Prefeito, que se fortaleceu ao centralizar esforços eleitorais na capital, soube conduzir administração para recuperar finanças e chegar ao último ano de mandato com diversas obras em andamento. Mas o que tem a oferecer de diferente?

Ex-governadores emedebistas, Maguito Vilela e Iris Rezende são nomes que incomodam os adversários eleitorais, independente de quem entrar na disputa em outubro | Fotos: Edilson Pelikano

O goianiense conhece muito bem a fórmula Iris Rezende (MDB) de governar: recuperação das finanças nos dois primeiros anos de gestão para realizar o máximo possível de obras na segunda metade da administração. Em Goiânia, no seu quarto mandato como prefeito, não é diferente. Mas com uma diferença: uma quantidade muito alta de intervenções em diversas regiões da capital.

Iris chega a 2020 com pouco mais de oito meses para consolidar um trabalho que tem dado certo em muitas áreas. Tem gargalos, como era de se esperar. Mas a entrega o mais próximo possível do prazo inicial de obras de infraestrutura, como o BRT Norte-Sul, o complexo viário da Avenida Jamel Cecílio, a ponte da Avenida Leste-Oeste sobre a Marginal Botafogo, a reforma de terminais de ônibus e a renovação do asfalto antigo de ruas e avenidas da capital pode garantir a reeleição do emedebista.

Não significa que o prefeito terá a vida fácil. A saúde é um problema da gestão que precisa ser olhado com mais atenção. Mesmo assim, Iris tem resultados a apresentar caso volte atrás – como fez na hora final do registro da chapa majoritária em 2014 e 2016. A situação financeira mais organizada, com a chegada do secretário Alessandro Melo, é uma delas. O trabalho de resgate das contas da prefeitura abriu caminho para a criação de um saldo na gestão que pode dar bons resultados eleitorais.

Até mesmo se não se lançar candidato a reeleição, e um dos motivos seria a idade – o prefeito tem 86 anos -, o nome cotado para substituir Iris é o do também ex-governador Maguito Vilela. Seja com Iris ou Maguito, o MDB chega muito bem na disputa. Não há eleição definida no Brasil em momento algum. Mas o cenário é bastante favorável aos emedebistas neste momento.

Como Goiânia tem diversos problemas a serem resolvidos, como a saúde, o desemprego, a mobilidade, a melhoria do transporte coletivo e sua digitalização de serviços, basta ao próximo gestor da cidade fazer a capital funcionar. Prestar serviços de qualidade e não deixar as finanças mergulharem novamente na situação em que chegaram no final de 2016, com questões básicas, como a coleta de lixo, sendo interrompida nas últimas semanas.

Alguns fatores independem da prefeitura, como as constantes quedas de energia e a instabilidade da rede de distribuição elétrica da capital. O serviço precisa apresentar melhorias. E a responsável no caso é a Enel Goiás, que alega ter aumentado os investimentos, mas que as ações adotadas até aqui não teriam sido suficientes para organizar uma rede sucateada.

O empréstimo autorizado pela Câmara, no qual a prefeitura receberá R$ 780 milhões parcelados junto à Caixa, impulsionarão o último ano da gestão irista e garantirão certo sossego ao próximo prefeito. Se alguém quiser gerir Goiânia com considerável tranquilidade, o momento é esse. Mas os opositores e demais pré-candidatos têm noção da tarefa complicada que é derrotar Iris nas urnas em Goiânia. Ainda mais em 2020.

Diversificação da economia
Ao lado do presidente estadual do MDB, ex-deputado federal Daniel Vilela, do deputado estadual Paulo Cezar Martins e do ex-governador Maguito Vilela, prefeito Gustavo Mendanha, de Aparecida de Goiânia, segue os passos do padrinho político | Foto: Divulgação

Na campanha de 2016, o adversário de segundo turno de Iris Rezende, o ex-prefeito de Senador Canedo e hoje senador Vanderlan Cardoso (PP), defendia a que a economia da capital urgia por incrementação com polos industriais. O emedebista respondia com a declaração de que Goiânia não tem a necessidade de escolher a via da poluição. Para Iris, a vocação da cidade está nos serviços. Mas seria o setor suficiente para trazer uma nova perspectiva de investimentos, não só na infraestrutura, mas também em outras áreas do município?

Vemos, com as devidas ressalvas, que a opção pela industrialização fez de Aparecida de Goiânia uma das grandes economias do Estado. É preciso ponderar que a população da capital é quase três vezes maior do que os 578.179 habitantes da vizinha na estimativa de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Temos 1.516.113 habitantes em Goiânia. A demanda por serviços e a urgência da solução de problemas é maior. Mas o avanço na resolução das carências é maior em Aparecida desde as gestões de Maguito e agora com Gustavo Mendanha (MDB).

Aparecida conseguiu, inclusive, se beneficiar da facilidade de trânsito de Maguito em órgãos federais em Brasília para construir uma rede de estruturas físicas novas, com instalações como o Hospital Municipal (HMAP). Goiânia, que tem muitas unidades municipais em sua rede de saúde, não conta com um hospital municipal. É algo a se considerar para as próximas gestões? Talvez. Tudo depende da demanda e das principais necessidades da população a partir de 2021.

Caminhar para uma cidade que dê condições de diversificação das possibilidade de locomoção de seus moradores, com oportunidade de emprego e sustentabilidade é o caminho a ser trilhado na próxima década. Isso não significa abrir mão das intervenções necessárias na infraestrutura. Mas incluir na agenda pública compromissos com a evolução para uma cidade inteligente, como iniciou investimentos a vizinha Aparecida.

E o debate inclui também como a Câmara Municipal irá discutir o projeto de revisão do Plano Diretor. A proposta será engavetada por tratar-se de um ano eleitoral? Qual o caminho será seguido pelos vereadores: incentivar a ocupação de regiões com infraestrutura consolidada ou a abertura de novas áreas afastadas que demandarão novos investimentos de criação das redes de esgoto, água, iluminação, pavimentação de ruas e avenidas, abertura de novas linhas do transporte coletivo e construção de unidades de saúde, escolas e Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs)?

Talvez a grande diferença que o eleitor venha a buscar em outubro não seja tão oposta ao que já cobra hoje: que a cidade lhe dê condições de vida. A tão batida palavra modernidade pode ser aqui encarada como a missão de o gestor eleito dar condições de que a rotina do cidadão seja facilitada. E quem não comprometer a vida das pessoas e souber dar soluções aos problemas que surgirem no caminho estará no lucro.