Economia de Aparecida de Goiânia cresce enquanto pobreza aumenta

31 agosto 2023 às 16h54

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Aparecida de Goiânia está para se tornar o segundo maior Produto Interno Bruto (PIB) de Goiás. Em uma década, de 2010 para 2020, o município quase triplicou sua riqueza, ao passar de R$ 5,8 bilhões para R$ 14,8 bilhões. A movimentação financeira chega a encostar em Anápolis, que registrou há três anos R$ 15,8 bilhões. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o crescimento acelerado, a previsão da administração municipal é que a economia aparecidense supere a anapolina em 2025.
Para usar um termo do economês, a cidade é pujante. Os fatores são diversos, como a localização estratégica para logística. Aparecida é cortada pela rodovia BR-153, umas das mais movimentadas do país. Além disso, está próxima de Goiânia, a principal economia do Estado.
As últimas gestões abriram o território para a atração de empresas. Para 2024, são esperadas mais de 300 empresas para ocupar o novo polo industrial: o Distrito Agroindustrial Norberto Teixeira (Dianot). Dentre as empresas esperadas para o local está a Weichai Group – fábrica de motores elétricos. A multinacional chinesa é uma das três companhias que o governo estadual negocia para se instalar em Goiás.
Paralelo ao desenvolvimento econômico, Aparecida de Goiânia amplia o abismo entre riqueza e pobreza. Para se ter ideia, de acordo com dados do Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades (IDSC) – disponível em idsc.cidadessustentaveis.org.br, no período de 2015 a 2023, o município despencou em 10 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) elaborados pela Organização das Nações Unidas (ONU). Cabe ressaltar a classificação dos níveis do IDSC: muito alto vai de 80 a 100; alto (60 a 79,99); médio (50 a 59,99); baixo (40 a 49,99); muito baixo (0 a 39,99).
Assim, em Aparecida os itens Erradicação da Pobreza caiu de 62.39 para 50.51 (de 2015 a 2023); Fome Zero e Agricultura Sustentável de 62.72 para 41.58; Saúde e Bem-Estar de 64.61 para 56.54; Energia registrou a pior queda, de 100 para 79.34; Trabalho Decente e Crescimento Econômico passou de 60.38 para 56.43; Indústria, Inovação e Infraestrutura, em 2015, era 48.83, saltou para 74.09 (em 2022) e teve queda drástica para 7.91; Redução das Desigualdades caiu de 71.81 para 64.13; Cidades e Comunidades Sustentáveis saiu de 73.07 para 59.5; Ação contra a Mudança Global e Clima caiu de 94.2 para 80.77; Parcerias e Meios de Implementação caiu de 26.83 para 24.95.
Da lista da OSD, apenas sete itens registraram aumento. O destaque foi para Água Potável e Saneamento que saltou para o nível muito alto de classificação, foi de 66.17 para 80.69; Consumo e Produção Responsável foi de 33.33 para 48.57; Vida na Água ficou estável em 12.34; Vida Terrestre foi de zero para 26.67; Paz, Justiça e Instituições Eficazes saltou de 25 para 37.79, com recuou em relação a 2022 (43.3); Igualdade de Gênero ficou estável em 23.82; e Educação registrou um tímido aumento de 42.24 para 42.74 – área de suma importância segue abaixo do parâmetro da ONU. Na pontuação geral da evolução da ODS, Aparecida recuou de 51.01 para 46.72 de 2015 para 2023.
No quesito Educação, a própria prefeitura municipal calcula que haja um déficit de vagas para o ensino de primeira infância em Escolas e Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) de mais de oito mil vagas.
Crescimento do “bolo”

A administração de Aparecida de Goiânia prevê que o PIB chegará a R$ 20 bilhões até 2025. O crescimento acelerado de Aparecida, sem preocupação com a sustentabilidade social e ambiental, lembra o discurso do economista Antonio Delfim Netto, que diante da situação de que os benefícios econômicos não alcançavam as pessoas pobres, afirmou que era preciso “fazer o bolo crescer, para depois dividi-lo”.
Naquela época, a renda nacional decresceu de um sexto em 1960 para menos de um sétimo em 1970. Defim participou dos governos dos generais Castello Branco (1964-1967), no Conselho Consultivo de Planejamento (Consplan); Costa e Silva (1967-1969) e Médici (1969-1973), como ministro da Fazenda; e Figueiredo (1979-1984), quando foi ministro da Agricultura e secretário do Planejamento. Ele controlou ainda o Conselho Monetário Nacional e o Banco Central (BC) no primeiro semestre de 1979.
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