Bases que estão sendo construídas pra 2024 devem fortalecer Caiado e Daniel pra 2026
16 abril 2023 às 00h08
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O governador Ronaldo Caiado pode disputar a Presidência da República em 2026. Se for candidato, terá o apoio imediato do vice-governador Daniel Vilela. Porém, se Jair Bolsonaro (ou Michelle Bolsonaro) for candidato, o senador Wilder Morais não deixará de apoiá-lo. É um divisor de águas
A eleição de 2024 será realizada daqui a um ano e cinco meses. Entretanto, as articulações e a montagem de alianças já começaram, e não apenas em Goiás.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), para citar um exemplo, definiu que irá bancar candidatos nas capitais e nas principais cidades do país, com o objetivo de construir uma base político-eleitoral para uma disputa de 2026.
O bolsonarismo já controla o governo de São Paulo, que tem um PIB maior do que o da Argentina e o do Chile, perdendo, na América Latina, apenas para o Brasil e para o México. E a capital do Estado, São Paulo, tem um PIB e um eleitorado maiores do que o de vários Estados brasileiros. Então, com o apoio do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), Bolsonaro planeja ganhar também a capital paulista — o que daria uma estrutura extraordinária ao bolsonarismo para a disputa da Presidência da República em 2026.
Em Goiás não será muito diferente. Para a disputa do governo do Estado em 2026, há apenas dois nomes praticamente definidos — o vice-governador Daniel Vilela, do MDB, e o senador Wilder Morais, do PL.
Daniel Vilela representa correntes políticas de centro e até de esquerda e de direita (não radical). Wilder Morais representa a direita e parte do centro (porque é moderado). O padrinho do vice-governador será o governador Ronaldo Caiado, do União Brasil, e o padrinho do senador será Bolsonaro. Vai ser, como se diz no interior, uma batalha tão estadual quanto federal.
Ronaldo Caiado pode disputar a Presidência da República. Se for candidato, terá o apoio imediato de Daniel Vilela. Porém, se Bolsonaro (ou Michelle Bolsonaro) for candidato, Wilder Morais não deixará de apoiá-lo.
O analista da política de Goiás certamente está observando que Wilder Morais vem conversando com vários prefeitos e está articulando candidaturas a prefeito em várias cidades. Em Goiânia, deixou o senador Vanderlan Cardoso de lado e decidiu declarar, desde já, apoio ao deputado federal Gustavo Gayer (PL), não necessariamente porque aprecie o parlamentar, e sim porque ele é o pré-candidato de Bolsonaro a prefeito da capital.
Em Anápolis, que tem o terceiro maior eleitorado de Goiás, porém é a segunda cidade mais emblemática do Estado, Wilder Morais, sob orientação de Bolsonaro, vai tentar emplacar a candidatura do ex-deputado federal Major Vitor Hugo, do PL, apesar da resistência do líder local do partido, Hélio Araújo.
Numa cidade pequena, como Nerópolis, Wilder Morais está tentando montar uma base político-eleitoral. Lá pode lançar Edinho do Posto (PSDB, possivelmente de saída) ou um sobrinho, o empresário Willis Morais (Podemos). Em Rio Verde, maior cidade do Sudoeste, pode compor com o coronel Ricardo Rocha, com Lissauer Vieira, do PSD, ou com Osvaldo Fonseca, do Patriota.
Porém é a base governista que está mais bem posicionada para 2024 nos municípios emblemáticos de Goiás. Emblemáticos incluem os que têm maior eleitorado e alguns que têm importância histórica ou regional.
O prefeito de Águas Lindas, Lucas Antonietti, do Podemos (cotado para se filiar ao MDB), é tanto ligado a Ronaldo Caiado quanto a Daniel Vilela. Suas possibilidades de ser reeleito são consideradas imensas. Porque, afiançam aliados, faz uma gestão moderna e criativa. O único adversário de peso, em 2024, seria Hildo do Candango, do Republicanos, porém há indícios de que, por pertencer à base de Ronaldo Caiado, pode acabar apoiando a reeleição do gestor municipal.
Cidade do Entorno de Brasília, Águas Lindas tem um dos maiores eleitorados de Goiás.
Em Anápolis há um dos quadros mais curiosos. Hoje, os dois postulantes mais fortes são Antônio Gomide, do PT, e Márcio Corrêa, do MDB. Mas o prefeito Roberto Naves, que não pode disputar — foi reeleito em 2020 —, tem força política e pode lançar um candidato consistente, como Alexandre Baldy (que, de acordo com um aliado, planeja disputar mandato de senador em 2026, portanto não seria candidato em 2024).
A rigor, o quadro de Anápolis é de instabilidade, com a tendência de a disputa mais forte ser entre Antônio Gomide, apadrinhado por Lula da Silva, e Márcio Corrêa (talvez com um vice do PL), apadrinhado por Daniel Vilela. Se Baldy não disputar, se preservando para 2026, Roberto Naves pode bancar Leandro Ribeiro, do pP. Seria o candidato da máquina, o que lhe confere consistência. E seria o segundo nome governista na cidade.
Em Aparecida de Goiânia, há uma ausência de protagonismo. Aliás, o único protagonista, o ex-prefeito Gustavo Mendanha (Patriota), não pode ser candidato. Há quem postule que, com uma imagem que não consolida, o prefeito Vilmar Mariano (Patriota) tende a bancar o deputado estadual Veter Martins para prefeito. Mas há quem conteste, sugerindo que o gestor municipal, estando no poder, não vai abrir mão da reeleição.
No momento, o postulante mais consistente em Aparecida de Goiânia é o deputado federal Professor Alcides Ribeiro, do PL. Se eleito, ficaria com Daniel Vilela ou Wilder Morais em 2026? Embora filiado, pode ficar com o emedebista, mas também há a possibilidade de postar-se ao lado do senador. Veter Martins (ou Vilmar Mariano) tende a ficar ao lado de Daniel Vilela.
Há outros nomes no jogo: Delegado Waldir Soares (União Brasil), Felipe Cortês (Podemos), Glaustin da Fokus (Podemos), João Campos (Republicanos), Max Menezes (PSD), Osvaldo Zilli, Tatá Teixeira (Patriota). Quase todos da base governista. A rigor, o governismo — do qual Gustavo Mendanha está próximo — tem condições de eleger o prefeito da cidade, o que seria um diferencial para 2026. Aparecida tem o segundo maior eleitorado de Goiás.
Em Catalão, cidade mais emblemática do Sudeste — espécie de “capital” da região —, o prefeito Adib Elias, o “general” eleitoral do município, ainda não definiu seu candidato a prefeito. Porém, aquele que aparecer como seu postulante será, de cara, o favorito. O produtor Elder Galdino, do MDB, é, na oposição, o nome mais bem posicionado (em 2020, foi o segundo colocado). Quer dizer, a base governista — leia-se Ronaldo Caiado e Daniel Vilela — é forte na cidade, quiçá imbatível.
Em Goiânia, a capital, que tem mais de 1 milhão de eleitores, o quadro é de indefinição. Os possíveis candidatos mais cotados são Adriana Accorsi (ou Edward Madureira), do PT, Ana Paula Rezende, do MDB, Gustavo Gayer, do PL, Rogério Cruz, do Republicanos, e Vanderlan Cardoso, do PSD.
Adriana Accorsi (que mantém bom relacionamento com o MDB de Daniel Vilela), Gustavo Gayer e Vanderlan Cardoso fazem oposição ao governo de Ronaldo Caiado e Daniel Vilela. A petista menos, até porque o União Brasil do governador apoia o governo de Lula da Silva, e comanda três ministérios. Gustavo Gayer é radicalizado (ainda que Wilder Morais seja aliado e amigo do governador goiano). Vanderlan Cardoso, até por sobrevivência política, ficará no campo da oposição.
Entretanto, se entrar realmente no jogo, com o apoio do União Brasil de Ronaldo Caiado e o MDB de Daniel Vilela, a empresária Ana Paula Rezende (MDB) — filha de Iris Rezende e Iris Araújo — tende a ser uma candidata consistente, muito difícil de ser derrotada. Ela terá três tradições ao seu lado: o legado de Iris Rezende, o legado de Ronaldo Caiado e o legado de Maguito Vilela (via Daniel Vilela). Além da força do governo e seus líderes (Ronaldo Caiado e Daniel Vilela), há o peso da máquina, que, no fundo, é um grande “cabo” eleitoral.
O prefeito Rogério Cruz, se concluir algumas obras decisivas e se mantiver a cidade limpa, será um player considerável. A máquina pesa numa campanha eleitoral. O prefeito não é nada simplório, como alguns pensam. Ele é inteligente e perspicaz. Portanto, estará no jogo em 2024 e pode surpreender muitos analistas políticos.
Em Itumbiara, no Sul do Estado, os três principais líderes, Álvaro Guimaraes (União Brasil), Dione Araújo (União Brasil) e Gugu Nader (Agir), são da base governista. Em 2024, Gugu Nader tende a indicar o vice de Dione da Famóveis. Os dois não se dão bem, porém se dão muito bem com Ronaldo Caiado.
Eleito fora da base, Gugu Nader hoje pertence ao grupo de Ronaldo Caiado na Assembleia Legislativa, com uma atuação bem ativa pró-governo. O poder, em Itumbiara, tende a continuar enfeixado nas mãos do governismo; portanto, base para o governador e Daniel Vilela em 2026.
Há dois municípios decisivos, eleitoralmente, no Sudoeste goiano: Rio Verde (o que tem mais eleitores e o mais próspero) e Jataí.
Em Rio Verde, o candidato a prefeito mais forte certamente será aquele bancado pelo prefeito Paulo do Vale, ou seja, o médico Wellington Carrijo ou o vice-prefeito Dannillo Pereira (PSD). As oposições podem lançar Osvaldo Fonseca (Patriota) e/ou o deputado Karlos Cabral (PSB).
Osvaldo Fonseca e Karlos Cabral têm condições de derrotar Wellington Carrijo ou Dannillo Pereira? Muito difícil. Mas nada é impossível em política. O fato é que a base governista é sólida em Rio Verde, o que, em 2026, fará a diferença. O deputado estadual do PSB não está, a rigor, na oposição ao governo de Ronaldo Caiado e Daniel Vilela.
Em Jataí, o prefeito Humberto Machado, do MDB, é visto como um grande administrador, embora tenha aumentado o contencioso com alguns setores da sociedade, como o agronegócio (ou parte dele). Candidato à reeleição, dificilmente será derrotado — tanto que não há candidatos “naturais” para enfrentá-lo.
Segundo município mais importante do Sudoeste, Jataí é fechado tanto com Ronaldo Caiado quanto com Daniel Vilela (que tem ligação histórica com o município — seu pai, Maguito Vilela, foi vereador na cidade).
A rigor, o governo é muito forte no Sudoeste de Goiás. Em Quirinópolis, por exemplo, o postulante mais forte é o prefeito, que é ligado a Ronaldo Caiado.
Em Luziânia, o prefeito Diego Sorgatto é filiado ao União Brasil e, possivelmente, será reeleito. A base do governo no município é muito sólida — contando inclusive com o apoio dos deputados Célio Silveira (MDB), federal, e Wilde Cambão (PSD), estadual.
Em Valparaíso de Goiás, município altamente populoso, a tendência é que o prefeito Pábio Mossoró faça o sucessor. Porém, mesmo a oposição de 2020 — leia-se Lêda Borges — está alinhada com Ronaldo Caiado (tanto que um filho da deputada federal assumiu um importante cargo na Saneago). Então, qualquer um que for eleito em 2024 possivelmente estará no mesmo barco de Ronaldo Caiado e Daniel Vilela em 2026.
Na cidade mais emblemática do Norte de Goiás, Porangatu, os nomes mais cotados são ligados a Ronaldo Caiado e Daniel Vilela: a prefeita Vanuza Valadares (Podemos), Márcio Luis da Silva (MDB) e Rafael do Charque (MDB). Restam poucos nomes na oposição, como Ivan Vieira Júnior, do PSDB, e, talvez, Capitão Marcílio Pires. A base governista, ao menos no momento, não corre risco na cidade.
Em Senador Canedo, o prefeito Fernando Pellozo (PSD), embora aliado do senador Vanderlan Cardoso, está alinhado com Ronaldo Caiado e, possivelmente, apoiará Daniel Vilela em 2026. A tendência é que o gestor municipal seja reeleito.
Em Trindade, dizem, só um terremoto retira a reeleição de Marden Junior. Como não há terremoto no município, o prefeito caminha célere para uma tranquila reeleição. O gestor municipal é aliado tanto de Ronaldo Caiado quanto de Daniel Vilela.
Em suma, a base governista que tende a ser consolidada em 2024 — e está sendo construída agora (sim, em 2023) — é fortíssima. O que, claro, vai fortalecer tanto Ronaldo Caiado quanto Daniel Vilela em 2026.