A reforma tributária pode fazer com que Goiás regresse no cenário econômico nacional tanto pelo impacto da alíquota do IVA, quanto pelo fim dos incentivos fiscais, obrigando empresas a abandonar o estado. O cenário, consequentemente, encareceria o setor de serviços e a alimentação básica, avaliam dois especialistas consultados pelo Jornal Opção.

A alíquota sobre os produtos de consumo, inclusive, é estimada em 27%, uma das maiores do mundo. A questão também se entrelaça com a preocupação com a inflação, que atingiu taxas superiores a 10% e 5% em 2021 e 2022, respectivamente. 

O repasse dos impactos dos custos de diferentes cadeias para os preços afetaria tanto a receita quanto as despesas das empresas, reduzindo a margem de contribuição. O economista Aurélio Troncoso explica que, caso aprovado, reforma iria fazer com que empresas não só em Goiás, mas em todo país, fechassem as portas ou optassem pela sonegação fiscal. 

“Esse modelo que apresentaram é muito preocupante. Tudo que compramos e consumimos hoje vai triplicar. Isso vai matar a indústria no Centro-Oeste. O estado de Goiás vai virar novamente um fazendão. A concentração industrial, novamente, vai passar a ser nas regiões Sul e Sudeste”, explicou.

Empresas devem abandonar Goiás

Aurélio conta ainda que Goiás, em específico, sofrerá sérios danos econômicos, visto que as grandes indústrias que migraram para o estado por conta dos incentivos fiscais, vão voltar para estados mais populosos ou para perto dos locais de importação e exportação. O motivo seria a falta de benefícios em continuar no estado.

Isso porque, com o fim dos incentivos e o consequente aumento dos serviços de transporte, seria inviável para as grandes empresas pagarem caro no imposto e ainda terem que arcar com transportes, uma vez que grande parte da produção é exportada para outros outros estados. Ou seja, as indústrias teriam mais despesas do que lucros em Goiás.

“As empresas que não dependem de insumos de Goiás vão para o grande mercado consumidor porque aqui não tem. Para eles não compensa produzir aqui e mandar para outras regiões. Para se ter uma ideia, apenas a cidade de São Paulo tem dois estados de Goiás”, disse.

Goiás será menos beneficiado 

O advogado tributarista, Rafael Cruvinel, afirma que Goiás seria um dos estados menos beneficiados pelo Governo Federal com a nova reforma. A arrecadação seria distribuída da seguinte forma: 70% seria distribuído do mesmo modo que é hoje pelo Fundo de Desenvolvimento Regional (FDR). Ou seja, os estados/municípios vão receber conforme o nível de desenvolvimento. 

Os outros 30% vão ser repassados de acordo com a população. O Brasil, porém, possui uma gama de estados com grau de desenvolvimento menor do que Goiás. O estado goiano, por outro lado, também possui uma população pequena se comparada a outros territórios.

“O estado de Goiás fica do meio para trás na lista de estados beneficiados. Nos dois critérios, tanto de desenvolvimento quanto populacional, Goiás sai prejudicado. Isso vai gerar uma perda de arrecadação muito grande para o estado, assim como uma precariedade aos serviços públicos prestados pelo governo estadual e as prefeituras municipais”, concluiu.