O que Roosevelt e Churchill têm a dizer ao ressentido Iris Rezende
20 setembro 2014 às 11h45

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O candidato do PMDB a governador de Goiás é um político de valor. Mas, adotando a vingança como ética e o ódio como norma, não percebe que os eleitores estão em busca de gestores que sejam construtivos

A filósofa alemã Hannah Arendt disse que a faculdade de julgar é fundamental e, portanto, o indivíduo não pode abdicar de julgar e comparar. Quem deixa de julgar, ancorando-se em lugares comuns — do tipo “não julgue para não ser julgado” (como se isto fosse possível) —, criando uma espécie de paralisia do pensamento e da ação, morre vivo, por assim dizer. Um personagem histórico pode e deve ser julgado por seus contemporâneos — o que é uma eleição senão um julgamento no qual os eleitores são os juízes? Mesmo historiadores profissionais escrevem sobre o presente, com relativa dificuldade, porque os fatos estão se desenrolando. Mas ignorar o presente, um tempo altamente contaminado pelo passado, é um tipo de omissão que historiadores e outros pesquisadores certamente consideram imperdoável. Veja-se o exemplo de Iris Rezende Machado (PMDB), de 80 anos, nascido em 22 de dezembro de 1933, político há quase 60 anos e candidato a governador de Goiás pela quinta vez. Trata-se de um caso exemplar de um político que começou sua militância no final da década de 1950 e permanece disputando eleições. Numa avaliação justa, contextualizando o personagem de maneira adequada, não se pode dizer que sua história é negativa. Porque não é. O saldo é amplamente positivo. Iris é um modernizador, porém, como Pedro o Grande, da Rússia, está ficando datado. É como se o passado estivesse dizendo ao líder do PMDB: “Volte para nós, você é um dos nossos”. Insista-se num ponto: Iris datou-se, contribuiu para a modernização de Goiás e a modernização o deixou para trás. O peemedebista, percebem os goianos, não diz respeito ao tempo presente. É um ser nostálgico. Mas isto nada tem a ver com a idade, e sim, como o Jornal Opção tem insistido, com a mentalidade. Iris tende a condenar a vida moderna, com seus personagens — como Marconi Perillo, Thiago Peixoto, Giuseppe Vecci, Ronaldo Caiado, Maguito Vilela, Daniel Vilela, Samuel Belchior —, e a cultivar o passado como regra. Note-se um fato absolutamente verdadeiro: todo mundo que se aproxima de Iris, numa espécie de mimetismo estranho, fica “velho”. Samuel Belchior, Bruno Peixoto, Waguinho Siqueira e Agenor Mariano não influenciam Iris. Antes, são dominados por sua personalidade autoritária e passadista. Eles se tornaram “jovens-velhos”. Jovelhos.
A campanha eleitoral deste ano está “apequenando” Iris. Ao seu término, aquela figura que se elegeu governador duas vezes, que foi ministro e senador, além de prefeito de Goiânia, estará bem menor. Resta-lhe a história, que o mantém grande. No presente, dada uma campanha política desastrosa, na qual parece picado pela serpente do ódio, Iris não parece Iris. Não fosse um homem lúcido, de grande contribuição pública para Goiás, poder-se-ia dizer que está “transtornado”, à beira de um abismo psicológico. Não é o caso de se sugerir isto, porque seria desrespeitoso com um político de sua envergadura.
Entretanto, nos seus programas, entrevistas e debates, Iris, um homem educado e gentil, não parece mesmo Iris. É provável que seu desejo de vingança contra o governador Marconi Perillo (PSDB) não tenha sido examinado cuidadosamente pelo líder histórico. O pai da psicanálise, Sigmund Freud, talvez ousasse dizer mais: o peemedebista estaria odiando em Marconi muito mais o eleitorado goiano, que o derrotou três vezes desde 1998 (duas vezes para governador e uma para senador), do que o próprio Marconi. No momento, e não se está dizendo que Iris é Simão Bacamarte redivivo e tampouco seus pacientes, a ira de Iris é um caso a ser estudado menos pela ciência política e muitos mais por psiquiatras e psicólogos. Antes que os intrigueiros de plantão sugiram que estamos insinuando que Iris enlouqueceu ou está enlouquecendo, prestamos um esclarecimento: o peemedebista permanece lúcido, tem valor e merece respeito, mas é evidente que está fora de seu elemento. Iris “não está sendo” Iris.
Façamos uma breve interrupção e, em seguida, voltaremos a Iris.

Roosevelt e Churchill
Franklin Delano Roosevelt foi eleito presidente dos Estados Unidos quatro vezes seguidas, entre as décadas de 1930 e 1940, e sem deixar sua cadeira de rodas (contraiu poliomielite aos 39 anos, em 1921). O presidente recuperou a economia americana, tirando-a de uma depressão profunda, e transformou o país numa potência mundial; na verdade, depois da Segunda Guerra Mundial, a principal potência global. Roosevelt, com o apoio de auxiliares competentes, como o genial e perceptivo Harry Hopkins (morto em 1946, aos 55 anos, ele foi grande interlocutor tanto de Roosevelt quanto de Churchill e Stálin. “Roosevelt e Hopkins — Uma História da Segunda Guerra Mundial”, de Robert E. Sherwood, é o livro essencial sobre a relação produtiva entre um presidente e um de seus auxiliares), percebeu que a recuperação do país dependia de muito dinheiro. Mas descobriu também que não basta ter muito dinheiro e aplicá-lo bem. Ao estadista é preciso saber vender esperança, paz e a ideia de que é fundamental construir, no lugar de destruir. Porque a reconstrução de um país que passa por uma depressão não se inicia tão-somente pela recuperação e ampliação da infraestrutura. Começa, sobretudo, pela recuperação dos indivíduos. Sim, é quase religioso: os indivíduos precisam acreditar que um mundo menos desigual é possível. Enquanto era criticado pelos liberais e conservadores, que chegavam a pregar que se tratava de um político comunista, Roosevelt, com rara habilidade, senso de democracia (e muita vaidade, pois ninguém é perfeito), contribuía para “salvar” o capitalismo do Tio Sam e, sobretudo, para dizer aos americanos que, sim, o país seria melhor dali para frente. Os que apostaram no caos, que nada daria certo — como o PT fez no Brasil na eleição de 1994, sugerindo que o Plano Real fracassaria, o que não ocorreu —, perderam quatro eleições para Roosevelt. (O Brasil é um país por certo estranho: não há uma biografia decente de Roosevelt em português. A escrita por Roy Jenkins, autor de uma biografia excepcional de Churchill, é lastimável. Porque Jenkins morreu quando estava escrevendo-a. Um livro muito bom, embora não seja uma biografia, quer dizer, não cobre toda a vida do político, é “Tempos Muito Estranhos — Franklin e Eleanor Roosevelt: O Front da Casa Branca na Segunda Guerra Mundial” [Nova Fronteira, 652 páginas, tradução de Joubert de Oliveira Brízida], de Doris Kearns Goodwin.)
Corte para a Europa. Pode-se dizer que um líder, Adolf Hitler, começou vencendo e outro líder, Winston Churchill, terminou vencendo a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Até certo período, a Alemanha nazista mostrou-se insuperável e quase toda a Europa esteve aos seus pés. É provável que, se tivesse concentrado fogo na Inglaterra, deixando de atacar a União Soviética, em 1941, Hitler teria vencido a guerra (o leitor deve observar o termo “provável”). Porém, quando a Inglaterra estava praticamente “deitada” e alguns aristocratas e burgueses ingleses, mais preocupados com seus bens e negócios, queriam negociar com Hitler (nos Estados Unidos, o pai de John Kennedy, o embaixador Joe Kennedy, queria um acordo americano com os nazistas), um homem incansável, apesar de gordo, de beber e fumar muito, levantou-se e disse “não”. Ele afirmou que, como primeiro-ministro, não recuaria um passo e não abriria conversações com Hitler.
Na Câmara dos Comuns, em 13 de maio de 1940, Churchill, sempre prolixo e amante das frases e períodos longos, foi sucinto: “Eu diria à Casa, como disse àqueles que se juntaram a este governo: nada tenho a oferecer senão sangue, trabalho, lágrimas e suor.” Quem quiser conhecer a história desta fala que incendiou um país (e o mundo) deve ler o opúsculo “Churchill e o Discurso Que Mudou a História — Sangue, Trabalho, Lágrimas e Suor” (Zahar, 119 páginas, tradução de Maria Luiza X. de A. Borges), do historiador John Lukacs.
Não há dúvida de que a União Soviética, com mais de 20 milhões de mortos, com seus soldados tão corajosos que às vezes eram praticamente buchas de canhão do exército de Stálin — quem recusava era fuzilado —, e os Estados Unidos (até o Brasil, com seus 25 mil homens baseados na Itália, deu sua contribuição), fornecendo recursos financeiros, armas, tanques, aviões e militares, foram decisivos para derrotar o nazismo de Hitler. Mas o país e o homem que ficaram de pé, quando a França e vários países europeus estavam deitados, submetidos — em Paris, o filósofo Jean-Paul Sartre encenava peças com anuência dos alemães —, foram mesmo a Inglaterra e Churchill.
Porém, terminada a guerra, Churchill não foi reeleito primeiro-ministro. Não havia um inglês, nem mesmo seus adversários, que tivesse coragem de sustentar que o político e intelectual (autor de vários livros, em geral de qualidade, apesar das decantadas idiossincrasias; pretendia ser historiador, mas era muito mais um brilhante memorialista) não tinha sido importante para a vitória da Inglaterra, dos Aliados. Por que, então, não lhe deram mais um mandato? Difícil responder e há várias explicações. Fiquemos com uma, quem sabe tão idiossincrática quanto Churchill.
A Inglaterra venceu a guerra, é certo. Mas era uma vitória meio de Pirro, que deixara os Estados Unidos — e não a Inglaterra — e a União Soviética como potências hegemônicas. Pode-se falar em vitória e em derrota parcial. Mais: a Inglaterra estava, ao fim da guerra, com sua economia em frangalhos, com vários edifícios destroçados, o povo esfaimado, famílias parcial ou totalmente destruídas. Uma situação de terra arrasada. Os ingleses esperavam que o próximo primeiro-ministro fosse, digamos assim, um “construtor”, um político que acreditasse em maciços investimentos no Estado do Bem-Estar Social. O conservador Churchill poderia ter sido este gestor? Poderia, pois a circunstância às vezes “dobra” o político e ele era um homem notável. Entretanto, os ingleses viram no socialdemocrata (trabalhista) Clement Richard Attlee a figura emblemática do “construtor”, sugerindo, assim, que, para destruir, não havia ninguém como Churchill. Mas, para construir, os socialdemocratas, naquele período, tinham uma visão mais ampla do social. Talvez seja possível sublinhar que os trabalhistas eram, naquele momento, uma espécie de Roosevelt. Não à toa Clement Attlee teve a colaboração de John Maynard Keynes e Aneurin Bevan (criador, como ministro da Saúde, do Serviço Nacional de Saúde; foi também ministro do Trabalho).
Feita a peroração sobre Roosevelt, o homem da construção, e Churchill, cristalizado como o homem da destruição, voltemos a Iris.
Político fora do tempo
Por que Iris quer ser governador de Goiás? Quem examina cuidadosamente suas ideias e acompanha seu programa eleitoral fica com a impressão de que o peemedebista não tem um projeto de construção, ou seja, não tem um projeto para ampliar a modernização do Estado. Ao contrário, sua campanha está dizendo que está tudo errado em Goiás — o que qualquer pessoa em sã consciência avalia que não é bem assim, pois o Estado está entre os que mais crescem no país, aproximando-se do crescimento de países asiáticos —, que é preciso arrancar, de qualquer maneira, o tucano Marconi Perillo do governo.
Neste momento, Iris, no lugar de agir como Roosevelt, de ser um elemento da construção, está agindo como um agente da destruição (não há beleza no mundo, só caos, a se aceitar sua visão). Não se pode afirmar que Iris é tolo e que não tem conhecimento de história. Tudo o que se disse acima não é novidade para o peemedebista, que, se não é um homem de vasta cultura, tem experiência e é bem informado. Entretanto, mesmo conhecendo história — e, sobretudo, tendo se tornado uma de suas vítimas, em três eleições —, Iris parece cego para suas, digamos, “lições”. Elementos da destruição não costumam ganhar eleições, porque os eleitores cobram candidatos mais propositivos e que apresentam alternativas objetivas. Os eleitores, independentemente de formação escolar e intelectual, são dotados de bom senso e sabem o que é melhor para si e para o Estado. No momento, pelo menos, considerando as pesquisas de intenção de voto, as ideias de Iris estão cada vez mais distantes das ideias dos goianos, daquilo que os eleitores esperam de um candidato a governador.
Por que, se sabe que faz uma campanha destrutiva — e os estilhaços acertam mais nele próprio do que no seu principal adversário —, Iris não muda? Porque, aparentemente, está cego pelo ódio, pelo desejo de vingança. Quando fala, lembra, fortemente, aquele personagem de Charles Bronson no filme “Desejo de Matar”. Com a diferença de que o ator americano está atuando em uma obra de ficção e Iris faz parte da realidade dos goianos. Observe-se a boca de Iris quando está criticando Marconi. Fica-se com a impressão de que a boca está “espumando”. É provável que a boca, contraída e espumando, e o semblante fechado reflitam a alma do candidato. Sobretudo, o ódio que o diminui — e isto, insistamos, num político e homem de valor, a quem a história, no momento devido, fará justiça. O homem possesso “não” é Iris. Talvez seja, diria Jean Baudrillard, um simulacro produzido pelo marketing político, lembrando, aqui e ali, o pacto do “Fausto”, de Goethe. O verdadeiro Iris, sereno e diplomático, é outro e muito melhor.
Roosevelt era o homem do presente e do futuro, que queria recuperar os Estados Unidos e, em seguida, situá-los como potência dominante no mundo. Churchill era o homem que sabia que, para manter e ampliar a democracia, era preciso derrotar Hitler e, também, que era preciso manter Stálin sob “vigília” (porque o regime criado na União Soviética era tão totalitário quanto o nazista). Eram homens de visão. Iris não deixa de ser um homem de visão, pois, em 1984, com o apoio decisivo do economista Flávio Peixoto (que havia estudado na Inglaterra e conhecia bem as fórmulas para incentivar o crescimento e o desenvolvimento), criou o incentivo fiscal Fomentar, que contribuiu para alavancar várias empresas, como a Arisco (o ex-dono é o criador do grupo Hypermarcas), e ampliou, de maneira decisiva, a malha rodoviária do Estado.
Mas o Iris de 2014 parece ter esquecido sua própria história. O homem de visão parece ter ficado para trás. No lugar de evoluir, contrariando Charles Darwin, Iris parece ter involuído. Parece que, no lugar de olhar para frente, de ser um agente que “puxa” os goianos para o crescimento e para o desenvolvimento, Iris adotou a “ética do retrovisor”. Fica-se com a impressão de que está sempre olhando para trás — para as derrotas de 1998 para governador, de 2002 para o Senado e de 2010 para o governo. Golbery do Couto e Silva, o general que ajudou a construir e a matar a ditadura, dizia que, no bojo de uma derrota, sempre é possível uma nova derrota. É uma boa e, no caso de Iris, verdadeira frase.
Iris não percebe que não dá para usar o presente como instrumento para “corrigir” o passado. O filósofo anglo-letão Isaiah Berlin escreveu que o homem deve viver o presente intensamente e que o futuro nem a Deus pertence. Todos os homens vivem no presente. Porém, ao contrário de Marconi Perillo — que é contemporâneo dos 6,4 milhões de goianos e é capaz de modernizar-se de modo continuado —, Iris vive no passado. Quem odeia nunca sai do lugar — está sempre “vivendo” no terreno pantanoso do passado, misturando passado e presente num processo de imaginação dissociativa.

Por que Iris não permite a renovação do PMDB? Porque a renovação do partido, com sua atualização de projetos e nomes, significa o próprio “expurgo” do decano peemedebista. Iris, com sua presença forte, com um toque de messianismo à Antônio Conselheiro e de sedutor político, transforma a nova geração do PMDB em “servos voluntários” (diria Étienne de La Boétie). Os que não aceitam a mesmerização, como Leandro Vilela, Daniel Vilela e Júnior Friboi, são colocados à margem.
Adiante, quando for possível julgar Iris com mais isenção, quando as paixões serenarem — quando as paixões forem quase que exclusivamente dos historiadores e cientistas políticos —, será possível perceber que Iris tem perdido eleições para Marconi e, também, para si mesmo. Fica-se com a impressão de que Iris não compreende a si, talvez porque circunstancial e ligeiramente fora de si, e não entende os ziguezagues de um político moderno e atento às mudanças de seu tempo, como Marconi. Iris é maior do que está parecendo ou se mostrando para os eleitores. Está apequenando-se, reduzindo a sua história, amplamente positiva. A desrazão provocada pelo ódio não é construtiva e Iris, embora esteja se comportando de modo heterodoxo, é um político da construção.
O ódio de Iris — que o marqueteiro Dimas Thomas, um profissional competente e perceptivo tenta transformar em ideias, não conseguindo, porém — não permite que perceba que o governo de Marconi não está apenas na publicidade, no papel. O Estado de Goiás que está na propaganda de Iris só existe em sua cabeça. É ficção, realismo fantástico.
Com a retomada do dinheiro da Caixego (peemedebistas haviam promovido um “saque”), cerca de 5 milhões de reais, Marconi construiu o Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo. O Crer, ao contrário do que “acredita” Iris, é a referência do Ministério da Saúde para a construção de outros centros de reabilitação no País.
Não dá para não ver que Marconi construiu o Centro Cultural Oscar Niemeyer (músicos populares e eruditos estão sempre lá, pintores divulgam suas obras, há exposições sobre a obra de escritores, como o poeta Paulo Leminski), o maior da história do Estado.
Não dá para ignorar que o tucano recuperou a malha rodoviária do Estado e está duplicando as rodovias que saem de Goiânia. Os produtores rurais, os empresários urbanos e os motoristas e passageiros veem, todos os dias, o que foi feito.
Não dá para não perceber que o líder do PSDB criou a Bolsa Universitária, programa social moderno e libertador ao ter portas de entrada e saída, que abriu as universidades para os estudantes pobres. Os goianos, ao contrário do peemedebista, estão cientes disto. Conta-se que, se eleito, Iris acabaria com o programa. Não dá para acreditar nisto, não. O candidato não é tão atrasado. Deve ser maledicência típica de período eleitoral.
Não dá para não visualizar que o Hugo 2, na região Noroeste de Goiânia, é uma realidade. Não dá para não verificar que, comparado ao atendimento dos Cais da Prefeitura de Goiânia, os hospitais da rede estadual, como o Hugo, o HGG, o Huana e o Crer, são uma espécie de Sírio-Libanês de Goiás (alguém de bom senso, como o democrata e “diplomata” Mauro Miranda, deveria levar Iris para conhecer o trabalho das Organizações Sociais).
Não dá para não entender que há a Bolsa Futuro, que contribui para a qualificação de milhares de goianos. Não dá para não saber que o governo tem uma bolsa para pesquisa científica. O jovem Barbosa Neto deveria levar Iris à Secretaria de Ciência e Tecnologia para verificar o que se está fazendo de fato. Aliás, como diz o deputado federal Thiago Peixoto (PSD), muito do que Iris (e Vanderlan Cardoso) está propondo já está sendo feito.
Não dá para não ver que, na cidade de Aparecida de Goiânia, o governo está construindo um Centro de Reabilitação Para Dependentes Químicos (Credeq) moderno e que já ganhou elogio até do peemedebista Maguito Vilela.
Não dá para não ver que o governo recuperou integralmente o Autódromo Internacional de Goiânia (elogiado por pilotos profissionais como Rubens Barrichello).
Não dá para entender por qual motivo Iris não percebe a realidade de Goiás. Ou dá, se entendermos que adotou a política do ressentimento como regra de vida e conduta política.
Iris sequer notou que, enquanto “puxava” o tapete de Júnior Friboi, Marconi, operando como gestor, com a adoção de políticas gerenciais modernas, usadas em São Paulo e Minas Gerais, revitalizava o político. Iris sequer percebe que constrange figuras dóceis e modernas como Barbosa Neto, Mauro Miranda, Daniel Vilela e Samuel Belchior. Ele deveria pedir uma avaliação sincera, e não adulatória, de seus aliados. Mas, evidentemente, não poderia reagir, expostas as críticas verdadeiras, como um pai vingativo e cruel. A verdade é o “detergente” da vida. Não há outra maneira de dizer a verdade sem falar a verdade. Ainda que a verdade seja dura e dolorosa.
Postas as questões, e sendo respeitoso com Iris, porque o peemedebista merece o respeito de todos os goianos, o que concluir? Que Iris se tornou um “candidato de papel”, ou seja, é um personagem da história que teima em “saltar” para a realidade, sempre rechaçado pelos eleitores goianos. Uma pena. O gigante Iris não pode continuar se expondo, num striptease suicida, como um anão político.
Goiás não é Xangri-La, nem tudo é perfeito, mas, como diria o poeta americano T. S. Eliot, também não é uma terra devastada. Os goianos sabem disso, daí Marconi Perillo aparecer em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto. Iris prefere esquecer a realidade e fixar-se num tempo que “vive” unicamente no seu cérebro. Ele se acredita “o novo”, talvez porque, em sua paixão pela música do popularesco José Rico, nunca tenha escutado a sutileza moderna e universal de Belchior: “Você não sente não vê/Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo/Que uma nova mudança em breve vai acontecer/O que há algum tempo era jovem novo,/Hoje é antigo/E precisamos todos rejuvenescer/E precisamos rejuvenescer”. Com seu passadismo, Iris contribui para “renovar” e “rejuvenescer” ainda mais Marconi Perillo, um político que parece ter antena para o novo, para conectar-se ao Goiás real, atualizado. Iris faz o eleitor goiano perceber que, às vezes, não compensa retirar quem está no poder.