considerado um administrador eficiente.


O principal nome da oposição é o produtor rural Elder Galdino, do MDB. Em 2020, ele perdeu para Adib Elias — o que era previsível. Em 2024, não estará disputando com o prefeito, e sim com o seu candidato — o que é diferente, até bem diferente. Isto pode aumentar suas chances.
O economista Júlio Paschoal, do pP, é o nome que vem sendo articulado por setores das oposições. Tecnicamente, é consistente; eleitoralmente, ainda não.

Os dois principais postulantes certamente serão da base do governo do Estado — Elder Galdino (ligado a Daniel Vilela) e o postulante a ser indicado por Adib Elias.
O presidente do Sindicato Rural de Catalão, o bolsonarista Renato Ribeiro dos Santos, pode ser a aposta do PL do senador Wilder Morais na disputa de 2024. Ele também mantém ligação com o governador Ronaldo Caiado.


Ou seja, qualquer um que for eleito estará na base de Ronaldo Caiado e Daniel Vilela em 2026.
13
Jataí — 72.200 eleitores
Segunda cidade mais rica e mais importante do Sudoeste, perdendo apenas para Rio Verde, Jataí tem um candidato favorito — o prefeito Humberto Machado, do MDB.
No momento, dados alguns contenciosos com setores da sociedade, Humberto Machado enfrenta alguns desgastes. Mas tem profunda conexão com a sociedade local, que, ao fazer comparações, parece percebê-lo como o político adequado para gerir o município.


Surgiu um ator “novo” na política de Jataí — o agro (agronegócio). Produtores rurais, descontentes (mais ideologicamente do que em termos administrativos) com Humberto Machado, planejam lançar um candidato a prefeito. O nome mais cotado é Vitor Gaiardo, ex-presidente do Sindicato Rural.


Mas estuda-se também a possibilidade de uma grande composição e Flaviane Scopel poderá ser bancada pelo agro. Assim como Luciano Lima, do pP.
A base governista, qualquer que seja o resultado de 2024, permanecerá forte em Jataí. Porque Humberto Machado é uma referência qualitativa. Ele é ligado a Daniel Vilela.
14
Caldas Novas — 66.321 eleitores
Principal local do turismo de massa em Goiás, Caldas Novas é uma cidade emblemática, como Pirenópolis e Cidade de Goiás, em termos de serem conhecidas em todo o Estado e mesmo no país.

O prefeito Kleber Marra, do MDB, vai enfrentar uma pedreira — o ex-prefeito Evandro Magal, do Patriota.
Kleber Marra não faz uma gestão de primeira linha, mas, contando com o apoio da deputada federal Magda Mofatto, do PL (de saída), pode acabar derrotando o fortíssimo Evandro Magal.

A rigor, em termos de probidade, Evandro Magal, que responde a processos judiciais, é um retrocesso em relação a Kleber Marra. Mas tem forte conexão com os eleitores da cidade. É tremendamente popular.
Ligado a Daniel Vilela, Kleber Marra está na base governista. Evandro Magal figura como oposicionista, mas ele sempre pertenceu ao PG, ou seja, Partido do Governo, sobretudo quando é eleito prefeito. Se ganhar, marchará, célere, para a base de Ronaldo Caiado e Daniel Vilela.
15
Porangatu — 31.096
A cidade é a mais importante do Norte de Goiás, acima de Uruaçu, Ceres e Minaçu.

Só há uma candidata definida em Porangatu, a prefeita Vanuza Valadares, eleita pelo Podemos. Simpática e popular, tem chance de ser reeleita. Enfrenta um processo na Justiça Federal, e acabou de ser investigada pela Polícia Federal, mas não há nenhuma prova de que seja corrupta. Engana-se quem pensa que, eleitoralmente, está “morta”. Não está. Politicamente, é muito mais hábil do que o marido, o ex-prefeito Eronildo Valadares, que, em termos eleitorais, tem prejudicado a gestora municipal.

No momento, o favorito é Márcio Luis Silva, do MDB, mas ele costuma dizer aos amigos e aliados que não será candidato e que deverá bancar Rafael do Charque, do MDB, para prefeito.
Márcio Luis perdeu, em 2020, por menos de 50 votos. Ele mudou-se para Goiânia, mas mantém o domicílio eleitoral em Porangatu. Se disputar, será o principal oponente.

Há outros nomes no jogo, como Thiago Noronha, Coronel Polidório (que nunca disse publicamente que será candidato), Capitão Pires (vice-prefeito, rompido com Vanuza Valadares) e Ivan Vieira Jr.
No fundo, os nomes governistas são os mais fortes no município. Há quem postule que o prefeito, entre 2025 e 2028, será Vanuza Valadares ou Márcio Luis.
Conclusão: governismo forte
A conclusão é simples: se o quadro apresentado for confirmado pelas urnas, em 6 de outubro de 2024, o primeiro domingo do mês, os grupos governistas estarão muito mais fortes do que as oposições — o que, certamente, fará a diferença na disputa eleitoral de 2026 pró-grupos de Ronaldo Caiado e Daniel Vilela.