O futuro nem a Deus pertence, mas o jogo para a disputa da próxima eleição estadual tende a passar pelos políticos do DEM, MDB, PP e PSDB

Os principais líderes políticos de Goiás estão atentos às eleições municipais de 2020. Porque, nesta disputa, as bases políticas serão reformatadas para o embate da disputa eleitoral de 2022.

Líderes como o governador Ronaldo Caiado (DEM), os ex-deputados federais Daniel Vilela (MDB) e Vilmar Rocha (PSD), o ex-ministro Alexandre Baldy (PP), o presidente da Assembleia Legislativa, Lissauer Vieira (PSB), o senador Vanderlan Cardoso (PP) e o prefeito de Trindade, Jânio Darrot (PSDB), estão colocando seus blocos nas ruas e articulando em vários fronts.

Alexandre Baldy e Ronaldo  Caiado: aqui está, possivelmente, a parte substancial de uma chapa majoritária da disputa eleitoral de 2022 | Fotos: Jornal Opção

Ronaldo Caiado  

Num primeiro momento, Ronaldo Caiado trabalhou — e continua trabalhando — na reorganização das contas do governo do Estado. Enxugou o que pôde enxugar e atua para tornar o Estado menos dispendioso para a sociedade e, ao mesmo tempo, para recuperar sua capacidade de investimento. A sociedade tem aprovado suas ações e, também, o rigor com que trata a aplicação dos recursos públicos. Mesmo adversários figadais admitem que o gestor estadual faz um governo decente — sem problemas com probidade. Tanto que, quando aconteceu algum problema, decidiu rapidamente, impedindo que se cometesse quaisquer irregularidades. O que prova que está atento. A história de que “não rouba” e “não deixa roubar” não é marketing. É a realidade.

Mas, para além do administrador consciencioso, há um “outro” Ronaldo Caiado. Sem comprometer o Erário, provando que é possível adotar práticas realmente republicanas, o governador não deixa de fazer política.

Mostrando-se hábil na arte da articulação política, provando que, quando quer, sabe ser tancrediano — conciliador e ponderado —, Ronaldo Caiado está ampliando a sua base político-eleitoral.

Em 2018, o PP do secretário de Transportes Metropolitanos do governo de São Paulo, Alexandre Baldy, apoiou a candidatura de Daniel Vilela para governador. Conseguiu eleger um senador, Vanderlan Cardoso, e dois deputados federais, Adriano do Baldy e Professor Alcides Ribeiro. A musculatura do Progressistas se tornou mais consistente. Pois, em 2019, Alexandre Baldy, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento de Goiás, decidiu estabelecer aliança administrativa — e política, porque não dá para dissociá-las — com Ronaldo Caiado.

Em 2018, o PTB apoiou a candidatura de José Eliton (PSDB) para governador. Agora, o partido, que será dirigido pelo vice-governador Lincoln Tejota, decidiu apoiar o governo de Ronaldo Caiado. O DEM, partido de Ronaldo Caiado, também está mais encorpado com a chegada dos prefeitos de Catalão, Adib Elias, e de Rio Verde, Paulo do Vale.

Em síntese, Ronaldo Caiado está maior administrativa e politicamente do que em 2018. Em 2022, terá como bandeira o histórico de um governo decente — a bandeira da anticorrupção — e eficiente (a competência). Com a retomada do crescimento econômico, que deve ser ampliado entre 2020 e, notadamente, 2021, a arrecadação deverá subir e, com a máquina ajustada, o governo poderá deslanchar no campo dos investimentos em várias áreas, como a de infraestrutura.

Daniel Vilela e Vanderlan Cardoso: aqui está, provavelmente, a parte substancial da chapa de oposição para a disputa eleitoral de 2022 / Fotos: divulgação

Daniel Vilela

Por ter sido derrotado para governador em 2018, o que se esperava é que Daniel Vilela se apequenasse politicamente. De fato, o presidente do MDB perdeu o apoio do PP — ou parte do partido (porque uma aliança com Vanderlan Cardoso permanece no horizonte, tanto que, na semana passada, o senador indicou uma secretária para a gestão do prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, do MDB). O ex-deputado federal, longe de se abater, começou uma peregrinação pelo interior — reorganizando a base do partido. Reassentou-a e está conquistando novos aliados — alguns retirados do PSDB, como o prefeito de Valparaíso, Pábio Mossoró. Está cada vez mais próximo do deputado federal Célio Silveira, que, em 2022, tende a trocar o PSDB pelo MDB.

O principal projeto de Daniel Vilela para 2022 é disputar o governo de Goiás pela segunda vez. Mas, embora não discuta o assunto — porque considera que é cedo para estabelecer posições definitivas —, pode, aderindo ao realismo político, adotar um outro projeto, quer dizer: talvez dispute o mandato de senador, abrindo espaço para uma composição com outro político, por exemplo Vanderlan Cardoso.

Em 2022, Daniel Vilela terá apenas 39 anos e, certamente, poderá trocar o projeto de disputar o governo pelo projeto de ser candidato a senador. Não é, insista-se, o que ele quer, do ponto de vista da análise do quadro atual. Mas, digamos que Ronaldo Caiado esteja muito bem em 2022, como enfrentá-lo sem uma ampla aliança política? O caminho mais curto para uma derrota é não articular uma frente sólida e de matiz popular. Pode ser que o jovem político ceda e dispute o Senado? É provável. E é importante que o leitor releia a palavra “provável”.

Se Maguito Vilela for candidato a prefeito de Goiânia, e não a vice de Iris Rezende, Daniel Vilela fica mais forte para o governo? Se Maguito Vilela for candidato, e sobretudo se for eleito, talvez fique mais forte para o Senado. Porque, para o governo, pode cristalizar a imagem de “oligarquia”.

Comenta-se, por vezes, que o chapão invencível para 2022 seria Ronaldo Caiado para governador, Daniel Vilela na vice e Alexandre Baldy para o Senado. Impossível? No momento, sim. Em 2022, não se sabe. Comenta-se também que Daniel Vilela pode disputar o governo com Jânio Darrot, do PSDB, na vice. Rubens Otoni, do PT, também é cotado para vice. Como o futuro nem a Deus pertence, o que se está dizendo é mera especulação.

Jânio Darrot: principal aposta do PSDB para a disputa de 2022 | Foto: Fábio Costa/Jornal Opção

Jânio Darrot

Não se deve subestimar um político articulado e um gestor competente como Jânio Darrot. Ele está no jogo para 2022 e pode surpreender — inclusive como candidato a governador.

Como prefeito de Trindade, em dois mandatos, Jânio Darrot reorganizou as contas públicas, fez obras e devolveu autoestima ao povo da cidade. Pode-se dizer que Trindade deixou de ser uma cidade-dormitório de Goiânia. Na gestão do tucano, o município ganhou (ou reforçou sua) identidade.

Vanderlan Cardoso

Senador, evangélico e empresário: eis algumas facetas do goiano de Iporá que venceu primeiro como empreendedor, dono da Cicopal, e depois, na política, se consagrou como prefeito de Senador Canedo, município que integra a Grande Goiânia. No Senado, está se destacando nas áreas que tratam de economia e orçamento.

Filiado ao Progressistas, tem mandato até 2026, portanto, se não quiser, não precisa disputar mandato em 2020 e 2022. Cotado para disputar a Prefeitura de Goiânia, até porque aparece bem nas pesquisas, tem dito, de maneira convicta, que não será candidato. Há quem aposte que será candidato a governador em 2022.

No momento, ele tem afirmado que pode apoiar a reeleição de Ronaldo Caiado e que, ao contrário do que se tem publicado, pode não se filiar ao PSD. O PP goiano projeta que seu candidato na chapa majoritária em 2022 será Alexandre Baldy — que fez uma opção pela vaga de senador. Portanto, se permanecer no Progressistas, Vanderlan não será candidato a governador no próximo pleito estadual.

Se optar pela disputa do governo, Vanderlan Cardoso deve se filiar ao PSD, partido dirigido em Goiás por Vilmar Rocha, e apoiar a candidatura do deputado federal Francisco Júnior a prefeito de Goiânia.

Há um chapão que parece agradar setores (não todos) do PSD e do MDB. Vanderlan Cardoso seria candidato a governador, Daniel Vilela a vice-governador e Iris Rezende a senador (outra hipótese: Vanderlan Cardoso para governador, Jânio Darrot na vice e Daniel Vilela para senador). No caso, Maguito Vilela sairia como vice de Iris Rezende na disputa de 2020…

Alexandre Baldy

Com menos de 40 anos, Alexandre Baldy é mais experimentado, politicamente, do que parece. Começou no ramo empresarial, onde se destacou — tanto que, convocado para a Secretaria de Indústria e Comércio de Goiás, logo se tornou bem-sucedido e, por isso, foi eleito deputado federal.

Em Brasília, no lugar de se envolver em questiúnculas provinciais, passou a articular, de cara, no alto clero, ao lado de Rodrigo Maia, hoje presidente da Câmara dos Deputados. No governo do ex-presidente Michel Temer, guindado ao cargo de ministro das Cidades, consagrou-se por ser um executivo proativo, realizador e avesso ao espírito burocrático do setor público.

Em 2018, Alexandre Baldy bancou Daniel Vilela para o governo de Goiás e contribuiu para a vitória eleitoral de dois deputados federais e um senador. Dado seu sucesso como ministro, o governador de São Paulo, João Doria Jr., convidou-o para o cargo de secretário de Transportes Metropolitanos. Ele tem sido elogiado pelo governante paulista porque é eficiente e aprecia, no lugar de fazer meros diagnósticos, apontar soluções objetivas para os problemas.

No momento, Alexandre Baldy aliou-se ao governador Ronaldo Caiado. Seu principal objetivo, além de fortalecer o PP — e já para as eleições municipais —, é disputar mandato de senador em 2022. Ele aposta que Ronaldo Caiado — como talvez o presidente Jair Bolsonaro — tem chance de se reeleger e, ao mesmo tempo, contribuir para “puxar” o candidato a senador de sua chapa.

Lissauer Vieira, na foto com o governador Ronaldo Caiado: novo player da política de Goiás | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

Lissauer e Vilmar

Lissauer Vieira é, por enquanto, um líder político do Sudoeste goiano. Mas, como presidente da Assembleia Legislativa, está conseguindo, paulatinamente, estadualizar-se — articulando com políticos de várias regiões, o que pode cacifá-lo para voos mais altos em 2022, como candidato a deputado federal, senador ou vice-governador. Filiado ao PSB, o parlamentar mantém relacionamento com o MDB de Daniel Vilela e com líderes de outros partidos — inclusive com o governador Ronaldo Caiado.

Vilmar Rocha: projeto do PSD é eleger o prefeito de Goiânia em 2020 e o governador de Goiás em 2022 | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

Vilmar Rocha não tem mandato, mas articula, nos bastidores, de maneira exemplar. Ponderado, articulador, o presidente do PSD está se tornando conselheiro de vários políticos, com os quais conversa frequentemente. Um de seus principais projetos, para 2020, é contribuir para eleger Francisco Júnior a prefeito de Goiânia. Ele disse a Vanderlan Cardoso que, para 2022, o partido não tem compromisso com nenhum outro postulante ao governo e que pode bancá-lo, se for de seu interesse. O senador já conversou inclusive com o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, a respeito.

Rubens Otoni: disputa o governo ou a vice de Daniel  Vilela | Foto: Agência Câmara

Rubens Otoni         

Rubens Otoni, do PT, é uma incógnita. Há quem diga, no petismo, que vai disputar o governo do Estado, abrindo espaço para Kátia Maria ser candidata a deputada federal.

O fato é que está cedo para sugerir que já há alianças definitivas. Mas que todos estão “jogando”, de maneiras diretas ou enviesadas, estão mesmo. Atente-se para  o seguinte: 2020 é o primeiro tempo do jogo de 2022.