Nesta segunda-feira, 5, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúne com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, a fim de discutir os detalhes finais do programa que visa reduzir os preços dos carros populares. O encontro está marcado para esta segunda-feira às 9h no Palácio do Planalto.

O ministro Fernando Haddad propõe que o programa tenha uma duração curta, abrangendo apenas alguns meses. O pacote de estímulo à venda de carros novos de até R$ 120 mil visa socorrer a indústria automobilística. O governo planeja antecipar o aumento do preço do óleo diesel para arrecadar cerca de R$ 3 bilhões, utilizando metade desse valor para tornar os carros populares, caminhões e ônibus mais ecológicos mais acessíveis.

O pacote sofreu alterações em relação ao plano original anunciado. No lugar da redução de 1,5% a 10,96% sobre o valor do carro mediante redução de impostos, anunciada do dia 25 de maio, serão oferecidos aos compradores bônus de R$ 2 mil a R$ 8 mil. Com a mudança, o valor do bônus será aplicado na Nota Fiscal ao consumidor e compensado depois pelas montadoras no recolhimento dos tributos.

Especialista faz alerta

O anúncio do projeto tem gerado ansiedade e preocupação em diversos setores do mercado e da gestão pública nacional, que estão atentos aos potenciais impactos, positivos e negativos, que essa medida pode ter a longo prazo.

Em relação ao novo programa, o professor Pedro Luiz Côrtes, titular da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, aponta algumas questões problemáticas que merecem análise. Primeiramente, destaca-se o estímulo ao transporte individual, enquanto o governo deveria estar focado na expansão e aprimoramento do transporte público. O especialista explica que isso impacta a vida das pessoas e também dificulta a redução de poluentes.

Além disso, o fato de a redução de preços ser temporária pode acarretar prejuízos para o planejamento industrial, já que as empresas podem relutar em arcar com custos significativos para ajustar suas linhas de produção para um programa que tem previsão de encerramento. Ademais, a divulgação do projeto causou uma queda abrupta na demanda por carros básicos.

Vendas de motos aumentam

As vendas de motos seguem em forte crescimento em 2023 e já superam as de carros de passeio no acumulado do ano, segundo dados divulgados pela Fenabrave. Foram comercializadas 161,4 mil motocicletas no mês passado, uma alta de 21% na comparação com o mesmo mês de 2022 e de 33,5% ante abril.

Já as vendas de veículos caíram 5,6% na comparação anual, com consumidores aguardando a redução dos preços de carros até R$ 120 mil. As concessionárias dizem que as vendas de carros deve piorar nos primeiros dias de junho, por isso pediram pressa ao governo federal no corte de impostos que vai baratear os carros.

O resultado reflete não só a desaceleração na venda de carros, mas também a expansão dos serviços de entrega (delivery) e a busca dos consumidores por veículos mais baratos e mais econômicos no consumo de combustível.